Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria
Baixada Santista - Quinta-feira, 25 de agosto de 2011 - 08h38
Frutas, verduras e algo mais
Feirantes comemoram 97 anos de existência
Amanda Barbieri
Eles ralam muito pra garantir que, bem cedinho, a clientela tenha à disposição as melhores frutas, verduras e legumes expostos nas barracas. Hoje, esses feirantes, que dedicam suas vidas para agradar o público e garantir seu sustento, comemoram 97 anos de existência. A primeira feira livre foi montada no Brasil em 25 de agosto de 1914, no Largo General Osório, em São Paulo.
Naquela época, a ideia surgiu dos próprios produtores, que após venderem os produtos para restaurantes pegavam as sobras e tentavam comercializá-las a preços mais baixos, diretamente com a população. De lá pra cá, muita coisa mudou. A começar pelos produtos oferecidos que, diferentemente do início, hoje não são mais as sobras que chegam nas feiras, mas sim os produtos mais fresquinhos e com melhor qualidade.
Segundo o presidente do Sindicato dos Feirantes de Santos e Baixada Santista, Gil Luiz Diz Senra, mesmo com a concorrência das grandes redes o fluxo de pessoas nas feiras continua intenso. "Temos gerações de clientes fiéis. As pessoas não deixam de vir, seja debaixo de chuva ou ventania, não trocam a feira por nenhum outro lugar, Eles sabem da qualidade".
Romance - Mais do que um local de trabalho, a feira foi onde Gil conheceu sua atual esposa, Maria Emilia de Oliveira Senra, de 48anos. Ela tinha apenas 17 anos, quando se apaixonou. Sua irmã possuía uma barraca na feira e Gil outra, de roupas. "Pedi pra minha irmã trocar a dela por outra de roupas, pra que eu pudesse ir comprar mercadorias com ele e me aproximar ainda mais. Ela fez o que eu pedi e ficamos cada vez mais próximos".
E, não deu outra, acabou em casamento. "Íamos juntos viajar direto e deu certo. Hoje temos um filho de 24 anos que, apesar de gostar muito da feira e nos ajudar bastante, estuda Engenharia e vai seguir essa profissão".
Tadashi produz e vende direto ao cliente
Há 10 anos, Nelson Tadashi Nagayama, de 34 anos, trabalha como produtor de verduras em Mogi das Cruzes, onde mora e possui um sítio. Mas, há seis anos, pensando em aumentar a renda, resolveu montar sua própria barraca nas feiras de Santos. "Eu procurava algo melhor. Então, hoje planto e vendo direto para os clientes. Assim, garanto a qualidade". E para manter as duas funções a rotina é dura.
Ele dorme às 21 horas pra estar de pé à 1 da madrugada e vir para Santos, viagem que leva cerca de duas horas. "Durmo só durante esse tempinho. É o que dá. Folgo segundas e sextas-feiras. Faço esse esforço pra dar uma vida mais tranquila para o meu filho, que hoje tem 7anos. Quero garantir o futuro dele".
Nelson já está há 44 anos na feira
Há 44 anos, quando vendeu seu restaurante, Nelson Marques Coquim abriu uma barraca de peixes na feira.Deu certo,e muito. Hoje, aos 74 anos de idade, ele nem pensa em parar.
"Tenho jornada dupla porque ajudo a administrar também um consultório de podologia que minha falecida mulher abriu. Não importa, pra mim não tem essa de ficar parado em casa de chinelos".
Nelson assume: é mesmo cansativo madrugar na feira, montar barraca, desmontar, expor e guardar produtos. Mas, garante que todo o trabalho é gratificante. "Aqui conhecemos muita gente, fazemos amizades e cada dia é diferente do outro. Trabalhamos muito, embaixo de chuva, vento, sol, mas nos habituamos à rotina. Foi aqui que construí minha vida".
O vídeo foi realizado no horário da xepa (fotógrafo Carlos Nogueira)
Clique >>aqui<< ou na imagem para obter o vídeo em formato MP4, com 3,65 MB |