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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CIGANOS
Ciganos inspiram estudo universitário em 2010

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A origem e vida dos povos ciganos no mundo, no Brasil e particularmente na área da cidade de Santos motivaram este estudo feito em 2010 pelo professor de História e pesquisador Francisco Carballa, com ênfase nos aspectos de escolaridade dos ciganos. O trabalho foi enviado no dia 24/12/2010 a Novo Milênio, para divulgação:
 

Interior de uma habitação de ciganos, em trabalho de Jean Debret

Imagem disponível na Internet, com a tecnologia DocPro, no site da Biblioteca Mário de Andrade, de São Paulo/SP (nº 73/94, álbum de Debret, Voyage, vols. 1 e 2)

FALC - FACULDADE DA ALDEIA DE CARAPICUÍBA

A INSTRUÇÃO DOS POVOS NÔMADES:

OS CIGANOS RUMO AO ENSINO SUPERIOR

AUTOR: FRANCISCO VÁZQUEZ CARBALLA

SANTOS-SP

2010

Monografia apresentada à Faculdade da Aldeia de Carapicuíba como exigência parcial para a conclusão do Curso de Pós-Graduação Latu-sensu em docência do Ensino Superior.

Prof. Orientador: João Thomaz

Dedico ao povo dos ventos, amigos e colaboradores em especial que auxiliaram para o sucesso e concretização deste trabalho.

Agradeço primeiramente a Duvvel, Dhiel, Marduk, Deus, Alláh, Yawé, Elohin, Adonay, Hel, Téos, Espírito Supremo e todos os nomes pelos quais os ciganos chamam a quem criou para serem felizes e livres no universo, em cada cultura e local onde vivem.

Ao Honrado Cigano Nicolas Ramanush Leite que elevou nosso povo ao elevado grau dos sábios.

A todos os ciganos que buscando e se esforçando para obter a instrução estão salvando a cultura de nosso povo para as gerações futuras de ciganos que virão.

"Morrer com dignidade é melhor do que uma vida de humilhação" - Iman Hussayn, defendendo sua fé e sua forma de viver ao ser morto nas portas da cidade de Carballa no Iraque no ano 690 d.C. ou 052 d.H

RESUMO

No mundo globalizado para a cultura de um povo tentar sobreviver ao preconceito e a destruição da tradição, e para adquirir uma escrita historicamente padronizada, ou não passar a serem instruídos e a registrar sua história e cultura, é o caso dos ciganos que caminharam usando os caracteres e língua de cada nação onde viveram, diversificando-se em modos de vida alternativos e hábitos um tanto primitivos.

As principais fontes de informação coletadas são os testemunhos escritos, as análises lingüísticas e genética populacional em que o povo cigano se expressou. Toda a literatura histórica e diversos costumes das regiões em que este povo diásporo implantou e explorou no cenário mundial, são revelados através do contraste de momentos sofridos e apuros muitas vezes discriminatórios, pois foram estes eventos de uma possível fixação dos ciganos para salvar sua cultura.

As múltiplas informações dadas a historia do "Povo dos Ventos" cria aos apegados aos bens materiais e sedentários e ao senso comum a falsa idéia de que os ciganos são muitas vezes ladrões, falsários e delinqüentes. Porém, por detrás de suas histórias existe uma real filosofia de vida para quais muitos gostariam de experimentar, como suas músicas, danças, indumentárias, da despreocupância em demasia, a seu estilo livre de viver.

Mesmo assim, em pleno século XXI, devemos lançar olhos aos elevados índices de analfabetismo deste povo, e solicitar as autoridades políticas plataformas que corroborem com a instrução infantil dos ciganos, somente desta forma adaptando políticas sociais aos mais necessitados visualizaremos um mundo mais humano e solidário.

Palavras Chaves: Testemunhos Escritos, Analises Lingüísticas, Genética populacional, Povo Diásporo.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8
1. PRESENÇA CIGANA NO BRASIL 9
2. HISTORIA DA ORIGEM DOS CIGANOS 10
3. OS CIGANOS DA IDADE MÉDIA 13
4. OS DEGREDADOS DO SÉC. XVI EM PORTUGAL E NO BRASIL 17
4.1 As perseguições 17
5. OS NÔMADES DO SÉC. XX DA ESPANHA DE FRANCO 19
6. ROMANI, UM IDIOMA IGNORADO PELO MUNDO 21
6.1 Las mujeres y lãs señales de los abanicos 21
7. NECESSIDADES DE SE TRANSMITIR O IDIOMA 23
7.1 Nômades urbanos 23
7.2 Nômades rurais 23
7.3 Nômades interestaduais 24
7.4 Semi-nomadismo 24
7.5 Não nômades 24
7.6 Criptociganos 25
7.7 Cultura em Mutação 25
8. INSTRUÇÃO DOS NÔMADES 26
8.1 Instrução dos semi-nômades urbanos 26
8.2 Instrução dos não nômades 27
9. DIFICULDADES COM A INSTRUÇÃO INFANTIL DOS CIGANOS 28
10. PROFISSIONAIS E DESCENDENTES CIGANOS 29
11. ESCRITA ROMANI 30
11.1 Padre Nosso 30
11.2 Padre Nosso em português 31
11.3 Ave Maria 31
11.4 Ave Maria em português 32
11.5 Gloria 32
11.6 Gloria em português 32
11.7 Oração de Santa Sarah Kali 32
11.8 Oração de Santa Sarah Kali em português 33
11.9 Hino cigano 33
11.10 Hino Cigano em português 34
12. RELATOS E HISTORIAS ATUAIS DOS CIGANOS 35
CONSIDERAÇÕES FINAIS 39
NOTAS 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 41
ANEXO A – LISTA DE ESCOLAS DE PREDOMINÂNCIA CIGANA 42

INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é mostrar como um povo tenta defender sua cultura da ameaça de extinção lingüística e cultural devido à globalização, que vem destruindo muitas culturas e idiomas no mundo moderno.

Em Santos/SP não existem registros de grupos que falem o Romani, nem os que aprenderam a língua, mas os que tentam fazer são por meio de livros antigos ou pelo recurso moderno da Internet, que tem conquistado muitos ciganos; no mínimo o que se aprende são algumas palavras raras que os ancestrais falavam; o autor deste trabalho fala Espanhol (castelhano) e o Galego (região norte de Espanha), fluente.

Percebe-se que os ciganos têm a vontade de aprender a língua dos seus antepassados, mas sem a presença de pessoas que a falem de forma culta, possivelmente será difícil dar continuidade a tradição cigana.

Ainda que a língua seja a identidade de um povo e igualmente sejam suas roupas, por gadjôs [03] e não ciganos, outros - devido a filmes e ao gosto popular - gostam mais do estilo Romeno, que é o que está no imaginário popular. Aqui no Brasil não existe uma continuidade cultural familiar aos que ficaram no meio urbano e sim aos que estão em acampamentos, como a família do Senhor Cigano Carlos Calon, que defende o povo dirigindo a instituição CEDRO – Centro de Estudos e Discussões Romani em São Paulo.

Algumas características permitem traçar um perfil comum a esses grupos. A primeira delas é o espírito viajante. Ainda que nem todos sejam nômades, os ciganos não se sentem pertencentes a um único lugar. Não criam raízes, não têm uma noção concreta de propriedade – estão sempre fazendo negócios com seus pertences, preferencialmente em ouro, que não perde valor e é aceito em qualquer nação (por isso a imagem cigana é vinculada ao uso do ouro como adereço, especialmente nos dentes das mulheres). Prezam, acima de tudo, a liberdade.

Assim, podem até se estabelecer por muito tempo em um mesmo lugar (como é comum entre os sinti). Mas, nesse caso, procuram morar em uma mesma rua ou, de preferência, em acampamentos onde possam preservar sua autonomia e manter a unidade familiar – outro aspecto primordial na vida cigana.

1. PRESENÇA CIGANA NO BRASIL

Podemos dividir os ciganos em vários grupos e se houverem estudiosos do assunto haverá ainda mais grupos distintos, segundo a compreensão de cada especialista.

