Uma exemplar comunidade de negócios
"Esta
semana, WideBiz Week
atingiu seu centésimo exemplar, no qual foi publicada a crônica
Nexo
Seguro
Para nós é um momento
que vale comemorar. Iniciado com o nome de Interneg em março de
1999, chega ao número 100 quase na data de seu aniversário
de dois anos e com mais de 6 mil assinantes. E foi o embrião que
deu origem ao site WideBiz e às listas de discussões de negócios
WideBiz, somando mais de 1.300 pessoas.
Mas o que fez uma empresa como a
Widesoft publicar o WideBiz Week? Ou, indo mais além, para
quê criar uma lista de discussões de e-business, a
WideBiz
List e Digest, e também um site de textos sobre negócios?
Bem, vamos deixar que as respostas da entrevista abaixo, feita originalmente
em inglês pela jornalista Len McGrane, expliquem o que uma coisa
tem a ver com a outra.
A comunidade de widebizers
tem chamado a atenção de muitos. Entenda sua história
e seus motivos. Talvez alguma idéia possa ser aproveitada para seus
próprios negócios."
Mario
Persona
Editor WideBiz
Diretor de Comunicação
Widesoft Sistemas Ltda.
15/2/2001
|
Len McGrane - Descreva rapidamente
seu negócio na Internet.
Mario Persona - Bem, nosso
negócio principal não é exatamente o site da comunidade
WideBiz, que criamos em www.widebiz.com.br.
Nossa empresa, Widesoft (www.widesoft.com.br),
foi criada em 1993 para desenvolver sistemas de ERP e APS (Advanced Planning
and Scheduling) para duas empresas do setor automotivo (AMC e Freios Varga).
Em 1995, decidimos transformar a
Widesoft em uma empresa de Internet e transformar a experiência que
tínhamos na indústria em soluções baseadas
na Web para negócios entre empresas. Isso foi mesmo antes da expressão
B2B estar sendo usada. Em 1997 lançamos o primeiro sistema brasileiro
de gestão da cadeia de suprimentos (SCM - Supply Chain Management)
via Web, que ligava a Freios Varga a seus fornecedores.
Len McGrane - Como, por que
e quando vocês começaram a estratégia de Networking
Marketing, ou Marketing de Relacionamento?
Mario Persona - Em 1998, sentimos
que nosso principal problema na venda de nossas soluções
estava na falta de informação de business-to-business
no mercado. Até então, a Internet estava sendo vista, principalmente
no Brasil, como uma mídia de entretenimento. Não havia muitas
soluções de e-commerce ou e-business funcionando
efetivamente.
Portanto, achei que poderia escrever
artigos para homens e mulheres de negócios, mas logo mudei de idéia.
Havia muitos autores em muitos sites, revistas e newsletters escrevendo
textos técnicos, portanto não iria querer competir com eles.
Ao invés disso, resolvi compartilhar nosso conhecimento de uma maneira
muito informal, divertida até. Adotei o estilo de crônicas.
Se ler qualquer um de meus textos em www.widebiz.com.br/gente/mario,
irá entender o que estou falando.
Len McGrane - Quais foram
os custos iniciais?
Mario Persona - A estratégia
de marketing de relacionamentos que adotamos a princípio
não envolveu grandes custos. É claro que foi necessário
gastar mais tempo escrevendo e publicando a newsletter. Incluímos
um formulário no site da Widesoft para que as pessoas pudessem assinar
a publicação. Por outro lado, nosso core business,
as soluções de SCM (Supply Chain Management) e mais recentemente
SRM (Supplier Relationship Management), estavam recebendo investimentos
do principal investidor da empresa, que fora um dos proprietários
da Freios Varga (agora pertencente à TRW Automotive) e, após
sua venda, passou a investir na Widesoft e em outras empresas.
Len McGrane - Quais foram
as expectativas que tiveram no início com este tipo de marketing?
Mario Persona - Achávamos
que iríamos atingir alguns de nossos futuros clientes apenas, mas
a newsletter foi auxiliada por um boca-a-boca e espalhada pelo e-mail.
