Clique aqui para voltar à página inicial  http://www.novomilenio.inf.br/ano02/0205c013.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 05/20/02 01:15:58
Clique na imagem para ir ao índice de Notícias 2002

NOTÍCIAS 2002

Timor Leste é o mais novo país independente

Com diversas cerimônias na capital Dili, o Timor Leste hasteou oficialmente à zero hora local de 20/5/2002 sua bandeira como a mais nova nação independente do Bandeira é semelhante à criada em 1975mundo, assumindo como presidente Xanana Gusmão, após 24 anos de dominação do território pela Indonésia. Na cerimônia,o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, desceu a bandeira dessa entidade que controlou o país durante o regime de transição, e após a troca de bandeiras houve missa oficiada pelo premio Nobel da Paz, dom Ximenes Belo, seguindo-se apresentações musicais. Ao recuperar sua soberania, o Timor se torna também o mais novo integrante da comunidade dos países de língua portuguesa e o único da Ásia a adotar esse idioma.

Secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, fala no ato em Dili (Imagem: TV CNN em espanhol, 19/5/2002) Secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, fala no ato em Dili (Imagem: TV CNN em espanhol, 19/5/2002)
Presidente Xanana Gusmão jura a constituição do Timor Leste (Imagem: TV CNN em espanhol, 19/5/2002) Arriada a bandeira das Nações Unidas, sobe pela primeira vez o pavilhão do Timor Oriental (Imagem: TV CNN em espanhol, 19/5/2002)

A cerimônia de três horas de duração teve transmissão sonora via Internet pela organização Democracy Now!, sendo por diversas vezes destacado que mais de 200 mil pessoas (cerca de um terço da população timorense recenseada em 1975) morreu na luta com os indonésios ou de fome e doenças.

Ainda assim, o ex-líder guerrilheiro e novo presidente do Timor, Xanana Gusmão, mostrou sua intenção de esquecer o passado e iniciar um novo período de cooperação com o país vizinho, tanto que um dos destaques da cerimônia de recuperação da soberania timorense foi o convite pessoal para que o presidente indonésio Megawati Sukarnoputri estivesse presente em Dili.

Xanana Gusmão é empossado como presidente do Timor Oriental (Imagem: TV CNN em espanhol, 19/5/2002) Discurso de Xanana Gusmão pede a reconciliação com a Indonésia (Imagem: TV CNN em espanhol, 19/5/2002)
Festa prossegue nos céus da capital Dili (Imagem: TV CNN em espanhol, 19/5/2002) Já é 20 de maio em Dili (Imagem: TV CNN em espanhol, 19/5/2002 no continente americano)

Difícil esquecer - Apesar do chamado de Xanana Gusmão para uma nova era no relacionamento com a Indonésia - de cujo apoio o Timor precisará nesta fase de reconstrução nacional, pois "além de ser a mais nova nação do mundo, é também uma das mais pobres", diversas organizações avisam que a luta continua, seja para garantir a independência timorense, seja para facilitar o retorno dos refugiados ao país, ou para evitar que a frágil economia da nova nação seja vitimada pela cobrança estrangeira excessiva dos custos da reconstrução nacional.

Uma das mais ativas organizações é a East Timor Action Network (Etan), que em carta de congratulações com os timorenses datada de 20/5/2002 destaca a intenção de continuar a luta para que os crimes de guerra indonésios sejam punidos. A carta termina com frases em português: "A luta continua! Viva Timor Lorosa'e! May 20, 2002".

Na mensagem, a Etan destaca como sempre se opôs à participação estadunidense na invasão indonésia do Timor. Em outra página do site, a organização detalha essa participação, iniciada em 1975 quando o então presidente dos EUA, Gerald Ford, e seu super-secretário de relações exteriores Henry Kissinger, deram o sinal verde para o governo indonésio ocupar o Timor, garantindo 90% dos armamentos necessários à invasão indonésia. Essa ocupação só perdeu força em 9/1999, quando o então presidente Bill Clinton retirou o apoio norte-americano à Indonésia. No mês seguinte, forças de paz das Nações Unidas assumiram o controle do território timorense, preparando o retorno à condição de país independente.

Página principal da Etan em 18/5/2002

Um dos atos mais criticados nos 24 anos de ocupação indonésia do Timor foi o massacre de 12/11/1991 na capital Dili, quando grande grupo de manifestantes pacíficos foi recebido a tiros por militares indonésios junto ao cemitério de Santa Cruz. O assim conhecido Massacre de Santa Cruz foi filmado por jornalistas estrangeiros e divulgado em todo o mundo, podendo ainda ser visto em videoclipes e fotos em página da Universidade de Coimbra, em Portugal, junto com o depoimento de um sobrevivente, Zito Soares. Morreram 271 timorenses, sendo feridos 278 e hospitalizados 103, além de 270 dados como desaparecidos.

O massacre e principalmente a responsabilidade estadunidense (ao apoiar a Indonésia na ocupação violenta do Timor) foram lembrados com manifestações na capital norte-americana em 12/11/1998, como relata a publicação eletrônica Washington, D.C., em três páginas de fotos e videoclipes. "Histórias do país de Xanana Gusmão" podem ser vistas também na edição eletrônica do jornal português Expresso, relatando os episódios da luta pela liberação do Timor Leste.

Imagens do massacre de 12/11/1991 em Dili, na página da Universidade de Coimbra

História - Depois de 400 anos como colônia portuguesa (o Timor Leste foi conquistado em 1509 e ocupado efetivamente em 1633, tornando-se em 1896 uma colônia de Macau), começaram em 1910 as rebeliões contra a ocupação lusa, sufocadas um ano e meio depois. Na Segunda Guerra Mundial, a ilha foi ocupada pelos japoneses e, após a guerra, recomeçou a luta pela independência.

Com a Revolução dos Cravos (25/4/1974) que encerrou o período salazarista em Portugal, esse país iniciou o processo de descolonização nos territórios ultramarinos, mas as divergências sobre a condução desse processo levaram à luta armada em 1975. A força guerrilheira Fretilin chega a proclamar unilateralmente a independência em 28/11/1975, mas outras forças políticas contestaram essa atitude, apoiando a anexação do território pela Indonésia, ocorrida em 17/7/1976, já com o Timor invadido (em 7/12/1975) pelos indonésios.

Passeata em Washington em 1998 recorda o massacre no Timor

Foto: Mike Flugennock

Em plebiscito coordenado pelas Nações Unidas em 30/8/1999, com a participação de 98,6% dos eleitores habilitados, 78,5% dos timorenses votaram pela independência do país. Começou então a vingança indonésia, com a morte de mais de 2.000 timorenses, deslocamento forçado de dois terços da população do país, atos de violência contra milhares de mulheres e garotas e a destruição de 70% da infra-estrutura do Timor.

Em 8/2001, 91,3% dos eleitores participaram da eleição da Assembléia Constituinte, que se tornaria o primeiro Parlamento após a independência. E, em 4/2002, os timorenses elegeram seu primeiro presidente, vencendo Xanana Gusmão por larga margem de votos.

Infográfico do jornal português Expresso/versão eletrônica em 18/5/2002

Veja mais:
Atlas Interativo NM - Timor Leste
Timor Leste: a guerra continua na Internet (1996)
     Os detalhes do conflito

Site Democracy Now! anuncia no dia 18/5/2002 a transmissão radiofônica pela Internet