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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - OVNIS
Visitantes, de lugar muito, muito distante...(2)

"No creo em brujas, pero que las hay, hay..."
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Uma nova "visita" - ou o que quer que tenha sido registrado então - foi observada dois anos depois do caso da Esquadrilha da Fumaça, conforme o registro do jornal santista A Tribuna, com amplo destaque na primeira página da edição de 29 de março de 1998:


O Ovni permaneceu até o amanhecer em frente à Ilha Urubuqueçaba...
Reproduções de filme amador, publicadas com a matéria

MISTÉRIO
Ovni é filmado por amador no José Menino

O céu do José Menino recebeu na madrugada de ontem uma visita um tanto quanto inusitada e misteriosa. Por volta das 4 horas, Valentim do Nascimento Júnior e sua esposa, Maria Natividade, acordaram e avistaram um grande objeto voador não-identificado (Ovni). Eles filmaram por mais de 40 minutos o estranho corpo de luzes coloridas que permaneceu até o amanhecer em frente à Ilha de Urubuqueçaba. O ufólogo Wallacy Albino, do Grupo de Estudos Ufológicos de Guarujá, assistiu às imagens e ficou impressionado com a aparição do Ovni, descartando qualquer possibilidade de ser um avião ou mesmo um balão.


... e foi filmado por 40 minutos por Valentin do Nascimento Júnior
Foto: Anésio Borges, publicada com a matéria

CONTATOS
Ovni é avistado e filmado no céu do José Menino

O objeto iluminado sobrevoou o local por 40 minutos

Christiane Lourenço
Da Editoria Local

Um objeto voador não identificado (Ovni) apareceu no céu do José Menino na madrugada de ontem. Um estranho corpo de luz foi filmado por mais de 40 minutos pelo morador de um dos prédios que ficam na areia em frente à Ilha de Urubuqueçaba desde as 4 horas até o amanhecer.

O ufólogo Wallacy Albino, do Grupo de Estudos Ufológicos do Guarujá, assistiu às imagens e ficou impressionado com a aparição do Ovni, descartando qualquer possibilidade de ser um avião ou mesmo um balão.

Valentin do Nascimento Júnior foi acordado pela sua esposa, Maria Natividade, assim que ela avistou o objeto colorido em frente à janela de seu quarto, que estava aberta. Muito assustada com o excesso de luz e com a proximidade do objeto, ela insistiu para que o marido levantasse da cama.

"Quando ela me chamou eu não estava acreditando, mas depois acabei meio que hipnotizado com a intensidade das luzes e com os movimentos rápidos". Nascimento contou que, com um binóculo, ele e a mulher conseguiram ver o Ovni com muita definição. "O que mais me impressionou foram os movimentos e a intensidade das luzes. Eram luzes muito fortes nas cores amarela, verde e azul".

Depois de ouvir os relatos contados por Nascimento, o ufólogo explicou que uma luz menor que circulava pelo céu e depois voltava para o Ovni pode ser chamada de sonda. Segundo Wallacy, as sondas são objetos pequenos não tripulados utilizados para sondar o espaço terrestre.

Antes de A Tribuna ligar para o ufólogo e levá-lo ao apartamento de Nascimento, a família estava deslumbrada apenas com a beleza das cores emitidas pelas luzes e com a possibilidade de ser um disco-voador. "Pode ser que o nome certo disso aí que a gente viu não seja disco-voador, mas com toda certeza é uma coisa que se move muito rápido e que tem um excesso de claridade", ponderou Nascimento.

Freqüência - Wallacy Albino, no entanto, explicou que uma onda de aparições tem se tornado cada vez mais freqüente. Recentemente, um Ovni foi filmado em Peruíbe.

"Que Ovnis existem já se tem certeza. Mas respostas como de onde vêm, quem são e o que querem são apenas teorias", explicou o ufólogo. A primeira das teorias científicas para essas aparições é de que se trata de seres de outros planetas que vêm para a Terra fazer pesquisas, assim como o homem explora o Universo.

"Também há a teoria de que eles habitam uma dimensão paralela ou que são anjos que vêm anunciar o juízo final".

Para Wallacy, as imagens filmadas são muito interessantes. A definição se o objeto é ou não um disco-voador dependerá de uma avaliação do Ovni pelo Instituto Nacional de Fenômenos Aeroespaciais, que fica em São Paulo.


