Modelo hidrodinâmico é
mostrado em Santos
"O porto
de Santos precisa crescer e para isso precisa tratar da dragagem de aprofundamento,
e queremos fazer isso com o conhecimento prévio dos efeitos, minimizando
os efeitos negativos, sem prejudicar a cidade, nossas riquezas ambientais,
nossos mananciais", destacou o diretor de Infra-estrutura e Serviços
da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Francisco Villardo
Neto, durante a cerimônia de apresentação dos resultados
da segunda etapa de estudos da zona marítima exterior à Baía
de Santos, realizada no dia 23/11 no Consistório da Universidade
Santa Cecília (Unisanta), nessa cidade.
Realizado por pesquisadores da Unisanta,
em parceria com as empresas portuguesas Hidromod e Consulmar, o estudo
Modelagem Hidrodinâmica de Circulação Oceânica,
contratado pela Codesp em agosto de 1998, visa determinar áreas
adequadas ao descarte de material proveniente da dragagem no porto. São
estudados os efeitos dos ventos, das marés e das ondas na zona exterior
ao Estuário santista.
Segundo o coordenador dos trabalhos,
professor Gilberto Berzin, até recentemente se gastaria cerca de
US$ 1 milhão só para fazer uma simulação das
conseqüências da construção de uma marina, ocupando
por meses uma área do tamanho de um ginásio de esportes,
para a montagem do modelo em escala reduzida da área a ser estudada.
Com o programa Modelo de Tecnologia em Circulação Oceânica,
diversas simulações podem ser preparadas em poucas horas
com os dados coletados nas pesquisas de campo (velocidade e direção
dos ventos e das correntes oceânicas, profundidades, marés
etc.), o que permite considerável redução nos custos
e uma análise mais completa.
Junto com o professor português
José Chambel Leitão, da Hidromod, Gilberto Berzin demonstrou
o programa para um grupo de autoridades ambientais e portuárias,
jornalistas, professores e representantes da direção da Unisanta,
explicando que na primeira etapa as pesquisas haviam sido feitas durante
o verão. Faltava coletar dados e repetir as simulações
para o período de inverno, o que foi completado agora, nessa segunda
etapa.
Foi possível comprovar que,
embora no inverno se verifique algum aumento nas correntezas, essencialmente
o modelo hidrodinâmico se mantém o mesmo, em relação
aos objetivos estudados - os locais de descarte do material resultante
da dragagem de manutenção do porto (necessária em
função do assoreamento, causado permanentemente pelo efeito
das chuvas sobre as encostas da Serra do Mar). Outra conclusão do
estudo foi a clara associação entre o nível de correnteza
no mar e a intensidade dos ventos reinantes.
Sem poluição -
Os estudos demonstraram que no local atualmente usado para o descarte do
material dragado não há qualquer risco de poluir as praias,
já que a parte que fica em suspensão na água é
transportada pelas correntezas marinhas em uma faixa de alto mar paralela
à costa.
Porém, se for decidida a realização
de dragagem de aprofundamento do leito marinho na área do porto
- dos atuais cerca de 13 metros para os planejados até 17 metros
de profundidade -, será necessário fazer um estudo específico,
já que a quantidade de material dragado, consideravelmente grande,
traria um significativo impacto ambiental se fosse toda depositada num
mesmo lugar. "Toda simulação é específica para
uma meta, cada ponto analisado dará uma resposta, não sendo
possível generalizar os resultados para áreas extensas",
explicaram os pesquisadores.
Também participaram do encontro
no Consistório da Unisanta os dirigentes dessa universidade; o diretor
da Faculdade de Engenharia, professor engenheiro Áureo Pasqualeto;o
secretário do Meio-Ambiente do Guarujá, Rodolfo de Castro;
a presidente do movimento SOS Praias; e, entre outros representantes da
Codesp: Ronaldo de Carvalho, da área de Infra-estrutura e Serviços;
Ivan Figueiredo, gerente de planejamento; Osvaldo Freitas Vale Barbosa
e Antonio Roberto Almeida Coutinho, do setor de fiscalização
das operações portuárias.
Veja mais:
Imagem
animada do modelo hidrodinâmico
Unisanta
e Codesp assinam contrato de cooperação técnico-científica
(2/12/1997)
Unisanta
pesquisa ambiente no porto santista (21/11/2000)
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