1º - Pessoas ciganas pertencentes a vários grupos com cultura própria;

2º - Pessoas ciganas que não assumem a cultura ou a identidade por motivos próprios;

3º - Pessoas descendentes de ciganos, por mãe, pai, avô, avó, bisavô bisavó;

4º - Pessoas descendentes de ciganos que não sabem que o são;

5º - Pessoas descendentes de ciganos que querem voltar a suas origens;

6º - Pessoas não ciganas que fazem parte e divulgam a cultura;

7º - Pessoas não ciganas que defendem e lutam pelos direitos dos ciganos;

8º - Pessoas não ciganas, mas que se assumem assim devido a uma religião;

9º - Pessoas não ciganas que estão apenas passando pelo meio cigano;

10º - Pessoas não ciganas que exploram de forma imprópria a cultura.

No Brasil, O primeiro grupo de ciganos, de maioria calon, chegou por aqui no século 16, deportados de Portugal. Os ciganos europeus vieram de forma voluntária a partir da 2ª metade do século 19.

Naquela época, eram comerciantes ambulantes de escravos, cavalos e artesanatos. Hoje compram e vendem carros, televisores e toalhas.

Os mais recentes, às vezes bem pobres, vieram do Leste Europeu após a derrocada da União Soviética. Alguns são sedentários, mas a maioria se mantém na vida itinerante. Todos sofrem com desconfianças e preconceitos.

A revista SuperInteressante destaca:

"A cidade de Sousa, no interior da Paraíba, é um caso clássico. Os cerca de 450 ciganos fixados há anos por lá não recebiam entregas de correio nem tinham o lixo coletado em seu acampamento. Curiosamente, muitas escolas recusavam a matrícula de crianças ciganas. O caso ficou bem conhecido na região: foi necessária a intervenção da Procuradoria da República da Paraíba para resolver a questão" (ed. 256, setembro/2008, A saga Cigana, Luciano Marsiglia)

2. HISTÓRIAS E HISTÓRIAS DA ORIGEM DOS CIGANOS

Existem várias versões lendárias, sobre a origem dos ciganos, geradas, sobretudo, como uma explicação lógica por onde eles teriam passado, para satisfazer, no entanto, a curiosidade das pessoas que até hoje ficam intrigadas com esse grupo étnico que tem por endereço e nação a Via Láctea, sistema solar, planeta Terra e todo local onde houver terra firme para poder se locomover.

Principalmente na Idade Média, onde tudo era justificado com a criação do mundo e os livros da Bíblia em uma visão cristocêntrica [01], assim nossa história os localiza no Gênesis, quando seriam descendentes de Caim - cuja tradução aramaica do nome Camita quer dizer escurecido -: teve filhos e deles teria nascido aquele que geraria o povo Kalé da língua Catalana (Região da Catalunha/Espana), que significa Negro, no trecho do Gênesis onde lemos: "Lamec tomou duas mulheres [...] Sela, de seu lado, deu a luz Tubal-Caim, o pai de todos aqueles que trabalham o cobre e o ferro. A irmã de Tubal-Caim era Noema", (conf. Gênesis cap. 4, vers. 17/22); assim os clérigos satisfaziam a curiosidade dos seus fiéis quanto à origem daquele povo estranho.

Muitos povos de pele amorenada têm sua origem na região do Crescente Fértil, que seria abrangido das costas do atual Israel até as cercanias da Índia, existindo muitas referências de comércio, entre os dois pólos humanos, também podemos encontrar objetos de uso diário ou artístico, produzidos pelos Indianos ou pelos Sumérios em ambas as regiões, que poderiam muito bem ser comercializados pelos nômades do deserto ou os nossos atuais ciganos e outras populações diferentes.

Nômades muito antes da Idade do Cobre, não desenvolveram uma forma de caracteres de escrita, sendo uma cultura transmitida de forma oral, até recentemente, quando se decidiu que o Romani deveria ser escrito e não só falado ou estudado por pessoas sendo ciganas ou não, assim surge uma preocupação dos ciganos começarem a proteger sua cultura e língua, a trajetória de uma cultura e sua língua é muito longa e muito complicada, carecendo de documentos ou registros históricos convincentes, o que favoreceu as possíveis hipóteses lendárias ou fantasiosas.

Migrando devido ao comércio e nomadismo, teriam ido para a Índia, pois sua região de comércio fora conquistada pelos invasores árabes, que eram igualmente como eles nômades, mas agora estavam se fixando nessas regiões que foram o local das peregrinações comerciais por séculos pelos romas [05], abrindo rotas comerciais que seriam mais tarde tomadas pelos povos locais que aí se viriam a instalar, fixaram cidades - bem uma idéia contrária à dos ciganos, que sempre primaram pela liberdade, nomadismo, artesanato e comércio.

O povo que vagou pelo Oriente para se dedicar ao comércio - por serem hábeis comerciantes, ourives, ferreiros e criadores de animais de tração - tinha uma forma de adquirir ouro e metais comerciáveis e de fácil comercio em horas de necessidade; finalmente migraram da Índia para o Ocidente e, junto aos romanos, adquiriram parte de sua cultura, que posteriormente passou a ser única no mundo.

Justamente na Índia, sugerem alguns relatos dos próprios ciganos que teriam sido primeiro escravos e depois expulsos em algumas versões; em outras teriam fugido para reconquistar a sua liberdade, pois ser livre é o principal ideal de um cigano.

Foi nessa nação milenar que aprenderam a fazer a quiromancia ou leitura de mãos, pois a cartomancia ou leitura de lâminas ou cartas tem seu mais antigo registro nos Caldeus [10], povo antigo da Suméria, havendo na Índia sacerdotes ou pessoas de castas [11], dedicadas a essas duas ciências, o que reforça a afirmação de que aí as mulheres ciganas teriam aprendido esses segredos.

Igualmente a semelhança de muitas palavras da língua Romani e do hindi reforçam esses estudos, mas até ai não existia ainda uma escrita ou registros, sendo tudo passado de forma oral de forma ancestral ao brilho das fogueiras pelos mais velhos aos mais jovens.

Desde antes de Cristo já eram conhecidos nômades que se dedicavam aos seus trabalhos com o cobre ou Latão, gosto pela dança, jóias de ouro e vida errante, seguindo os rumos onde haveria a possibilidade de encontrar alimentos, trabalhos efêmeros com a produção artesanal de utilitários e jóias, informações sobre localizações de povoamentos e rumos seguros para seguir com as pessoas do grupo.

São divididos em uma hierarquia de vários clãs, alguns milenares, entre eles os Cólons provenientes da Índia, os Kalderash da Romênia e Iugoslávia, os Moldávio da Rússia, os Hoharanô da Turquia, os Manuches ou nômades do deserto etc.

3. OS CIGANOS DA IDADE MÉDIA

Ocorreu finalmente a migração dos ciganos para a Europa medieval, pelo menos nos registros mais antigos conhecidos, mas havia a necessidade de saber quem seriam essas pessoas, de onde vinham e, para os desconfiados reis e senhores feudais, para onde iriam e por quê estariam por ali.

Seu nome deriva da expressão "Corvos do Egito", surgindo os nomes de egpitanos, giptanos, egptans, tziganos, gitanos e posteriormente em Portugal ciganos, devido à sua tez amorenada e acreditarem que os mesmos eram provenientes do Egito.

Sua difusão pelo mundo medieval vai ser tão marcante que tanto em histórias antigas quanto em histórias posteriores os ciganos vão ser associados à magia, latrocínio, roubo de crianças, nomadismo e todas as idéias possíveis e impossíveis do imaginário popular.

Basta recordar que, na Romênia, foram servidores do Conde Wladimir da Ordem do Dragão, mais conhecido como o Conde Drácula, ainda hoje estando presentes entre sua população e alvo de muitos preconceitos seculares.