Valentin do Nascimento Jr. ficou impressionado com as luzes
Foto: Anésio Borges, publicada com a matéria

No dia seguinte, o mesmo jornal santista A Tribuna, voltou ao tema, com matéria de página inteira na edição de 30 de março de 1998:


Foco de luz poderia ser resultante até do surgimento de algum planeta há milhões de anos-luz
Reprodução feita pelo fotógrafo Anésio Borges em 28/3/1998, publicada com a matéria

FENÔMENO
Físico coloca em dúvida a filmagem de OVNI

Para cientista, a fita com imagens feitas na região do José Menino precisa ser submetida a exames por especialistas

Da Editoria Local

O professor titular de Física Aplicada da Universidade Católica de Santos (Unisantos), Antônio Tadeu Frutuoso Amado, descartou ontem a possibilidade de o objeto filmado no céu da Cidade, na madrugada de sábado, ser um objeto voador não-identificado (Ovni). O conjunto de luzes e cores de forma circular foi visto e filmado durante 40 minutos pelo morador Valentin do Nascimento Júnior e sua esposa, no José Menino.

Segundo o professor Tadeu, a improbabilidade se prende a diversos fatores. Primeiro, o céu da Cidade tem estado totalmente encoberto nas últimas noites, com pouca ou nenhuma visibilidade, motivo pelo qual a filmagem de qualquer objeto "é praticamente impossível".

Além disso, o físico acredita que qualquer foco de luzes, como o farol dos carros no morro refletido na atmosfera, ou os "canhões" de luzes normalmente usados em festividades, e de alta intensidade, pode gerar imagens no céu e ser confundido com objetos voadores.

Leitor de obras como Contatos, do astrônomo Carl Sagan, que analisam supostas aparições à luz da Ciência, Tadeu Amado considera o "espaço de todo o universo muito grande para só a civilização humana habitar", mas ainda não constatou evidências científicas claras sobre a existência de ovnis. "Por enquanto, tudo o que existe são relatos não comprovados e, em muitos casos, execrados pela comunidade científica".

Como sugestão, o físico recomenda que a fita seja minuciosamente analisada para, inclusive, verificar se não houve fotomontagem.

Bolas de energia - Também para o físico Fernando Cachucho da Silva, do Instituto Astronômico e Geofísico da USP, "o que existem são apenas suposições".

Apesar de não descartar a possibilidade de existirem outros habitantes no Universo, Cachucho entende que muitos fenômenos atmosféricos ainda precisam ser melhor estudados, pois são facilmente confundidos com ovnis. Fenômenos como as bolas de energia que surgem após abalos sísmicos, por exemplo, e que já foram identificados recentemente em Peruíbe.

Os abalos provocam a liberação de muita energia, que se concentra na atmosfera e forma verdadeiras "bolas". "Mas qualquer afirmação categórica só é possível depois de analisar muito bem a fita".

Com a experiência de quem já estudou no Instituto de Pesquisas Espaciais e atualmente tem a base de seus estudos em asteróides, o físico acredita que, a exemplo dos habitantes da Terra, os eventuais moradores de outras partes do Universo tentariam estabelecer com os humanos algum tipo de comunicação via emissão de ondas de rádio, por exemplo.

"A comunicação é o primeiro sinal de uma civilização avançada. Então, há de se supor que essa seria a forma de se comunicarem com a Terra. No entanto, não há relatos comprovados de que isso já tenha acontecido", pondera.

O físico também explicou que, sob determinadas condições atmosféricas, o nascimento dos planetas provoca a profusão e reflexão de luzes, visíveis a olho nu. Pela proximidade com a Terra, Cachucho não descarta a possibilidade de o morador ter confundido um ovni com o nascimento de Júpiter, por exemplo.

Radar não acusou - Na Base Aérea de Santos, a torre de controle de radar não registrou qualquer sinal diferente no período em que o morador afirma ter filmado o ovni.

O bispo dom David Picão, que pessoalmente disse ter visto apenas a "queda brusca de alguns meteoros no céu", explicou ontem que a Igreja está "observando os fatos e suas comprovações". A Igreja Católica, segundo explicou, nem acredita nem desacredita, mas vem acompanhando todos os relatos.


Ornelas: "É o grande assunto do dia"
Foto: Sílvio Luiz, publicada com a matéria

Enquete mostra que o assunto divide as opiniões

Montagem de um cinegrafista amador, fenômeno físico ou fruto de uma imaginação fértil. Não houve consenso numa enquete de A Tribuna sobre a existência ou não de um suposto Ovni. O único aspecto dessa história que ninguém discute é o interesse e a polêmica despertados pelo assunto.

