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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Trabalho
Sindicalismo santista (2)

Santos tem o mais alto grau de sindicalização trabalhista no país
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Este artigo foi publicado na edição especial comemorativa do cinqüentenário do jornal santista A Tribuna (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), em 26 de março de 1944 (grafia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução parcial da matéria original

Por que Santos é o centro sindical número um do Brasil

Dos 41.079 trabalhadores existentes nesta cidade, 16.050 são sindicalizados - Conquanto os maiores índices de sindicalização não atinjam 10%, aqui ele é de 38,7% - Demonstração que justifica o "slogan"

Se existe cidade no Brasil onde o sindicalismo é de fato uma expressão real, concreta e que não deixa margem a dúvidas, essa cidade é Santos.

Sempre que tivemos oportunidade, nunca deixamos de patentear esse fato, através do slogan já muito conhecido e popularizado: "Santos é o centro sindical número um do Brasil".

Hoje, numa justificativa plausível, apresentamos aos nossos leitores um quadro real do movimento sindical-trabalhista desta cidade, cuja leitura, por si só, basta para evidenciar a potência do sindicalismo santista.

Ei-lo:

Categorias profissionais

Compo-
nentes da
categoria

Sindica-
lizados

Trabalhadores em panificação, confeitarias e similares
310
257
Trabalhadores em trigo, milho e mandioca
1.800
320
Trabalhadores em construção civil
6.314
465
Trabalhadores na extração de mármores, calcáreos e pedreiras
470
208
Trabalhadores nas indústrias gráficas
300
270
Trabalhadores nas inds. mecânicas, metalúrgicas e do material elétrico
1.198
230
Empregados no comércio
4.689
2.000
Ajudantes de despachantes aduaneiros
146
106
Auxiliares da administração do comércio armazenador
1.014
928
Operários no comércio armazenador, carregadores e ensacadores de café
2.379
876
Empregados no comércio hoteleiro e similares
1.218
800
Empregados em casas de diversões
480
158
Oficiais barb., cabeleireiros e similares
837
160
Motoristas e condutores da marinha mercante
216
150
Conferentes e consertadores de carga e descarga
400
358
Estivadores
2.547
1.828
Operários nos serviços portuários
6.768
3.150
Empregados na administração dos serviços portuários
--
523
Condutores de veículos rodoviários
4.116
850
Trabalhadores em empresas de carris urbanos
1.000
770
Empregados em estabelecimentos bancários
665
495
Telegrafistas e radiotelegrafistas
60
40
Trabalhadores em empresas telefônicas
423
--
Trabalhadores ferroviários
611
--
Contramestres marinheiros, moços e remadores em transportes marítimos
480
210
Jornalistas profissionais
42
39
Taifeiros culinários e panificadores marítimos
187
46
Corretores de café
350
343
Corretores de navios
30
25
Despachantes aduaneiros
--
139
Carregadores e transportadores de bagagens no porto
40
40
Trabalhadores nas ind. de bebidas e do frio
414
230
Odontologistas
142
36
Enfermeiros
283
100
Empregados em escritórios de empresas de navegação
350
--
Professores de ensino secundário e primário
400
50
TOTAL
41.079
16.050

Apesar de serem os dados acima oficiais, naturalmente, em certas categorias profissionais serão encontradas algumas diferenças, as quais, entretanto, para a exposição que estamos fazendo, pouco ou nada influem.

Para acharmos a porcentagem de 38,7%, desprezamos as categorias onde, havendo número de componentes, não houvesse um número correspondente na coluna de "Sindicalizados", e vice-versa.

Assim, de 41.079, deduzimos 423, mais 611 e mais 350, num total de 1.384, reduzindo-se aquela coluna, para efeito de cálculo, a 39.695. De 16.050, deduzimos 523, mais 139, num total de 662, restando 15.338.

Com os números 39.695, referente a trabalhadores, e 15.338, referente a sindicalizados, chegamos à conclusão de que em Santos a porcentagem de sindicalização é de 38,87%!

Ainda há pouco tempo, o índice da sindicalização, principalmente nos Estados onde havia maior número de sindicatos, a principiar por São Paulo, não chegava a 10%!

Lógico que Santos, apresentando o significativo índice de 38,7%, está, inegavelmente, na vanguarda do sindicalismo brasileiro.

Tal fato muito nos envaidece, pois o sindicalismo santista não é só representado por números, eis que, no terreno das iniciativas e das realizações, sempre tem sido o vanguardeiro.

Temos razões de sobra para repetir: "Santos é o centro sindical número um do Brasil".

Massa trabalhista do Brasil

É das mais interessantes, sem dúvida, a distribuição da massa trabalhista do Brasil, tendo em vista dados do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.

Ocupa o primeiro lugar, como é lógico, o trabalhador do campo, seguido pelo industriário e pelo comerciário.

É o seguinte o quadro que apresenta, organizado em 1941:

Trabalhadores na agricultura, pecuária e indústrias rurais (estimativa)
8.860.000
Industriários
956.088
Comerciários
500.000
Empregados em transportes e cargas
210.000
Ferroviários
172.524
Trabalhadores nos serviços públicos por concessão
96.483
Marítimos e portuários
55.867
Bancários
25.626
Trabalhadores na estiva
21.338
Outras atividades (estimativa)
1.911.000
Total
12.808.926

Constata-se, pela leitura dos números acima, que o nosso país, apesar do seu grande desenvolvimento industrial e comercial, ainda continua a ter, como base da sua economia, a agricultura e a pecuária.

Mais da metade dos trabalhadores nacionais é composta de camponeses, os quais, até agora, ainda não receberam o amparo da sindicalização e da previdência social.

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