Devido à sua vida livre, eles sempre foram considerados como uma grande ameaça na Europa, principalmente no período feudal, pois poderiam influenciar a população dos feudos a pensar na liberdade até então proibida e coibida - tanto pelas invasões de inimigos quanto pela necessidade dessa mão-de-obra nas plantações e produções dos senhores feudais ou da própria igreja -, principalmente os agricultores reduzidos a um regime servil, e por isso, perseguidos pelos nobres e inquisidores a seu serviço.

É só recordar das diversas histórias de ciganas bruxas ou posteriormente o conto do Corcunda de Notre Dame e a cigana Esmeralda, ou a verdadeira história de Carmem (morta em Sevilha em 1841), que se tornaria uma ópera por Bizet.

Existem três lendas que os unem ao cristianismo, sem jamais deixar a alcunha que receberam através dos séculos de artesões, espertos, hospitaleiros ou ladrões e principalmente a transmissão oral de conhecimentos, pois até aqui ainda não existe a escrita:

A primeira, Quando estavam em fuga para o Egito, os ciganos pregaram ao contrário as ferraduras da mula que levava Nossa Senhora sendo conduzida por São José - de quem eram amigos -, e assim os guardas de Herodes acharam que as marcas vinham e não iam para fora dos domínios de seu reino, mostrando aqui talvez uma forma de ensinar outros ciganos a se livrarem de perseguições com uma simples solução.

Outra, Quando ocorreu à crucifixão o cigano presente ao acontecimento que em algumas versões era o ferreiro que produziu os cravos e em outra um espectador do acontecimento fora do normal, roubou um dos quatro cravos para que Jesus não sofrer tanto na cruz - motivo pelo qual foram usados apenas três -, sendo que o mesmo ele o escondeu em sua goela, o que nos recorda o número circense do engolidor de espadas, sendo uma técnica conhecida por quem faz tal número, sendo os circos muito conhecidos por serem seus integrantes (fora os agregados) famílias ciganas.

U STAR NÁGLI

Penéla u parmísso:
Star nágli hísle peráit
Fir ti kerén ti merél i Retáres.

Jek vintákri ciáj dikjás,
Forpái ap i hígla,
Har giálesli ap u drom fon u vélto.
 
Jek kórkoro ciordásli,
U kurmáskro na haiciardáspes.
 
Unt Jov viás kiáke nágaldo.
Mit trin nágli ap u kráizo.
 
U stárto náglo ciás i sinténgro gi
mit i láida fon u Retári.
 
Penéla u parmísso.

OS QUATRO PREGOS

Quatro pregos eram forjados
para fazer morrer o Redentor.
 
Viu-os uma filha do vento
que atravessava a colina
no seu caminhar pelas estradas do mundo.
 
Um apenas subtraiu,
que o soldado não percebeu.
 
E Ele assim foi crucificado,
com três pregos somente.
 
O quarto prego comungou a dor
dos Sintos ao Redentor.
 
Diz a lenda.

A terceira, Quando - com os exilados de Israel pelo porto de Haiffa - Santa Sarah chegou às costas da França, em Camarge, da Provença, foi auxiliada a chegar à terra firme pelos ciganos que foram por ela evangelizados e batizados, se tornando posteriormente sua padroeira. Ocorre aqui um contato com os mesmos, que ainda seriam nômades e comerciantes, mas que tiveram conhecimento do cristianismo com a Santa discípula de Jesus Cristo, que recebera o dom do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, de falar essa língua, sendo assim designada por DEUS para falar com os seus filhos ciganos.

Na história Cristã Católica, Santa Sarah Kalí ou Negra foi natural da Etiópia, viveu no século I da era cristã, (foi vendida pelos seus como escrava em terras do Egito - que mantinha grandes relações comerciais com a Núbia e Etiópia -, foi comprada por José de Arimatéia e, segundo a lei mosaica, ganhou a liberdade e seu sustento trabalhando para as duas Marias que acompanhavam Nosso Senhor, e foi discípula de Jesus Cristo e uma das mulheres que o seguiam e serviam, inclusive participando do cenáculo no dia de Pentecostes [12].

Quando começou o choque das religiões entre judaísmo e o cristianismo nascente, culminando com o martírio do 1º bispo de Jerusalém, S. Tiago (de Compostela), aproximadamente no ano 40 d.C., ocorreu a expulsão dos cristãos dos territórios judeus, motivo pelo qual depois disso foi banida com outros cristãos, sendo jogados em um barco (desprovido de qualquer forma de direção ou mantimentos, será nesse momento memorável quando ela fará uma promessa para DEUS, de usar um lenço o resto de sua vida, para que ele os salve do mar) no Mediterrâneo e suas correntezas os levaram até as costas da Camarga na França, onde desembarcaram com a ajuda dos ciganos que estavam passando pelo local (história não oficial e contada por algumas pessoas).

Ali, deram início à evangelização daquela gente, até sua morte, sendo Santa Sarah, Santa Maria Jacobé e Santa Maria Salomé sepultadas na casa igreja (esse local hoje é conhecido como Santas Marias do Mar). Durante uma reforma no séc. XV, suas relíquias foram encontradas e receberam o reconhecimento oficial da igreja em 1448 d.C., no pontificado do Papa Nicolau V.

Seguindo as normas da Contra Reforma, foi canonizada em 1712 d.C. pelo papa Clemente XI (pois para receber o título de Santa ou Santo é necessário ser mártir pelo evangelho ou ter sua vida dedicada a fé cristã) e seu culto (dentro de um templo cristão) ficou restrito à França até 1998, quando na Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Santos (antiga Dos Pretos), ganhou uma pequena imagem, que deu lugar a uma de maior porte (seguindo o estilo Românico da Idade Média) em 2004.

Assim, passaram os ciganos a freqüentar essa igreja, onde todo ano (no dia 24 de maio) ocorre missa festiva, com a presença de várias etnias ciganas de Santos, vestidas com suas roupas típicas.

4. OS DEGREDADOS DO SÉC. XVI EM PORTUGAL E NO BRASIL

Depois de tantas perseguições pela Europa, com a posse de terras Americanas, os ciganos conheceriam de forma forçada, como tantas outras etnias, outra terra.

Em 1574, o cigano João Torres pisou em terras ameríndias como degredado, por ser gitano, mas um dos motivos foi que eram necessários mestres ferreiros na colônia para o fabrico de tudo o que fosse útil e necessário, desde uma arma ou dobradiça até uma ferradura.

Outra leva significativa ocorre em 1686, quando mais gitanos chegam degredados ao Brasil pelo Rio de Janeiro, Maranhão e Pernambuco, tornando-se populares pelo seu dom do oráculo, principalmente depois de 1756, quando o Marques de Pombal, "O maldito", que os qualificou de "perturbadores da ordem social" - evidentemente imposta pelo absolutismo e nobreza que não queria idéias de liberdade - os colocou para trabalhar nas obras públicas da cidade, como forma de condenação e economia para os cofres reais, que não precisavam pagar por esses serviços, sendo muitos outros degredados.

Foi com a família real em 1808, que viria mais um mestre cigano, muito conhecido pela sua habilidade em domar cavalos e ferreiro.

Jean Baptista Debret, o artista que foi contratado para fazer registros do Brasil por dom João VI, retratou uma casa cigana nesse período, onde além de escravos podemos ver hábitos nômades, como descascar frutas sobre uma tina cheia d'água e sentar-se ao chão, ou o uso de jóias de ouro em excesso, que era a poupança da época, também não foge ao registro o excesso de rendas nas roupas, uma característica que persiste até hoje.

4.1 As perseguições

Até então, os grupos de ciganos que andavam pela Europa eram, na melhor das hipóteses, degredados para outras localidades, e posteriormente, no séc. XVI, para as Américas, e na pior delas, exterminados por preconceito, intolerância, superstições e todo tipo de ataque que sempre sofreram. Muito de sua história era perdida, desde a origem de uma família até costumes, tradições, crenças, receitas etc.

