Governou o Município por decisão do povo
Em razão de sua influência e autoridade na vida comunitária, a Associação Comercial já foi convocada para dirigir o Município.
E convocada pelo povo, que nela via e sentia organismo suscetível de refrear o impulso e precipitação que dominavam o ambiente político da terra. Faz tempo que isso ocorreu, no outro século (N.E.: século XIX).
Colocando-se em antagonismo com a ditadura implantada por Deodoro da Fonseca, o povo de Santos não perfilhou a atitude de Américo Brasiliense, então
governador da Província, aliando-se, como se aliou, ao regime ditatorial. Houve resistência, houve pregação na rua, houve críticas da Imprensa, houve, enfim, ato público pelo qual o povo santista, repudiando o sistema administrativo, sustentou seus
sentimentos de independência cívica-política, esse mesmo povo que provinha, por ideais e conterraneidade, de um grande santista, que dera emancipação à Pátria.
Foi no dia 14 de dezembro de 1891. Concentrado na Praça da República, o povo exigiu a deposição de Américo Brasiliense, do intendente e dos vereadores
municipais, por meio de moção lida por Martim Francisco (3º), segundo a qual a administração do Município deveria ser entregue à diretoria da Associação Comercial, que se encarregaria de exercê-la até "que o novo
presidente do Estado resolva a tal respeito as atribuições da atual Intendência, cuja competência fica terminada".
Em face desse pronunciamento popular, a Associação Comercial, no mesmo dia, assumiu a direção do Município, mas no dia seguinte transmitiu-a ao dr.
Almeida Morais, que renunciou ao cargo a 18, três dias depois, passando-o ao organismo representativo do Comércio santista, que era presidido pelo dr. Antônio Carlos da Silva Teles.
Santos foi governada pela ACS até o dia 30 de dezembro de 1891, quando assumiram a nova Intendência os drs. João Galeão Carvalhal e Lino Cassiano
Jardim e srs. Francisco Cruz, Antônio Augusto Bastos, Antônio José Malheiros Júnior, Raimundo Gonçalves Corvelo e Teófilo de Arruda Mendes.
Por espaço de 15 dias, portanto, nossa Associação administrou o Município, assegurando-lhe tranqüilidade social e ordem
pública, antes conturbadas.
Os presidentes
Francisco de Andrade Coutinho (1901-1902)
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