Segundo o jornaleiro Reginaldo Ornelas, de 40 anos, diversas pessoas paravam em sua banca para observar as fotos e ler a chamada de primeira página. "Esse foi o grande assunto do dia", comenta. Entre seus clientes não houve uma decisão unânime. O próprio Reginaldo não duvida da prova. "Isso ocorre em todo o mundo, por que não aqui?", questiona. Para o jornaleiro, a população não crê na existência de Ovnis por ser muito "desconfiada de tudo. Ela só acredita no que vê".

"As pessoas estão assistindo muitos filmes de ficção hoje em dia", afirmou a estudante Fernanda Cabral, de 17 anos. Ela afirma que a gravação foi, provavelmente, uma montagem. Sobre a crença das pessoas em Ovnis e vida extra-terrestre, ela afirma que "eles acreditam naquilo que querem acreditar". Seu pai, o comerciante Luís Cabral, da mesma opinião, lembra: "Quando os portugueses atravessaram o Atlântico para virem até a América, achavam que a terra era plana e monstros habitavam os seus limites. Depois a Ciência veio e explicou tudo". Ele afirma que o objeto de luz gravado não passa de um fenômeno científico.

Seguindo o lema atribuído a São Tomé, "ver para crer", o porteiro Nestor de Souza comentou só acreditar quando acontecer com ele. "Ele deve ter visto alguma luz", explica.

O engenheiro civil Antonio Cerqueira Leite concorda que exista muita mistificação quando se aborda o assunto, mas acredita em Ovnis. Ele não quis dar opinião sobre a veracidade da imagem, vista na madrugada deste sábado, preferindo esperar a análise de especialistas.


Fernanda: "Gravação foi uma montagem"
Foto: Sílvio Luiz, publicada com a matéria

"Dragão verde" no céu santista

Mendes Neto (*)
Da Editoria Local

Diante do imenso tamanho do Universo, é aceitável que os seres humanos, utilizando a capacidade racional, pensem na hipótese de que existam outras formas de vida. Além da razão, para formular hipóteses e desenvolver métodos seguros de comprovação, podemos ainda utilizar a imaginação. Para esta não há limites.

Mas, segundo os preceitos da Ciência, a imaginação deve estar sempre subordinada à observação rigorosa.

Nenhuma teoria científica tem caráter absoluto ou definitivo. A história da Ciência mostra que as teorias, nas diversas áreas do conhecimento, são alteradas conforme surgem melhores hipóteses explicativas e evoluem os métodos de verificação e pesquisa.

Mas, normalmente, quando há situações estranhas e inusitadas, o homem tende a explicar do modo mais fácil, quando não há explicação melhor. O filme Os Deuses Devem Estar Loucos aborda, com bom humor, o problema criado para uma tribo de bosquímanos africanos pelo surgimento de uma garrafa de Coca-Cola em pleno deserto da Namíbia. Como não se conhecia nem vidro, nem garrafa e nem Coca-Cola, os bosquímanos atribuíram a presença daquele objeto (a garrafa) à vontade dos deuses.

O astrônomo americano recentemente falecido, Carl Sagan, grande divulgador da ciência, em seu último livro, denominado O Mundo Assombrado Pelos Demônios (Companhia das Letras), aborda com limpidez cristalina a questão dos supostos Ovnis e outros fenômenos que, de tempos em tempos, pessoas costumam dizer que viram.

Segundo o astrônomo, que relata infindáveis casos em seu livro, o que não há é comprovação científica sobre as aparições. Muitos casos se referem a alucinações, remetendo ao campo psicológico; outros podem ser explicados pelos diversos ramos da Física. Outros, ainda, são pura e simplesmente fraudes.

Os que gostam do assunto costumam contrapor aos argumentos científicos a famosa tese do complô. Isto é, quando cientistas ou autoridades militares questionam as aparições, fala-se de um complô para esconder a verdade dos fatos. Como se as autoridades estivessem coniventes com os alienígenas e contra os interesses da população da Terra.

Carl Sagan conta de um amigo que dizia ter um dragão verde fechado na garagem. Sagan não conseguia vê-lo, senti-lo, apalpá-lo, cheirá-lo. Isto é, para o astrônomo, não havia como provar que o dragão não estava lá, pois sempre o amigo dizia que o dragão estava, mas era invisível, transparente, inodoro etc.

Não havia como provar que a fera não estava lá e nem que estava. A não ser na cabeça imaginativa do suposto dono do dragão.

(*) Mendes Neto é professor de Teoria da Comunicação na Unisantos e na Unisanta.


Nestor de Souza: "É preciso ver para crer"
Foto: Sílvio Luiz, publicada com a matéria

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