Logo tinha muita gente lendo meus artigos, de estudantes a donas-de-casa
e pessoas que nada tinham a ver com negócios. Não eram eles
o nosso alvo, mas estavam ajudando a espalhar a notícia. Além
disso, alguns sites, revistas e jornais começaram a pedir permissão
para publicar meus artigos semanalmente.
Len McGrane - Qual foi o efeito
disso naqueles primeiros meses?
Mario Persona - Nosso segundo
passo foi criar uma lista de discussões por e-mail, a WideBiz
List, e convidar as pessoas a participar usando a newsletter
para isso. A propósito, a newsletter passou a ser também
um veículo de propaganda para os produtos da Widesoft e para anunciar
os eventos, conferências e palestras de Tecnologia da Informação
para gerentes, CIOs e CEOs. Esta foi outra atividade que foi agregada à
nossa estratégia de marketing. Isto era feito regularmente
no próprio auditório da Widesoft, um espaço de tecnologia
multimídia com 70 lugares.
A lista de discussão foi um
sucesso, atraindo profissionais de diversas áreas, que estavam envolvidos
com e-business, e-commerce, marketing, educação
à distância e outras atividades. Jornalistas, empreendedores,
head-hunters
e investidores em busca de bons projetos passaram a freqüentar a comunidade.
Logo passei a convidar aqueles que estavam escrevendo suas idéias
na lista, para convertê-las em artigos que seriam publicados no site
da Widesoft.
Isso teve um efeito tal que, logo,
o site institucional da Widesoft começou a ser confundido com uma
revista Web de e-business, o que se tornou um problema para a imagem
da empresa. Nosso desejo era atrair visitantes para que conhecessem nossas
soluções de B2B, mas não para fazê-los pensar
que éramos uma editora ou algo assim.
Foi aí que criamos um novo
site, o www.widebiz.com.br, unicamente
para publicar os artigos de nossos colaboradores. O site tornou-se também
um veículo de marketing para a Widesoft e ali publicamos
nossos banners.
Len McGrane - Como isso tem
funcionado desde então?
Mario Persona - Hoje o site
WideBiz conta com mais de 70 colaboradores regulares, que escrevem artigos
sobre diversos assuntos relacionados a negócios. Fizemos tudo de
forma a facilitar a manutenção do site, por isso precisamos
de apenas uma Webmaster para cuidar da publicação dos textos.
Examinamos o material que recebemos antes de publicar, para que haja um
controle na qualidade dos textos. Sempre que um novo colaborador é
aprovado, sua foto e nome são acrescentados em uma coluna de autores
que você encontra à direita de todas as páginas. Todos
os meses atualizamos aquela coluna, e os autores com maior número
de páginas solicitadas vão para o topo da coluna. Isto cria
uma saudável competição entre os autores.
Não há dinheiro envolvido
no relacionamento com os autores, pois eles utilizam o site para promover
seus próprios negócios. Cada um recebe uma página
pessoal onde há seu currículo e informações
de sua empresa e serviços. Cada artigo traz uma breve descrição
do autor no final. Muitos têm sido encontrados por clientes e gerado
novos negócios graças à notoriedade que o site WideBiz
lhes dá.
Além da lista original WideBiz,
não moderada, criamos e editamos uma versão moderada, que
normalmente recebe os melhores textos publicados na lista aberta. A newsletter
semanal leva, além de meu artigo, um resumo com links dos
artigos publicados no site naquela semana. Isto tem ajudado o site a receber
entre 3 e 4 mil page-views diários.
Len McGrane - Qual tem sido
o sucesso financeiro de seus negócios na Internet?
Mario Persona - Aqui voltamos
a falar da Widesoft, a empresa, e não da WideBiz, já que
esta última é parte de uma estratégia de marketing,
e não exatamente um negócio em si mesmo. A WideBiz não
tem gerado lucro como negócio, mas ajuda a economizar muito em marketing
convencional, já que tem um custo baixo de manutenção.
Este tipo de networking usa
o poder da Internet para crescer, e precisamos apenas manter seu rumo.