A cultura dos ciganos no séc. XX foi considerada uma ameaça e inferior à raça humana pelos nazistas e, durante o período da 2ª Grande Guerra, os campos de concentração e lugares de extermínio foram ocupados por milhares de ciganos, que perderam suas vidas e seu rico patrimônio material e cultural, considerado uma ameaça ao pensamento nazista.

Hoje se acredita que parte do ouro arrecadado nos campos de extermínio tenha origem cigana e não só unicamente judia como alguns historiadores menos informados relataram: sabemos que judeus nunca usariam medalhinhas com Nossa Senhora do Rocio, Jesus Cristo, crucifixos, bentinhos etc.

Muitos grupos mais uma vez empreenderam uma migração ou fuga dos territórios de domínio nazista, vindo para as Américas e principalmente o Brasil.

Em algumas regiões do Leste europeu, como na Moldávia e Transilvânia, ciganos foram escravizados por 500 anos, forçados ao trabalho, negociados como mercadoria entre os senhores feudais e extirpados de toda forma de propriedade (Fraser, 1995, pp. 223-6; Hancock, 1987). Segundo a descrição do reformador e abolicionista romeno Kogalniceanu, pelas ruas se viam:

[...] seres humanos acorrentados pelos braços e pernas, outros com grilhões de ferro nas cabeças e outros ainda com coleiras de metal ao redor dos pescoços. Eram punidos cruelmente, seja pela fome, pelo confinamento solitário ou sendo jogados nus na neve ou em um rio congelado [...]. Da santidade do casamento e dos laços familiares eram feitas zombarias: a esposa era separada de seu marido, [...] as crianças tomadas da mãe e vendidas como gado a diferentes compradores pelos quatro cantos da Romênia. (in Fraser, 1995, p. 224)

Na Espanha e em Portugal, os ciganos eram freqüentemente condenados às galés, ou então degredados para as colônias de além-mar. Por exemplo, em Portugal, a provisão de 17 de junho de 1694 declarava que "todos os que tiverem entrado neste Reino saiam dele em termo de dois meses, com pena de morte, e, passado o dito termo, serão havidos e banidos e se praticará com eles a pena de banimento na forma da lei".

5. OS NÔMADES DO SÉC. XX DA ESPANHA DE FRANCO

Devido à Guerra Civil Espanhola contra os comunistas, o generalíssimo Franco, para evitar que houvessem guerrilheiros disfarçados de grupos ciganos ou que eles mesmos fossem vítimas dos inimigos e até auxiliassem os comunistas, os ciganos foram obrigados a se fixar em bairros, sendo maior a população da Catalunha, Vascongadas, Astúrias e Madrid.

 Igualmente qualquer idioma ou dialeto fora do Castelhano foi proibido para evitar divisões culturais, entre eles o Gaélico, Catalan e finalmente o Romanes [02], que era falado nas famílias de forma oculta, mas em locais públicos e em eventos sociais como procissões, festas, reuniões cívicas os ciganos se limitavam a falar o castelhano, mantendo como os gallegos [06], sua língua mais isolada e viva, mas ai vai surgir uma possibilidade de termos registros da língua e história até esse momento dos ciganos.

Dentro desse universo, quando cheguei com minha mãe na Galícia região norte da Espanha, fui recomeçar meus estudos do que chamamos hoje de Ensino Fundamental, o professor sendo de Madri, desenhou na lousa um abacaxi e perguntou se alguém conhecia o que era aquilo, eu levantei a mão e falei o nome "abacaxi", ele veio até a minha carteira e me deu um forte sopapo, dizendo, "No me hables em esta lengua estúpido" (Não me fale nessa língua estúpido), ou seja, ele entendeu que eu estava falando gaélico e não o castelhano que era a língua obrigatória do país nas instituições públicas.

Nos bairros que surgiram e ainda existe com a maioria de kalés [07], a língua romani é muito difundida, inclusive muitas palavras sendo absorvidas pela população não cigana, assim surgem nomes como o famoso gaijo português ao se referir a um jovem, proveniente do gadjo [08], ou nomes dados aos Santos Cristãos como é o caso de Nossa Senhora da Esperança mais conhecida como La Virgen Makarena ou simplesmente Maká, em uma pura expressão cigana, igualmente as expressões como "mala raça kalé", que da briga entre casais ciganos passou para as expressões populares durante brigas nos anos de 1960, inclusive um grupo de música popular semelhante ao nosso movimento da Jovem Guarda chamado "Los Payos [09]", nome dado aos não ciganos em alguns locais.

Segundo Juan de Dios [15], o termo gadyé, gaze, gadjé, gachó, gadyí, gachi, gadyó, equivale a fulano em castelhano, sendo gachó para homem e gachí para mulher. Outra palavra a que se refere a boemia, vem de um termo francês "Bohémiens ou Boumians", devido ao salvo-conduto, outorgado pelo rei da Bohemia, já mencionado, com o qual os ciganos entraram pela Europa no séc. XV.

Se muitos afirmam que os ciganos vieram da índia, Egito ou outra parte do mundo, nem a Índia e nem outros povos querem ser responsáveis pelo surgimento do povo dos ventos os egpitanos para não ceder territórios que venham a ser exigido por eles, o que é difícil devido a seu nomadismo que é uma das principais características dos ciganos.

No universo musical é perceptivo que os instrumentos de corda são populares entre os ciganos, entre eles as violas, violões e violinos, tendo sua origem na Europa.

Os pandeiros são de origem árabe e indiana, juntos são conhecidos como uma verdadeira identidade dos ciganos por todo o mundo.

As mulheres dançam fazendo sinais muito antigos da cultura indiana as mudras [16], geralmente feitas pelas mulheres ao dançar, podem indicar a um rapaz que ele a agrada, ou que a mulher é delicada e prendada, inclusive quando usam os populares leques associados às roupas femininas que em muito lembram a Índia, assim como muitas pronúncias são daquela língua, igualmente os homens durante a dança, vão demonstrar sinais próprios que recordarão a milenar linguagem das mudras, principalmente nas danças sevilhanas e flamencas.

E ainda, em último caso, seriam todos os ciganos obrigados a "seguirem para as conquistas da África ou das Índias" (Pieroni, 1993, p. 120). Conseqüentemente, os primeiros ciganos a aportarem no Brasil expressam o efeito da aplicação de políticas persecutórias de Portugal. Em sua maioria Calons (matriz étnica dos ciganos ibéricos), que de uma forma ou de outra contribuíram para o povoamento das áreas mais inóspitas do território, constituindo-se ainda como mão-de-obra barata, dedicados especialmente ao mercado paralelo de escravos (Donovan, 1992, p. 36).

6. ROMANI, UM IDIOMA IGNORADO PELO MUNDO

Conhecidos pela sua pele morena como Kalés na Espanha, falando o Romanes tardio com influência do Sânscrito o Kali ou negro, sua língua o Romaní que é transmitida de forma oral até o início do séc XX, passará a ser transmitida de forma escrita, quando alguns ciganos alfabetizados irão fazer registros nela que também é chamada de Romanes, sendo inclusive encontrada em documentos na Internet, possibilitando as pesquisas chegando-se ás afirmações depois de muita discussão que muitas palavras têm origem na língua Hindu.

Essa mesma língua vai sofrer influência conforme o local do planeta onde tenham ciganos que façam uso dela, surgindo assim variantes ou acréscimo de palavras, como a nossa alface de origem árabe, algumas palavras únicas farão parte do dialeto do grupo cigano como única forma de união cultural de um passado e origem distante, sendo uma língua em constante mutação como todos os idiomas falados no mundo.

6.1. Las mujeres y las señales de los abanicos

Paco paquito;

vendio el abanico;

para casar-se com la costurera.

La costurera;

vendió la tijera;

para casar-se com Paco Paquito.

Marchando-se para su casa, Paco pasa por la plaça, donde ello encuentra três gitanas hermosas como son todas ellas de nuestro pueblo de los vientos, ay KACHI KALI.

