HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - OS DIRIGENTES
Paulo Alexandre Barbosa (1)
De 1/1/2013 a 31/12/2020
A vitória eleitoral do candidato a prefeito Paulo Alexandre Barbosa, pelo PSDB, foi noticiada assim pelo jornal santista A Tribuna, em sua edição de
segunda-feira, 8 de outubro de 2012, páginas A-1, A-3 e A-5:
Imagem: reprodução parcial da primeira página de A Tribuna, em 8/10/2012
Barbosa é o prefeito
Pela 1ª vez, o PSDB chega ao poder em Santos após 24 anos de sua fundação
Paulo Alexandre Barbosa comandará a Prefeitura de Santos pelos próximos quatro anos. Atual deputado estadual pelo PSDB, ele passará a
ocupar o posto que foi de seu pai, já falecido, Paulo Gomes Barbosa – o último prefeito nomeado da Cidade, que administrou de 1980 a 1984. Aos 33 anos, o tucano venceu o pleito atingindo 57,9% ante 16,6% da 2a colocada,
Telma de Souza (PT). Confira também como ficará a nova Câmara.
Após confirmação da vitória, Paulo Alexandre Barbosa é carregado pelos cabos eleitorais e assessores no comitê de campanha, no Boqueirão
Foto: Bruno Miani, publicada com a matéria, na primeira página
Barbosa, o vencedor
Deputado confirma favoritismo e vence disputa em Santos. Aos 33 anos, ele é o segundo prefeito mais jovem da Cidade
Da Redação
Vinte e oito anos depois, um Barbosa voltará a governar Santos, e com vitória no primeiro turno. Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), de 33
anos, será o segundo mais jovem da história da Cidade a assumir o Palácio José Bonifácio, a partir de 1º de janeiro próximo.
As referências ao pai, Paulo Gomes Barbosa – o último prefeito nomeado de Santos e que administrou de 1980 a 1984 – estavam, literalmente, estampadas
no candidato eleito ontem à noite, com 144.827 votos, o equivalente a 57,91% dos votos válidos, excluídos os nulos e em branco.
Às 22h30, ele desceu de uma perua Renault na Rua Estácio de Sá, no Boqueirão. Carregado por correligionários, trajava uma camiseta verde – a cor de vestimenta adotada por colaboradores de campanha e simpatizantes – com os dizeres Meu pai é minha
inspiração.
Após atravessar a avenida nos braços de apoiadores, chegou ao comitê central, no prédio de uma antiga concessionária de automóveis situado na Avenida Conselheiro Nébias, 612. Ali, concedeu uma concorrida e confusa entrevista coletiva (veja na
página A-5), na qual fez referências ao avô (um lixeiro) e ao pai (engraxate quando menino e bem-sucedido corretor de café na idade adulta).
Era uma vitória anunciada há meses, desde que tiveram início, oficialmente, as campanhas eleitorais para prefeito.
Ainda por volta das 20 horas, transcorrida pouco mais da metade da apuração das 934 urnas eletrônicas usadas neste ano, o presidente municipal do PSDB, Fábio Ferraz, vibrava com a vitória do tucano, já tida como certa.
Enquanto assistia ao andamento da apuração dos votos num telão da 118a Zona Eleitoral, no Centro, Ferraz justificava o entusiasmo com o resultado de uma "apuração paralela", por meio dos boletins impressos das urnas. Por ela, o tucano encerraria a
campanha com 58% dos votos válidos.
Silêncio - Apesar da perspectiva positiva, Paulo Alexandre Barbosa informava, por sua assessoria de imprensa, que não se pronunciaria enquanto não fossem oficialmente divulgados os resultados das urnas.
Barbosa seguiu a apuração dos votos em casa, ao lado de parentes, assessores próximos e do vice-prefeito eleito, Eustázio Alves Pereira Filho.
