ABTA'2000
Empresários recusam controle
de programas
O controle
do conteúdo da televisão no Brasil, paga ou aberta, foi criticado
no dia 11/9/2000 por empresários que participaram do primeiro painel
do ABTA'2000. O diretor presidente do Grupo Abril, Roberto Civita, afirmou
que é, por princípio, radicalmente contra qualquer tipo de
controle governamental do conteúdo das TVs, enfatizando que os abusos
devem ser coibidos pela própria comunidade.
Para o vice-presidente executivo
das organizações Globo, João Roberto Marinho, a TV
brasileira é uma das melhores do mundo e o Estado deve, sim, estimular
a produção de programas brasileiros. Ele reconheceu que a
viabilização econômica da TV paga é difícil
principalmente em função da qualidade de programação
da TV aberta.
Renato Guerreiro, que também
participou do painel, coordenado pelo jornalista Joelmir Beting, considerou
como “um grande complicador” a regulamentação do conteúdo
da programação. Guerreiro, que preside a Anatel, órgão
regulamentador das telecomunicações considera indispensável
que o próprio cidadão, com seu poder de escolha, imponha
os limites à má qualidade da programação.
Também participante do painel
como palestrante, o presidente da OAB, Reginaldo Oscar de Castro, falou
sobre o que classificou de “exclusão tecnológica”, isto é,
a não disponibilização para uma maior parcela da população
dos benefícios da tecnologia como a Internet. No caso da TV paga,
Reginaldo considera que a tendência que se constata é o afastamento
da classe média das TVs abertas, migrando para a TV paga, com a
queda do nível da programação.
Reginaldo acredita que o grande desafio
é democratizar rapidamente o acesso à TV por assinatura.
“Somente pela expansão desses serviços, com a saudável
concorrência entre as empresas prestadoras, será possível
baratear as assinaturas, tornando a TV paga mais universal e permitindo
que as camadas economicamente menos favorecidas tenham também acesso
à programação paga”.
Perspectivas - No segundo
painel do dia 11, “Planejamento estratégico: uma visão macroeconômica
para as telecomunicações”, a diretora mundial do grupo de
pesquisa do Banco Chase, Joyce Chang, falou das perspectivas para a economia
brasileira nos próximos anos. Segundo ela, a produção
industrial vem orientando o crescimento do PIB desde a desvalorização
do real, em janeiro de 1999. No próximo ano, o índice deve
chegar aos 5%. “A recuperação econômica no Brasil é
mais saudável do que em outros países da América Latina.
O país conseguiu crescer sem o agravamento das contas externas”,
disse.
Uma das principais alavancas do crescimento
no período, explicou a executiva, foi a substituição
das importações. Em suas previsões, Joyce traçou
um cenário favorável para o país no curto prazo. Inflação
máxima de 6,4% ao final deste ano, taxas de juros em torno de 13%
em 2001 e queda de cerca de US$ 30 bilhões nas necessidades financeiras
até 2002 são alguns dos pontos positivos. Apesar desse quadro,
a diretora do Chase acredita que o superávit comercial brasileiro
não ultrapassará US$ 2 bilhões no ano 2001.
Os “medos persistentes” em relação
ao desempenho da economia brasileira, em sua opinião, são
o relaxamento da política fiscal, o ônus das contas do FGTS
em torno de R$ 30 milhões e atitude do congresso após as
eleições municipais de outubro.
Banda larga
- O economista Stephen Kanitz, um dos palestrantes, apontou a banda larga,
que transporta com rapidez áudio e vídeo, como a única
ferramenta capaz de atingir de forma eficaz a população brasileira.
Segundo ele, cerca de 100 milhões de brasileiros encontram dificudades
para ler.
Kanitz também vê com
otimismo o futuro econômico do País. O Brasil, afirmou, cresce
mais que as estatísticas revelam. “Os juros reais devem ficar abaixo
dos 12% e temos a menor porcentagem de atraso em dívida da América
Latina.”
A estabilidade patrimonial é
uma das riquezas ocultas do Brasil, acredita o economista. 82% dos
34 milhões de domícilios brasileiros estão pagos.
Uma tendência que contribuirá para o crescimento do país
é o aumento do número de municípios: nos próximos
20 anos deveremos passar dos atuais 5 mil para 30 mil.
Da receita de Kanitz para voltar
a “agregar o Brasil”, que teve seus “laços de confiança”
reduzidos pelos vários planos econômicos, constam ingredientes
como o voto distrital e o trabalho voluntário.
Ensino Orientado - Um seminário
especial apresentou os trabalhos da Society of Cable Telecommunications
Engineers (SCTE), uma entidade focada
no estudo de ensino aos profissionais de tecnologia de acesso nos Estados
Unidos.
Os associados podem contar com treinamento
educacional, obtenção de certificado e publicação
de seus artigos além de ter acesso a oportunidades pessoais
e corporativas. Os interessados podem se cadastrar gratuitamente no site
daquela entidade. Segundo o vice-presidente da SCTE, Marvin Nelson, a associação
conta hoje com 17 mil membros distribuídos em 70 países e
pretende, em breve, também estar presente na América do Sul.
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