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Matéria originalmente publicada no caderno Informática do jornal santista A Tribuna em 2 de dezembro de 1997
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 11/21/00 13:46:18
ESTUDO
Unisanta e Codesp assinam 
contrato de cooperação técnico-científica 

Objetivo é acompanhar os efeitos de maré, vento e outros fatores sobre as águas do Estuário

Para onde irá uma mancha de óleo derramado em determinado ponto da Baía de Santos? Como a construção de um novo píer afetará a circulação das águas no Estuário? Responder a essas perguntas é tarefa para um sofisticado programa de computador desenvolvido pela Universidade Santa Cecília (Unisanta) em parceria com entidades européias: a Modelação Matemática de Circulação Oceânica, aplicada ao estuário santista. 

No dia 26, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) assinou contrato de cooperação técnico-científica com a universidade, para usar esse software, que simula os efeitos das marés e outras condicionantes físicas (como os fenômenos meteorológicos, ventos, ondas, geometria e profundidades locais) sobre as obras existentes e projetadas.

Dessa forma, pode-se avaliar o impacto produzido por intervenções na região portuária e costeira, como a construção de uma marina ou de um píer, os efeitos de uma dragagem, disposição submarina do lançamento de resíduos, efeitos de encalhe de embarcações etc.

Outra grande aplicação é a de prever o deslocamento de poluentes por ação das marés, no caso de vazamentos ou despejos líquidos. Assim, pode-se atuar com eficiência na tomada das medidas de contenção dos poluentes, diminuindo os efeitos no meio-ambiente.

Acordo – O acordo foi assinado pelo engenheiro Luiz Alberto da Costa Franco, que - junto com o assessor da diretoria Ricardo Muza - representou a diretoria da Codesp, o acordo foi firmado (na reitoria da Unisanta), pela reitora Sílvia Teixeira Penteado e pela diretora-presidente do Instituto Superior de Educação Santa Cecília (Isesc), Lúcia Teixeira Furlani. Participaram do ato ainda os professores Gilberto Berzin e  José Chambel Leitão (autores do software), Áureo Pasqualetto (diretor da área de Engenharia da Unisanta) e outros representantes das duas entidades. 

Na oportunidade, a reitora da Unisanta informou que essa universidade integra um grupo de empresas brasileiras e portuguesas que apresentou uma proposta de simulação oceânica para a Baía de Todos os Santos, junto a Salvador, dentro do projeto Bahia Azul. As propostas dessa concorrência pública estão em fase de análise técnica, que é demorada porque depende de parecer do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que financia o projeto.

Segundo o professor Berzin, já existem vários interessados no projeto, tanto em outros portos brasileiros como na Baixada Santista. Seu trabalho, já destacado por Informática (na edição de 24 de outubro de 1995) partiu do programa Modelo Matemático desenvolvido pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa (IST) e pela empresa de consultoria européia Hidromod, com apoio do Fundo para a Cooperação Econômica de Portugal. Através de grande quantidade de cálculos – daí a necessidade de um Laboratório de Computação Gráfica como o instalado na Unisanta, com um servidor Pentium II/266 MHz, com 128 Mb de memória RAM e disco rígido de 4 GB, e 16 computadores Pentium 200 MHz com 64 MB de memória RAM –, o programa exibe graficamente os resultados, mostrando as várias correntezas que afetam a área em estudo, e as conseqüências da pretendida intervenção nessa área.

Para a Codesp, além do aperfeiçoamento de seus bancos de dados sobre o estuário, o contrato com a Unisanta representa a capacitação de seus técnicos nessa importante tecnologia, sem qualquer ônus, uma vez que todos os custos dessa transferência estão sendo bancados pela Unisanta e, no caso do IST e Hidromod, com apoio do Fundo para a Cooperação Econômica de Portugal. 

Novo módulo – Para a realização do programa, o professor Berzin trabalhou no IST em três ocasiões, levando informações do porto de Santos e região, instalando assim um banco de dados de coordenadas geográficas, batimetria (profundidades) e configurações de marés, de forma a adaptar o modelo europeu para as condições do Estuário de Santos. Por estar situado no Hemisfério Sul, o Estuário santista tem características de circulação diferentes das registradas na Europa, além de ser de grande complexidade, uma vez que sofre grande influência da bacia hidrográfica da região.

Já foram produzidos dois relatórios sobre o assunto, entregues à Codesp quando da assinatura do contrato. Um relatório mais detalhado deverá estar pronto em fevereiro, com aplicação das ações voltadas ao meio-ambiente, alterações de canal e caracterização das zonas mais complexas do Estuário. As prefeituras da Baixada Santista e as indústrias, com seus terminais privativos, também são potenciais usuárias do programa – que foi apresentado pelos professores Berzin e José Chambel Leitão (do Hidromod) no 19º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária, realizado dias 14 a 19 de setembro em Foz do Iguaçu.

Agora, em 1998, será desenvolvido um modelo tridimensional da área de dispersão fora da Baía de Santos, que deverá estar pronto em julho. Tecnicamente, é um modelo mais simples, diferente do preparado para a área estuarina, e que usa outra formulação matemática, já que as marés, por exemplo, não são limitadas pelas margens, nem há os efeitos causados pelas áreas de mangue. Esse novo modelo servirá, por exemplo, para verificar o destino do material dragado que é despejado junto ao farol da Moela, e pode ser aplicado a outras situações de despejo em mar aberto, como no caso do emissário submarino de Praia Grande.