Era uma espera interminável para aliados e jornalistas. Já às 18 horas, pouco depois de serem divulgados os resultados iniciais da apuração, dezenas de simpatizantes, cabos eleitorais, candidatos a vereador, aliados – inclusive, ex-integrantes da
Administração do prefeito João Paulo Papa (PMDB) – aguardavam a chegada do prefeito eleito no comitê central.
Diante da demora na contagem dos votos, Barbosa decidiu seguir até o comitê. Sua chegada foi anunciada minutos antes pelo estouro de fogos de artifício, já às 22h20, quando a apuração dos sufrágios mal havia passado dos 75% e estava além do horário
previsto (21h30). A apuração dos votos terminou somente às 23h42 de ontem.
Demais candidatos - A segunda colocada, Telma de Souza (PT), teve 41.623 votos (16,64%); o governista Sérgio Aquino (PMDB), 29.267 (11,70%); Fábio Alexandre Nunes, o Professor Fabião (PSB), 20.221 (8,09%);em quinto lugar, Beto Mansur (PP),
com 8.775 votos (3,51%).
Ainda: Eneida Koury (PSOL, 2.510 votos, 1,0%); Luiz Antônio Xavier (PSTU, 1.131 votos, 0,45%); José Antônio Marques Almeida, o Jama (PRTB, 1.120 votos, 0,45%); e Nelson Rodrigues (PSL, 615 votos, 0,25%).
Houve 6.966 votos em branco (2,58%) e 13.005 nulos (4,82%). A abstenção foi de 18,08% (59.583 eleitores).
Líder nas pesquisas durante todo o período eleitoral, Paulo Alexandre Barbosa assume a prefeitura 28 anos depois de seu pai
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria, na primeira página A-3
Espera testa fôlego de simpatizantes
Houve momentos em que até os mais exaltados simpatizantes pareciam esmorecer. Desde as 18 horas esperando diante do comitê central por Paulo Alexandre Barbosa, crianças, adultos e idosos dançavam,
agitavam bandeiras e cantavam a música que foi o tema da campanha eleitoral deste ano.
Havia um caminhão de som na entrada do prédio. Partiu minutos depois de um estrondoso barulho, que se misturava ao buzinaço de motoristas – uns, celebrando a vitória do futuro prefeito; outros, apenas pedindo passagem.
Às 20h25, quando, intimamente, os tucanos mais destacados já celebravam a vitória, os que esperavam começavam a dar sinais de cansaço. Nada que o retorno do caminhão de som não fosse capaz de resolver, renovando o fôlego dos correligionários.
Somente por volta das 22 horas, assessores do prefeito eleito informaram que ele chegaria, atenderia a Imprensa e seguiria para a Praça Independência, no Gonzaga. Esperaram assim mesmo. Poucos foram embora. A maioria só partiu após a entrevista
coletiva.
Currículo - Nascido em Santos em 9 de janeiro de 1979, Paulo Alexandre Barbosa é o caçula de cinco irmãos. Filho do ex-prefeito Paulo Barbosa, falecido em março do ano passado, Paulo Alexandre estudou no tradicional Colégio Santista desde a
pré-escola até o Ensino Médio e, aos 17 anos, ingressou no curso de Direito da Universidade Metropolitana de Santos.
Está na vida pública desde os 22 anos, quando, em 2002, foi nomeado diretor de Projetos Especiais da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), órgão ligado à Secretaria Estadual de Educação, da qual foi secretário-adjunto de 2004 a 2006.
Seu primeiro teste nas urnas aconteceu em 2006. Foi eleito como o mais jovem deputado naquele pleito, com 182.654 votos. Reeleito em 2010, com 215.061 votos, foi o segundo parlamentar mais votado – perdeu somente para Bruno Covas (PSDB).
Antes mesmo de ser reempossado na Assembleia Legislativa, foi nomeado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) secretário de Desenvolvimento Social do Estado, cargo que ocupou entre janeiro e abril de 2011. Depois, assumiu a pasta de Desenvolvimento
Econômico, Ciência e Tecnologia. Paulo Alexandre é casado com a também advogada Vanessa Barbosa e pai de Gabriela.
