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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CHALÉS
Tempo dos chalés vai terminando (2)

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Casas geralmente simples, de madeira, às vezes com parte em alvenaria (cozinha, principalmente), diretamente no chão ou com um espaço por baixo (pequeno porão) para evitar a umidade da terra, muitas vezes tendo por perto chácaras e galinheiros (aos poucos substituídos por cimentados e jardins), construídas desordenadamente por imigrantes e representantes da camada mais pobre da população, seguindo estilos bem diferentes (relacionados com a origem de seus moradores), os chalets (palavra depois aportuguesada para chalés) vão desaparecendo da paisagem santista.

O assunto foi abordado em matéria do jornal santista A Tribuna, nas edições impressa e digital de 15 de dezembro de 2005:

A maioria dos 150 chalés que devem ser tombados está no Morro do São Bento, mas outros situados no Jabaquara, na Nova Cintra e no Monte Serrat merecem destaque

Fotos: Paulo Freitas, publicadas com a matéria

Quinta-feira, 15 de Dezembro de 2005, 08:15

Seplan deverá propor tombamento de chalés

Da Reportagem

A Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan) está concluindo um inventário que deverá propor o tombamento de pelo menos 150 chalés construídos no início do século passado. O estudo detalhado deverá ser remetido ao Conselho de Defesa do Patrimônio Arquitetônico de Santos (Condepasa) no primeiro trimestre de 2006. O maior conjunto de edificações passíveis de preservação fica no Morro do São Bento, embora mereçam destaque construções localizadas no Morro da Nova Cintra, Monte Serrat e no Jabaquara.

A possibilidade de tombamento leva em consideração as características arquitetônicas trazidas pelos imigrantes portugueses da Ilha da Madeira e espanhóis das Ilhas das Canárias que colonizaram Santos.

Na prática, o rastreamento dos chalés foi possível graças ao geoprocessamento conduzido pela Seplan. Esse estudo mapeou os imóveis existentes na Cidade com vistas à elaboração da nova planta genérica de valores.

A princípio, foram apontados 1.200 imóveis rústicos que poderiam apresentar algum interesse para fins de preservação devido às suas características arquitetônicas. Porém, a maior parte dessas edificações foi descartada por motivos que vão desde a descaracterização até o isolamento.

"Os morros conseguiram guardar características históricas mais fortes. Lá, o chalé passou de pai para filho", salienta a secretária municipal de Planejamento, Débora Blanco. "Nos bairros houve maior renovação. É difícil manter a cultura com o chalé isolado. Em uma área adensada, ele perde suas características", completa a secretária.

Inventário - O inventário que será remetido ao Condepasa deverá detalhar as características de cada um dos 150 chalés, citando até o grau de descaracterização de cada imóvel. Todo o relatório será acompanhado de fotos.
"É importante preservar os valores e a cultura de uma sociedade para que você tenha respeito pelo futuro. Com a preservação, vamos garantir que a população jovem tenha espelhos importantes", resume Débora.

É justamente esse espelho do passado que faz com que os conjuntos do Morro do São Bento sejam considerados os mais significativos de Santos. Isso porque, além da arquitetura típica dos portugueses e espanhóis, o São Bento abriga outra característica marcante: a preservação de aspectos da cultura dos colonizadores europeus, como a arte das rendeiras e bordadeiras.

Escola de Paris - De acordo com Débora, embora os chalés apresentem características diferenciadas devido até à fase em que foram erguidos, a construção desses imóveis sofreu marcante influência da escola francesa de arquitetura.

No final do século 19, os franceses acabaram se especializando em uma engenharia com forte preocupação sanitária e médica devido ao fato de que cerca de um milhão de pessoas viviam em condições críticas em Paris.

Sofrendo com crônicos problemas de drenagem no início do século 20, Santos apresentava condições favoráveis à proliferação de epidemias, como em Paris, o que obrigava a população a se prevenir. Essa característica de insalubridade motivou diferenças na construção dos chalés.

Na área plana da Cidade, a cozinha das casas em madeira ficava no plano zero, ou seja, no nível do chão. Já a área destinada aos demais cômodos era sustentada por pilares devido justamente à falta de drenagem da Cidade.

Nesse período, o Município vivia uma fase áurea, com o apogeu do café e o início da ocupação dos morros: "O europeu que vem para Santos nessa época domina a técnica da ocupação de áreas íngremes", salienta a secretária de Planejamento.

A Tribuna não esquece

Imagem: reprodução, publicada com a matéria

4 de maio de 2001

A Tribuna publicou matéria mostrando que o processo de preservação dos chalés de Santos começou a ser discutido em 1999, a partir de uma dissertação de mestrado desenvolvida pelo arquiteto Gino Caldatto Barbosa na USP.

O estudo despertou o interesse do promotor do Meio Ambiente Daury de Paula Júnior, que abriu inquérito civil em 2000 no sentido de pressionar a Prefeitura e os órgãos estadual e municipal de preservação do patrimônio histórico e cultural.

Em junho de 2003, o Ministério Público e a Prefeitura chegaram à conclusão de que o ideal seria a implantação de um programa de incentivos fiscais, com isenção de IPTU e ISS, para que os proprietários dos chalés mantivessem as características originais dessas construções. Porém, até agora essa proposta ainda não se concretizou.

Fonte: Arquivo
A Tribuna

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