Clique aqui para voltar à página inicial  http://www.novomilenio.inf.br/ano00/0001a008.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/11/00 13:52:06
Solução é fazer o que você gosta

(Continuação de: A computação e o futuro das profissões)

Carlos Pimentel Mendes
Editor

Diante de um horizonte em que um diploma respeitado não garante futuro profissional para ninguém (já que a tecnologia muda muito rapidamente e quem não se atualizar continuamente fica rapidamente defasado e é expelido da competição), a solução é mergulhar com tudo na Terceira Onda. Sem medo de ser infeliz (vale o aviso: isso pode acontecer, apesar de tudo, mas pelo menos você tentou, como diria o Henfil da semente que não virou árvore).

Na palestra do Projeto Rumos, a sugestão que apresentei aos estudantes foi: pense nas coisas de que você gosta, use os recursos da informática para inventar uma profissão, use a Internet para divulgar seu trabalho. Seu mercado é o mundo. Se você gosta de alisar pêlo de gato assustado, estude a melhor forma de fazê-lo, desenvolva uma técnica especial (como fazem os massagistas) que distinga você de qualquer concorrente. 

Pense que, num mundo de seis bilhões de habitantes, em algum lugar existirão consumidores para seus serviços (manicures brasileiras estão ficando ricas em Nova Iorque porque tiram a cutícula das unhas, algo que para a mulher brasileira é rotina, mas lá virou uma tremenda novidade...)

Olhando pela janela do Primo Ferreira, dá para ver o estádio do Santos, distante algumas dezenas de metros. Quem gosta de futebol e de softwares de apresentação pode tentar apresentar um projeto a um clube de futebol como esse, para desenvolver um CD-ROM com a história do clube, os hinos, fotos, vídeos dos melhores gols, aulas de futebol (o craque Zico tem um CD assim), a ser vendido aos turistas (no mundo inteiro, você diz que é de Santos e as pessoas abrem um sorriso, lembram de futebol e de Pelé) e aos torcedores. 

A maioria das cidades ainda não têm um CD-ROM que as apresente (como os desenvolvidos para Porto Seguro, Ouro Preto, São Luiz do Maranhão, por exemplo). Eis todo um mercado a ser explorado por um jovem disposto a desenvolver produtos usando sua criatividade e as ferramentas da Informática.

Steve Jobs e Bill Gates, entre outros, nunca pensaram que ficariam tão ricos como estão, quando na garagem de suas casas desenvolveram o primeiro computador pessoal (Apple) e o primeiro sistema operacional (MS-DOS). Mas, bastou que desenvolvessem um conceito novo e fossem à luta, que os resultados começaram a aparecer. Num mundo em transição, em que tudo está mudando, o caminho é esse: ficar atento para as novas possibilidades e ser o primeiro a desenvolver um produto que atenda a esses novos nichos de mercado. 

Evolução – Não importa se existem gigantes estabelecidos há décadas ou séculos, uma boa idéia vale muito mais, como se pode comprovar pelos valores das ações da Amazon.com (que continua dando prejuízo, mas é uma das empresas mais valorizadas nas bolsas de valores americanas). A informática tira empregos, como toda tecnologia (a iluminação elétrica de rua acabou com o emprego dos acendedores de lampiões, os veículos automotores obrigaram os cocheiros a se reciclar como motoristas ou serem desempregados). Porém, gera novas oportunidades. 

A Internet, por exemplo, criou toda uma gama de empregos impensáveis há apenas cinco anos, como webmaster, webdesigner, diretor de tecnologia da informação. Na Índia, há pessoas especializadas em receber documentos pela Internet e devolvê-los, vertidos para outro idioma, recebendo o pagamento por via bancária. Várias das grandes companhias aéreas têm sua central computadorizada de reservas na Índia. Em Atlanta, um prédio tem sua iluminação, ar condicionado, elevadores, bombas d'água e alarmes contra intrusos controlados por um vigia que mora na África do Sul. Muitas empresas já tem equipes de funcionários que trabalham em casa, usando os computadores para se comunicarem. A moderna tecnologia de telecomunicações e computação eliminou as barreiras de tempo e distância: você fala com seu colega do outro continente, troca documentos com ele, como se estivessem ambos na mesma sala.

O comércio eletrônico ensaia um gigantesco salto: mesmo já sendo maior que a movimentação econômica de muitos países, deve decolar nos próximos dois anos (todas as estatísticas e previsões têm gráficos em que a linha do crescimento simplesmente se inclina para cima e passa a apontar o céu, nesse período). 

Razão principal: as pessoas estão descobrindo as vantagens de comprar e vender eletronicamente, e inclusive que é mais seguro hoje enviar o número do cartão de crédito a um site com sistema de segurança ativo (páginas HTMLS e com o símbolo do cadeado fechado), do que entregar o cartão ao funcionário de uma loja ou restaurante, esperando enquanto ele vai "lá dentro" preparar o boleto de crédito para ser assinado.

Mesmo assim, é questão de dias para surgir uma solução satisfatória que dê segurança aos negociantes e consumidores e seja ágil o suficiente para viabilizar transações de valor mínimo, mesmo de centavos. A pressão para que isso ocorra é enorme, em todo o mundo. Nesse momento, a represa que tem segurado um mundo de oportunidades vai romper, e a inundação vai levar embora tudo o que não estiver ancorado firmemente na nova realidade dos negócios eletrônicos.

É a oportunidade que você estava esperando...