Uma lê llama y lê muestra con el manear de los dós pies y el abanico que és viuda, tendra mucha plata, asi que se acerca, Virgen Macarena, se escucha un trrrrrrrr del abanico sendo abierto.

La outra és casada, pero desas que no és mucho todavia, asi manea el pie esquierdo y lê llama com el abanico, ello se acerca de ella, Virgen del Rocio se escucha outro trrrrrrrrrrrrrr, se abrio outro abanico.

Por su vez, la outra lê llama com el abanico y manea el pie derecho, és soltera, ay Virgen de Cubadonga, ello se acerca y escucha um outro trrrrrrrr, my madre outro abanico abierto.

És Santina la costurera que ace una señal con el abanico, muy conocido de Paco Paquito, pues era de su madre la Doña Savela Carballa, pero lo quiere ella hablar com ello allá em el jardin?  Bueno, asi pone un abanico conocido em su ombro apuntando la direcion cierta a tomar.

La viuda bate com el abanico em su pecho, asi lê disse que no se gusto de ello por la Virgen del puno seco, que mujer.

La casada pero no mucho, bate com el abanico em la palma de su mano, és su hombre que viene, mi Virgen del Camino, habra cuero se no se saca de alli, que tunda llevará.

La soltera, pasa su abanico por aquellos lábios color rubros de rosa, asi lê deseó um beso y se marcha maneando su abanico, por la Virgen de la Soledad, pobrecita, realmente se apaciono por Paco el Paquito.

Asi Santina se gano lãs platas com su trabajo de costurera y se compro a lo abanico de su chaval y su tijera, e se caso com Paco Paquito.

Quien te cuenta está história?

Yo, Paco Paquito.

Sastimus!

Prof. Historiador Paco Carballa, recolhido na Galícia nos anos 60.

7. NECESSIDADE DE SE TRANSMITIR O IDIOMA

Com a globalização ocorreu uma considerável perda da cultura e do idioma Romani, assim ocorreu uma necessidade de se encontrar locais para transmitir essa língua em perigo; foi o caso da Espanha, onde existem muitas escolas onde se fala o romani, para que as crianças, ao se tornarem adultos, tenham acesso à sua cultura e sua história.

A forma de avaliação é diferenciada, pois o grupo é totalmente diferente das populações sedentárias; sendo assim, os ciganos tem métodos diferenciados de ensino e avaliações.

Veja em anexo A – Lista de escolas com predominância cigana

7.1. Nômades urbanos

Existem grupos ciganos que são nômades no meio urbano, quer seja pelo desejo de mudar de endereço por vontade própria ou necessidade, quer seja por força de autoridades contrárias a sua presença, ou pela população que os manda sair de suas moradias; são muitas vezes pessoas que não querem falar com os não ciganos, pois a desconfiança e o receio, tanto de gadjos como de Romás, é mutua, coisa que muita gente ignora.

Esses grupos fazem questão que seus filhos freqüentem escolas segundo suas possibilidades, particulares para os que têm mais condições e públicas para os menos favorecidos.

7.2. Nômades rurais

Ainda existem raros exemplos de carroças com tração animal, mas o uso de trailers é o mais comum, devido à modernidade que oferece, principalmente aos nômades circenses.

Ainda podem viver em acampamentos com certa modernidade, como rádios, TVs, aparelhos domésticos e demais eletrodomésticos, geralmente alimentados por baterias ou eletricidade que seja comprada ou ofertada.

Esse grupo de ciganos tem dificuldades para mandar seus filhos a instituições de ensino, sendo muitas vezes a transferência de escolas sua única forma de instruir seus filhos ou deixá-los com parentes que vivam de forma sedentária.

7.3. Nômades interestaduais

São aqueles que vagam por todo o Brasil sem fronteiras, chegando a passar por países vizinhos aos limites de nossa nação. Geralmente seus filhos têm muita dificuldade de receber instrução em uma instituição de ensino, motivo pelo qual ou não a recebem ou igualmente deixam as crianças com parentes que tenham uma vida fixa.

O Ensino de presença flexível que funciona em Santos, conhecido pelo nome de CESMA, tem sido a única forma que muitos ciganos nômades e semi-nômades, no meio rural ou urbano, encontraram para conseguir uma instrução ou a comprovação de que têm certo nível de instrução. Sempre de forma discreta e sem se identificar como ciganos, essas pessoas recomendam essa forma de ensino umas para as outras.

7.4. Semi-nomadismo

Pessoas fixas em moradias urbanas, adaptadas para o gosto cigano e que ficariam nesses locais entre 2 a 10 anos, mudando de endereço logo a seguir, por não suportar permanecer mais tempo no local. Seus filhos têm mais facilidade para freqüentar escolas, sendo a transferência efetuada somente em último caso, se a nova residência for muito distante do local da escola.

7.5. Não nômades

Como na Espanha de Franco, muitos ciganos se fixaram por todo o mundo, inclusive no Brasil, sendo sua maior concentração conhecida no Estado de São Paulo na cidade de Campinas, carecendo de um censo em todo o Brasil que possa afirmar ou negar tal informação. Ali seus filhos estudam em escolas normais, ou escolhidas para concentrar uma grande quantidade de crianças ciganas, chegando inclusive a cursarem o nível superior ou se especializarem em profissões acadêmicas.

7.6. Criptociganos

Pessoas que ignoram sua cultura de forma proposital ou involuntária, sendo que devido às constantes perseguições, muitas mães ou homens evitam falar sua origem para seus filhos, temendo pelo mesmo destino. Seus filhos estudam e absorvem a cultura local, chegando a cursar o ensino superior sem sequer desconfiar que descendam do "povo do vento [13]".

7.7. Cultura em mutação

Como toda cultura se adapta ao tempo, sendo que o cigano da Idade Antiga em nada tem a ver com os trajes dos ciganos da Europa Oriental do século XIX, que com seus trajes deixaram uma marca cristalizada no pensamento de muitas pessoas mostrando - em poucas imagens de filmes - que aquelas roupas são as legitimas do povo cigano do mundo inteiro, sem contar com as diferenças de região e grupo étnico.

Tanto sua língua quanto cultura, que sofrerá constantemente uma transformação gradativa ao tempo, adaptando seus costumes às novas realidades do mundo e acrescendo de novas condecorações, seus trajes e gírias.

"[...]as pessoas, mesmo hoje, dez milhões de anos depois, ainda dizem que os ciganos sabem tudo. E é verdade. Eles vivem bem nestes dias, e nós vivemos ainda melhor. [...] " — Lazaros Harisiadis, cigano grego (traduzido por Diane Tong), Gypsy Folk Tales - TEEUWYNN, Ciganos, no mundo das trevas, introdução, p 5. )

8. INSTRUÇÃO DOS NÔMADES

A tradição de passar o idioma Romani se passa de pai para filho com o convívio diário das famílias, segundo o ramo da mesma, havendo diferenças de grupo para grupo, segundo a influência de sua procedência. Assim essa transmissão é oral.

Devido à não fixação em uma localidade e a mudança constante de um lugar para o outro, não existe a possibilidade dos ciganos colocarem seus filhos em escolas públicas ou privadas, sendo possível aprender a ler e escrever se alguém do grupo o sabe e como era comum no Brasil colonial o ensine ao seu semelhante.

Esses grupos geralmente desconfiam daqueles que não são nômades, havendo também uma diversidade cultural nos costumes onde o mais velho é respeitado. Vendo-se o que ocorre na educação atualmente, a indisciplina em sala de aula seria vista como uma ameaça à cultura dos nômades, muito regrada no respeito ao mais velho do grupo.

Os ciganos estão sendo vítimas no mundo inteiro de religiões oportunistas interessadas em tirar lucro de seus fiéis, pessoas interessadas em conhecer segredos da cultura para uso próprio e divulgação sem reverter auxílio aos detentores da mesma ou ainda fazer uso de elementos culturais para extorquir dinheiro de pessoas menos esclarecidas e assim passarem por videntes, curandeiros ou feiticeiros, sem ser ciganos e apenas usando o nome do povo ou poucas palavras do idioma retiradas da Internet, sendo muitos os casos que acabam em polícia e denigrem os ciganos verdadeiros - esse será o motivo pelo qual muitos evitarão se identificar como ciganos na sociedade.