Cada autor que colabora com o site tem seu nome divulgado, passa a ser
convidado para publicar seus artigos em outros sites, jornais e revistas,
é encontrado por clientes e acaba fazendo negócios. Há
uma jornalista que escreve para o site que iniciou uma empresa de press
release graças à lista de discussões e ao site
WideBiz. Boa parte de seus clientes chegou até ela pela WideBiz.
Por outro lado, a Widesoft, cujo
principal negócio hoje é o SRM (Supplier Relationship Management),
tem sua marca associada com todo o conhecimento dos mais de 70 excelentes
profissionais que estão escrevendo para o site WideBiz. Mais de
uma centena de sites, revistas e jornais, alguns dentre os principais de
sua área, hoje publicam meus artigos. Algumas de minhas crônicas
foram adotadas como texto de leitura pelos cursos de algumas das mais importantes
faculdades de administração do Brasil. Tenho sido requisitado
para dar palestras sobre SRM, SCM e e-business por algumas das principais
organizações de eventos para executivos, como IBC, Mantel
Group, IMAM, IT Mídia, IT Com, entre outras. As pessoas que participam
desses eventos são geralmente CEOs ou gerentes de suprimentos de
indústrias importantes, portanto nossos potenciais clientes.
Há um outro subproduto importante
da comunidade que criamos. Refiro-me ao seu acompanhamento como um laboratório.
Veja que nosso produto principal é uma solução de
Supplier Relationship Management, algo que funciona melhor quando uma cadeia
de suprimentos funciona como uma comunidade, ou um negócio colaborativo
entre empresas, fornecedores e clientes. Nosso principal produto tem também
uma propagação viral, pois quando uma empresa o adota, passa
a reduzir seus custos no relacionamento com seus fornecedores. Estes então
descobrem que podem adotar a solução para também reduzir
seus custos com seus próprios fornecedores, e assim por diante.
Isto acontece tanto do lado do cliente, como do fornecedor, na cadeia de
valor.
Em uma época quando muitas
empresas de Internet estão desligando seus servidores e saindo do
mercado, a Widesoft tem o privilégio de ser uma empresa lucrativa.
Projetamos para o ano de 2001 um faturamento de 5 milhões de dólares.
Parte de nossa expansão tem sido graças ao caráter
viral do próprio produto e da estratégia de marketing
que adotamos. Hoje nos orgulhamos de ter, em nossa carteira de clientes,
empresas como Kodak, Philips, Walita, Caterpillar, Hewlett Packard, Shell,
Lucent e TRW Automotive. Seguidas por muitas outras que fazem parte de
suas cadeias produtivas.
Len McGrane - Qual outro tipo
de marketing vocês têm feito?
Mario Persona - Principalmente
o viral. Além do marketing de relacionamentos ou networking,
não precisamos investir muito em marketing convencional.
Nossa solução de SRM é algo muito específico
para a indústria e sabemos onde encontrar nossos clientes. Nós
sabemos que freqüentam conferências, seminários e publicações
especializadas.
Trabalhamos geralmente focando em
uma empresa que chamamos de "empresa mãe", que irá adotar
nossa solução de SRM. Chamamos seus clientes ou fornecedores
de "empresas filhas". Quando a solução é implementada
para uma "empresa mãe", suas "filhas" (geralmente em número
de 300 ou mais) entram em contato com o sistema e passam a utilizá-lo.
Naturalmente vêem as vantagens e benefícios, e acabam entrando
em contato conosco para poderem ser também uma "empresa mãe",
ou seja, uma empresa que irá gerar informações de
suprimentos, vendas, planejamento, com seus fornecedores ou clientes. Este
é um verdadeiro marketing viral, como aquele descrito por
Seth Godin em seu excelente livro "Unleashing
the IdeaVirus".
