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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - IMPRENSA
A imprensa santista (12)

Num tempo em que a linotipo reinava: não havia offset nem sistemas digitais
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O cotidiano de um jornal foi relatado por A Tribuna, em sua edição comemorativa do 75º aniversário de fundação, em 26 de março de 1969 (exemplar no acervo de António Mendes, de Praia Grande/SP):
 


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Veja como a palavra é impressa

São 2,30 horas da madrugada quando a rotativa Koenig-Bauer começa a rodar no andar térreo de A Tribuna, imprimindo os 30 mil exemplares diários. Garcia, o chefe da Impressão, que trabalha há vinte e poucos anos no jornal, aperta um botão, e em breve ninguém mais consegue conversar perto da máquina, tão grande é o barulho. Volta e meia, a rotativa é parada para breves ajustes ou acertar o papel que se rasgou. Uma hora depois está tudo pronto, e o jornal já começa a sair pela Seção de Circulação, entregue aos jornaleiros. Mais uma vez, há 75 anos, A Tribuna está circulando em Santos.


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Como funciona - A Oficina do jornal começa a funcionar às 14 horas para a composição dos primeiros anúncios para a edição do dia seguinte. São 63 pessoas que nela trabalham: 30 linotipistas, 6 paginadores, 4 tipógrafos-montadores, 3 prelistas, 3 emendadores, 1 ludlowista, 3 retranquistas, 4 mecânicos e 8 auxiliares. Há 2 turnos de trabalho. O primeiro começa às 14 horas e vai até as 20; o seguinte, das 20 às 2 horas da madrugada. O pessoal da impressão sai mais tarde.


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Quando o noticiário chega à Oficina, enviado pela Secretaria do jornal, já traz a indicação do número de colunas e do corpo de composição. Corpo é o tamanho da letra a ser usada na composição gráfica. O chefe da Oficina - Lauro Martins - envia a matéria para os linotipistas que farão a composição, de chumbo. São 21 linotipos que trabalham incessantemente durante a noite nesse serviço.

Quando a composição, de chumbo, é terminada, vai ao prelo, onde é retirada uma prova em folha solta, que é enviada à Revisão, seção em que uma equipe, dirigida por Armando Masson, corrige os erros de composição e faz, se necessário, indicações para alteração. A correção é feita por uma série de sinais apontados à margem da folha, com a determinação das emendas a serem feitas. Pronta a revisão, a matéria é devolvida à Oficina, onde os emendadores fazem então as correções, reenviando-a à Revisão para a última correção.


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Enquanto isso, a matéria composta, formada de linhas de chumbo, é colocada nas ramas, espécie de forma do tamanho de uma página. Aí, a matéria ocupa o lugar que lhe é determinado pela diagramação, feita pela Redação. Se a página não é diagramada, a matéria vai para os paginadores da Oficina, que tratam de encaixá-la numa página.


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Quanto aos anúncios, os grandes, que chegam do Departamento de Publicidade, são sempre colocados do lado de fora das páginas, em forma de pirâmide. Os anúncios maiores embaixo e os menores em cima. Isso porque o lado de fora das páginas oferece maior visão para os leitores, e assim os anunciantes podem vender mais.

Fechada a página, ou seja, composta inteiramente, a rama é levada para a prensa. Nela, mediante pressão de 300 quilos por centímetro quadrado, a página é impressa numa folha de "papelão", feita de fibra de vidro ligeiramente úmida, chamada "flan".


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A preparação das fotografias para a publicação é simples. Elas são enviadas à Gravura. Ali, a foto é novamente "fotografada" por uma câmera especial. Feito o negativo, ele é colocado sobre uma chapa de zinco sensibilizada quimicamente. Um jato de luz impressiona a chapa e assim está pronto o clichê, que é secado rapidamente, queimado e enviado para a oficina para compor a página. Na chefia da Gravura está um veterano profissional, Leovigildo Moreno.

O flan, que constitui molde, é despachado para a Impressão. Aí, uma máquina a vácuo retira-lhe toda a umidade e aquece-o. Um impressor examina-o a fim de verificar se a pressão foi suficiente para o relevo conveniente. A seguir, o flan é colocado na prensa, onde haverá uma nova composição de chumbo, chamada telha, por ter a forma de uma telha de barro. Daí, a telha vai diretamente para a rotativa.


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São 2 horas da madrugada quando a rotativa já está carregada de tinta e pronta para começar a imprimir. Vinte e quatro telhas de chumbo vão imprimir as 24 folhas da edição do dia que começa. Quinze homens farão todo o serviço. Da boca da rotativa o jornal vai saindo já cortado e dobrado, e descendo por um plano inclinado segue para a Circulação. Alguns noctívagos passam pela Rua João Pessoa e aproveitam para comprar o jornal da manhã. São 3 horas da madrugada. O jornal está na rua mais uma vez.


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