8.1. Instrução dos semi-nômades urbanos

Existem muitas crianças e jovens que estudam em escolas públicas e privadas, pertencendo os mesmos aos grupos de ciganos ou descendentes.

Ocorre sempre um choque cultural muito grande entre essas pessoas e o meio em que vivem, muitas vezes levando os estudantes a uma ruptura muito grande com o meio cultural de seus parentes, tentando os mesmos indivíduos se adaptar na cultura do meio urbano, rompendo os laços com seus antepassados e ficando assim mais distantes da cultura que, com isso, se torna ameaçada, sendo a educação o motivo principal dessa ameaça.

Outro problema comum se refere justamente aos trajes típicos, que muitos grupos não trocariam por uniformes de gadjos, sendo a roupa uma forte identidade cultural e de orgulho milenar.

Seria interessante existir um uniforme adaptado à roupa cigana com as cores da instituição, mas o modelo tradicional do grupo, tipo o vestido e saia até os tornozelos para as ciganas e o Shadô [04] para as muçulmanas.

8.2. Instrução dos não nômades

Esses geralmente terão um melhor acesso a educação para seus filhos, chegando muitos ao nível superior de formação e ocupando empregos ou cargos públicos. Diferentemente dos seminômades urbanos, que necessitam de um acompanhamento pedagógico intenso, em detrimento da falta de fixação em uma região.

Referente ao pensamento dos não nômades, a instrução se baseia no método de aprendizagem por aptidão, inversamente proporcional, são os ciganos que devem aprender todos os meios de se obter dinheiro e alimentação para o próprio sustento.

Imagina-se que existam 15 milhões de ciganos espalhados pelo mundo. Como tudo relacionado a esse universo, essa é só uma estimativa – eles vivem à margem da sociedade e não costumam participar de pesquisas de censo demográfico.

E isso, por si só, já é uma polêmica. Em maio deste ano, o premiê italiano, Silvio Berlusconi, autorizou que fosse feito um censo especial para mapear a presença de ciganos sem moradia fixa na periferia das grandes cidades italianas. O censo incluiria dados como etnia, religião e impressão digital – que não são exigidos na identidade dos italianos. Os ciganos saíram às ruas em protesto, argumentando que essa seria uma ferramenta racista e discriminatória.

9. DIFICULDADES COM A INSTRUÇÃO INFANTIL DOS CIGANOS

A dificuldade de fixação dos ciganos torna quase impossível uma vida escolar com um ano letivo completo. Esse tem sido uma das lutas dos mesmos, para que seus filhos se tornem incluídos em escolas e possam ter sua transferência de uma para outra segundo a necessidade de mudança de região, havendo assim a luta freqüente por esses grupos, ainda mais com a nova Cartilha dos Direitos dos Ciganos em voga.

Muitas crianças ciganas são alfabetizadas em escolas públicas; ali muitas delas acabam por rejeitar a cultura de seus antepassados, o que vem a ser justamente o temor dos mais velhos, que não aceitam essa perda cultural de seus filhos.

Menina Bony e menino Kim, filhos da divulgadora da cultura cigana Imar Lopes; Letícia filha do cigano Rom Ramirez; Pedro, filho da massoterapeuta e profissional de dança cigana Drina.

"A maior falha da literatura sobre os ciganos, tanto a oficial quanto a acadêmica, é a super-generalização; os observadores foram facilmente levados a acreditar que práticas particulares de um grupo são universais, com a conseqüente sugestão de que qualquer grupo que não seguisse as mesmas práticas não seriam "verdadeiros ciganos" (Acton, 1974, p. 3).

Devido ao medo das perseguições, essas pessoas não querem que seus nomes sejam registrados em documentos públicos aqui revelados, a não ser seus nomes pelos quais são conhecidos no meio cigano, o que vem mais uma vez mostrar a desconfiança que existe entre os ciganos e não ciganos até os dias de hoje.

10. PROFISSIONAIS E DESCENDENTES DE CIGANOS.

Cigana Manucha, esposa de Rom Ramirez, cursando o 3º ano supletivo em Santos SP.

Cigano Rom Ramirez, cursando o Ensino Técnico em Contabilidade em Santos SP.

Escritor e historiador da cultura, o Cigano Karlos "Kabulin" foi alfabetizado em 1978 até segundo grau completo, sendo semi-nômade escreve todos os relatos e experiências que recolhe relacionada ao povo cigano no Brasil.

Professora de Dança, a Cigana Juceley estudou até o Ensino Médio completo, ocupando o cargo de concursada na Secretaria de Cultura de Praia Grande SP.

Professora de Dança Cigana, Clarice estudou até o Ensino Médio completo, ocupando o cargo de concursada em Santos na Polícia Federal do Estado de SP.

Advogada defensora das causas e da gente, Cigana Viviane, sendo licenciatura plena em Direito exerce a profissão de advogada em Santos SP.

Prof. estadual, o Cigano Paco Carballa, professor da Rede Estadual de Ensino exerce o cargo de Professor de História e historiador, portando o diploma de licenciatura plena.

Artista plástica, a cigana Magda Paduan, formada Artes Plásticas e Pedagogia com Licenciatura Plena.

Professora Cigana Ingrid Ramanush, esposa do senhor Cigano Ramanush, bacharel em Matemática e Física pela Pontifícia Universidade Católica de SP.

Prof. USP, o Cigano Ramanush, ocupando a cadeira de Ciganologia. Nicolas Ramanuch é conhecido no meio cigano por ser um professor de nível superior e ter editado os dicionários de Tupy Guarany-Português e de Romani-Português, sendo um exemplo dos ciganos galgando níveis superiores de ensino.

11. ESCRITA ROMANI

Com o evento da passagem da língua cigana ou Romani para as letras latinas, muitas particularidades da cultura do "Povo do Vento", puderam ser registradas inclusive a cristianização ocorrida na Europa; podemos assim ter as preces cristãs mais comuns registradas nesse idioma e a oração da sua padroeira Santa Saráh Káli.

Exemplos traduzidos por pessoas capacitadas foram recolhidos das narrações de pessoas mais velhas de grupos ciganos estão aqui registrados, onde podemos perceber uma adaptação para os diversos idiomas do mundo onde possam ter sido traduzidas, ficando a curiosidade que a palavra amém [14], de origem judia, é falada na forma do idioma árabe "Amin".

11.1. Padre nosso

Amaro Dad kaj san andz-o devel,

sumnal te ovel Tirro anav,

te ovel Tirro thagaripen,

te kerel pes Tirro mangipen,

sar andz-o devel, kadja vi p-i phuv,

Amaro marro savorre djivesenqo,

de les amenqe avdjives,

thaj mekh rigadz-e amare dosha,

sar vi ame mekhas rigadze e dosha amare doshalenqe,

Thaj na inger amen andz-o xoxavipen,

thaj arakh amen kadzar o nasulipen.

Amin.

11.2. Padre nosso em português

Pai nosso, que estais no céu

Santificado seja o Vosso nome,

Venha a nós o Vosso reino,

Seja feita a Vossa vontade,

Assim na terra como no céu.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje.

Perdoai as nossas ofensas,

Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.

E não nos deixeis cair em tentação,

Mas livrai-nos do mal,

Amém.

11.3. Ave Maria

Yov sasti Mari, pherdi dey,

Devel tusa,

punidi tu mashkir jul'ende,

thaj punido tire and'ako phel, Isos,

San Mari, Develeskiri day,

mang Devles vash amenge papanenge,

akana thaj and-e amare meripaskiri hor.

Amin.

11.4. Ave Maria em português

Ave Maria, cheia de graça,

O senhor é convosco,

Bendito sois vós entre as mulheres,

Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.

Santa Maria, mãe de Deus,

Rogai por nós os pecadores,

Agora e na hora de nossa morte.

