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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BELMONTE - BIBLIOTECA NM
No tempo dos bandeirantes [20]

Conhecido principalmente pela atividade cartunística nos jornais paulistanos, e pelo seu personagem Juca Pato, o desenhista Benedito Bastos Barreto (nascido na capital paulista em 15/5/1896 e ali falecido em 19/4/1947), o Belmonte, foi autor de inúmeros livros, entre eles a obra No tempo dos Bandeirantes, que teve sua quarta e última edição publicada logo após a sua morte.

A edição virtual preparada por Novo Milênio objetiva resgatar esse trabalho, que, mesmo sendo baseado em pesquisas sem pleno rigor histórico, ajuda a desvendar particularidades da vida paulistana, paulista e, por conseqüência, também da Baixada Santista. Esta edição virtual é baseada na quarta edição, "revista, aumentada e definitiva", publicada pela Editora Melhoramentos, São Paulo, sem data (cerca de 1948), com 232 páginas e ilustrações do próprio Belmonte (obra no acervo do professor e pesquisador de História Francisco Carballa, de Santos/SP - ortografia atualizada nesta transcrição):

Leva para a página anterior[...]                                            NO TEMPO DOS BANDEIRANTES

[20] A moda

O que vestem os paulistas - A moda no reino e no planalto - Um Schoppenhauer seiscentista - Ausência de mantilhas - Os panos e tecidos - Período de transição e bruscas transformações - A "reformação dos costumes"

ivendo numa vila pobre, escassa de recursos pela situação topográfica em que se colocou, nem por isso se descuidam os paulistas da elegância de seus trajes.

A primeira impressão que se tem, ao tomar-se contato com a vida áspera e rude do planalto, é a de que os seus moradores se vestem com o mais absoluto desprezo às infinitas exigências e caprichos da moda. Ocupados, os homens, com o interminável descimento do gentio, em lutas e correrias pelo sertão, e as mulheres com seus afazeres domésticos, encerradas no lar à maneira mourisca, aquela suposição teria sua plena justificativa se, a todo o momento, não se alvoroçasse a vila com suas festas e procissões - estas em número tão elevado que, como vimos em outro capítulo, o ouvidor Pedro de Unhão Castelo Branco é obrigado, em 1675, a limitá-las apenas a três durante o ano.

A moda em São Paulo não é, evidentemente, a mesma coisa que a moda na Espanha, França, Inglaterra, Holanda ou Portugal. Talvez esteja, mesmo, longe de ser o que é na Bahia, onde os baianos, em mais íntimo contato com o Reino e aproveitando, em certo tempo, a civilizadora influência holandesa, podem dar-se a certos luxos absolutamente impossíveis para os paulistas. Estes, contudo, no intervalo dos seus prolongados reides pelo sertão, fazem o possível para se apresentar como homens civilizados e não como rudes apresadores de índios.

A Europa, no início do seiscentismo, começa a banir das toilettes femininas o incômodo mas sugestivo vertugadin que dá às saias um aspecto tão imponente e monumental e, para suprir-lhe a falta, lança mão da veste que, solta ou presa na parte traseira sobre as vasquinhas rodadas, não permite uma transformação violenta da silhueta feminina. Mas a Europa pode dar-se todos os luxos, até mesmo os não permitidos pelo puritanismo e condenados pela religião.


Mantilha de renda usada na Corte
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro

Enquanto no Reino, em 1601, éditos reais proibem o uso do ouro e da prata no enfeite dos trajes femininos, "exceto as mulheres públicas" e fulmina com penalidades ferozes os homens que usam roupas feitas com um tal "pano de ouro" [1], vamos encontrar na vila de São Paulo, paradoxalmente, gibões de tafetá espeguilhados de prata, gibões e roupetas de catalufa (que é um tecido de prata) e até - horresco referens! - anáguas de pano de prata [2].