A história da Widesoft bem
que poderia estar entre aquelas que você encontra no livro "The New
Pioneers", do colunista do Wall Street Journal, Thomas Petzinger
Jr. Aquele livro serve de inspiração quando olhamos para
o desenvolvimento desta empresa e entendemos que caminho seguir. Veja que
nossa história é a de uma pequena empresa brasileira, criada
e sustentada por investimentos próprios, que jamais poderia pensar
em enfrentar os big players usando as mesmas armas que estes usam.
Creio que estávamos no lugar
certo no momento certo, quando as grandes companhias de EDI não
quiseram matar seus negócios oferecendo serviços e soluções
de SCM (Supply Chain Management) mais acessíveis. E éramos
suficientemente pequenos, rápidos e criativos para desenvolver,
não apenas uma solução inédita de B2B, mas
também adotar uma estratégia alternativa de marketing,
uma que fosse até mesmo radical, como aquelas descritas por Sam
Hill e Glenn Rifkin no livro "Radical Marketing: From Harvard to Harley,
Lessons from Ten That Broke the Rules and Made It Big".
Len McGrane - Quais os planos
para o futuro?
Mario Persona - Continuaremos
a aperfeiçoar a abordagem WideBiz de marketing que tem funcionado
tão bem. E para a Widesoft, estamos agora buscando formas de ter
uma expansão mais agressiva no mercado, o que será feito
com o auxílio de outros investidores. Já estudamos algumas
propostas. Além de nosso marketing alternativo, houve outros
fatores que nos ajudaram a ter sucesso nessa arena tão competitiva.
Um, foi nossa familiaridade com os processos industriais, já que
nossa empresa nasceu para resolver problemas de gestão e planejamento
da cadeia produtiva da indústria automotiva.
Outro fator que ajudou muito foi
o momento. Quando lançamos nosso primeiro SCM (Supply Chain Management)
funcionando como um ASP (Application Service Provider), era o ano de 1997.
Foi algo pioneiro no mercado brasileiro como solução B2B
usando a Internet. Nossas soluções não apenas atenderam
as exigências do relacionamento business-to-business, mas
passaram a integrar as informações de demanda, com informações
de fornecedores. Estas, consolidadas e associadas às informações
de capacidade e restrições da produção, permitiram
auxiliar na tomada de decisões para o planejamento da produção.
Len McGrane - O que fez com
que seu site funcionasse tão bem?
Mario Persona - Sua pergunta
nos leva a falar novamente do site WideBiz e da estratégia de marketing.
Creio que funciona porque oferece e dá algo às pessoas, sejam
elas os colaboradores ou os leitores. Nossa filosofia é que você
não pode receber nada sem primeiro dar. O Mar Morto é morto
porque só recebe água de seus afluentes, mas não dá
água a ninguém, exceto ao processo de evaporação.
Os negócios são assim.
Se você começa perguntando,
"O que posso dar para receber?", acabará descobrindo o que as pessoas
necessitam. Isto vale para a criação de um produto, ou até
de uma estratégia de marketing que atraia outros para trabalharem
em conjunto com você para o proveito comum.
E algo que fazemos, tanto para as
soluções da Widesoft e sua filosofia, como para estratégia
WideBiz de marketing, é observar onde a grama está
sendo pisada. Falo de um conceito que foi planejado, mas não aplicado,
na construção das calçadas de Brasília. Um
dos arquitetos não queria construir calçadas, mas apenas
plantar grama em tudo, deixando que as pessoas pisassem nela. Onde os caminhos
naturais começassem a ficar visíveis, o concreto seria aplicado.
A idéia é de que toda empresa deve prestar atenção
onde o caminho será criado, antes de passar a construir naquela
direção.
---------------------------------------------------
"Mensagem do Patrocinador":
---------------------------------------------------
Em 1997, a Widesoft lançou
a plataforma B2B pioneira no Brasil para o relacionamento de empresas na
cadeia de suprimentos.
Desde então empresas como
TRW Automotive, Kodak, Shell, Hewlett Packard, Philips Walita, GE Dako,
Caterpillar e Lucent Technologies vêm adotando a solução
WideLog para a integração de CLIENTES, FORNECEDORES e REPRESENTANTES.
Conheça em: http://www.widesoft.com.br |
|