INFORMÁTICA FÁCIL:
Ligue
seu micro com o mundo... (3)
Protocolos
Já
comentamos sobre os modems manuais e automáticos. O primeiro modem
automático foi o Smartmodem da Hayes Microcomputer Products Inc.,
que acabou estabelecendo efetivamente um padrão para os comandos
enviados aos modems pelos computadores. Depois, foram definidas sequências
de comandos pelo padrão ITU-T (CCITT V.25).
Lembremos que os padrões Bell
de telecomunicações são usados nos Estados Unidos,
enquanto os ITU-T são de abrangência nacional, sendo seguidos
pelos fabricantes nacionais. Estes padrões, antigamente denominados
CCITT, são definidos por um comitê internacional sediado em
Genebra, na Suíça.
Os modems atuais devem aceitar comandos
Hayes e V.25 e os manuais deles devem detalhar os comandos aceitos, pois
os chamados comandos estendidos só aparecem nos modems com velocidade
acima de 2.400 bps e nem todos os comandos Hayes são executados
por todos os modems. Pretendemos detalhar esses comandos quando seu modem
já estiver comprado e instalado, no decorrer
deste curso...
Filtrando o ruído -
Para diminuir os transtornos provocados pelo excesso crônico de ruídos
na linha telefônica, que dificultam as comunicações,
surgiram os protocolos de correção de erros, como o MNP e
o V.42, que foram incorporados por todos os modems modernos com velocidades
acima de 9.600 bps para dados (não confundir com os fax-modems antigos
que operavam fax a 9.600 e dados a 2.400 bps). Mesmo os modems não
tão novos permitem emular esses protocolos através dos programas
de comunicação que costumam ser fornecidos pelos fabricantes.
Esses protocolos de correção
de erros não estão relacionados com o padrão que define
as velocidades de comunicação. Assim, tanto um modem 2400
(que usa padrão V.22 Bis) como o de 14.400 bps (padrão V.32
Bis) podem ter implementadas as mesmas correções de erros
(MNP e V.42). Se o modem de 14.400 bps também tiver o padrão
V.22 Bis, poderá se comunicar com o de 2.400 bps com a correção
de erros ativada.
O MNP é um protocolo usado
pela Microcom Inc. em seus modems e licenciado para uso por outros fabricantes.
Tem diversos níveis, destacando-se o nível 4 (MNP-4) para
correção de erros e o nível 5 (MNP-5) que acrescenta
a possibilidade de compressão de dados (veremos isso adiante...).
Já o V.42 é um padrão
de correção de erros (LAP-M) recomendado pelo comitê
de normatização da telefonia ITU-T. A revisão V.42
Bis acrescenta a compressão de dados. Normalmente, permite rendimento
melhor na compressão de dados (4 para 1) que o protocolo MNP-5 (apenas
dois para um).
Apenas para seu conhecimento: uma
curiosa característica dos modems com esses protocolos é
usarem uma velocidade de interface serial constante e às vezes até
quatro vezes maior que a da própria linha, para maior eficiência,
com o preenchimento permanente dos buffers (espécie de pulmão
intermediário, para armazenamento dos dados que vão ser usados
instantes depois) internos de tais modems.
Registre-se ainda alguns outros padrões
usados no setor: o V.21 e o Bell 103 são os mais antigos, para 300
bps; o V.22 e o V.23 são para modems a 1.200 bps, estendidos pelo
V.22 Bis para velocidades acima de 2.400 bps; o V.32 é para modems
de 9.600 bps, tendo sido estendido como V.32 Bis para velocidades acima
de 14.400 bps; o V.32 Terbo, para velocidade 19.200, e o V.FC (para
28.800) não são reconhecidos pelo comitê normatizador
ITU-T; o V.34 é o mais moderno, para modems com velocidades acima
de 28.800 bps.
Compressão - Citada
acima
nesta matéria, a compressão de dados é importante
para a economia do tempo de transmissão. Da mesma forma como certos
programas compactadores permitem reduzir o espaço ocupado por um
arquivo em seu disco rígido ou disquete, os protocolos de compressão
de dados usam algoritmos que eliminam dados redundantes na transmissão
e recuperam essas redundâncias na recepção. Assim,
menos dados são transmitidos pela linha telefônica, acelerando
a transmissão sem perda de informações.
Em alguns casos, a transmissão
pode ser quatro vezes mais rápida. Mas, esses protocolos têm
rendimento inferior aos dos programas tradicionais de compactação
e não devem ser usados se o programa a transmitir ou receber já
estiver compactado, pois a transmissão se tornaria mais lenta. No
caso do V.42, não há esse problema, pois esse protocolo detecta
se os dados já estiverem previamente compactados e, neste caso,
ativa somente a correção de erros.
Em qualquer caso, lembre-se que se
numa conexão o modem do computador distante não possuir esses
padrões, os modems automaticamente reduzirão o padrão
operacional ao primeiro padrão abaixo que seja suportado por ambos.
Além disso, a filtragem de ruídos de linha não os
elimina, apenas corrige os erros através da retransmissão
dos blocos afetados. Portanto, uma linha muito ruidosa, de má qualidade,
afeta consideravelmente a velocidade das transmissões. Esta é
a razão dos especialistas não recomendarem modems acima de
14.400 bps se sua linha telefônica for ruim, pois não haverá
vantagem significativa na conta telefônica que compense o preço
maior do modem mais poderoso.
Half/full duplex - Existem
diferenças entre os modems vendidos quanto ao sentido da comunicação.
Eles podem ser half-duplex, em que a transmissão é em apenas
um sentido por vez, e full-duplex, em que as informações
podem trafegar simultaneamente nos dois sentidos. Existem modems antigos
half-duplex a dois fios, que devem ser evitados por serem pouco usados.
Nestes casos, o sinal da portadora de cada extremo da ligação
é acionado alternadamente, pois a freqüência de ambos
os sinais é a mesma, o que exige um controle maior por parte do
modem ou do programa de comunicação.
Na operação full duplex,
cada modem tem os modos Originate (Origem) e Answer (Resposta), Na chamada
para um BBS, por exemplo, o usuário sempre deve ter seu modem configurado
como Origem. Há programas de comunicação em que esses
termos têm outro significado: indicam que o eco local na tela dos
caracteres teclados será mostrado ou não. Erros nessa configuração
podem fazer você ter na tela mensagens do tipo ooii ttuuddoo bbeemm??
ou, inversamente, não observar o texto que está digitando
na transmissão.
Só para seu conhecimento,
mas não se preocupe com isso, não é decisivo na compra
do modem: existem ainda subpadrões relativos à forma como
o sinal de áudio gerado pelo modem será alterado em razão
dos dados a transmitir. Destacam-se os subpadrões FSK (modulação
por chaveamento de frequência, com menor sensibilidade a ruídos
de linha), DPSK (modulação por deslocamento diferencial de
fase); QAM (modulação de amplitude por quadratura, mais sensível
a ruídos na linha); e TCM (Trellis Coded, usado junto com o QAM,
para acréscimo de correções de erros num esquema de
modulação).
Colaboram nesta série o
Renato “Snake” Ferreira Ribeiro, da Snake
BBS, e o Christian Rodrigues Barbosa, da Blue Eagle Consulting, encarregado
da estruturação de A
Tribuna como provedora Internet. |