Amén.

11.5. Glória

Shar Dadeske, Chaveske thaj San Phurdeske,

Sis isis ad aramb, thaj akana thaj sarda,

thaj ade sid'a thaj sid'a.

Amin.

11.6. Glória em português

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo,

Assim como era no principio agora, agora e sempre,

Por todos os séculos dos séculos.

Amén.

11.7. Oração de Santa Sarah Kali

Maglimos katar e Sta Sarah Kali

Tu ke San Pervo Icana Romli Anelumia

Tu Ke Daradiato Lê Gajie,

Tai Chudiato Anemaria Thie Meris Bi Paiesco

Tai Bocatar Janes So Si e Dar, E Bock,

Thai O Duck Ano Ilô Thiena Mekes Murre

Dusmaia Thie Açal Mandar

Thai Thié Bilavelma Thie Aves Murri Dukata Angral O Dhiel Thie Dhiesma Bar, Sastimôs

Thai Thie Blagois Murro Traio Thie Diel O Dhiel.

Amin.

11.8. Oração de Santa Sara Kali em português

Tu que és a única Santa Cigana do Mundo,
Tu que sofrestes todas as formas de humilhação e preconceito,
Tu que fostes amedrontada e jogada ao mar,
Para que morresses de sede e de fome.
Tu que sabes o que é o medo. A fome, a mágoa e a dor no coração.
Não permitas que meus inimigos zombem de mim ou me maltratem.
Que Tu sejas minha advogada perante o Deus

Que Tu me concedas sorte, saúde, paz e que abençoe a minha vida.

Amém.

Traduções: Mihaela Zatreanu, Sergi Rodríguez e Rom Harold. Versão do dialeto “Estandarte da língua gitana”, aprovada pela União Romaní Internacional no seu IV Congresso Internacional (Varsòvia, 1988).

11.9. Hino cigano

Dgelem, Dgelem
Dgelem, Dgelem lungone dromentsa
Maladjilem bhartalé romentsa
Ai, ai, romale, ai shavalê
Naís tumengue shavale
Patshiv dan man romale
Ai, ai, romale, ai shavalê
Vi mande sas romni ay shukar shavê
Mudarde mura família
Lê katany ande kale
Ai, ai, romale, ai shavalê
Shinde muro ilô
Pagerde mury luma
Ai, ai, romale, ai shavalê
Opré Romá
Aven putras nevo dromoro
Ai, ai, romale, ai shavalê

11.10. Hino cigano em português

Dgelem Dgelem
Caminhei, caminhei longas estradas
Encontrei-me com romá (ciganos) de sorte
Ai, ai ciganos, ai jovens ciganos
Obrigado rapazes ciganos
Pela festa louvor que me dão
Eu também tive mulher e filhos bonitos
Mataram minha família
Os soldados de uniforme preto
Ai, ai ciganos, ai jovens ciganos
Cortaram meu coração
Destruíram meu mundo
Ai, ai ciganos, ai jovens ciganos
Pra cima Romá (Ciganos)
Avante vamos abrir novos caminhos
Ai, ai ciganos, ai jovens ciganos!!!

Fonte: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Departamento de Antropologia

12. RELATOS E HISTÓRIAS ATUAIS DA VIDA DOS CIGANOS

Você sabe porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecido? O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito. Para cobrir esta distância, precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro.

Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena. Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam, somente sussurram.

E quando o kambulin (amor) é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta. Seus corações se entendem. É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.

Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, pois chegará um dia em que a distância os separem de vez. O coração é dividido em 4 partes, onde você guarda o amor, o ódio, a esperança e a saudade, o espaço da saudade esta sempre preenchido, porque você sempre sentirá saudades de alguém, assim como sempre sentirá esperança em algo. Mas o espaço do ódio, você pode deixá-lo livre? O que sobraria + espaço p/ o amor, isto mesmo se você não sentir o ódio, poderá preencher este espaço com + amor, e amando + será + feliz + saudável + amado, precisará de menas saudades, e menas esperança, o que sobraria lugar p/ + amor, e amaria muito +

A ponto de ter seu coração preenchido 90% de amor, ai você entenderia porque um gipsye ama tanto, você se tornaria um amigo melhor, 1 pai melhor, 1 filho melhor, enfim uma pessoa melhor, e transmitindo este amor + pessoas amariam + e um dia o mundo seria um mundo com 90% de amor, assim como o seu coração e seria um mundo "quase perfeito", um mundo gipsye, nós cigano não somos a maioria, + amamos verdadeiramente , só depende de nós, e pensem: amar é tão bom.

Na festa de lua cheia, foi aí que tudo começou, uma cigana que estava prometida sua alma gêmea encontrou, era um cigano misterioso foi chegando no acampamento olhos nos olhos coração acelerado Nascia assim um grande sentimento está no brilho do cristal, e no fogo da fogueira Na energia do ar estava escrito nas estrelas está nos búzios está nas mãos e nas cartas sobre a mesa, foi assim que o destino preparou esta surpresa e Vim cumprir uma promessa que foi feita há muito tempo sou teu gipsye prometido desde o nosso nascimento Gipsye e lúcia se casaram três dias de festa é a tradição, O dai puri celebrou a cerimônia, santa saara abençoou esta união, “o pior momento no amor é quando sabemos que ele deve morrer e não temos forças para matá-lo,.e a certeza se realmente ele devesse morrer?

As vezes o peixe tenta se livrar do rio pq ele quer ganhar o mar, e ao ganha-lo se adapta e vive feliz e livre na imencidão do mar, e as vezes descobre que o mar é salgado, e se lembra de como era feliz no seu pequeno rio, mas se alguns peixes nao tentassem o mar era uma imensidão de agua sem vida, por isso que alguns peixes tem que sacrificar no mar,pois o amor pelo mar é maior que a trancuilidade e o carinho pelo rio, e ao se libertar do rio se jogando ao mar,sabe que é uma ida sem retorno e terá que se adaptar-se a agua salgada e matar de vez seu amor pelo rio,iniciando uma nova fase em sua vida. "o pior momento no amor é quando sabemos que ele deve morrer e não temos forças para matá-lo, e a certeza se realmente ele devesse morrer?"

Respeito gipsye - um grupo ciganos vai ao cemiterio no tumulo de um gipsye lá deposita um dente de ouro, um violão, uma garrafa do melhor vinho, uma bandeira cigana, uma imagem de santa sara, uma foto da familia, um cd do joão vitor" grupo los gitanos de la luma (paixão cigana)", um lenço, uma faixa pra cintura, um colete negro e dourado, e a adaga que o amigo mais gostava... Oram em silencio uma prece a diel e santa sara e em sequida cantam e dançam em homenagem ao gipsye querido um gadjo que esta no tumulo ao lado depositando flores a um parente , ri da situação com sinal de deboche o kalon olha para o gadjo e pergunta! Do que estas rindo gadjo? Gadjo diz! Como voce acha que seu cigano irá fazer para uzufruir de tudo isso que voces colocaram para ele? O kalon diz: do mesmo geito que seu parente fará para cheirar estas rosas que vcs colocaram para ele.

Moral da história: o mundo seria bem melhor se cada um respeitasse o espaço e a opinião do outro, suas crenças, etnias, raça, e etc. "respeite o seu proximo para ser respeitado", lembre-se somos todos irmãos perante a duvvel, nao brigue para saber quem tem mais dente de ouro,quem dança melhor, qual adaga mais cara, se o proximo é ou nao puro sangue, quem tem a calin mais bela ou o calon, qual caminhonete mais nova, e etc... E principalmente se o proximo é ou nao cigano, pois as vezes é so um simpatizante mas com tanto amor pelo nosso povo que ele passa a ser um cigano de alma e coração e muitas vezes mais cigano do que muitos de sangue, o importante é amar o povo cigano, respeita-lo, e nao manchar a nossa reputação, o povo cigano ja tem inimigos de mais vamos fazer desses simpatizantes um cigano de alma, e fortalecer nossa raça,e nosso povo. Autor gipsye gipsye de alma, de coração, de espirito,de sangue e principalmente de amor (kambulin). Bom final de semana a todos gadjos e aos ciganos de sangue ou nao.