Como explicar-se a existência de tão suspeitas anáguas num burgo austero como São Paulo, sabendo-se ainda que se encontram na vila anáguas vermelhas, anáguas amarelas e anáguas forradas de tafetá preto? Talvez, porque ninguém as vê, ocultas sob as longas saias, e talvez porque não surge nestas bandas nenhum Catão metediço como o que, ao tempo, existe em Lisboa para descompor as mulheres:

"Podem conhecer-se as mulheres, como em algum tempo as galinhas, pelas calças, porque umas as trazem amarelas, outras azuis, pela maior parte da cor das papoulas... Os homens andam enfeitados como as mulheres e as mulheres nuas como maganas..."


A BARBA E O CABELO - (E) Na primeira metade do século XVII. 
(D) No fim do século, após um período de transição
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro

Evidente exagero de algum malazarado precursor de Schoppenhauer, pois é muito do feitio de certos literatos investir contra todas as mulheres quando uma delas não lhes ouviu as lamúrias. Desse gênero ainda, e ainda desse século, é aquele áspero John Evelyn que, no seu "Evelyn's diary", escreve em 1654:

"... I now observed how the women began to paint themselves, formerly a most ignominous thing and only used by prostitutes".

Essas coisas complicadas, porém, as mulheres nuas do primeiro satírico e a "maquillage" (ignominous thing!) do segundo, não acontecem em São Paulo do Campo, pobre burgo esquecido do mundo, temente a Deus tanto quanto ao diabo.


Moda feminina em 1700
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro

Percorram-se os inventários seiscentistas e ver-se-á que se vestem os paulistas à moda da Península Ibérica, cuja predominância no mundo chegou até aos domínios da arte de vestir, dela escapando apenas a Holanda e a Inglaterra, a última das quais, mesmo assim, teve que adotar as suas mantilhas, os seus "rouges" para corar o rosto ("rouge" primitivo de papel vermelho a que os britânicos chamam, então, "spanish paper"), além das golas e toucas com ponteados de criação peninsular [3].

Não nos percamos, porém, em digressões ociosas, pois, nesse andar, iríamos longe. Estamos aqui, apenas, para bisbilhotar a vida do planalto, numa viagem retrospectiva que deve ser fácil e sugestiva, com o mínimo possível de bagagens literárias e de cicerones pernósticos, permitidos apenas os essenciais para um testemunho insuspeito das narrativas.


"Uma touca de volante e um mantéu de holanda" (Inv. e Test.)
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro

Vejamos, por exemplo, aquela senhora que ali vem. É dona Catarina de Siqueira, ao lado de seu marido João Barroso. Voltam da missa e, como vemos, ela veste, graciosamente, a sua vasquinha com saio de veludo roxo e amarelo, este com dois e aquela com quinze passamanes, sobre o colete de catassol guarnecido de carassulilho de ouro sobre pestana leonada. Ao braço, o manto de tafetá. Sobre o colo dois ramais de coral. Nos pés, os chapins de Valença com suas chapas de prata. Ele também está muito catita, no seu vestido de homem de perpetuana verde forrado de tafetá, na cabeça o largo sombrero de Segóvia e, a tiracolo, a sua espada de vestir.

Assim são as paulistas do seiscentismo quando ostentam, vaidosamente, os seus estonteantes vestidos de igreja. Esses vestidos compõem-se de peças que os avaliadores, nos inventários, vão arrolando com indiferença, sem supor, sem sequer sonhar que, séculos depois, mãos ávidas irão tateá-las e olhares ansiosos as devassarão, inventariando tudo de novo - uns, por obrigação funcional, outros por exigências da História e outros ainda, por simples curiosidade.


Mantéu de rendas, de homem, avaliado em $240 (Inv. e Test.)
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro

E, da poeirada dos séculos, surge um gibão de tobi guarnecido de passamane verde, um vestido de raxeta cor de rato, um corpinho de cetim forrado de veludo, uma cinta de cochonilha, uma saia de veludo preto, uma vasquinha de perpetuana verde,um manto de tafetá, com suas rendas, uma capilha de cetim vermelho, um chapéu de veludo negro forrado de cetim carmesim e rendado de prata, uma capinha de pano de prata bandada de cetim, um vestido de seda pinhoela, um penteador de holanda, um vestido de barregana furta-cor, um capotilho forrado de portalegre, uns mantéus de pescoço, uma casaca de duquesa forrada de serafina verde, um manto de recamadilho, saias de palmilha vermelha, botinas vermelhas de carneira, chinelas de cortiça...

