MIR
Risco na desintegração
é considerado nulo
Pelo
menos dez vezes por ano, asteróides de tamanho mais significativo
entram na atmosfera terrestre, e os flashes causados por suas explosões
são acompanhados pelos cientistas encarregados de monitorar os satélites
em órbita. No ano 2000, um asteróide de 200 toneladas,
portanto 50% maior que a estrutura da Mir, entrou na atmosfera com
o barulho de um avião caça supersônico e se transformou
numa brilhante bola de fogo sobre o território canadense do Yukon.
Os cientistas recolheram depois fragmentos do asteróide perto do
lago Tagish: os maiores tinham peso de apenas algumas centenas de gramas.
Para os cientistas, portanto, não
há riscos importantes, já que a estação espacial
russa é comparativamente bem pequena, e sua reentrada na atmosfera
deve apenas oferecer um belo espetáculo. Porém, em casos
assim não é tanto o peso que importa, pois ele é consideravelmente
multiplicado pela velocidade alcançada. Assim, as pouco mais de
135 toneladas da Mir representam 50 Terajoules de energia cinética
a ser dissipada no momento da reentrada na atmosfera.
Como a estrutura foi montada em órbita,
não precisando seguir os padrões de aerodinâmica usados
na aviação, sua reentrada na atmosfera deverá causar
a divisão imediata da estação em pelo menos seis blocos
de mais de 20 toneladas cada um, como explica Nicholas Johnson, cientista-chefe
e gerente do programa de estudos sobre objetos em órbita no Centro
Espacial Johnson, da agência aeroespacial norte-americana Nasa. Assim,
serão vistos como se fossem pequenos cometas, acompanhados por pequenas
bolas de fogo. "O risco para as pessoas na Terra é virtualmente
zero", diz Nicholas, lembrando que sua queda controlada é muito
mais segura que a entrada dos asteróides na atmosfera, que ocorre
várias vezes ao ano.
Das 135 toneladas da Mir,
apenas cerca de 20 toneladas chegarão à superfície
da Terra (o resto será destruído pelo calor do atrito com
a atmosfera), pulverizados em uma grande quantidade de partículas.
Viajando à velocidade de 160 a 240 quilômetros por hora, a
estação espacial poderá ser vista nas órbitas
finais por quem esteja posicionado à direita de sua órbita,
refletindo a luz do Sol como se fosse uma estrela de segunda grandeza.
Conforme o centro
de controle da missão em Moscou, a nave - que orbitava a 375
km de altura (próxima à linha do Equador, entre 52° de
latitude Norte e 52° de latitude Sul, cumprindo uma órbita completa
a cada 90 minutos) - vem se aproximando da Terra, em sua órbita
de queda, cerca de 1,5 km por dia (no dia 19/3, estava a 220 km de altura).
Como o processo vai sendo acelerado pela atração gravitacional,
a previsão é de que a reentrada final na atmosfera ocorra
até o dia 28/3. Nesse processo, a estação está
sendo guiada por uma nave Progress que foi acoplada à estrutura
para essa finalidade, realizando as manobras necessárias à
manutenção da órbita correta de reentrada.
E, segundo ainda Nicholas Johnson,
os russos são especialistas nesse trabalho: desde 1978 já
promoveram a reentrada na atmosfera de 80 naves Progress e cinco
estações espaciais Salyut naquela mesma área
do Pacífico. Duas Progress já retornaram assim neste
ano, e a que acompanha a Mir será a terceira. A última
estação russa a retornar foi a Salyut 6, de 40 toneladas,
em julho de 1982. A mesma técnica será empregada no retorno
da Mir, agora.
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