ARBORIZAÇÃO

Liberdade lidera ranking verde

Levantamento da Semam mostra ruas da Cidade que abrigam mais árvores e, assim, tornam-se mais agradáveis

César Miranda

Da Redação

Paisagem inspiradora para uma foto, sombra cobiçada para alento de um trabalhador cansado, recanto ideal para a prosa descompromissada de aposentados, esconderijo perfeito para o derradeiro beijo na namorada antes de vê-la entrar na casa adiante.

Mais do que abrigo predileto de passarinhos, as árvores nas calçadas proporcionam em seu entorno a tranqüilidade necessária contra o estresse provocado por áreas densamente povoadas. Por ignorância ou vandalismo, há quem prefira talhar com objeto cortante um nome qualquer, despejar freqüentemente sacos de lixo ou torná-las um banheiro público.

A pedido de A Tribuna, a Secretaria Municipal de Meio-Ambiente (Semam) fez um levantamento das ruas mais arborizadas no Município. A campeã é a Rua Liberdade, evidentemente beneficiada pela sua extensão, que tem 354 árvores (veja a lista). Em alguns trechos da rua, a impressão que se dá é que vai se formar um túnel.

O ranking (N.E.: classificação, em inglês) fornecido pela Semam não inclui os canais da orla. Entre 2005 e 2007, já foram plantadas mais de 4 mil mudas de árvores na Cidade, entre elas quaresmeiras, patas-de-vaca e ipês de várias colorações (amarelo, branco e roxo).

Os conhecidos ingazeiros, chapéus-de-sol e flamboyants há muitos anos não são mais plantados nas ruas porque apresentam um crescimento vegetativo muito grande e desordenado. E os que existem estão sendo substituídos gradativamente por outras espécies mais adequadas ao solo e clima, e que não provocam danos nos passeios.

Benefícios - Para a chefe do Departamento de Parques e Áreas Verdes (Depav), Gisela Aparecida Rodrigues Álvares, alguns benefícios das ruas arborizadas são minimizar o calor nos dias quentes, liberar mais oxigênio na atmosfera, diminuir o ruído provocado pela poluição sonora, reter os micro-poluentes (fuligem) e ajudar na absorção de água.

"Mas, para esses benefícios, é fundamental a árvore ideal no lugar certo", ressalta, acrescentando que para existir uma harmonia entre as espécies é necessário, entretanto, o manejo correto e adequado dos vegetais.

Para ela, mais do que a função paisagística, a arborização urbana contribui para a qualidade de vida da população.

Prefeitura incentiva plantio

Ampliar o número de árvores na Cidade é uma das metas da Prefeitura. A chefe do Departamento de Parques e Áreas Verdes (Depav), Gisela Aparecida Rodrigues Álvares, lamenta que algumas pessoas radicalizam e pedem a remoção sem ter conhecimento do que poderia ser realizado para solucionar o problema de galhos tocando a fiação das redes elétrica e de telefonia ou de raízes quebrando a calçada.

"Muitas vezes, a simples poda da raiz e da copa permite que a árvore continue no lugar", garante. Ela diz que as novas espécies (quaresmeiras, patas-de-vaca e ipês) não irão causar mais esses conflitos.

Se a idéia é conquistar mais áreas verdes, ela diz que é fundamental que a população peça o plantio, porque, assim, os próprios moradores ajudam a cuidar das árvores. "O importante é ganhar esse apoio", frisa.

Citando o Código de Posturas do Município, ela explica que somente a Prefeitura pode fazer o serviço de poda ou remoção. "Caso contrário, implica em crime ambiental".

Qualquer munícipe pode se informar com o Depav sobre a programação de podas em seu bairro. O telefone é 3299-7878. Para pedir o serviço quando os galhos ou raízes colocam em risco a integridade física das pessoas, de patrimônio público ou particular, é necessário ligar para a Ouvidoria Pública: 0800-112056.

Árvores também valorizam imóveis

Quase não existiam árvores na Rua José Olinto de Carvalho, na Vila Belmiro. Para quebrar o cinza dos concretos, alguns moradores pediram à Prefeitura o plantio de mudas. De um lado, foram plantados ipês-amarelos, e do outro, quaresmeiras. A colocação de grades de madeira ficou por conta dos proprietários dos imóveis. Ao todo, a Prefeitura plantou 23 mudas.

"O bom é que não estraga a calçada. E ainda deixa a rua mais simpática", comentou o aposentado Américo Lopes, que mora no trecho entre as ruas Antônio Bento de Amorim e Delfino de Lima. Alguns moradores não quiseram colocar árvore na frente de suas residências. "Ficaria mais bonito se todos concordassem", lamentou.

Recentemente, a Rua Nagib Elias Trabulsi, na Ponta da Praia, também ganhou o plantio de mudas depois do pedido de um grupo de 16 lojistas à Prefeitura. A comerciante Dorcas Almada Farias espera que a rua fique mais "verde" quando as árvores atingirem o tamanho adulto.

Por enquanto, elas precisam ser amparadas por uma haste para direcionar o crescimento. A comerciante lamenta que algumas pessoas ainda achem que a iluminação ficará prejudicada, e esquecem que elas cumprem uma função mais nobre que não pode ser esquecida.

Valorização - Além do conforto ambiental proporcionado aos moradores, ruas arborizadas também são um incremento que as construtoras utilizam para valorizar a venda de imóveis.

Para o professor de arquitetura, urbanismo e engenharia civil da Universidade Santa Cecília, Francisco José Carol, o ideal é que seja sempre intensa a colaboração entre os construtores, planejadores e outras áreas envolvidas nas políticas de urbanismo, a fim de valorizar o plantio de árvores na Cidade.

"A existência de faixa verde só dá conforto. É preciso sempre preservar esse tipo de vegetação", diz ele, que dá aulas há 20 anos.

Entre uma árvore e outra, devem-se deixar pelo menos 3 metros de distância, para que tenha espaço para crescer.

A cova deve ter 60 cm de profundidade e 60 cm de largura por 60 cm de comprimento.

Aconselhável colocar uma haste de madeira junto ao caule para direcionar o crescimento.

É importante adubar a terra para que a muda cresça e se enraíze mais facilmente.

É necessário regar três vezes por semana com cerca de 5 litros de água ou uma vez por semana em dias de chuva.

EXPOSIÇÃO - Vai até o próximo domingo a 72ª Exposição Nacional de Orquídeas. O evento acontece no Orquidário Municipal de Santos, localizado na Praça Washington, no José Menino. Além da exposição das plantas, foi montado um jardim sensorial, onde os deficientes visuais podem tocar as orquídeas e conhecer os seus formatos e diferentes perfumes
Foto: Patrícia Cruz, publicada com a matéria