Falta de limpeza nas bocas-de-lobo causa alagamentos
Foto: Arquivo, publicada com a matéria
Segunda-feira, 4 de Dezembro de 2006,
07:15
BAIRROS
ZN submersa
Enchentes continuam sendo o principal problema para os moradores da Zona Noroeste,
que também reclamam da insegurança e da falta de serviços básicos
Tatiana Lopes
Da Reportagem
As enchentes continuam sendo o principal problema
apontado pelos moradores da maior parte dos bairros da Zona Noroeste. Outra reclamação recorrente é com relação à falta de segurança nas ruas da
região.
As reivindicações fazem parte da segunda de uma série de cinco reportagens sobre os
principais problemas dos bairros da Cidade. A primeira, publicada na última segunda-feira, abordou as reclamações dos moradores da Zona Leste. Na
próxima semana, serão mostradas as carências da Zona Central. Na seqüência, será a vez de quem vive nos morros e na Área Continental poder reclamar.
No Jardim Castelo, os moradores se queixam de falta de limpeza das bocas-de-lobo, que
não permitem o escoamento da água das chuvas, resultando em alagamentos, e de falta de policiamento nas ruas. "Muitos assaltos à mão armada têm
ocorrido na região, principalmente a idosos. O ideal seria que houvesse uma Base Comunitária da Polícia Militar para coibir esse tipo de crime", diz
o presidente da sociedade de melhoramentos do bairro, João Benedito da Costa, que vive há 40 anos no Jardim Castelo.
Outra reclamação de Costa está relacionada à área da saúde. "O hospital da Zona
Noroeste é praticamente de primeiro mundo, pena que não tem atendimento. Só o pronto-socorro funciona. Os casos mais graves precisam ser
encaminhados à Santa Casa".
No Rádio Clube, as enchentes são rotina em dias de chuva e a falta de segurança também
preocupa os moradores. "Na rua onde moro, há uma semana, prenderam os moradores dentro de casa e levaram tudo. Em plena luz do dia", conta o
aposentado Luiz Feitosa de Lima, diretor da sociedade de melhoramentos, que mora no bairro há 40 anos.
"Não precisa chover muito para alagar tudo por aqui. Algumas casas ficam cheias d’água
e as pessoas perdem tudo", reclama a ajudante geral Maria das Virgens dos Santos. Segundo ela, os moradores também reivindicam o recapeamento das
vias.
No Bom Retiro, a falta de segurança também tira o sono de quem vive no local.
"Antigamente, esse era um bairro tranqüilo. Mas agora os assaltos ocorrem a toda hora,
e as principais vítimas são os idosos. Eu fui roubado, duas semanas atrás, dentro de um ônibus lotado, quando descia no ponto perto de casa. Os
ladrões levaram a minha carteira", conta o aposentado Juca Pereira dos Santos, que há 17 anos preside a sociedade de melhoramentos do Bom Retiro e
há 40 vive no local.
Os alagamentos também são freqüentes no bairro. "Quando chove e a maré está alta,
muitas ruas ficam alagadas", diz o morador, que pede a limpeza sistemática dos canais para amenizar o problema. Santos reclama ainda que são poucos
os ônibus em circulação das linhas 152 e 156, únicas que atendem o bairro. "Logo cedo e no fim da tarde, os veículos ficam superlotados e as filas
nos pontos ficam enormes".
No Santa Maria, as enchentes também castigam os moradores e a falta de segurança é
outro grave problema. "Os canais ficam assoreados e cheios de lixo, e isso contribui para que as ruas fiquem alagadas", reclama o aposentado Osmar
Batista, que vive há 50 anos no bairro.
"Todo ano, a macrodrenagem, projeto que deverá resolver o problema das enchentes, está
na pauta da Administração Municipal. Mas até agora nada foi feito. Entretanto, existem algumas coisas que podem ser feitas para melhorar a situação,
como a limpeza do leito dos canais e das galerias pluviais", diz o presidente da sociedade de melhoramentos, Alcides Fonseca, que há 50 anos mora no
local.
A falta de segurança é outra preocupação dos moradores. "A cadeia anexa ao 5º Distrito
Policial, que tem capacidade para 24 presos, abriga cerca de 200 pessoas. Eles ficam 24 horas tentando fugir, e as pessoas vivem com medo, pois o
primeiro lugar onde eles se escondem quando conseguem escapar é na casa dos moradores". Conforme ele, as Avenidas Maria Patrícia e Jovino de Mello,
que são vias de tráfego intenso de ônibus e caminhões, precisam ser recapeadas.
O São Jorge, assim como a maior parte da Zona Noroeste, sofre com alagamentos. O
presidente da sociedade de melhoramentos do bairro, Jorge Gomes dos Santos, reclama que o Rio São Jorge está assoreado e não recebe a manutenção
adequada. Além disso, os moradores reivindicam o recapeamento das ruas, o reforço na iluminação urbana e policiamento ostensivo.
No Chico de Paula, a comunidade reclama das galerias de águas pluviais que estão
cheias de lixo. "As bocas-de-lobo ficam entupidas em dias de chuva, provocando alagamentos", diz o aposentado José Francisco Maciel, de 56 anos, que
há 17 vive no bairro.
"Faltam vagas em creches, saneamento básico e os mosquitos, principalmente nos dias
quentes, incomodam os moradores", reclama o presidente da Sociedade de Melhoramentos da Vila Alemoa, que apesar do nome faz parte do Chico de Paula.
