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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BIOGRAFIAS
Galeria dos militares santistas (1)

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Na sua edição especial de 26 de janeiro de 1939, comemorativa do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade (exemplar no arquivo do historiador Waldir Rueda), o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria (grafia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução parcial da matéria original

Galeria de notáveis militares santistas

[...]


Cap. Antonio Gonçalves Figueira - Nasceu em Santos, em 1665, e era filho legítimo de Manoel Affonso Gaia e d. Maria Gonçalves Figueira, gente de conhecida nobreza.

Fez a carreira militar até ao posto de capitão de infantaria e ordenanças dos moradores do sítio e barra da Bertioga.

Começou como soldado e depois alferes de infantaria do terço, formado em S. Paulo em 1689, tendo como mestre de campo Mathias Cardoso de Almeida, partindo por ordem do governo para o sertão do Rio Grande, distrito de Pernambuco, a castigar o bárbaro gentio pelas mortes e insultos que vinha executando contra os moradores daquele sertão, ameaçando despovoá-lo. Nessa ocasião, levando apenas 12 arcabuzeiros dos mais destros, seus escravos, com eles acudiu, em pessoa, a todas as oportunidades e ocasiões que lhe apareceram.

Contam os seus antigos biógrafos que, passando com o seu terço pelo rio Jaguaribe, tendo notícia de que o gentio era muito numeroso, de modo que bastaria o número deles para a sua derrota, desde ali até ao Ceará, que gemia oprimido pelos bárbaros, quis o capitão Gonçalves Figueira acudir com limitadas forças onde era mais evidente o perigo. Pressentido em sua manobra pelos indígenas, deram estes um ataque formidável às posições brasileiras e portuguesas, valendo a estas forças, então, a grande bravura do cabo santista, cujos estratagemas, postos em prática, puseram em fuga, com grandes perdas, as forças bárbaras atacantes.

Depois disso foi mandado a socorrer o cabo de tropa João Amaro Maciel Parente (grande sertanista citado por Southey), o qual se achava empenhado havia muitos anos na conquista e dispersão dos índios Guereus, desbravando o sertão do São Francisco. Nessa operação fez um assalto àqueles índios bravíssimos, a 12 de novembro de 1693, obrigando-os a afastar-se até a uma grande distância dali, permitindo, com sua presença e encorajamento, o progresso dos núcleos de população já existentes naquele sertão, transformado com o tempo em vilas e cidades.

Seus atos de heroísmo e abnegação, de 1690 a 1694, foram inúmeros e constantes. Foi ele quem primeiro levantou engenho naquele sertão do Rio de S. Francisco, chamado Brejo-Grande, e contam que foi de ânimo tão forte que, só com 19 pessoas, conquistou, com ardis e estratagemas, duas nações de bárbaros no sertão do Rio Pardo, suprindo pela astúcia as poucas forças de que dispunha, tornando-se soldado de fama, dormindo sempre calçado e vestido, para ser o primeiro que se achasse pronto ao primeiro rebate.

Descobriu, à sua custa, os dois sertões e margens dos rios Verde e Pardo, na Capitania de Minas Gerais. Possuiu no Rio Verde as fazendas chamadas do Jahyba, Olho d'Água e Montes Claros, e abriu o primeiro caminho do Rio São Francisco para a ribeira, a fim de que aquele sertão ficasse povoado com fazendas de gado em distância de mais de 60 léguas, e tudo sempre à sua custa.

Em Santos, serviu todos os cargos públicos. Foi proprietário da grande fazenda Curuguatibá, conhecida no século passado (N.E.: século XIX) com o nome de Caruaru. Despendeu avultadas quantias na capela da Ordem Terceira do Carmo, da qual foi um dos fundadores, e faleceu na vila de Santos, com descendência avultada, cerca do ano de 1740, em avançada idade.


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