Responsabilidade |
Na avaliação de cientistas políticos ouvidos pela Reportagem, a responsabilidade do parlamentar é ainda maior por ser um político jovem e suceder a gestão de João Paulo Papa (PMDB),
considerada positiva por mais de 70% dos moradores da Cidade, conforme dados do Instituto de Pesquisas A Tribuna (IPAT). |
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Novo prefeito tem o apoio da população
O deputado estadual Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) conta com um grande apoio popular para comandar o Município a partir de 1º de janeiro do próximo ano. Afinal, ganhou a confiança da maioria dos
eleitores e venceu o pleito no primeiro turno, com o mérito de superar figuras políticas importantes.
Na avaliação dos especialistas, Barbosa conseguiu mostrar ao público que era a grande novidade dessa eleição.
Aloysio Azevedo entende que a vitória de Barbosa no primeiro turno chega a surpreendê-lo, por concorrer com figuras populares da Cidade, como Beto Mansur (PP) e Telma de Souza (PT). "O Barbosa está absolutamente maduro para fazer um grande governo.
É uma das pessoas mais vocacionadas para a política que já conheci. É uma pessoa arejada, conhece os problemas e tem uma visão progressista", diz.
Para o coordenador do IPAT, Alcindo Gonçalves, a vitória do representante do PSDB demonstra uma exaustão em relação às lideranças do Município e o desejo pela renovação. "É uma pessoa nova, mas com uma trajetória política considerável e trabalho
intenso em Santos. (...) As pessoas acreditam que, pela sua juventude e ligações com o Governo do Estado, Barbosa possa realizar ações de impacto e tirar do papel grandes obras de infraestrutura", frisa.
Para o cientista político Fernando Chagas, a comparação do mandato de Barbosa com o Governo Papa será inevitável. Por esse motivo, ele terá a obrigação de fazer um mandato tão bom ou melhor que o atual. Se alcançar tal façanha, na avaliação do
cientista político, o tucano terá grandes chances de dar voos mais altos.
De acordo com também cientista político Diego Monsalvo, o deputado estadual venceu graças à competência da equipe de marketing e de construir sua candidatura a partir de pesquisas coletadas na imprensa, que demonstravam o perfil dos "novos
santistas" e suas aspirações. "Podemos esperar dele um governo sem novidades e grandes mudanças do ponto de vista político. (...) Temos que ter em mente que sua juventude não o afasta da linha do partido ao qual pertence. Um governo do PSDB é forte
na busca de participação e apoio à iniciativa privada nas políticas públicas", ressalta ele, que é docente do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte).
Assim como Monsalvo, Marcelo Di Giuseppe, cientista político, entende que a equipe de marketing foi muito competente, destacando o estilo informal dele no horário eleitoral e o slogan, que traz uma mensagem simples e positiva. "A juventude dele não
será um óbice, mas sua grande aliada, porque a Cidade necessita de um gestor ativo, como o atual prefeito. (...) Vejo um grande desafio pela frente: ele será comparado com o antigo gestor e a cobrança por resultados rápidos será grande. O eleitor
santista é muito crítico e poderá deixar de ser seu aliado se não houver correspondência em suas ações", revela.
Na Praça Independência, Paulo Alexandre festeja vitória com eleitores
Foto: Bruno Miani, publicada com a matéria, na primeira página A-3
Entrevista
Paulo Alexandre Barbosa, prefeito eleito de Santos (PSDB)
"Daqui pra frente, estamos unidos"
Da Redação
Adiante, trechos dos oito minutos de entrevista coletiva que o prefeito eleito, Paulo Alexandre Barbosa, concedeu à Imprensa
em seu comitê central, no Boqueirão.
Quais são suas prioridades?
Santos tem necessidades enormes na área da Saúde, de Educação, as obras de infraestrutura tão sonhadas por Santos, pela Baixada, há muito tempo e que nós vamos tirar do papel, com apoio dos Governo do Estado e Governo Federal.
