TIMOR
LESTE
Os detalhes do conflito
Para
se compreender as origens do problema, um endereço básico
é “A obscura história
de Timor Leste”, que começa com uma pintura da ilha Jacku, feita
pelo líder capturado da resistência nacional timoresa, Xanana
Gusmão, na prisão de Cipinang, e oferecida ao presidente
de Portugal. Na ilha Jacku, durante os anos 80, os guerrilheiros encontraram
refúgio em meio às ofensivas indonésias.
Os dados geográficos, incluindo
um mapa da região, também estão em página
Web, explicando que Timor é a palavra malaia para Oriente, e
designa uma ilha do Arquipélago
Malaio, a maior e mais oriental das Lesser Sundas. Banhada pelo Mar do
Timor (parte do Oceano Índico) ao Sul e pelo Oceano Pacífico
(Mar Banda) ao Norte, a ilha está situada cerca de 500 km ao Norte
da Austrália e cerca de 1.000 km de Java. Tem 32.350 quilômetros
quadrados, sendo que o território subjugado (Timor Leste) ocupa
cerca de 19.000 km². A cidade de Díli é desde 1769 a
capital do Timor Oriental.
Em outra página
está a história (portuguesa) da região, conquistada
em 1509 pelos portugueses, que começaram a se estabelecer na ilha
efetivamente a partir de 1633. Em 1896, foi transformada em colônia
subordinada a Macau, também parte da presença portuguesa
no Oceano Índico, como Goa, Daman e Diu.
Em 1910, como relata a cronologia
(indonésia) de Timor Leste, ocorreu a primeira grande rebelião
contra a dominação portuguesa, “violentamente sufocada depois
de 18 meses”. De 1942 a 1945, os japoneses ocupam a Indonésia, e
em agosto de 1945 começa nova rebelião em Timor Leste contra
a presença portuguesa.
Com a Revolução dos
Cravos em Portugal (25 de abril de 1974), pondo fim a décadas de
domínio salazarista nesse país, os portugueses começam
a preparar sua retirada de todas as colônias ultramarinas. De maio
a novembro de 1974, cinco partidos políticos são organizados
em Timor Leste, preparando o caminho para a independência, mas em
março de 1975 o primeiro referendum popular pró-independência
é contido pelos militares portugueses, o que leva ao início
dos ataques terroristas da Fretilin contra os oponentes políticos.
Em agosto de 1975, com apoio das forças da UDT, começa uma
ação efetiva pela libertação, que no dia 20
toma parcialmente a capital, abandonada pelos portugueses no dia 26.
Três dias depois, conforme
o texto da cronologia indonésia, o governo indonésio requer
que o governo português retome a autoridade sobre o território,
para completar o processo de descolonização, mas Portugal
falha em restabelecer sua presença. Nos dois meses seguintes, a
Fretilin amplia seus ataques, e milhares de refugiados fogem para Timor
Ocidental. Dia 28 de novembro de 1975, a Fretilin declara unilateralmente
a independência do território. 24 horas depois, Portugal se
proclama a força administrativa do Timor Leste, sendo contestado
no dia seguinte por quatro partidos, incluindo a UDT, que anunciam sua
proclamação de independência e simultânea integração
com a República da Indonésia.
Nos meses seguintes, as Nações
Unidas entram no processo para negociação da paz no território,
mas dia 5 de junho de 1976 uma delegação popular do Timor
Leste, liderada por Arnaldo dos Reis Araújo, chefe executivo do
governo provisório desse território, apresenta em Jakarta
uma petição pela imediata integração do Timor
Leste à Indonésia, o que ocorre finalmente em 17 de julho
daquele ano.
Acusações - Desde
então, nos últimos vinte anos, a questão submergiu
no noticiário, a ponto de ser apelidada de “A guerra que o mundo
esqueceu”, na página britânica “East
Timor and Indonesia Campaign”, mantida na Universidade de Glasgow.
