Solução é fazer
o que você gosta
(Continuação
de: A computação e o futuro das profissões)
Carlos Pimentel Mendes
Editor
Diante
de um horizonte em que um diploma respeitado não garante futuro
profissional para ninguém (já que a tecnologia muda muito
rapidamente e quem não se atualizar continuamente fica rapidamente
defasado e é expelido da competição), a solução
é mergulhar com tudo na Terceira Onda. Sem medo de ser infeliz (vale
o aviso: isso pode acontecer, apesar de tudo, mas pelo menos você
tentou, como diria o Henfil da semente que não virou árvore).
Na palestra do Projeto Rumos, a sugestão
que apresentei aos estudantes foi: pense nas coisas de que você gosta,
use os recursos da informática para inventar uma profissão,
use a Internet para divulgar seu trabalho. Seu mercado é o mundo.
Se você gosta de alisar pêlo de gato assustado, estude a melhor
forma de fazê-lo, desenvolva uma técnica especial (como fazem
os massagistas) que distinga você de qualquer concorrente.
Pense que, num mundo de seis bilhões
de habitantes, em algum lugar existirão consumidores para seus serviços
(manicures brasileiras estão ficando ricas em Nova Iorque porque
tiram a cutícula das unhas, algo que para a mulher brasileira é
rotina, mas lá virou uma tremenda novidade...)
Olhando pela janela do Primo Ferreira,
dá para ver o estádio do Santos, distante algumas dezenas
de metros. Quem gosta de futebol e de softwares de apresentação
pode tentar apresentar um projeto a um clube de futebol como esse, para
desenvolver um CD-ROM com a história do clube, os hinos, fotos,
vídeos dos melhores gols, aulas de futebol (o craque Zico tem um
CD assim), a ser vendido aos turistas (no mundo inteiro, você diz
que é de Santos e as pessoas abrem um sorriso, lembram de futebol
e de Pelé) e aos torcedores.
A maioria das cidades ainda não
têm um CD-ROM que as apresente (como os desenvolvidos para Porto
Seguro, Ouro Preto, São Luiz do Maranhão, por exemplo). Eis
todo um mercado a ser explorado por um jovem disposto a desenvolver produtos
usando sua criatividade e as ferramentas da Informática.
Steve Jobs e Bill Gates, entre outros,
nunca pensaram que ficariam tão ricos como estão, quando
na garagem de suas casas desenvolveram o primeiro computador pessoal (Apple)
e o primeiro sistema operacional (MS-DOS). Mas, bastou que desenvolvessem
um conceito novo e fossem à luta, que os resultados começaram
a aparecer. Num mundo em transição, em que tudo está
mudando, o caminho é esse: ficar atento para as novas possibilidades
e ser o primeiro a desenvolver um produto que atenda a esses novos nichos
de mercado.
Evolução – Não
importa se existem gigantes estabelecidos há décadas ou séculos,
uma boa idéia vale muito mais, como se pode comprovar pelos valores
das ações da Amazon.com (que continua dando prejuízo,
mas é uma das empresas mais valorizadas nas bolsas de valores americanas).
A informática tira empregos, como toda tecnologia (a iluminação
elétrica de rua acabou com o emprego dos acendedores de lampiões,
os veículos automotores obrigaram os cocheiros a se reciclar como
motoristas ou serem desempregados). Porém, gera novas oportunidades.
A Internet, por exemplo, criou toda
uma gama de empregos impensáveis há apenas cinco anos, como
webmaster, webdesigner, diretor de tecnologia da informação.
Na Índia, há pessoas especializadas em receber documentos
pela Internet e devolvê-los, vertidos para outro idioma, recebendo
o pagamento por via bancária. Várias das grandes companhias
aéreas têm sua central computadorizada de reservas na Índia.
Em Atlanta, um prédio tem sua iluminação, ar condicionado,
elevadores, bombas d'água e alarmes contra intrusos controlados
por um vigia que mora na África do Sul. Muitas empresas já
tem equipes de funcionários que trabalham em casa, usando os computadores
para se comunicarem. A moderna tecnologia de telecomunicações
e computação eliminou as barreiras de tempo e distância:
você fala com seu colega do outro continente, troca documentos com
ele, como se estivessem ambos na mesma sala.
O comércio eletrônico
ensaia um gigantesco salto: mesmo já sendo maior que a movimentação
econômica de muitos países, deve decolar nos próximos
dois anos (todas as estatísticas e previsões têm gráficos
em que a linha do crescimento simplesmente se inclina para cima e passa
a apontar o céu, nesse período).
Razão principal: as pessoas
estão descobrindo as vantagens de comprar e vender eletronicamente,
e inclusive que é mais seguro hoje enviar o número do cartão
de crédito a um site com sistema de segurança ativo (páginas
HTMLS e com o símbolo do cadeado fechado), do que entregar o cartão
ao funcionário de uma loja ou restaurante, esperando enquanto ele
vai "lá dentro" preparar o boleto de crédito para ser assinado.
Mesmo assim, é questão
de dias para surgir uma solução satisfatória que dê
segurança aos negociantes e consumidores e seja ágil o suficiente
para viabilizar transações de valor mínimo, mesmo
de centavos. A pressão para que isso ocorra é enorme, em
todo o mundo. Nesse momento, a represa que tem segurado um mundo de oportunidades
vai romper, e a inundação vai levar embora tudo o que não
estiver ancorado firmemente na nova realidade dos negócios eletrônicos.
É a oportunidade que você
estava esperando... |