Imagem: reprodução do arquivo
O último boletim do general Klinger
Um resumo das providências do
ex-comandante das Forças Constitucionalistas
No seu boletim de ontem, o general Klinger mandou transcrever a proclamação do
ex-governador paulista que fica fazendo parte integrante da lista do movimento de 9 de julho. Essa proclamação fica, assim, registrada nos boletins
da Região Militar.
Em 28 de setembro foi feita comunicação ao governador do Estado de que o comando das
forças constitucionalistas pretendia propor armistício. Disso sabiam pessoas que, dias antes, fizeram sentir ao governo a necessidade de se cuidar
do armistício. O dr. Pedro de Toledo, segundo informou ao general Klinger o dr. Waldemar Ferreira, respondeu àquelas pessoas que o comando militar
estava cuidando disso, aguardando apenas momento oportuno. No comando das forças apenas o coronel Villa Bella e Silva era sabedor das intenções do
general Klinger. Nem mesmo os comandantes mais graduados foram consultados. A mais absoluta reserva foi guardada.
Esclarece o general Klinger que, quando da 2ª viagem do seu emissário para tratar do
armistício, recebeu alta noite, do comandante da Força Pública, um pedido para que consentisse que, em companhia do coronel Villa Bella, seguisse um
representante da Força Pública. Foi aceito o pedido na certeza de que tal representante iria secundar o esforço do emissário do general Klinger. Em
vez de um, foram com o coronel Villa Bella dois representantes da Força. Estes conferenciaram, em Cruzeiro, sem a presença do emissário do general
Klinger, com o general Góes Monteiro. Aliás, também os oficiais da F. P. não tomaram parte nas conferências do coronel Villa Bella com o general
Góes Monteiro.
Anteontem, três oficiais da Força Pública, por ordem do seu comandante geral,
procuraram o general Klinger, a quem deram conhecimento de 2 telegramas. No primeiro, o coronel Herculano perguntava ao general Góes Monteiro qual a
situação em que fiava o governo do Estado, porque esse governo, ao ter conhecimento do tratado da Força Pública com aquele general, lhe fizera tal
pergunta. No outro o general Góes respondia que o coronel Herculano devia depor o governo, instituir, sob sua chefia, um governo militar e tomar a
seu cargo as garantias das vidas e dos bens dos paulistas. A mesma comissão perguntou ao general Klinger pelo general Miguel Costa, obtendo, como
resposta, que devia estar preso em Campo Grande, e que ele, general Klinger, não daria ordem para soltá-lo.
Mais tarde, outra comissão, da parte do coronel Herculano, comunicou ao general
Klinger que o comandante da F. P. assumira o governo militar e que aquele coronel ficava à disposição do general. Este agradeceu a cortesia.
Entre os generais Klinger e Góes Monteiro foram trocados telegramas no dia 2. Num
deles o general Klinger louvava-se no seu emissário e dizia que as forças sob o seu comando reconheciam a necessidade de submeter-se. Em seguida a
esse, passou o general Klinger outro telegrama:
"General Góes, Cruzeiro: Peço esclarecimento, antes que o coronel Herculano o faça,
qual situação comando 2ª Região Militar em face governo militar acabais de mandar aqui instituir"
O general Góes respondeu:
"Na falta forças federais obedecentes espontaneamente governo federal aí centro
capital paulista tive necessidade investir coronel Herculano do governo militar dessa capital a fim salvaguardar ordem, vidas e propriedades povo
paulista. Peço vossas providências para que oficiais aí fiquem guardando propriedades federais militares a fim entregá-las oportunamente. Como cmdte.
2ª Região Militar nomeado desde 9 de julho darei ordens diretas coronel Herculano".
Determinou mais o general Góes que as forças obedientes ao comando do general Klinger
se reunissem em Itapetininga, Capapava e Jundiaí. Em conseqüência dessa determinação o general Klinger telegrafou a todos os comandantes de setores
nos seguintes termos:
"Combinação para suspensão hostilidades fracassou. Motivos por ora não convém tornar
público tiveram impossível continuação da idéia com qualquer probabilidade êxito. Por isso, no intento de evitar calamidade pública de extensão
imprevisível, sobretudo conseqüente maior invasão Estado, comuniquei ao general Góes que as forças que obedecem ao meu comando reconhecem
necessidade submissão ao Governo da União. Este governo mandou coronel Herculano, cmdte. geral da Força Pública, que fez com general Góes convenção
em separado, depor governador e assumir governo militar. General Góes determinou também forças federais e irregulares obedecem meu comando este
setor se reúnam em... para aguardar presença tropa federal que irá praticar ato oficial de submissão".
O general Góes, em adiantamento, mandou que as forças de Mato Grosso se reunissem em
Três Lagos.
Às 21 horas do dia 2 o general Góes telegrafou ao general Klinger, explicando ter
sido captado em Cruzeiro um rádio pelo qual se declarava haver equívoco nas declarações do general Klinger lá recebidas como sinceras e definitivas.
Pedia o general Góes uma explicação franca.
Dada a explicação pedida, o general Klinger telegrafou ao general Góes: "Diante vosso
622, fico sem função. Peço ordens meu destino e dos oficiais me acompanham".
O general Góes respondeu: "Gen. Klinger - S. Paulo - De Cruzeiro - Dia 2, hora 22,50
- Resposta vosso 591 deveis embarcar com vossos oficiais e se quiserem com respectivas famílias, podendo trazer também outros oficiais sem função aí
que assim desejem com destino a esta localidade onde sereis recebido - (a) Gen. P. Góes".
O general Klinger designou, em conseqüência, o capitão lemos Bastos para ficar em
permanência no Quartel General e determinou a partida dos demais oficiais e famílias. O general Klinger partiria mais tarde.
(A Gazeta, 4 de outubro de 1932).
Instruções do general Euclydes de Oliveira Figueiredo a
seus comandados, em 28 de setembro de 1932, comunicando a promoção de Armando Erbisti ao posto de capitão
Documentação fotografada por Carlos Pimentel Mendes em
16/12/2007
|