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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos/SP, em 9 de janeiro de 1996
Publicado em Novo Milênio em (mês/dia/ano/horário): 11/26/00 23:12:46
INFORMÁTICA FÁCIL: Ligue seu micro com o mundo... (1) Introdução

A partir desta edição, vamos explicar detalhadamente o que é preciso para que seu computador pessoal se ligue com outros computadores através da linha telefônica, tanto na forma direta (micro-a-micro) como via BBS e Internet. Acompanhe e arquive esta seção, mesmo que neste momento possa não lhe interessar, pois ainda lhe será útil, mesmo que já domine basicamente o assunto (há algumas dicas que mesmo profissionais da área muitas vezes desconhecem). Colaboram nesta série o Renato “Snake” Ferreira Ribeiro, da Snake BBS, e o Christian Rodrigues Barbosa, da Blue Eagle Consulting, encarregado da estruturação de A Tribuna como provedora Internet.

Para que o seu computador possa se ligar a outro, é preciso haver um meio físico de ligação: pode ser um cabo conhecido como “laplink”, se o segundo computador estiver ao lado do primeiro e seu objetivo for limitado (transferência de arquivos, controlar um computador através do outro). Pode ser um cabo de rede local, como os que ligam vários computadores de um mesmo escritório. E podem ser as linhas telefônicas, como nas ligações via Internet, BBSs, micro-a-micro e grandes redes corporativas de computação. Na verdade, neste último caso existem ainda opções especiais, que fogem ao objetivo desta série: ligações por microondas e por rádio-frequência, por exemplo.

Quando você telefona para alguém, normalmente sua voz é convertida num sinal do tipo analógico (semelhante ao usado nos discos de vinil de sua vitrola). O som no microfone provoca a variação de uma onda elétrica. O sinal segue para a estação telefônica de seu bairro, que o retransmitirá para o telefone chamado. 

Neste processo, os sinais de sua voz podem permanecer analógicos (se o telefone chamado estiver ligado à mesma estação ou a outras próximas), ou podem ser convertidos para formas digitais (caso a ligação entre as estações telefônicas já seja digital). A transmissão desses sinais poderá ser feita pelos velhos cabos de cobre, por microondas, por fibras óticas (como entre Rio de Janeiro e São Paulo) e passar até por satélites na órbita terrestre (como em boa parte das ligações internacionais e algumas nacionais).

De qualquer forma, você não perceberá essas mudanças, pois na estação de destino, nesses casos, o sinal volta à forma analógica, para ser injetado nos cabos de cobre que ligam a estação ao telefone chamado.

Digital - O sinal digital, diferente do analógico, é composto por séries de números zeros e uns, correspondentes a rapidíssimos cortes num sinal elétrico (zero significa corrente elétrica desligada, um é corrente ligada). É desta forma que as músicas são gravadas nos discos laser. Também é assim que trabalham os computadores. Ao contrário da forma analógica, em que ruídos como o da agulha da vitrola podem interferir com o som, na forma digital o som é puro, pois o leitor digital só reconhece seqüências de zero-um.

Num futuro não muito distante (depende apenas da capacidade de investimentos em telefonia), todas as estações telefônicas e os telefones serão digitais, e todo o cabeamento telefônico poderá ser feito em fibra ótica (um fio pouco mais grosso que o de cabelo, mas que pode transportar mais sinais que um cabo de cobre do diâmetro de seu braço, pois são sinais luminosos e com a velocidade da luz). Nessa hora, seu telefone já será parte de um complexo de transmissão e recepção de televisão, fax, telefonia e dados de computador. Isso já está sendo experimentado em comunidades nos Estados Unidos e no Japão.

Modem - Como esse futuro ainda não chegou aos lares brasileiros (e da maior parte do mundo, aliás), para que os computadores se comuniquem através da rede telefônica é preciso que seus sinais (digitais) sejam transformados em analógicos e injetados na linha telefônica. Da mesma forma, os sinais analógicos que chegam do computador distante, através do fio telefônico, precisarão ser convertidos em sinais digitais, para que possam ser entendidos pelo computador.

Esse é o trabalho dos modems, aparelhos que fazem a modulação dos sinais (digital para analógico) e a demodulação (analógico para digital) e controlam as transmissões. Modulação/Demodulação - daí a palavra modem (plural: modems).

O modem mais conhecido é o fax: ele converte a imagem a ser transmitida em sinais sonoros (aquela enxurrada de sons ininteligíveis que você ouve na extensão do telefone, quando está sendo feita uma transmissão de fax). No destino, esses sons são reconvertidos na imagem aplicada ao papel. Quem possui televisão a cabo também usa outro tipo de modem, neste caso apenas demodulador: é o aparelho que converte os sinais do cabo e os repassa ao televisor. Nos televisores e videocassetes mais modernos, esse demodulador é interno, já vem instalado no interior do próprio aparelho.

Os modems podem ser internos (uma placa que é colocada dentro do computador) ou externos (ligados por um cabo ao computador). Cada um tem suas vantagens e desvantagens, e há diferenças entre os modems quanto à velocidade de processamento do sinal, habilidade ou não de transmitir e receber fax, de corrigir automaticamente erros de transmissão etc. Este é o assunto da próxima edição.