Uma visão para o ano 2005
"Os clientes
estão cada vez mais escolhendo fornecedores com base em valor de
longo prazo, e não em uma história longa." - Anônimo
Philip Kotler (*)
Colaborador
A intermediação
de atacadistas e varejistas sofreu uma redução considerável,
devido ao comércio eletrônico. Virtualmente todos os produtos
estão agora disponíveis, sem que seja necessário ir
à loja! O cliente pode acessar as imagens de qualquer produto na
Internet, ler as especificações, pesquisar o melhor preço
e as melhores condições entre os fornecedores on-line,
dar um clique no pedido e fazer o pagamento via Internet. Desapareceram
os onerosos catálogos impressos. A compra de empresa para empresa
via Internet aumentou ainda mais que as compras de consumidores individuais
on-line.
Compradores de empresas utilizam a Internet para procurar pelos itens mais
rotineiros, anunciar suas necessidades, aguardar propostas de vendas ou
simplesmente para surfar pelos sites que marcaram como favoritos.
Os lojistas do varejo viram o fluxo
de clientes diminuir muito em seus estabelecimentos. Como resposta, mais
varejistas empreendedores estão instalando cinemas e outras
formas de lazer em seus estabelecimentos comerciais. Muitas livrarias,
minimercados, supermercados e lojas de roupas agora incluem lanchonete
e abrem espaço para pequenos shows e palestras. Essencialmente,
essas lojas estão oferecendo uma experiência, em vez
de uma variedade de produtos.
Preferências - A maioria
das empresas desenvolveu bancos de dados privados contendo preciosas
informações sobre preferências, necessidades e exigências
de cada um dos seus clientes. Tais empresas utilizam essas informações
para fazer uma "personalização em massa" de seus produtos.
Um número cada vez maior de empresas apresenta plataformas de produtos
on-line,
nas quais os clientes podem projetar as especificações que
desejem. Muitas empresas do setor automobilístico, de computadores,
de eletrodomésticos e alimentícios convidam os clientes a
visitar sua home page e ajudar a projetar seu produto, serviço,
sistema ou programa, indicando suas preferências em um formulário.
O produto resultante dessas modificações é então
exibido na tela.
As empresas estão conseguindo
reter mais os seus clientes, encontrando maneiras criativas de superar
suas expectativas. Em função disso, os concorrentes acham
cada vez mais difícil conquistar novos clientes. Conseqüentemente,
a maioria das empresas despende tempo imaginando como vender mais produtos
e serviços a seus clientes existentes.
As empresas estão se concentrando
em desenvolver carteira de clientes em vez de obter maior participação
no mercado. Muitas já descobriram novas maneiras de aumentar as
vendas horizontal (cross-selling) e verticalmente (up-selling).
As empresas estão aplicando as mais eficazes técnicas de
data
mining (ou triagem de dados) para extrair de seus armazéns de
dados (data warehouses) informações que lhes permitam
conhecer melhor seus clientes.
Reorientação
- As empresas finalmente conseguiram fazer com que os seus departamentos
de contabilidade gerassem dados reais sobre a lucratividade de cada segmento
de mercado, cliente, produto, canal e unidade geográfica. E estão
agora concentrando sua atenção nos produtos, canais e clientes
lucrativos, formulando pacotes de recompensas para estes últimos.
As empresas mudaram uma perspectiva
de transação para uma perspectiva da fidelidade de cliente.
Muitas se transferiram para a idéia de fornecimento vitalício
para o cliente, pela qual elas se comprometem a fornecer um produto regularmente
consumido (por exemplo, café ou refrigerante) a um preço
mais baixo por unidade. Elas podem se dar ao luxo de gerar menos lucro
por transação em troca de um contrato de compra de longo
prazo.
Terceirização
- A maioria das empresas agora terceiriza mais de 60% de suas atividades
e necessidades. Algumas terceirizam 100%, tornando-se empresas virtuais
com patrimônio mais reduzido e, portanto, com índice de retorno
extraordinário. As empresas que terceirizam estão desfrutando
de um negócio em franca expansão. Na caso de fabricantes
de equipamentos, a maioria prefere trabalhar com um único parceiro
fornecedor, que projete e entregue sistemas completos (na indústria
automobilística, um sistema de freios, um sistema de assentos etc.)
em parceria com o fabricante que detém a marca. As empresas, em
sua maioria, fazem hoje parte de uma rede, dependendo bastante de alianças
estratégicas com outras empresas.
Muitos dos profissionais de vendas
de campo são franqueados, e não funcionários da empresa.
A empresa os equipa com as mais modernas ferramentas de automação
de vendas, inclusive recursos para desenvolver apresentações
multimídia individualizadas, assim como produtos, serviços
ou contratos customizados. Grande parte dos compradores tem demonstrado
claramente preferir se encontrar com vendedores nas telas do computador
do que pessoalmente no escritório. Um número cada vez maior
de vendas vem ocorrendo por meio eletrônico: comprador e vendedor
se reúnem na tela do computador em tempo real. Os profissionais
de vendas estão viajando menos e as companhias aéreas estão
encolhendo. Os profissionais de vendas mais eficazes são bem-informados,
confiáveis, agradáveis e bons ouvintes.
A propaganda em massa na TV diminuiu
sensivelmente devido à existência de 500 canais diferentes.
Os jornais e revistas impressos também diminuíram em número.
Por outro lado, os profissionais de marketing podem agora alcançar
com mais eficácia seus mercados-alvo, anunciando em revistas e grupos
de discussão especializados.
As empresas não são
capazes de sustentar suas vantagens competitivas (salvo patentes, direitos
autorais, localizações privilegiadas, informações
privadas etc.). Os concorrentes copiam rapidamente qualquer vantagem utilizando
o benchmarking e a engenharia reversa, queimando etapas no
processo de desenvolvimento. As empresas acreditam que sua única
vantagem sustentável está na capacidade de aprender e mudar
com maior rapidez.
(*)
Philip
Kotler é professor de Marketing Internacional na Kellogg Garduate
School of Management, tendo sido eleito como o primeiro "líder em
pensamento de marketing" pelos membros da American Marketing Association.
Artigo divulgado via boletim eletrônico Varejo
Século 21. Esse fórum conta com mais de 1.100 participantes
e o objetivo dos trabalhos é apresentar idéias, tendências,
experiências e opiniões que contribuam para a melhoria do
comércio varejista brasileiro. |