Uma cigana luhh kambulin muito pobre telefonou para um programa evangélico de radio pedindo ajuda. Um bruxo q ouvia o programa, resolveu pregar-lhe uma peça telefonou p/ a radio e obteve o endereço do seu acampamento chamou seus secretarios e ordenou q fizesse uma compra e levassem p/ a cigana, com a seguinte orientaçao: quando ela perguntar quem mandou as compras, respondam q foi o diabo q enviou tudo aquilo! Ao chegar a casa,a cigana os recebeu com alegria e foi logo guardando os alimentos na sua tenda. Mas... Não perguntou quem lhe havia enviando. Os secretarios do gadjo bruxo, sem saber o q deveriam fazer, provocaram a pergunta: - a senhora não quer saber quem lhe enviou estas coisas? A cigana luhh gipsye kambulin, na maior simplicidade da sua fala, respondeu: - não, meu filho... Não é preciso... Quando deus manda, ate o diabo obedece!hãhãhã”..glorias!!! Ao o nosso deus é o duvvel das providencias!!! Fica com jesus!! Gipsye kambulin

Familia gypsie - gypsies são originarios do norte da india conhecido como (pequeno egito), onde passaram a ser chamados de egyptians na inglaterra, gyptians, e em sequida gipsy, eram vistos como boemios, tartaros, mouros e ate mesmo sarracenos,mistura de diversas tribos da india como: jats, dards, sindis, e roms que criaram o romani, derivado de rom viviam no maximo 7 anos em cada local,eram bizantinos(abeis com animais e metais), invadiam fazendas p/ comer frutas pois achavam que aquilo não deveria ter dono era da mãe terra, enfim de todos, e por isso foram chamados de ladrões, em 1492 o rei fernando os baniu da espanhã, em 1539 ruan c. Gipsy foi considerado chuvano (bruxo) e expulsos da frança, em 1560 de orleans, 1531 o rei henrique viii os expulsou da gran betanha e assim sucessivamente, onde sairam pelo mundo em vardos e vivendo em benders, na 2ª guerra mundial nazistas sitiados na frança fizeram 11 campo de concentração só para os posbrat (romani mestiço) onde morrerão 250 mil ciganos, por serem pagãos e veneravam obertsshi deus solar, e alako (a lua), alem de ganesha (deusa com cabeça de elefante) e alguns fugiram p/ o brasil, tornando-se nomades, aqui os padres pagavam p/ crianças batizadas e os ciganos alugavam crianças p/ faturar uma grana e por isso pegaram a fama de roubarem crianças, os grupos que + se destacaram foram os kalderaschi, gitanos, mamusch, e a união entre eles surgiram os blidari, rudari, lingurari, gipsye, costorari, ghilabori, locatuschi, salahori, vatraschi, ciabatori, lautari, meshiteri locatuschi, e zlatari, por isso um cigano puro com certeza é descendente de uma dessas tribos, ou de um clã descendente delas,surgiu "negra sara" ou sara de la kâli, que era egipcia empregada de maria jacobina mae de s. Jaime e s. João, certa vez nun nalfragio guiou-os ate uma praia distante orientando-se pelas estrelas, e tornou santa, hoje sua cripta fica na ilha de comarque, rio reno na igreja saintes maries de la mer, onde ate 1912 somente os rom poderiam visita-la e hoje aberto ao público."

Isto é o que meu avô me ensinou, não quer dizer que é a pura verdade, pois existem outras versões, que eu as respeito. "minha homenagem a charles god frey le land" o primeiro presidente da sociedade da tradição cigana em 1903". e ao sr. zurca sbano (capitão zurca) 1º presidente centro trad. ciganas em sp, carlos gypsie lima.

Observação: os erros ortográficos foram propositalmente mantidos para ilustrar melhor o grau de instrucionalidade dos ciganos semi-nômades; neste aspecto (o autor recolhe relatos de outras classes de ciganos, de modo popular) é revelado o cenário de vida atual do povo dos ventos. Relatados pelo cigano Karlos kabulin em 10/6/2010.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O grande lema do Povo Cigano é: "O céu é meu teto; a terra é minha pátria e a liberdade é minha religião", traduzindo um espírito essencialmente nômade e livre dos condicionamentos das pessoas normais geralmente cercadas pelos sistemas aos quais estão subjugadas.

Considerando que os problemas dos ciganos de instrução, fixação e analfabetismo são seus piores inimigos, vimos que a indolência das autoridades políticas são constantes, porém necessita-se de mais atenção para a preservação da cultura deste povo e indubitavelmente, podendo ser elevado à patrimônio da humanidade, reconhecendo que suas fronteiras nunca tiveram fim. Desde o período paleolítico até os anos atuais, o povo dos ventos se tornou muito adaptável de modo que podemos analisar através de seus movimentos diásporos, a capacidade mental, espiritual e física em que o ser humano pode alcançar.

O espírito livre e a despreocupância em demasia se tornaram marca registrada de uma atitude honestamente naturalística, para isto, vários registros foram mostrados de que ainda existem meios para livrar esta cultura de uma extinção uma vez que a modernidade chegou a um patamar de ócio mortal tanto para a natureza como para a própria capacidade de evolução mental, espiritual e física dos seres humanos.

Definir a identidade cigana é bem mais difícil do que parece. Subdivididos em 3 principais etnias (rom, calon e sinti), eles não constituem um povo homogêneo. Nem todos são nômades. Nem todos falam romani. Nem todos dançam ao redor de fogueiras ou usam roupas coloridas. Podem ser pobres ou ricos. Podem ser cristãos, muçulmanos, judeus. O que faz deles um povo é uma sensação comum de não serem gadgés – como eles chamam os não-ciganos – e de se identificarem como rom, calon ou sinti. "O termo 'cigano' só funciona nessa oposição", diz o pesquisador Frans Moonen, autor do livro Anticiganismo – Os Ciganos na Europa e no Brasil.

NOTAS

[01] - Visão onde Jesus Cristo é o centro do universo.

[02] - Idiomas milenares dos ciganos.

[03] - Não cigano.

[04] - Traje muçulmano para mulheres.

[05] – Nome dos ciganos da Europa Oriental.

[06] – Idioma oficial da Galícia ao norte da Espanha.

[07] – Kalé da palavra Kalí ou negra se referindo à pele amorenada e cabelos negros de boa parte dos ciganos ibéricos e seus descendentes.

[08] – Gadjo nome dado aos não ciganos adaptada como gíria em Portugal.

[09] – Cantaram as músicas como "Maria Izabel".

[10] – Povo que viveu na Suméria, atual região do Iraque e Irã.

[11] – Divisão social na Índia, onde realeza, profissões, ocupações, sacerdócio, comércio, títulos, e inclusive a condição de pobre, são transmitidas de forma vitalícia aos descendentes.

[12] – Atos dos apóstolos cap. 2 Vers. 01 /13.

[13] – Perífrase dada aos ciganos por estarem presentes onde existem os ventos dos pontos cardeais e da rosa dos ventos, ou seja, no mundo inteiro.

[14] – "Amém" em aramaico significa "assim seja", ou "estou de acordo".

[15] – Juan de Dios Ramírez Heredia, político e ativista Espanhol, nascido em Puerto Real (Cádiz) 29-6-1942. É advogado, licenciado em Ciências da Informação pela Universidade Autônoma de Barcelona, doutor em Ciências da Informação na mesma instituição.

[16] – Mudra, sinal feito com diversas posições das mãos e dos dedos, que representam uma palavra ou expressam um sentimento ou idéia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACTON, T. 1974 - Gypsy Politics and Social Change, London, Routledge/Kegan Paul.

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ANEXO A - LISTA DAS ESCOLAS DE PREDOMINÂNCIA CIGANA

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