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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM...
1904 - pela revista carioca Kósmos (3)

"...abundante provisão de água potável com alta pressão e inexcedível pureza; e neste particular [...] tendo a primazia no Brasil"
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Em maio de 1904, era editado o quinto número da Kósmos, uma "revista artistica, scientifica e litteraria" que tinha como editor-proprietário Jorge Schmidt e como diretor Mario Behring. Com sede na Rua da Alfândega, 24, no Rio de Janeiro, era encontrada em livrarias das principais cidades brasileiras: em Santos, na Magalhães & Cia., Bazar Paris, tendo como agente local o sr. Antenor da Rocha Leite.

Embora destacando assuntos ligados à então capital da República, a revista incluía matérias sobre outros locais do Brasil. Neste quinto número, Santos era o tema, em texto de Alfredo Lisboa, diretor da Comissão de Planejamento que promoveu uma drástica remodelação nas condições sanitárias da cidade.

Uma coleção dessa revista faz parte do acervo da Biblioteca e Arquivo Histórico de Cubatão, que cedeu a Novo Milênio esta reprodução (com grafia atualizada):

[...]


Reservatório de acumulação
Foto publicada com a matéria

Enquanto, pelo vale do Mogy acima, a São Paulo Railway desenvolve os seus dois sistemas de planos inclinados, um antigo e outro de recente construção, certamente os mais notáveis espécimes de tração funicular que a engenharia engendrou, é das vertentes do Cubatão que a cidade de Santos se abastece d'água com superabundância, e em futuro próximo colherá com profusão a potência hidráulica necessária para, convertida em energia elétrica, mover os bondes, que sobre extensas linhas de carris percorrem a cidade e seus arrabaldes, acionar as inúmeras máquinas e aparelhos que a Companhia Docas de Santos instalou sobre os cais, nas oficinas e nos armazéns, e trafegar, talvez, as linhas férreas de bitola larga da mesma Companhia, cuja extensão total já se elevava a 12.800 metros em 1902.

Para o novo abastecimento d'água haviam sido analisadas as águas do rio Cubatão e de alguns dos torrentosos riachos que nele se lançam, e procedera-se à medição das respectivas descargas em extrema estiagem, donde resultou a preferência dada ao rio Pilões, com alguns dos seus afluentes, por satisfazerem cabalmente a todos os requisitos exigidos. As águas captadas em pequenas represas são recolhidas a uma bacia de acumulação e decantação com dois compartimentos e da capacidade de 1.400 metros cúbicos, donde parte a linha adutora composta de tubos 0,50 m de diâmetro, com uma diferença de nível de 58 metros com relação ao reservatório de distribuição, sito na cidade, e o desenvolvimento total de 19.448 metros.


Rio dos Pilões
Foto publicada com a matéria

A começar do reservatório, o encanamento mestre percorre a velha estrada de rodagem do Cubatão, ao lado da São Paulo Railway, aproveitando os pilares da ponte sobre o Casqueiro, braço de mar que separa da terra firme a ilha, onde é sita a cidade, e no quilômetro 11 abandona a estrada, atravessando uma planície, cortada de camboas e plantada de bananeiras, em demanda dos morros que fecham o aprazível vale do rio Cubatão; este corre encachoeirado sobre um álveo de seixos rolados, desenrolando-se pelas suas margens várzeas fertilíssimas e em parte cultivadas, que as cheias fluviais não atingem senão excepcionalmente.


Rio Cubatão
Foto publicada com a matéria

A Companhia City of Santos Improvements, para mais facilmente efetuar o assentamento dos tubos da linha adutora, construiu previamente, a partir da estação de Cubatão da São Paulo Railway, uma pequena ferrovia, a qual transpõe sobre numerosos pontilhões com vigas de ferro, camboas e ribeirões, e sobre uma ponte metálica de dois lanços de 18,5 metros o rio principal, e acompanha o traçado da linha adutora pelo vale deste e do rio dos Pilões acima, até onde as condições de declividade do terreno permitem a tração ordinária por locomotivas.


Represa
Foto publicada com a matéria

À semelhança da Estrada de Ferro do Rio de Ouro no Rio de Janeiro e do Tramway (N.E.: linha de bondes) da Cantareira na capital paulista, a via férrea presta-se perfeitamente ao diminuto tráfego de passageiros e mercadorias, e por certo contribuirá para o desenvolvimento material dessas paragens, às quais não faltam atrativos para tornarem-se um arrabalde freqüentado da cidade de Santos.

Graças ao Kósmos foi possível representar pela imagem alguns aspectos daquele mimoso recanto e de alguns trabalhos nele realizados, com a fidelidade e o brilho que a palavra descritiva raramente comporta.

Alfredo Lisboa.


Falquejadores - quadro a óleo de Benedito Calixto
Figura no pavilhão brasileiro da Exposição de S. Luiz
Reprodução publicada com a matéria