A informática é um dos motivos de as modificações na atividade marítima se tornarem cada vez maiores e mais rápidas. A informação com mais rapidez, o uso do computador para efetuar cálculos e projeções, permitindo prever tendências e firmar políticas, torna possível acelerar a tomada de decisões. Daí a importância do setor marítimo se manter atualizado com a computação, para manter sua eficiência. Sem a informática não dá mais, ela é absolutamente indispensável. Por isso, somos pioneiros na região em oferecer cursos de computação aos funcionários das agências marítimas, sabendo que são úteis e indispensáveis para eles.

Prever o rumo dos acontecimentos é cada vez mais importante. Na década de 50, eu já sabia que a profundidade (calado) para o acesso fluvial a Porto Alegre, de 16 pés e 3 polegadas, era um fator limitador da capacidade de transporte dos navios, dificilmente eles poderiam transportar mais que três mil toneladas de carga. Quando o navio sai da água salgada para a doce, a diferença de densidade faz com que seu casco afunde mais um pé, assim o navio teria que estar aliviado de parte da carga para chegar a Porto Alegre.

Quando se começou a asfaltar as estradas, o porto de Rio Grande, que também recebeu melhorias, começou a crescer, e Porto Alegre foi perdendo importância, ainda mais porque os armadores cobravam mais 15% sobre o preço do frete para irem à capital gaúcha, devido ao desvio de rota, que representava mais um dia de navegação. Hoje, existem chatas fazendo a ligação entre Rio Grande e aquela capital.

Trabalhava em Porto Alegre como subagente, e até que ponto meu trabalho estava assegurado? Com o movimento caindo, concluí que não era seguro trabalhar para um agente de porto menor, sujeito a decisões repentinas dos armadores, que poderiam cancelar escalas ou fazer acordos no exterior que prejudicassem o subagente, transferindo o agenciamento para outro representante, e assim colocando meu emprego em risco. Assim, seria mais interessante trabalhar com o próprio armador num porto maior, e assim, depois de onze anos na representação da armadora Johnson Line no Rio Grande do Sul, vim em 1960 representá-la em Santos.

Parecia a coisa mais certa que poderia ter feito, então, mas as mudanças posteriores na economia brasileira e mundial mostraram que também os armadores poderiam sair do tráfego brasileiro ou se associar, nomeando agente único no Brasil. Das quatro linhas escandinavas com tráfego regular para o Brasil, não ficou nenhuma. Das três holandesas, restou uma; das belgas, uma também, e sem navio próprio. E nem o Lloyd Brasileiro e a argentina Elma agüentaram as novas tendências do mercado...

Cursos – O computador é cada vez mais necessário no setor marítimo. Por exemplo, existe um recolhimento obrigatório de 2,5% sobre a folha de pagamento dos marítimos, que há anos vai para a Diretoria de Portos e Costas (DPC). As agências não se valiam do retorno desse recolhimento, através de cursos profissionalizantes, porque eles estavam afetos ao Ensino Profissional Marítimo (EPM), e todos entendiam que eram restritos ao pessoal marítimo. Conseguimos obter, entretanto, verbas do DPC para a instrução dos trabalhadores em agências marítimas, e já realizamos diversos cursos neste ano, atendendo a mais de 360 funcionários das agências. São cursos da área de shipping (faltas e avarias, Incoterms, visão comercial e jurídica dos Conhecimentos de Embarque etc.) e também de Inglês e Informática.

Em 1998, o DPC, através da Fundação de Estudos do Mar (Femar) e da Êxito Recursos Humanos (do Rio de Janeiro), serão ministrados novos cursos, devendo ser dobrado o número de alunos e novamente sem custos para as agências ou seus funcionários, além de serem realizados cursos patrocinados pelo sindicato, no Senac. Na área de computação, há os cursos Siscomex Importação, Siscomex Exportação, Word 6.0, Excel 5.0.1. E ainda agora, no dia 10, começou um curso de Windows-95, e dia 27 haverá um de Word 6.0, todos com certificados de conclusão, que ajudam no currículo dos participantes.

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