Pedido |
“Muitos assaltos à mão armada têm ocorrido, principalmente a idosos. O ideal seria
que houvesse uma Base Comunitária da Polícia Militar”
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João Benedito da Costa
Presidente da sociedade de melhoramentos do bairro
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São Manoel não tem acesso a serviços básicos
O São Manoel, um dos bairros mais carentes da Zona Noroeste, não tem acesso aos
serviços básicos. "Só existe uma creche, com capacidade para atender 70 crianças até 3 anos. Mas a demanda é muito maior. O bairro tem cerca de 500
crianças. Como as mães fazem para trabalhar?", reclama a dona-de-casa Renilda Almeida da Fonseca, que está há 16 anos no bairro, onde é considerada
como uma líder da comunidade.
Segundo Renilda, o bairro não conta com uma escola de Ensino Médio. "A maioria dos
jovens termina o Ensino Fundamental e desiste de estudar". A unidade de ensino mais próxima que oferece o curso fica no Chico de Paula. E para
chegar ao local, os jovens precisam pegar ônibus, dinheiro que muitas famílias não têm, ou então de bicicleta, arriscando a vida pela perigosa
marginal Sul da Via Anchieta.
"O São Manoel é terra de ninguém. O bairro é o mais esquecido da Cidade. Só é lembrado
em época de eleição. Vemos projetos, projetos e mais projetos. Mas nada é feito", diz a líder comunitária, que trabalha como diarista e atendente de
enfermagem, para completar: "A policlínica não tem estrutura e sempre faltam médicos".
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Bairro não tem escola de Ensino Médio
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O tráfego intenso de caminhões e estacionamento de carretas nas vias tiram o sono dos
moradores do São Manoel. "Um terreno, cedido pela CPFL para a implantação de uma horta comunitária, foi invadido pelos caminhoneiros e transformado
em estacionamento de carretas", diz Renilda.
No Jardim Piratininga, bairro vizinho ao São Manoel, o maior problema são os caminhões
que estão invadindo as ruas e gerando conflitos entre os moradores.
"Também não temos comércio por aqui, farmácia, mercado e restaurantes, só contamos com
padaria. É um bairro isolado do resto da Cidade. Não tem escola de Ensino Médio, creches ou policlínicas", diz o presidente da sociedade de
melhoramentos, Francisco do Nascimento.
No Areia Branca, os moradores não agüentam mais os mosquitos e o lixo jogado atrás do
Cemitério Municipal. "O bairro é o mais antigo mas parou no tempo. Parece que foi esquecido, não cresce", lamenta o presidente da Sociedade
Beneficente e Melhoramentos da Areia Branca, Rui Nunes Gonçalves. Segundo ele, a Praça Nicanor Ortiz, principal do bairro, está abandonada. "Além
disso, a Areia Branca não tem um posto policial. Falta segurança".
Maior problema no Jardim Piratininga são os caminhões, que estão invadindo as ruas
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria
Caneleira sofre com iluminação urbana precária
Na Caneleira, os moradores reclamam não só das enchentes e da falta de segurança, mas
da iluminação urbana precária. "O bairro sofre muito com traficantes e bandidos. Estamos no meio de duas favelas (Vila Esperança e Morro do Tetéu).
As ruas precisam ser mais claras", diz a presidente da sociedade de melhoramentos, Mary Fontes, que está há 28 anos no bairro.
Segundo ela, falta também uma área de lazer para crianças e adolescentes, como quadras
poliesportivas com uma boa infra-estrutura. "Precisamos de um espaço para os jovens do bairro poderem jogar futebol".
No Saboó, a comunidade também reivindica uma área pública para a construção de um
parque de lazer destinado a atividades culturais, sociais e esportivas. "Precisamos oferecer alternativas para os jovens. Além disso, faltam cursos
profissionalizantes em toda a Zona Noroeste. Nossa região é uma área carente de oportunidades", diz o presidente da sociedade de melhoramentos, João
Inocêncio Correia de Freitas, de 59 anos, 54 deles vividos no Saboó.
As enchentes também atrapalham a vida dos moradores, causando prejuízos. "Mesmo que
ocorram apenas duas ou três vezes por ano, criam vários problemas para os moradores, que têm os móveis estragados pela água que invade as casas em
dias de chuvas", reclama Freitas.
O conflito entre moradores e as atividades portuárias também é apontado pelos
moradores como um grave problema. "Ambos são vítimas de omissão do Poder Público, que precisa implantar uma estrutura para atender a essa demanda e
também fiscalizar a atividade".
Falta de pavimentação e drenagem é problema na Alemoa
Foto: Davi Ribeiro, publicada com a matéria
Empresários e trabalhadores reivindicam continuidade de obras
Na Alemoa, empresários e trabalhadores do pólo reivindicam a continuação das obras de
drenagem e pavimentação.
A Associação das Empresas do Distrito Industrial e Portuário da Alemoa (AMA)
encaminhou, há uma semana, um projeto ao secretário municipal de Assuntos Portuários, Sérgio Aquino, solicitando um novo acesso do bairro direto
para o viaduto pela Via C e de duas transposições ferroviárias, interligando o bairro direto com a Via Anchieta.
"A intenção é melhorar o acesso de caminhões ao porto, o tráfego dentro do distrito
industrial e portuário, e dar maior segurança a todos que têm atividades diárias na região", explica o presidente da entidade, João Maria Menano. |