A vasquinha é uma saia de grande roda, pregueada sobre os quadris. Sobre essas pregas vai a "veste" que é uma saia mais curta. Capilha não é, como poderia supor-se, uma capa pequena, mas um capuz, assim como mantéu não tem nada que ver com manto porque é, apenas, uma gola de linho, de pano de holanda ou de bretanha, às vezes simples, e outras vezes com enfeites de pontos ou guarnição de rendas. Chapim é um sapato raso, enfeitado com um laço, ou com uma chapa de prata e que possui uma sola, dupla ou tripla, de cortiça - como os que estão hoje em moda para justificar o provérbio que afirma não haver nada de novo sob o sol...

As mantilhas de renda, tão usadas na península, parece que chegam muito tarde a São Paulo. A própria Inglaterra, ainda no início do seiscentismo, fez largo uso delas, não por motivos de ordem estética mas, como afirma James Laver, "black net veils were worn to protect the ladies'complexions from the harmful rays of the sun, porque, já nesse tempo, freckles, and sumburn were considered harmful and disfiguring" [4].


Mulher de "manto de tafetá, roupetilha e vasquinha" (Inv. e Test.)
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro

Uma das poucas mantilhas citadas nos inventários é a que se acha no espólio de João Tenório e a que me referi em outro lugar: "uma mantilha de penas de cores com seu topete de penas". Prova evidente de que, ao invés de os índios assimilarem os costumes dos brancos, são estes que vão inspirar-se na indumentária daqueles...

À cabeça, chapéus de veludo, com guarnição de fitas, de rendas, ou de passamanes; outros com fivelas de prata; outros ainda com seu véu.

Quando não é o chapéu, é a coifa de seda, o rolete de cabeça de mulher com seus alfinetes de prata ou a mantilha de veludo, já na segunda metade do seiscentismo.

Quanto aos homens, não se pense que os rudes sertanistas não cultivem também um certo bom gosto no trajar. A centúria é heróica mas é elegante. É neste século que Dumas situa os seus mosqueteiros, que Gauthier coloca o Capitão Fracasse, que Rostand faz viver Cirano e que Le Sage anima Gil Blas de Santilhana.

É evidente que não pretendemos fazer supor que os paulistas do seiscentos sejam airosos rivais de D'Artagnan. A verdade, contudo, é que, fora do rude gibão de armas com que prea índios e da saltimbarca de picote com que assiste à faina agrícola, o paulista é um homem que, se não se traja melhor, também não se veste pior que lusos ou castelhanos.

Terminado o século XVI, não se encontram mais os vastos tabardos, os pelotes de mangas golpeadas, as truças, as gorras de guedelha, os pantufos. Os calções perdem os golpes, estreitam-se e descem até os joelhos; os gibões se encolhem e se usam com mangas postiças. O pelote transforma-se em roupeta. A gorjeira encanudada e a wallona vão terminar no mantéu, na volta, no cabeção. As meias longas - que se chamam calças - encurtam-se e chamam-se meias calças... A bota alta ainda atravessa grande parte do seiscentismo e vai acabar, depois, abaixo dos joelhos, com o cano voltado em canhão. Surgem as capas curtas. Os sapatos conservam-se imutáveis ainda por algum tempo. A gorra dá lugar ao feltro de copa alta, com abas que, sendo estreitas nos primeiros anos do século, se alargam prodigiosamente até as proximidades do setecentismo, quando ganham forma triangular.

Tudo isso, já de si complicado, todos esses trajes vistosos são feitos em panos de cores álacres, numa garridice talvez pouco condizente com a austeridade dos costumes de então. Manuseai os inventários e lá encontrareis coletes de bombazina amarela, gibões azuis cor do céu, roupetas verdosas, calções verde-mar, meias verdes, azuis, amarelas, casacas cor de flor de pessegueiro, calção e roupeta de seda amarela e a única marlota existente no planalto, tristemente roxa.


