Imagem: reprodução da página 401 do álbum
Organizações musicais
De Norte a Sul, por todas as vilas e
aldeias de Portugal... de um hemisfério a outro hemisfério, por todos os países do mundo onde se encontrem núcleos coloniais de portugueses, hão de
aparecer fatalmente os orfeões e as bandas, uniões ou centros musicais.
Portugal nasceu cantando... e, cantando espalhará por toda a parte a força da sua raça e a beleza
dos seus feitos... a graça cavalheiresca dos amores, a ternura espiritual dos berços, o enlevo carinhoso das mães e a fantasia quimérica de
sonhadores eternos.
Portugal nasceu da música embaladora do oceano e o coração dos portugueses é um cofre de cantigas.
Fundar uma banda portuguesa em qualquer ponto do mundo é recordar Portugal e, se recordar é
enaltecer e glorificar, os criadores das sociedades musicais enaltecem e glorificam a pátria.
Não é como pode julgar-se à primeira vista descabida ou forte demais esta afirmação; e não é,
porquanto os orfeões e as bandas trazem, aos nossos ouvidos de exilados, o ritmo e o colorido da terra distante, e ensinam aos nossos filhos, e
dizem aos nossos amigos, como se vive e canta, como se ri e chora das bandas de lá do Atlântico.
E foi assim... e foi por ser assim... que na colônia portuguesa de Santos apareceram a Banda da
União Portuguesa e o Grupo Musical do Centro Republicano Português, como dois núcleos afirmativos do acendrado patriotismo da raça, obrigando todos
aqueles que os escutam a relembrar enlevados e saudosos a terra que lhes foi berço.
Estes dois núcleos musicais merecem os mais rasgados elogios e a nossa melhor atenção, porquanto
são ambos quase que exclusivamente compostos por elementos que têm que mourejar dia a dia, afanosamente, a sustentação própria e a dos seus.
É devido aos seus esforços e aos dos seus dirigentes que estas organizações portuguesas crescem e
progridem sem desfalecimentos.
Porque Portugal nasceu embalado na música do oceano... e o coração dos
portugueses é um cofre de cantigas.
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Para Alcacer-Quibir, e para Aljubarrota, para os serões conventuais ou para
os saraus palacianos, para toda a parte enfim, onde houvessem de aparecer portugueses, amando ou combatendo, lá apareciam sempre além da espada e do
montante, da acha d'armas e do arcabuz a guitarra e o mandolin.
A par da força brava e destemida do guerreiro, que a espada eternizara para a história, a alma
terna e generosa do trovador cantava endeixas e soluçava amores na onda harmoniosa das guitarras.
São desta raça os portugueses de Santos, que sabem quanto vale o ensinamento da trova e a grande
harmonia reveladora da música.
Sociedade União Portuguesa
Imagem: reprodução da página 401 do álbum
Diretoria da Sociedade União Portuguesa
Imagem: reprodução da página 401 do álbum
Grupo Musical do Centro Republicano Português de Santos
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