A linha funcionou de 1984 a 1986. Este é o local em que o bonde estacionava entre as viagens, numa curva do canteiro central ajardinado entre as duas pistas da Avenida Bartolomeu de Gusmão:

O primeiro retorno do bonde às ruas santistas foi noticiado assim pelo jornal O Estado de São Paulo, em 12 de junho de 1984:

O bonde volta às ruas de Santos

Da sucursal de Santos - Foi como nos velhos tempos: Genésio Pedroso, chapa 51 da CSTC entrou espremido entre os passageiros que lotavam o bonde 13, afixou a chave de contato, testou a alavanca da rede elétrica, bateu no volante de velocidade, apertou com o pé direito o tímpano do alarme e depois bateu forte no êmbolo do salva-vidas, sorriu vendo à sua frente uma multidão de crianças alegres e de idosos e acionou o motor do velho bonde inglês do ano de 1928 que no domingo pela manhã retornava aos trilhos, fazendo a primeira viagem após 13 anos de extinção desses serviços no transporte urbano.

O bonde que funcionou ontem na linha turística entre a igreja do Embaré e o canal 5, na praia, numa extensão de 1.800 metros, fora em 1969 reformado passando para o tipo "camarão" todo fechado, com bancos laterais e janelas de vidro. Antes, possuía 12 bancos, era todo aberto, com dois estribos, e em cada banco havia cortinas de lona para proteger os passageiros da chuva ou do sol forte.

A reimplantação dos serviços de bondes, que foi o final de um trabalho dos jornalistas Áureo Rodrigues e Antonio Alberto Aguiar do jornal A Tribuna, foi presenciada por mais de dez mil pessoas, que na manhã de domingo tomaram todo o jardim central existente diante da igreja do Embaré e fizeram uma fila na lateral do canteiro até o canal 5. Tomaram as duas pistas de asfalto da avenida para saldar o bonde, tendo à frente o prefeito Paulo Gomes Barbosa que, de uma janela, saudava a população, feliz por ver esse serviço ativado no final de seu governo.

Entre os passageiros estava José Quintana de Campos, de 82 anos, possivelmente o mais velho passageiro do serviço de bondes de Santos. Trazia na mão um velho passe da Companhia City, permitindo a passagem grátis nos bondes que circulavam entre o centro de Santos, Ponta da Praia e São Vicente:

- No meu tempo eu peguei a extinção do transporte a burro. Começava o bonde motorizado. Mas os bondes puxados por burros eram gôndolas com uma dupla de animais. Os burros eram trocados a cada viagem completa. Uma trabalhava enquanto a outra descansava. A troca era na estação da Vila Matias, no José Menino, e na Boa Vista, em São Vicente - afirmou.

E entre os populares que foram à praia, formavam-se rodas de velhos santistas recordando as histórias folclóricas dos passageiros. As personagens características desse transporte, como o Cabral que pegava o bonde 10 em movimento e sem se segurar no balaústre. A persistência do motorneiro Luiz, o "62" como era conhecido no Marapé, e a lembrança do Aníbal que recordava o tempo de namoro na linha do bonde 19, que passava pela praia fazendo o retorno para a gare, mas que circulava pela faixa externa do porto.

Embarque agora no bonde da linha 13, a caminho da praia do Embaré...

Carlos Pimentel Mendes