O que o sr. entende que deve ser diferente na sua Administração, em relação à atual?
Olha, este é o momento de olhar para o futuro, não para a atual Administração. Tenho profundo respeito pelo prefeito (João Paulo) Papa (PMDB), que fez um bom trabalho. Vamos trabalhar em sinergia. Tenho certeza que o prefeito Papa vai dar ao nosso
Governo o mesmo apoio que eu dei ao Governo dele como deputado estadual, para que a gente possa seguir em frente. Aquilo que nos une é muito mais forte que aquilo que nos separa. É o amor pela Cidade de Santos. As disputas se encerraram às 17 horas
deste domingo. Daqui pra frente, estamos todos unidos em prol da nossa Cidade. Nosso partido é um partido único: é um partido chamado Santos.
Que análise o sr. faz do seu trabalho como deputado?
Procurei me empenhar, com dedicação, e a população soube reconhecer. Eu quero, neste momento, dar uma palavra de agradecimento. Agradecimento porque minha família chegou aqui... Meu avô foi lixeiro da Prefeitura de Santos. Meu pai foi engraxate de
sapatos, vendedor de palhinha nas feiras. Minha família, trabalhadora, foi tão bem acolhida nesta Cidade por todos e conseguiu construir sua história. E, agora, eu tenho a responsabilidade de dar sequência a essa história, trabalhando pra todos os
santistas – mas, especialmente, para aqueles que mais precisam do Governo. É para esses que nós vamos direcionar nossa capacidade de trabalho.
Um dos pontos que a população comenta é a violência. Como vai tratar a questão?
Evidentemente que nós vamos trabalhar para que o Estado possa fazer sua parte, o Governo Federal, mas, também, nós vamos fazer a parte que nos cabe, com monitoramento de vídeo em todos os bairros da Cidade – esse é o nosso objetivo –, fazer
convênio para a Operação Delegada, em que as pessoas possam contratar os policiais no horário de folga; vamos fortalecer a Guarda Municipal, que é um instrumento fundamental para garantir segurança ao cidadão.
Quando o sr. começa a pensar na formação do secretariado?
O secretariado vai ser escolhido no seu devido momento. Nós vamos dialogar com o prefeito Papa, que ainda tem um longo período de Governo, para estabelecer os parâmetros da transição, de acordo com a vontade do prefeito. Vou procurá-lo nesta semana
para que nós já possamos desenhar todo esse trabalho. Depois, escolher as pessoas que vão nos ajudar no Governo. Serão pessoas qualificadas, comprometidas, idôneas e apaixonadas pela nossa Cidade.
"O secretariado vai ser escolhido no seu de vido momento. Vou procurar o prefeito nesta semana, para que nós possamos desenhar todo esse trabalho (de
transição)"
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria, na primeira página A-5
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EXPEDIENTE - Edição: Viviane Pereira, Paulo Alves, Heitor Ornelas e Fabiana Honorato. Chefia de reportagem/Pauta: Christiane Lourenço. Reportagem: Alcione
Herzog, Bruno Rios, Eduardo Brandão, Fernando de Santis, Lidiane Diniz, Manuel Alves Fernandes, Marcelo Luis, Maurício Martins, Michella Guijt, Nathália de Alcantara, Nathália Geraldo, Rafael Motta, Rosana Rife, Sandro Thadeu, Simone Queirós,
Tatiane Calixto, Thiago Macedo e Victor Miranda. Diagramação: Emerson Pereira Chaves e Luiz Sérgio Moura. Supervisão Geral: Carlos Conde (Editor-Chefe). Coordenação: Arminda Augusto e Vera Leon (Editoras-Executivas). |
No dia seguinte, 9 de outubro de 2012, o mesmo jornal santista A Tribuna publicou, na página A-3:
Imagem: reprodução parcial da página A-3 de A Tribuna, em 9/10/2012
Barbosa, o fenômeno
O jovem, que sonha desde os 2 anos em ser prefeito, surpreende com vitória no primeiro turno
Michella Guijt
Da Redação
A eleição de Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) no primeiro turno é vista por analistas e representantes políticos como um fenômeno: a
candidatura tucana somou 57,9% dos votos ante 16,6% da segunda colocada nas eleições municipais, Telma de Souza (PT).
