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Galeria biográfica dos santistas ilustres
Grandes vultos que se destacaram pela sua atuação notável na história de Santos
e do Brasil
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José Feliciano Fernandes Pinheiro (Visconde de S.
Leopoldo) - Nasceu em Santos, a 9 de maio de 1774, do consórcio do coronel José Fernandes Martins com d. Theresa de Jesus Pinheiro. Fez seus
primeiros estudos em Santos, onde recebeu algumas luzes de frei Gaspar da Madre de Deus, o solitário monge da capelinha do Monte Serrate. Aprendeu
latim com o vigário de Santos, o padre dr. José Xavier de Toledo, seu padrinho de crisma, e francês com o mestre régio José Luís de Mello. Partiu
depois para Coimbra, onde se graduou, anos mais tarde, em Direito.
Apenas formado, foi despachado para o estabelecimento literário do Arco do Cego, dirigido
por frei José Mariano da Conceição Velloso, o conhecido sábio, onde traduziu várias obras do inglês e produziu alguns trabalhos. Tornando à pátria,
começou sua vida pública com a nomeação para juiz da Alfândega de Porto Alegre.
De 1811 a 1812, serviu a auditoria geral das tropas do Exército pacificador em
operações no Rio Grande e, como tal, assistiu toda a campanha de que foi o fiel historiador, em seus preciosos Annaes da Provincia de São Pedro
do Sul.
Em 1821, fazia parte do grupo paulista enviado às Cortes Constituintes de Lisboa, como
deputado. Aí, não se sabe por quê, desaprovou, pelo menos na aparência, a atitude de Antonio Carlos e outros, e assinou a Constituição Portuguesa,
que aqueles patriotas achavam prejudiciais ao Brasil.
Dois anos depois, feita a independência, teve assento na grande Assembléia
Constituinte Brasileira, como deputado, para elaboração da primeira carta constitucional de sua pátria. Foi nessa grande assembléia que ele,
enquanto José Bonifácio apresentava a sua monumental Representação sobre a Escravatura, expôs, por seu turno, a primeira indicação em favor
da criação dos Cursos Jurídicos Brasileiros, pronunciando então formoso e patriótico discurso, em que alegava os motivos que justificavam aquela
medida. Mais tarde, em 1827, como ministro do Império, seria ele mesmo o autor da lei que criava os cursos jurídicos de São Paulo e Olinda,
aproveitando o projeto de lei Martim Francisco, de 1823, e a sua própria indicação consubstanciada naquele projeto.
Foi senador do Império e depois, em 1839, com Januário da Cunha Barbosa e Cunha
Mattos, fundou o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Fundou no Rio Grande a colônia, depois cidade de São Leopoldo, de onde lhe foi tirado
o título, quando o imperador o fez visconde.
Fernandes Pinheiro formou com José Bonifácio, Martim Francisco, Antonio Carlos e o
conselheiro José Ricardo, o extraordinário quinteto santista, que tão alto elevou no conceito da América e do mundo o nome brasileiro, tornando-se
inseparável daqueles conterrâneos, e com eles dividindo as grandes glórias comuns.
Foi conselheiro de d. Pedro II, com Grandeza, e presidente da província do Rio Grande
do Sul, onde instalou a primeira tipografia e a primeira imprensa do Sul do país. Conhecia a fundo várias línguas, vivas e mortas, e foi membro de
inúmeras sociedades científicas e literárias da França, da Alemanha, de Portugal, da Inglaterra e do Brasil, tendo deixado, além dos Annaes da
Provincia de São Pedro do Sul e a História Nova e Completa da América, grandes obras históricas, cerca de vinte outras obras científicas
e literárias, entre as quais Da vida e feitos de Alexandre de Gusmão e Bartholomeu Lourenço de Gusmão e as suas Memórias.
Faleceu o visconde de São Leopoldo na cidade de Porto Alegre, a 6 de julho de 1847.
Visconde de São Leopoldo
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