ESTUDO
Unisanta e Codesp assinam
contrato de cooperação
técnico-científica
Objetivo é acompanhar
os efeitos de maré, vento e outros fatores sobre as águas
do Estuário
Para
onde irá uma mancha de óleo derramado em determinado ponto
da Baía de Santos? Como a construção de um novo píer
afetará a circulação das águas no Estuário?
Responder a essas perguntas é tarefa para um sofisticado programa
de computador desenvolvido pela Universidade Santa Cecília (Unisanta)
em parceria com entidades européias: a Modelação Matemática
de Circulação Oceânica, aplicada ao estuário
santista.
No dia 26, a Companhia Docas do Estado
de São Paulo (Codesp) assinou contrato de cooperação
técnico-científica com a universidade, para usar esse software,
que simula os efeitos das marés e outras condicionantes físicas
(como os fenômenos meteorológicos, ventos, ondas, geometria
e profundidades locais) sobre as obras existentes e projetadas.
Dessa forma, pode-se avaliar o impacto
produzido por intervenções na região portuária
e costeira, como a construção de uma marina ou de um píer,
os efeitos de uma dragagem, disposição submarina do lançamento
de resíduos, efeitos de encalhe de embarcações etc.
Outra grande aplicação
é a de prever o deslocamento de poluentes por ação
das marés, no caso de vazamentos ou despejos líquidos. Assim,
pode-se atuar com eficiência na tomada das medidas de contenção
dos poluentes, diminuindo os efeitos no meio-ambiente.
Acordo – O acordo foi assinado
pelo engenheiro Luiz Alberto da Costa Franco, que - junto com o assessor
da diretoria Ricardo Muza - representou a diretoria da Codesp, o acordo
foi firmado (na reitoria da Unisanta), pela reitora Sílvia Teixeira
Penteado e pela diretora-presidente do Instituto Superior de Educação
Santa Cecília (Isesc), Lúcia Teixeira Furlani. Participaram
do ato ainda os professores Gilberto Berzin e José Chambel
Leitão (autores do software), Áureo Pasqualetto (diretor
da área de Engenharia da Unisanta) e outros representantes das duas
entidades.
Na oportunidade, a reitora da Unisanta
informou que essa universidade integra um grupo de empresas brasileiras
e portuguesas que apresentou uma proposta de simulação oceânica
para a Baía de Todos os Santos, junto a Salvador, dentro do projeto
Bahia Azul. As propostas dessa concorrência pública estão
em fase de análise técnica, que é demorada porque
depende de parecer do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que financia
o projeto.
Segundo o professor Berzin, já
existem vários interessados no projeto, tanto em outros portos brasileiros
como na Baixada Santista. Seu trabalho, já destacado por Informática
(na edição de 24 de outubro de 1995) partiu do programa Modelo
Matemático desenvolvido pelo Instituto Superior Técnico de
Lisboa (IST) e pela empresa de consultoria européia Hidromod, com
apoio do Fundo para a Cooperação Econômica de Portugal.
Através de grande quantidade de cálculos – daí a necessidade
de um Laboratório de Computação Gráfica como
o instalado na Unisanta, com um servidor Pentium II/266 MHz, com 128 Mb
de memória RAM e disco rígido de 4 GB, e 16 computadores
Pentium 200 MHz com 64 MB de memória RAM –, o programa exibe graficamente
os resultados, mostrando as várias correntezas que afetam a área
em estudo, e as conseqüências da pretendida intervenção
nessa área.
Para a Codesp, além do aperfeiçoamento
de seus bancos de dados sobre o estuário, o contrato com a Unisanta
representa a capacitação de seus técnicos nessa importante
tecnologia, sem qualquer ônus, uma vez que todos os custos dessa
transferência estão sendo bancados pela Unisanta e, no caso
do IST e Hidromod, com apoio do Fundo para a Cooperação Econômica
de Portugal.
Novo módulo – Para
a realização do programa, o professor Berzin trabalhou no
IST em três ocasiões, levando informações do
porto de Santos e região, instalando assim um banco de dados de
coordenadas geográficas, batimetria (profundidades) e configurações
de marés, de forma a adaptar o modelo europeu para as condições
do Estuário de Santos. Por estar situado no Hemisfério Sul,
o Estuário santista tem características de circulação
diferentes das registradas na Europa, além de ser de grande complexidade,
uma vez que sofre grande influência da bacia hidrográfica
da região.
Já foram produzidos dois relatórios
sobre o assunto, entregues à Codesp quando da assinatura do contrato.
Um relatório mais detalhado deverá estar pronto em fevereiro,
com aplicação das ações voltadas ao meio-ambiente,
alterações de canal e caracterização das zonas
mais complexas do Estuário. As prefeituras da Baixada Santista e
as indústrias, com seus terminais privativos, também são
potenciais usuárias do programa – que foi apresentado pelos professores
Berzin e José Chambel Leitão (do Hidromod) no 19º Congresso
Brasileiro de Engenharia Sanitária, realizado dias 14 a 19 de setembro
em Foz do Iguaçu.
Agora, em 1998, será desenvolvido
um modelo tridimensional da área de dispersão fora da Baía
de Santos, que deverá estar pronto em julho. Tecnicamente, é
um modelo mais simples, diferente do preparado para a área estuarina,
e que usa outra formulação matemática, já que
as marés, por exemplo, não são limitadas pelas margens,
nem há os efeitos causados pelas áreas de mangue. Esse novo
modelo servirá, por exemplo, para verificar o destino do material
dragado que é despejado junto ao farol da Moela, e pode ser aplicado
a outras situações de despejo em mar aberto, como no caso
do emissário submarino de Praia Grande. |