Moda fim do século
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro

Através dos anos, vão surgindo gibões, roupetas, roupetilhas, capas, capinhas, ferragoulos, saltimbarcas, camisas com seus punhos e mantéus, borzeguins de carneira, botas de vaqueta e de cordovão, sapatos de porco, capotes, coletes, calções, bombachas, chapéus de Bardá, de Segóvia ou feitos na terra, meias simples e meias de cabrestilho, punhos de Ruão, gualteiras e carapuças, e, como complemento, o adereço de espada e adaga, com seu cinto, talabarte e talim. E, às vezes, certos objetos pouco encontradiços na vila, surgem, aqui e ali, nos inventários: a bengala de Henrique da Cunha, os chapéus-de-sol de Antônio Leite Falcão, Matias Rodrigues da Silva, Francisco de Proença, Antônio Bicudo de Brito e Matias de Oliveira (sendo que o deste é artisticamente pintado de óleo) e as luvas enfeitadas de Antônio Leite Falcão.

Esses vestidos (que assim se chamam os trajes femininos e masculinos) são confeccionados com panos cujos nomes soam aos nossos ouvidos, hoje, como coisas estranhas e misteriosas: bombazina, serafina, barregana, bocaxim, burato, merlim, tiruela, canequim, catalufa, raxa, perpetuana, catassol, tafieira, tobi, melcochado, camelão, tarlatana, holanda, holandilha, grisê, picote, telilha, recamadilho, damasquilho da Índia, raxeta de Castela, pano de Londres, além de outros cujas denominações ainda nos são familiares, como o cetim, o damasco, a sarja, o tafetá, a baeta, o gorgorão, o veludo, a chita, o linho...

Há, como se vê, muito pano para mangas, para todos os gostos, todos os usos e todos os preços: os ricos usam tecidos de seda como a bombazina, o melcochado, o tobi, o damasquilho; de lã, como a serafina, a barregana, a perpetuana, a milanesa; tecidos de prata como a catalufa, ou panos mais caros como a tafieira da Índia, o tafetá da China e o cetim de Flandres. As bolsas mais modestas, panos mais grosseiros como o picote, o picotilho, a raxeta, o merlim, o canequim, a estamenha...


"Uma capa com seu capuz" (Inv. e Test.)
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro

Com tanto pano, vê-se que seria difícil, em São Paulo do Campo, a existência de panfletários ginófobos para, a exemplo dos que havia alhures, afirmar que as mulheres andam nuas como maganas. Se, na vila do planalto, as mulheres tiveram atritos com as autoridades, foi justamente por se vestirem demais, embiocando-se e desaparecendo dentro das baetas [5].

Na segunda metade do século, começam essas modas a sofrer sensíveis modificações. Os gibões descem até os joelhos, ganham mais roda, enfeitam-se com extensa fila de botões, ostentam algibeirões guarnecidos e chamam-se casacas. As botas encurtam-se e ornam-se de rosetas. As ligas vão desaparecendo aos poucos e os chapéus tomam, nas abas largas, uma forma triangular - tímida transição para o tricórnio setecentista.

O cabelo já não vai ao barbeiro para ser aparado nas pontas. Mas o que o Fígaro perde na cabeleira que ele não corta mais, ganha na barba que é devastada para dar lugar ao cavanhaque e à pera.

Quanto ao que se refere à elegância das damas, processam-se nas suas complicadas indumentárias pequenas modificações, pouco gratas, talvez, à excessiva volubilidade do sexo que teria preferido alterações mais visíveis e mais freqüentes. É assim que o alçacuello castelhano se simplifica e degenera na balona, ao contrário das saias que se empetecam de laços, fitas e refegos, e do penteado que se enche de enfeites e fitarias.


Dia de procissão
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro

Nos inventários paulistanos de então surgem, nesse período, vários tecidos - calamaço, lemiste, carrião, duquesa - e as casacas e casacões vão destronando os velhos gibões masculinos que, fora da moda, costumam, quando arrolados nos espólios, aparecer com detalhes curiosos: "...uns calções de damasco negro com um gibão de veludo negro do uso antigo..." Ou: "um gibão pardo velho do uso antigo [6]".

