CLIMA
Quem
IDENTIDADE: |
A pessoa:
Murillo Ferreira Filho, natural de Curitiba, 57 anos de idade, meteorologista
em Santos
Seu micro:
Pentium 100, 16 MB RAM, monitor SVGA-color, HD de 1 GB, placa de rede,
Windows-95. |
Aos cinco
anos de idade já observava as condições do tempo,
vento, temperatura, e aos doze anos passei a ler sobre o assunto, conferir
a teoria dos livros com o que já tinha observado antes na prática.
Aos sete anos de idade, já tinha mudado de Curitiba para o Rio de
Janeiro, e aos dez tinha vindo para Santos. Autodidata em meteorologia,
acabei me profissionalizando. Em 1967, comecei a colaborar com A Tribuna
e depois passei a ser funcionário do jornal, registrado como meteorologista.
Sempre gostei de surfe, e até
por analogia com a coluna do tempo, onde já fazia a previsão
de ondas para os surfistas, acabei fazendo também uma coluna de
surfe, onde aprendi tudo sobre ele, acabei sabendo mais do esporte que
muitos surfistas.
Comecei a usar os recursos da informática
quando A Tribuna passou a usar computador na redação,
doze anos atrás. No começo, a gente ficava naturalmente preocupado,
esperava uma coisa mais complicada, na fase de transição
as pessoas costumam esperar pelo pior, mas acabou facilitando, é
melhor do que a máquina de escrever.
Como as informações
meteorológicas chegam ao jornal por fax ou telefone (contatos principalmente
com a estação de coleta de dados meteorológicos da
Base Aérea de Santos), o computador é usado mais para a redação
dos textos nos terminais de redação e confecção
das tabelas (Tempo no Brasil, Tábua das Marés etc.) nas paginadoras
(computadores com monitor maior e capacidade gráfica, usados para
a diagramação e montagem das páginas do jornal).
Entretanto, não tenho computador
em casa. Gosto muito de leitura, tenho uma biblioteca de 2.000 livros,
e a gente já tem pouco tempo para ler. Meus hobbies são
leitura - especialmente esotérica - e música: gostaria de
tocar, cheguei a aprender piano na infância, mas hoje sou só
fã de música.
Meteorologia - Nas estações
de meteorologia, a informática está ajudando, com a recepção
de fotos e outros dados por satélite, o processamento dessas informações
e a distribuição das informações para o mundo
todo. A Internet também está facilitando esse trabalho.
O meteorologista é como o
médico: vê os sintomas, faz o diagnóstico e as previsões.
O computador facilita muito na coleta e no intercâmbio dos dados,
ocorreram muitos progressos na meteorologia nestes últimos 20 anos.
Existem serviços oficiais e particulares de meteorologia, que contam
com a informação sinótica - que chamamos de Metar.
Por exemplo, todas as estações meteorológicas da América
do Sul informam simultaneamente, de hora em hora, os dados climáticos,
que permitem formar o mapa meteorológico.
Para nós, na Baixada Santista,
são importantes principalmente as informações das
estações brasileiras e também da Argentina, do Chile
e do Uruguai, pois 70% das variações do tempo são
consequências da movimentação de massas de ar frio
(polar).
A possibilidade de ter simultaneamente
mais dados para trabalhar permite formar uma visão mais detalhada
do que está acontecendo, fazer uma interpretação mais
eficiente dos fenômenos meteorológicos, como o El Niño
- que é um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico,
que influencia a fenomenologia meteorológica do mundo inteiro. Neste
ano, o El Niño está tendo manifestação mais
atípica e acentuada que antes, em consequência do aquecimento
global, da poluição atmosférica e das queimadas.
Tivemos um inverno com seca e calor,
talvez o inverno mais ameno do século, pois o El Niño impediu
o deslocamento de frentes frias para cá. Na primavera e no verão,
deve ocorrer excesso de chuva, com tempestades, ventos fortes, trovoadas
e granizo (as nuvens cumulus-nimbus são super-turbulentas, pois
a base está há mil metros de altura e o topo a uns 8.000
metros, o ar sobe e desce dentro da nuvem e chega a regiões de temperatura
abaixo de zero, descendo como pedras de gelo, o granizo, que ocorre principalmente
no verão, ao contrário da neve, que é a chuva gelada,
em que a temperatura na superfície da Terra está bem próxima
ou abaixo de zero).
Os ventos fortes ou chuvas prolongadas
que provocam inundações são comuns neste período,
mas a tendência é de agora serem mais fortes, pois o El Niño
acentua esses fenômenos. Os cientistas já estão prevendo
que os prejuízos e as consequências das catástrofes
climáticas serão grandes: podem ocasionar até terremotos,
já que os abalos sísmicos têm certa ligação
com os fenômenos climáticos.
Mudanças - O clima está
mudando por causa das agressões do homem ao meio-ambiente, com poluição
atmosférica, destruição da camada de ozônio,
aumento do dióxido de carbono. As queimadas provocam uma névoa
seca que contribui para que a umidade caia mais ainda, dispersando mais
as nuvens de chuva, como está acontecendo na Ásia. Em Santos,
podemos observar muitas vezes o sol vermelho no final da tarde ou a névoa
parda, frutos da poluição causada pelas queimadas no interior
do País. As correntes de ar quente da região vêm do
interior brasileiro (o vento noroeste), onde estão ocorrendo as
queimadas, e com isso já tivemos temperatura de 41,4 graus centígrados
em setembro, o que não costuma acontecer mesmo no verão santista.
A Natureza se desequilibra pela ação
do homem. Ela é uma coisa só, então as queimadas na
Indonésia provocam efeitos no nosso clima, às vezes anos
depois. Em 27 de agosto de 1883, a explosão do vulcão da
ilha de Krakatoa, no Sudeste Asiático, afetou o clima do mundo inteiro,
espalhando as cinzas por vários continentes. O mesmo aconteceu com
o El Chichón, no México, cuja erupção em 1982
lançou 500 milhões de toneladas de cinzas no ar, cobrindo
um quarto da superfície terrestre. Assim, muita coisa que vai acontecer
tem relação com o que foi feito pelo homem nos últimos
dez anos sobre a Terra.
Minha relação
com a informática é: :-)
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