"No início da campanha, ninguém apostaria que não houvesse segundo turno em Santos ou que Paulo Alexandre fosse eleito com uma vantagem tão grande sobre nomes fortes no cenário político local, como Telma de Souza e Beto
Mansur (PP)", frisa o cientista político e coordenador do Instituto de Pesquisas A Tribuna (IPAT), Alcindo Gonçalves.
Segundo ele, o resultado deve-se a um conjunto de fatores. O primeiro é a busca por renovação. "O eleitor demonstrou que não quer mais continuísmo. Mesmo em uma Cidade onde o atual prefeito (Paulo Tavares Papa/PMDB) conta
com um alto índice de aprovação, o candidato da situação não teve uma grande votação", analisa, referindo-se a Sérgio Aquino (PMDB), terceiro colocado, com 11,70% dos votos.
Gonçalves também destaca a trajetória dos outros adversários. "Tanto Telma de Souza como Beto Mansur permaneceram à frente do Poder Executivo durante dois mandatos consecutivos, ou seja, por oito anos. O eleitorado mostrou que deseja uma renovação
no poder", conclui.
Mudança - Para o ex-deputado federal Gastone Righi (PTB), o principal recado das urnas em 2012 é o desejo por mudança. "Isto ficou muito claro em Santos e, principalmente, em São Vicente, onde a oposição (Bili/PP) desbancou um governo que
estava há 16 anos no poder", reflete o ex-político, destacando a derrota de Caio França (PSB).
Righi frisa que a vitória de Paulo Alexandre não o surpreendeu. "Tinha a certeza de que ele venceria. Mas não esperava que fosse no primeiro turno, devido à disputa com nomes como Telma de Souza e Beto Mansur".
Expectativa - O coordenador do IPAT também atribui a vitória expressiva de Paulo Alexandre nas urnas ao fato de seu perfil preencher as expectativas do eleitorado santista.
"Além de ser jovem – o que representa naturalmente uma renovação – o candidato tucano é experiente; esteve à frente de secretarias estaduais e foi eleito e reeleito deputado estadual pela região".
Destino: ainda menino, Paulo Alexandre é fotografado sentado na cadeira de prefeito, então ocupada pelo pai, Paulo Gomes Barbosa, que é sua inspiração.
Bastante ligado à família, faz questão de assistir desenhos com a filha e a esposa e participar dos almoços de domingo com a mãe e os irmãos
Fotos: arquivo pessoal, publicadas com a matéria
Lições de família: herda do pai, deixa para a filha
Ronaldo Abreu Vaio
Da Redação
Em uma noite normal de sono, com suas oito horas, o ser humano sonha quatro ou cinco vezes. Na noite em que recebeu o
resultado das urnas, domingo, Paulo Alexandre Barbosa dormiu apenas duas horas. Pode-se afirmar que ele não teve escolha: o dia, ontem, o arrebatou de tal forma, que as 24 horas pareciam esticar-se ao infinito. Todos queriam falar com o novo
prefeito de Santos. E ele atendeu a todos, sem poupar sorrisos: afinal, estava vivendo, acordado, o sonho da sua vida.
Um sonho que começou quando ele tinha 2 anos e seu pai, Paulo Gomes Barbosa, acabara de assumir a Prefeitura, em 1980. Os compromissos eram muitos e os horários da família, cheios de desencontros; o pai chegava em casa, os filhos já estavam
dormindo.