Além da casaca, surge o roció, pequeno casaco de mangas, a véstia, que é uma sucessora do colete, e é então que a capilha se transforma em mantilha: "uma mantilha de veludo preto nova forrada de felpa, com sua sugilha de ouro" e que alcança a espantosa avaliação de 6$500 quando um vasto gibão feminino, de damasquilho branco, não alcança mais do que 1$280. Vão desaparecendo as carapuças, os sapatos femininos ganham um canotilho e o canhão das botas masculinas aparece bordado de seus lavores...


Dama vestindo "saio", que é um casacão sem quartos dianteiros,
mangas perdidas, longo até o chão...
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro

A vida social do planalto, embora esta expressão nos pareça preciosa e exagerada, tem, contudo, exigências a que as pessoas de qualidade não podem, sem desdouro próprio, eximir-se voluntariamente. A preocupação das boas toilettes e da representação social começa com os órfãos, que os curadores são obrigados a "vestir e calçar tão limpamente como a qualidade delles o requer" e vai até as noivas, em cujo dote não faltam nunca o seu vestido de gala e o seu vestido de igreja [7].

E para que tudo isso, afinal?

Para que tão vistosos trajes, toilettes tão elegantes, se a jovem paulista do seiscentismo não pode namorar e só vai conhecer seu noivo no dia do casamento?

Quem não souber responder, lembre-se ao menos de que as mulheres não se fazem elegantes para enlevo dos homens, mas, apenas, para inveja das amigas... Tanto que, enquanto no Reino se desencadeiam lutas pertinazes para a reformação dos costumes, na vila de São Paulo, a não ser o caso das baetas, não se conhecem mais providências oficiais nesse sentido. Se há Catões no planalto, estes podem viver como num seio de Abraão, pois aqui não há razões que levem as autoridades a agir com energia para, como acontece em Lisboa, "extinguir os abusos, evitar as ruínas, & moderar os superfluamente luzidos, & vãos adornos das pessoas".


Homem de "mantéu e punhos de renda"
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro


[1] O marechal de Bassompièrre conta em suas "Memórias" que pagou por um traje desses a importância assustadora de 14.000 escudos.

[2] Anágua, segundo o autorizado Bluteau, é uma "vestidura de que usam as mulheres imediatamente sobre a camisa".

[3] "Of Point d'Espagne a rich Cornet. Two night-Rails, anda a Scarf beset"... Evelyn daughter: "The ladies'dressing-room unlocked".

[4] Iris Brooke and James Laver. "English Costume from the 14th through the 19th Century".

[5] Durante quase um século viveram os ouvidores a lançar correições contra o inculto uso de andarem as mulheres embuçadas em dois côvados de baeta preta, o que se considerava um atentado à moral e aos bons costumes, pois muitas delas, assim, chegavam até a entrarem de dia em casas de homens, onde não entrariam se lhes não desse ousadia o bárbaro rebuço. (Az. Marques, "Apontamentos").

[6] Inventário de Antônio Pedroso de Barros (1652).

[7] Eis o dote que Garcia Rodrigues Velho dá à sua filha Maria: "Primeiramente ella com dois vestidos de seda, um de velludo, outro de chamalote; seu vestido de cote; sua gargantilha de ouro, e brincos a saber aneis, e escudos; seu manto de seda; vinte peças com 3, ou 4 crias de pé; uma casa na villa de dois lanços com seus corredores, e quintal; meia duzia de cadeiras e um bufete; duas caixas grandes; uma casa de telha na roça; ferramenta necessaria para a gente, enxadas, machados, e foice; duas camas cada uma com seu pavilhão; dois serviços de mesa; meia duzia de colheres; cem mil reis em dinheiro para gado; um tacho de dez ou doze libras; mantimentos a sua gente até formar casa; terras para lavrar a saber cem braças em Juquery donde moro e quinhentas nas cabeceiras". (Inv. e test. XXIII, 434).


Mantilha de veludo, gibão, saia com passamanes (Inv. e Test.)
Ilustração: Belmonte, publicada com este capítulo do livro


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