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Galeria biográfica dos santistas ilustres
Grandes vultos que se destacaram pela sua atuação notável na história de Santos
e do Brasil
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Gaspar Teixeira de Azevedo (Frei Gaspar da Madre de
Deus) - Nasceu acidentalmente a 9 de fevereiro de 1715, na fazenda de Sant'Anna, pertencente à sua família, e registrou-se em Santos, por seu
batismo na igreja matriz da vila. Era filho do coronel Domingos Teixeira de Azevedo e de d. Anna de Siqueira e Mendonça, santistas de velha estirpe,
cuja casa ficava nos "Quatro Cantos", fundos da antiga Rua Direita, hoje 15 de Novembro, no encontro dela com a antiga Rua Antonina, o Beco do
Inferno e a Rua da Alfândega.
Toda a sua geração era santista, pelos dois lados, paterno e materno, aparecendo entre a sua
parentela várias individualidades religiosas e intelectuais do Brasil, como frei João Baptista da Cruz, beneditino, abade provincial do Brasil, em
1720; Estevam Tavares, jesuíta; padre dr. Gaspar Gonçalves de Araújo, clérigo de fama e grande sapiência; frei Miguel Archanjo, beneditino,
presidente da Ordem em Santos e depois provincial do Brasil; soror Isabel Maria da Cruz, religiosa da Ajuda, abadessa do Convento do Rio de Janeiro,
e mais alguns.
Frei Gaspar fez seus primeiros estudos em Santos e, em 1731, estando com 16 anos,
diante de sua vocação eclesiástica, julgou-se em condições de se apresentar postulante ao noviciado beneditino. Nessa ocasião, passava por Santos o
abade provincial do Brasil, frei Antonio da Trindade, e frei Gaspar embarcou com ele para a Bahia. A 4 de agosto de 1731, entrava no noviciado, e no
ano seguinte, de 1732, a 15 de agosto, recebia a cógula de seu santo patriarca, fazendo profissão com o nome de frei Gaspar da Madre de Deus.
Aplicado ao estudo da Filosofia, da História e das ciências eclesiásticas, durante
todo o seu noviciado, ao ordenar-se, frei Gaspar já era uma das grandes esperanças da Ordem, que professava profunda admiração aos seus poucos anos
aureolados de talento e virtude.
Convivendo com Rocha Pitta, considerado então expoente da mentalidade brasileira e
grande historiador, recebeu dele, frei Gaspar, os primeiros ensinamentos de História.
Da Bahia, que tão útil lhe fora a seus estudos, frei Gaspar passou-se para o Rio de
Janeiro, continuando aí, como discípulo predileto do sapiente dr. frei Antonio de São Bernardo, encontrando mais o carinho do abade, frei Matheus da
Encarnação Pinna, notabilizado pelas contendas com o governador Luís Vahia Durão, que ordenou a todos o máximo aproveitamento dos recursos e dotes
naturais do frade santista.
Em 1740 era considerado mestre. Empreendeu, então, uma viagem a Portugal, e de lá
voltando tornou-se professor no Mosteiro do Rio de Janeiro. Tinha então apenas 27 anos, e já era reputado filósofo e teólogo. Proferiu nessa
ocasião, em dois anos consecutivos, séries de conferências que tiveram larga repercussão, pela firmeza de seus conhecimentos, pelo brilho da
exposição, pela fluência da frase e sobretudo pela renovação dos métodos do ensino filosófico anterior.
Em 1748, escrevia o seu notável Curso de Philosophia, em 2 tomos, e a sua
Philosophia Platonica. Em 1752 era abade de S. Paulo. Em 1756 defendia a posse dos beneditinos sobre a capela do Monte Serrate, em Santos.
Criava-se então, na Bahia, a efêmera "Academia dos Renascidos" e frei Gaspar foi eleito seu membro, com o número 40, entre todas as notabilidades do
Brasil.
Em 1763 era abade do Rio de Janeiro, conseguindo aí salvar a Ordem do confisco
ordenado pelo marquês de Pombal, enfrentando e vencendo as iras do ministro português. Em 1766, era provincial da Ordem no Brasil. Em janeiro de
1769 renunciava a tudo e recolhia-se a Santos, onde queria terminar sua vida, no recanto sossegado da sua capelinha do Monte Serrate. Escreveu,
então, a sua famosa Memórias para a História da Capitania de São Vicente.
Faleceu o grande historiador, pregador, filósofo e teólogo, a 28 de
janeiro de 1800, deixando cerca de 20 obras.
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