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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos em 7/10/1997.
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 03/17/02 10:04:44
CLIMA
Quem 
IDENTIDADE:
A pessoa: Murillo Ferreira Filho, natural de Curitiba, 57 anos de idade, meteorologista em Santos

Seu micro: Pentium 100, 16 MB RAM, monitor SVGA-color, HD de 1 GB, placa de rede, Windows-95.

Aos cinco anos de idade já observava as condições do tempo, vento, temperatura, e aos doze anos passei a ler sobre o assunto, conferir a teoria dos livros com o que já tinha observado antes na prática. Aos sete anos de idade, já tinha mudado de Curitiba para o Rio de Janeiro, e aos dez tinha vindo para Santos. Autodidata em meteorologia, acabei me profissionalizando. Em 1967, comecei a colaborar com A Tribuna e depois passei a ser funcionário do jornal, registrado como meteorologista.

Sempre gostei de surfe, e até por analogia com a coluna do tempo, onde já fazia a previsão de ondas para os surfistas, acabei fazendo também uma coluna de surfe, onde aprendi tudo sobre ele, acabei sabendo mais do esporte que muitos surfistas.

Comecei a usar os recursos da informática quando A Tribuna passou a usar computador na redação, doze anos atrás. No começo, a gente ficava naturalmente preocupado, esperava uma coisa mais complicada, na fase de transição as pessoas costumam esperar pelo pior, mas acabou facilitando, é melhor do que a máquina de escrever. 

Como as informações meteorológicas chegam ao jornal por fax ou telefone (contatos principalmente com a estação de coleta de dados meteorológicos da Base Aérea de Santos), o computador é usado mais para a redação dos textos nos terminais de redação e confecção das tabelas (Tempo no Brasil, Tábua das Marés etc.) nas paginadoras (computadores com monitor maior e capacidade gráfica, usados para a diagramação e montagem das páginas do jornal).

Entretanto, não tenho computador em casa. Gosto muito de leitura, tenho uma biblioteca de 2.000 livros, e a gente já tem pouco tempo para ler. Meus hobbies são leitura - especialmente esotérica - e música: gostaria de tocar, cheguei a aprender piano na infância, mas hoje sou só fã de música.

Uma das páginas Web sobre o fenômeno El Niño
Meteorologia - Nas estações de meteorologia, a informática está ajudando, com a recepção de fotos e outros dados por satélite, o processamento dessas informações e a distribuição das informações para o mundo todo. A Internet também está facilitando esse trabalho.

O meteorologista é como o médico: vê os sintomas, faz o diagnóstico e as previsões. O computador facilita muito na coleta e no intercâmbio dos dados, ocorreram muitos progressos na meteorologia nestes últimos 20 anos. Existem serviços oficiais e particulares de meteorologia, que contam com a informação sinótica - que chamamos de Metar. Por exemplo, todas as estações meteorológicas da América do Sul informam simultaneamente, de hora em hora, os dados climáticos, que permitem formar o mapa meteorológico. 

Para nós, na Baixada Santista, são importantes principalmente as informações das estações brasileiras e também da Argentina, do Chile e do Uruguai, pois 70% das variações do tempo são consequências da movimentação de massas de ar frio (polar). 

A possibilidade de ter simultaneamente mais dados para trabalhar permite formar uma visão mais detalhada do que está acontecendo, fazer uma interpretação mais eficiente dos fenômenos meteorológicos, como o El Niño - que é um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, que influencia a fenomenologia meteorológica do mundo inteiro. Neste ano, o El Niño está tendo manifestação mais atípica e acentuada que antes, em consequência do aquecimento global, da poluição atmosférica e das queimadas.

Tivemos um inverno com seca e calor, talvez o inverno mais ameno do século, pois o El Niño impediu o deslocamento de frentes frias para cá. Na primavera e no verão, deve ocorrer excesso de chuva, com tempestades, ventos fortes, trovoadas e granizo (as nuvens cumulus-nimbus são super-turbulentas, pois a base está há mil metros de altura e o topo a uns 8.000 metros, o ar sobe e desce dentro da nuvem e chega a regiões de temperatura abaixo de zero, descendo como pedras de gelo, o granizo, que ocorre principalmente no verão, ao contrário da neve, que é a chuva gelada, em que a temperatura na superfície da Terra está bem próxima ou abaixo de zero).

Os ventos fortes ou chuvas prolongadas que provocam inundações são comuns neste período, mas a tendência é de agora serem mais fortes, pois o El Niño acentua esses fenômenos. Os cientistas já estão prevendo que os prejuízos e as consequências das catástrofes climáticas serão grandes: podem ocasionar até terremotos, já que os abalos sísmicos têm certa ligação com os fenômenos climáticos.

Uma das páginas Web sobre o fenômeno El Niño
Mudanças - O clima está mudando por causa das agressões do homem ao meio-ambiente, com poluição atmosférica, destruição da camada de ozônio, aumento do dióxido de carbono. As queimadas provocam uma névoa seca que contribui para que a umidade caia mais ainda, dispersando mais as nuvens de chuva, como está acontecendo na Ásia. Em Santos, podemos observar muitas vezes o sol vermelho no final da tarde ou a névoa parda, frutos da poluição causada pelas queimadas no interior do País. As correntes de ar quente da região vêm do interior brasileiro (o vento noroeste), onde estão ocorrendo as queimadas, e com isso já tivemos temperatura de 41,4 graus centígrados em setembro, o que não costuma acontecer mesmo no verão santista.

A Natureza se desequilibra pela ação do homem. Ela é uma coisa só, então as queimadas na Indonésia provocam efeitos no nosso clima, às vezes anos depois. Em 27 de agosto de 1883, a explosão do vulcão da ilha de Krakatoa, no Sudeste Asiático, afetou o clima do mundo inteiro, espalhando as cinzas por vários continentes. O mesmo aconteceu com o El Chichón, no México, cuja erupção em 1982 lançou 500 milhões de toneladas de cinzas no ar, cobrindo um quarto da superfície terrestre. Assim, muita coisa que vai acontecer tem relação com o que foi feito pelo homem nos últimos dez anos sobre a Terra.
 

Minha relação com a informática é:    :-)

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