Mas a mãe, Maria Ignez Pereira Barbosa, fazia questão que as crianças conseguissem ver o pai, se possível, quase todos os dias. Por isso, os levava ao gabinete, para lanchar com ele. Mesmo quando Paulo era maior e estudava no Colégio Santista –
onde fez "do pré 1 ao fim do Ensino Médio", como diz, com orgulho – a mãe o pegava na saída e levava à Prefeitura. "Jogava bola no campo de areia, brincava o dia todo, chegava lá todo sujo", relembra. E todo sujo sentava-se na cadeira então ocupada
por seu pai – uma fantástica traquinagem do destino. A secretária fornecia papel e caneta para desenhar. Paulo nem imaginava, mas traçava, ali, as primeiras linhas do seu futuro.
Acredita que se o pai não tivesse sido prefeito, ele não estaria onde chegou. "Ele é minha inspiração, minha referência; sempre acompanhei meu pai e acabei, por isso, seguindo essa vida".
Muito antes de seguir essa vida, a rotina do menino incluía reunir-se na rua com os amigos para uma ou outra partida de taco, em frente ao extinto Colégio Veritas, na Rua Jorge Tibiriçá, no Gonzaga (o bairro onde
cresceu).
E o futebol, então? Fosse na escola, ou nos contras entre ruas dos sábados à tarde, na praia, já foi a menina dos olhos de Paulo. Ele chegou a treinar no Santos, sob a batuta do técnico das divisões de base, Ernesto Marques. Mas o camisa 5 teve de
aposentar as pretensões futebolísticas. "Meus pais queriam que eu estudasse. Futebol era só brincadeira".
Assim foi, sem ressentimentos – pelo contrário. Paulo começou Economia na Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP), mas acabou advogado formado na Universidade Metropolitana de Santos (Unimes).
Lá, foi presidente do diretório acadêmico, a primeira função pública – foi quando introduziu o trote solidário e coordenou um vestibulinho interno para distribuição de bolsas de estudo.
Em 1996, aos 17 anos, tanto fez que acabou coordenador de campanha do pai, eleito vereador, depois de quase 20 anos longe da vida pública. É impossível falar do filho sem mencionar o pai. A presença de um, no outro, é marcante. E o filho faz
questão de deixar isso claro.
Orgulha-se da trajetória paterna, que começou na Praça dos Andradas, como engraxate, e terminou no Palácio José Bonifácio – passando pela classificação de café. "Ele nos ensinou a engraxar o próprio
sapato, o que eu faço até hoje".
Por isso, o novo prefeito de Santos não hesita em mencionar o Morro do Pacheco e a Igreja do Valongo como os lugares que lhe inspiram carinho na Cidade. O primeiro, onde seu pai morou boa parte
da vida; o segundo, onde foram realizados os casamentos e batizados da família.
Até mesmo nas horas em que dá vontade de jogar tudo para o ar, ele cita o pai como esteio. "Sou feito de uma oportunidade que meu pai recebeu. Muita gente estendeu a mão para ele. Sem isso, ele não seria nada. A minha missão na vida pública é
retribuir. É fazer com que as pessoas tenham oportunidades".
Mas é na filha Gabriela, com 1 ano, que o futuro se projeta. Paulo não se lembra de nenhum hobby. O exemplo de família que diz trazer consigo, conscientemente ou não, é reproduzido: não se furta a assistir com a filha e a esposa, Vanessa, a
animação dos Backyardigans, no Discovery Kids – o leitor que tem filhos pequenos conhece...
Nem tampouco deixa de participar dos almoços em família, aos domingos, com a mãe e os irmãos. Se tiver sorte, talvez seja servido um belo frango à passarinho no capricho – seu prato predileto.
Mas o prato que tem para degustar nos próximos quatro anos é outro. Tem várias nuances de sabor. Pode ser amargo e doce ao mesmo tempo. Seja como for, Paulo garante governar para todos os santistas – especialmente para quem mais precisa. Mas já
fará uma grande administração se governar apenas para a sua filha.
"Quando você é pai, não se preocupa com realização pessoal, mas com o mundo que ela (a filha) terá aos 10, 20 anos. Quero que ela viva em um mundo melhor do que eu vivi".
Paulo Alexandre vive acordado o sonho de sua vida: ser prefeito
Foto: arquivo pessoal, publicada com a matéria
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