O ex-presidente da campanha, Steve Malloch), denuncia que desde a invasão
indonésia em 1975, um terço da população de
Timor Leste foi morta (cerca de 300 mil pessoas), além de muitas
estarem sendo torturadas em Jakarta e não serem respeitados os direitos
humanos no território ocupado.
Apesar dessa invasão ser comparável
à do Kuwait pelo Iraque e ser igualmente condenada pelas Nações
Unidas, o Ocidente praticamente nada fez a respeito do que pode ser descrito
como um genocídio, afirma ele, em crítica que o ex-presidente
português Mário Soares, na semana passada, endereçou
claramente aos Estados Unidos.
A mesma acusação sobre
a morte de 300 mil pessoas pode ser vista nos citados endereços
portugueses da Internet. Já o endereço gopher
convida o cibernauta à ação: “Escreva para Clinton:
20 Anos de Vendas de Armas são suficientes”.
Trata-se da crítica à
venda internacional de armas à Indonésia, para uso contra
a população de Timor Leste, especialmente a venda de caças
a jato F-16.
Respostas - A Embaixada
da Indonésia no Canadá, em Ottawa, responde às
principais críticas em seu endereço na rede. Afirma, por
exemplo que o que os portugueses chamam de descolonização
foi simplesmente um abandono dos timorenses à própria sorte,
ou mais, o apoio secreto à Fretilin, instigando uma guerra civil.
Explica que na Indonésia cada parte do arquipélago é
uma nação autônoma, sendo todas unificadas por esse
nome, e que se auto-ajudam, daí a ajuda que está sendo dada
ao desenvolvimento de Timor Leste.
Sobre o genocídio, o governo
indonésio afirma que o único censo internacionalmente aceito
no território foi feito em 1980, registrando 555.350 habitantes,
69 mil a menos que a estimativa colonial. Mas, a verdadeira diferença
nunca será conhecida, pois a última estimativa colonial,
em 1974, era baseada em informações dos líderes regionais,
nunca verificadas pelo governo português.
Em 1976, segundo a embaixada de Ottawa,
um porta-voz do governo provisional de Timor leste informou à imprensa
internacional que 60 mil pessoas haviam morrido. No dia seguinte, reformulou
a declaração, dizendo que esses 60 mil haviam “morrido ou
perdido suas casas”, e isso incluía 40 mil refugiados que tinham
ido para Timor Ocidental.
Em seguida, os indonésios
acusam o terrorismo da Fretilin e a fuga de refugiados para Timor Ocidental
(durante e logo depois da guerra) como verdadeiras causas da redução
populacional. Cita estimativas ocidentais de que 5.000 morreram na guerra
e outros 25 mil como vítimas de desnutrição e doenças
na destroçada economia timorana do pós-guerra.
Outros endereços - Um
texto do ex-embaixador dos Estados Unidos em Jakarta, Edward Masters, aborda
o tema em página
indonésia: “Caluniar a política de Jakarta como de limpeza
étnica e pedir pela independência de Timor Leste é
fácil e irresponsável”.
A página do East
Timor Human Rights Centre (ETHRC),
de Melbourne, Austrália, também está na Internet,
enquanto a Nova Zelândia comparece com um sumário
noticioso semanal. O noticiário da semana passada (7/1996)
destacava a existência do newsgroup (grupo de notícias
sobre determinado tema) reg.easttimor, criado pelas redes PeaceNet,
GreenNet, Pegasus e outras (participantes da Alliance for Progressive Communications).
Entre as demais as notícias do site da ETHRC, a denúncia
(com fotos) do jornalista australiano Brian Kelly, divulgada via Internet
no dia 6, sobre timorenses forçados a abandonar suas casas e migrar
para outras ilhas indonésias.
Como curiosidade, saindo da Internet,
saiba que o jogo “Flying Nightmare” retrata bem a situação
de Timor Leste, segundo afirmou um dos líderes da resistência
à ocupação, Ramos Horta, na televisão portuguesa
RTP Internacional, em 19/5/1996...
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