Primeira página da edição de 3º aniversário da Gazeta Popular, em 12 de janeiro de 1934
Reprodução de exemplar dilacerado, cedida a Novo Milênio pelo historiador Waldir Rueda
Três anos de lutas
Três anos de lutas e labores nesta casa, longe de entibiarem a fibra dos que fazem aqui a imprensa dentro do programa que nos traçamos na tarde de 12 de janeiro de 1931, mais enrijaram a coragem
de todos nós, mercê da simpatia do público que nos acompanha com o seu estímulo e nos estimula com o seu acolhimento.
No meio da trepidação ambiente, no emaranhado das competições políticas que agitam os alicerces da nacionalidade desde a vitória da revolução de 30, no esmorecimento geral, conseqüente à crise dos
valores e também da vontade, a GAZETA POPULAR se traçou um programa que consubstancia, em poucas palavras, o idealismo [...] de
[...] (N.E.: trecho dilacerado no original) exclusivamente dele, no que o povo representa de trabalho honesto e de esforço construtor, quer a GAZETA POPULAR o julgamento expressivo porque, no dia em que lhe faltar a simpatia das massas, sobretudo das massas humildes que
são o sangue e o alicerce da Pátria, terá ela, a bem dizer, perdido a razão de ser da sua existência.
Daí a insistência com que, em todos os momentos e quase todos os dias, apelamos para o coração do povo generoso de Santos, confiando-lhe as nossas preocupações de ordem sócio-político, nos nossos
comentários redacionais, e acolhendo, em nossas colunas, o pensamento desse mesmo povo nos manifestos, comunicados e outras divulgações oficiais dos sindicatos e núcleos associativos que representam as classes trabalhadoras.
Completando, hoje, o nosso quarto ano de existência (N.E.: SIC: deveria ser completando o terceiro ou iniciando o quarto ano), a nossa primeira palavra no torvelinho da alegria ambiente é dirigida, especialmente, àqueles a quem confiamos cotidianamente o nosso pensamento, todo ele tecido no idealismo dos que desejam construir em
bases sólidas e não querem solapar os alicerces do que aí está, desafiando a voracidade dos políticos ambiciosos e dos homens sem fé.
Resgatada essa duvida (N.E.: SIC: deveria ser "dívida") de gratidão para os nossos
amigos de todas as horas e aos quais confiamos a segurança do nosso destino, voltamo-nos, em seguida, para todos os excelentes companheiros que nos rodeiam, desde as oficinas à gerência e à redação, partilhando-nos, entre nós mesmos, numa
comunhão felicíssima e cordial, os minutos de ventura que provamos no passado e que estamos provando agora.
Injustos seríamos se silenciássemos a parte com que o dinâmico e fecundo comércio santista tem contribuído para a efetivação do nosso progresso material, núncio do progresso moral em que porfiamos
e em virtude do qual temos podido, com coragem e dignidade, vencer a rota que nos impusemos no dia em que, pela primeira vez, surgimos na arena da publicidade.
Fixados esses pontos cardeais da nossa gratidão imensa, vamos insistir ainda uma vez, na realização integral do nosso programa que é, a bem dizer, um programa eminentemente social, arredado do
politiquismo personalista, causa de todos os males em estado alarmante de cronicidade que nos perseguem há longos e doloridos anos.
Jornal político, no sentido alto e científico do termo, porque jornal consagrado ao estudo e à observação dos problemas sociais brasileiros e daqueles que se relacionem com a psicologia do nosso
povo, a GAZETA POPULAR não tem e não terá partidos, sobretudo os partidos efêmeros que se formaram e se vêm formando depois de outubro de 1930, bafejados, ali e acolá, pela brisa interesseira do momento e do favoritismo e, por isto mesmo, todos
eles fadados à morte por inanição ideológica e falta de condutores conscientes e capazes.
Distante, bem distante, de tais partidos onde o interesse predomina e dentro dos quais os homens improvisados em chefes só fazem servir-se a si próprios, em detrimento dos interesses coletivos, a
GAZETA POPULAR sente-se feliz com esta linha de conduta, e os aplausos que tem recebido são de molde a impor-lhe que persevere nesta trilha.
Encerrando estas linhas, que outra coisa não são que um rápido relatório dos dias que temos vivido e uma advertência quanto aos dias que nos serão dados viver, aqui deixamos consignado que o nosso
programa de ação jornalística está sendo da nossa parte o cumprimento que o povo de Santos tem sabido incentivar e compreender.
E isto nos basta.
Segunda página da edição de 3º aniversário da Gazeta Popular, em 12 de janeiro de 1934
Reprodução de exemplar dilacerado, cedida a Novo Milênio pelo historiador Waldir Rueda
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Alberto de Carvalho, diretor-gerente
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Dr. Amazonas Duarte, redator principal
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Cap. Sarmento Pimentel, colaborador |
Severo Bomfim, repórter |
Fotos: pág. 2 da Gazeta Popular de 12/1/1934, exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda
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José Cardoso Pinto,
redator da seção varzeana |
Domingos Fernandes, um dos mais ativos vendedores da Gazeta Popular |
Fotos: páginas 2 e 33 da Gazeta Popular de 12/1/1934, (acervo do historiador Waldir Rueda)
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José Alves Neto,
encarregado da publicidade |
Sebastião Carrara, zeloso encarregado da distribuição da Gazeta Popular |
Fotos: página 33 da Gazeta Popular de 12/1/1934, (acervo do historiador Waldir Rueda)
Seção de paginação da Gazeta Popular, com os funcionários Claudino A. da Silva (aprendiz), José Torres Rios (chefe da paginação) e Alinor Torres (tipógrafo anuncista)
Reprodução parcial da pág. 3 da Gazeta Popular de 12/1/1934 (acervo do historiador Waldir Rueda)
Seção de impressão, com os funcionários José Lopes (ajudante da impressão), José Sgal (chefe da impressão, "artista de reconhecido mérito") e Francisco Sgal (ajudante de impressão)
Reprodução parcial da pág. 6 da Gazeta Popular de 12/1/1934 (acervo do historiador Waldir Rueda)
Seção de linotipia da Gazeta Popular, com os funcionários Romeu Russo (linotipista), Josaphat Medeiros (chefe-linotipista), Moacir Faro (mecânico) e Djalma Torres (linotipista)
Reprodução parcial da pág. 7 da Gazeta Popular de 12/1/1934 (acervo do historiador Waldir Rueda)
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