Grande parte da produção de banana da Cidade era transportada de barco para outras regiões
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Yes, nós não temos mais a plantação de bananas
Já em 1949, Cubatão era citado nos livros de história como ponto importante para o desenvolvimento da economia paulista, por causa dos sistemas viários,
rodoviários e da Usina Henry Borden.
Ex-bairro e então Distrito de Santos, Cubatão tinha na plantação de bananas sua principal atividade. Até 1954, essa seria a principal alternativa econômica, pois só se conheciam três
fábricas: a Companhia Anilinas, a Companhia Santista de Papel e a Companhia de Cortumes Costa Muniz. Destas três, só sobreviveu a Santista, hoje pertencente ao Grupo Ripasa.
Durante muitas décadas, para os santistas, Cubatão era um lugar aprazível, com rios piscosos e ar puro, e onde se jogava o lixo de Santos.
Os próprios bananicultores gostavam de ir buscar o lixo em Santos para adubar as terras.
Um dia, os bananicultores e extratores de areia, como o pai do ex-vice-prefeito Armando Campinas Reis, cansaram-se de só pagar impostos e começaram a arquitetar a autonomia, sob a
coordenação do jornal A Voz de Cubatão.
Depois de um animado plebiscito, A Tribuna noticiava em página interna, no dia 10 de abril de 1949: "Instalada ontem a Câmara Municipal e empossado o prefeito de Cubatão".
O Município de Cubatão começou produzindo bananas. O prefeito era um bananicultor, as lideranças, bananicultores ou areeiros.
Homem rico, Cunha e seus irmãos doaram imóveis para servir de escolas e prédios públicos.
Cidade predestinada, no dia em que foi declarada a autonomia de Cubatão, o Conselho Nacional de Petróleo, por ordem do presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, anunciava as diversas
propostas para a instalação da primeira refinaria de petróleo do Brasil, com capacidade de refinação de 45 mil barris diários.
A Refinaria Presidente Bernardes foi instalada em Cubatão graças a uma esperta manobra do então deputado federal Antonio Feliciano. Dutra veio a Cubatão lançar a pedra fundamental.
Getúlio Vargas inaugurou a refinaria em 16 de abril de 1955.
Na festa de inauguração, o então governador, Jânio Quadros, bradava a vassourinha. No dia seguinte, os jornais reproduziam sua declaração profética: "A usina gigante de Cubatão (a
refinaria) deverá ser a nova matriz de prosperidade comum".
A refinaria puxou a Estireno, a Alba e a Union Carbide. Logo depois chegaria a Carbocloro.
Em 1953, quando ainda se construía a Refinaria, dois idealistas - Martinho Prado Uchoa e Plínio de Queiroz Filho - se associavam para instalar uma siderúrgica em Cubatão. Eles adquiriram
o bananal de Adelino Brites, com uma área de 4,1 milhões de metros quadrados.
No dia 4 de março de 1959, o presidente da República, Juscelino Kubitscheck, chega de trem à estaçao de Piaçaguera, depois de descer a perigosa Serra de Paranapiacaba no trenzinho do
sistema funicular.
Ele chega acompanhado de Carvalho Pinto, então governador, e compra um pacote de amendoim. Mal tem tempo de colocar alguns grãos na boca. É arrebatado do chão, colocado nos ombros dos
operários entusiasmados e levado até o ponto onde descerra a placa marcando o início das obras da Usina Siderúrgica José Bonifácio de Andrada e Silva.
Nascia a Cosipa - Roberto Gozzi chegou a Cubatão no início da década de 70, para trabalhar na área de fertilizantes. Começou em 1972 na Fertilizantes União (hoje Solorrico), numa
época em que somente a Copebrás e a Ultrafértil fabricavam matérias-primas para a produção de fertilizantes.
A Fertilizantes União era o resultado de três empresas: Copas, Solorrico e Benzemex. Hoje, apenas a Solorrico está na área de Cubatão, mas o ramo de fertilizantes cresceu com a chegada
da IAP, Manah e Adubos Trevo.
"O Vale do Rio Mogi já apresentava um crescimento promissor. As fábricas conviviam com a Vila Parisi, uma área habitacional onde residiam perto de 10 mil pessoas, na sua maioria
trabalhadores da implantação da Cosipa. Vim para Cubatão acreditando que havia um novo campo de trabalho, promissor. Para quem acredita em desafios, como eu, foi uma aventura", conta.
Em 1975, trocou a Solorrico pela Manah, onde chegou a gerente industrial. Ao contrário da maioria dos ocupantes em cargos de direção nas empresas, Gozzi integrou-se à vida social de
Cubatão e, embora resida em Santos, é no município industrial que estão alguns dos seus melhores amigos. "Identifiquei-me com os cubatenses, pessoas amáveis".
Hoje, embora mantenha a base familiar em Santos e velhos amigos nessa Cidade, relaciona-se mais com os círculos políticos e sociais de Cubatão. "Santos é um dormitório para mim. Se
tivesse moradias em pé de igualdade e facilidade de procura como Santos, não apenas eu, mas muitos representantes de indústrias morariam em Cubatão".
Em 15 anos de vivência no Município, Gozzi relembra como fato notável o combate à poluição, no qual as indústrias investiram mais de R$ 500 milhões (288 das 320 fontes de poluição,
identificadas pela Cetesb, estão sob controle), e a extinção da Vila Parisi.
"A Cidade realmente mudou muito. Mas, infelizmente, não se conseguiu, nesse período, criar grandes lideranças que soubessem representar a real importância do maior pólo petroquímico da
América Latina", observa.
"Temos líderes regionais que se identificam com o povo, mas não temos grandes representações nacionais, como no passado. E eu creio que podemos fazer essas lideranças para destacar a
importância de Cubatão no contexto nacional e internacional, antes do terceiro milênio".
Na opinião de Gozzi, as lideranças atuais deviam preparar a juventude para liderar o Cubatão que crescerá em torno do estuário, aproveitando a vocação portuária e industrial.
"É preciso cultivar o ideal de liderança. Temos muitos jovens em condições de conduzir esta Cidade, projetá-la dentro das exigências de padrão internacional. Sem demérito de outras
cidades, Cubatão tem projeção internacional. Nenhuma outra cidade tem uma participação tão importante para o Produto Interno Bruto como a nossa".
"Quando digo que Cubatão é uma fábrica de oportunidades, é porque os dirigentes do pólo industrial têm uma visão clara do que podem oferecer, para empreendedores, comerciantes,
prestadores de serviços e industriais. Todos nós, no pólo industrial, queremos somar esforços com as lideranças comunitárias para colocar Cubatão no lugar de destaque que ele merece. Em 32 anos de trabalho, tenho orgulho da posição a que cheguei,
porque Cubatão me ofereceu oportunidades. As mesmas oportunidades que oferece a todos.
Gozzi diz que agradece a Deus por ter chegado um dia a Cubatão e que, mesmo não sendo cubatense nato, se considera integrado à Cidade. "O povo de Cubatão deve unir-se ao esforço do pólo,
acreditar nos dirigentes das indústrias que controlaram a poluição e produzem respeitando a natureza e com qualidade. O povo precisa unir-se a nós para projetarmos ainda mais Cubatão no cenário internacional, além do ano 2000". |