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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [44-B]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 927 a 930, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Conselheiro Paulino
Foto publicada com o texto, página 925. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Estado do Rio de Janeiro (cont.)

Meios de comunicação

Nenhum estado da União é tão bem servido de estradas de ferro como o do Rio de Janeiro. As duas linhas principais que atravessam o estado são a Estrada de Ferro Leopoldina e a Estrada de Ferro Central, tendo ambas estações na Capital Federal.

A Estrada de Ferro Central liga a capital da República aos municípios de Itaguaí, Iguaçu, Vassouras, Piraí, Barra do Piraí, Paraíba do Sul, Sapucaia, Valença, Santa Tereza, Barra Mansa, Resende e Rio Claro. A Leopoldina atravessa os municípios de Iguaçu, Magé, Petrópolis, Paraíba do Sul, Niterói, São Gonçalo, Santana de Japuíba, Friburgo, Sumidouro, Carmo, Bom Jardim, Cantagalo, Duas Barras, Itaocara, Itaboraí, Rio Bonito, Capivari, Barra de S. João, Macaé, Campos, S. Fidelis, Cambuci, Santo Antonio de Pádua e Itaperuna.

Por estas duas estradas de ferro, acha-se o estado também ligado aos estados de S. Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Há ainda algumas linhas locais, tais como as estradas de ferro de Teresópolis, Sapucaí, Maricá, Rio d'Ouro, União Valenciana, Rio das Flores, Oeste de Minas e Resende a Bocaina. A extensão total das linhas das estradas de ferro reunidas e que percorrem o estado é muito superior a 2.000 quilômetros.

A juntar às estradas de ferro, há diversas estradas de rodagem, excelentes e algumas das quis perfeitamente adaptáveis ao trânsito de automóveis. Em muitos dos maiores rios a navegação é perfeitamente possível.

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Belas paisagens no arredores de Teresópolis: 1) Rio Paquequer; 2) Cascata Musso; 3) Cascata Paquequer; 4) Cascata Fischer; 5) Cascata Imbuí
Foto publicada com o texto, página 925. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Centros de população

Niterói, que é a sede do governo do estado, está situada na margem da baía do Rio de Janeiro, fronteira à Capital Federal, com a qual mantém, noite e dia, comunicação, por meio de grandes barcas.

Niterói é um nome indígena que significa "águas ocultas ou escondidas". No tempo do descobrimento do Brasil, era um aldeamento de índios; hoje, tornou-se uma adiantada cidade, com 40.000 habitantes. Por uma carta régia de 1819, Niterói foi elevada à categoria de vila, sob o nome de Vila Real da Praia Grande, nome que foi substituído pelo de Niterói, quando, em 1834, se erigiu em capital da província. De 1894 a 1903, Petrópolis foi sede do governo, mas, naquele último ano, mudou-se novamente a capital do estado para Niterói.

Esta cidade produz no espírito dos visitantes uma excelente impressão, já por ser dotada de largas ruas bem calçadas e esplendidamente iluminadas, em grande parte, a luz elétrica, como também porque mantém um magnífico serviço de bondes elétricos. Há também diversas praças públicas muito pitorescas, dentre as quais se destaca o belo Jardim Pinto Lima.

A cidade compreende, além de outros, três importantes bairros, a saber: Praia Grande, que é a parte comercial; S. Domingos, onde se elevam o antigo palácio do governo e uma porção de pitorescas vilas e chácaras, habitadas pela alta sociedade niteroiense; e Icaraí, o magnífico subúrbio, afamado pelas suas praias balneárias, belos passeios e encantadoras paisagens.

Grande parte da população de Niterói se entrega a várias ocupações no Distrito Federal, e para estas pessoas a travessia diária da baía constitui uma deliciosa e saudável obrigação.

O desenvolvimento que, nesta última década, tem tido a linha de barcas de Niterói é devido, na sua maior parte, ao esforço e iniciativa do visconde de Moraes, que, há muitos anos, consagra o melhor das suas energias ao progresso da cidade. Foi o visconde de Moraes quem iniciou e concluiu a eletrificação das linhas de bondes, de sua propriedade, e que percorrem os pitorescos arrabaldes de Icaraí, Saco de São Francisco, Barreto, Neves, Santa Rosa, Fonseca e Cubango.

No Saco de S. Francisco, está se construindo um hotel para turistas e um cassino. A beleza das praias desse local rivaliza vantajosamente com Trouville; e S. Francisco está destinado a ser um dia o rendez-vous obrigatório dos habitantes da fronteira cidade do Rio de Janeiro. A colônia estrangeira, e muito especialmente o elemento devotado ao esporte atlético, já avulta nesses arrabaldes de Icaraí e Saco de S. Francisco.

Entre os belos edifícios que, em épocas mais ou menos recentes, têm sido construídos na cidade, são dignos de menção: o novo palácio do governo, o hospital de caridade, o Asilo de Santa Leopoldina, o novo hospital da Marinha em Jurujuba, a Câmara Municipal, o Hospital de S. João Batista, a Escola Normal, várias igrejas e o Teatro Municipal.

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Niterói: 1, 2 e 5) Aspectos das ruas; 3) A Estação das Barcas; 4) O Palácio da Presidência
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Para aqueles que consideram suprema delícia as belas paisagens serranas, nada há que exceda a beleza de Petrópolis, a flor das cidades do Brasil. A viagem do Rio de Janeiro a Petrópolis é uma encantadora revelação. Quando o trem galga a serra, o espetáculo cambiante apresentado pelas inumeráveis curvas da baía, que parece serpear, e o aspecto constantemente variado das ilhas que se apertam, dá a impressão arrebatadora de uma multidão confusa de belezas.

"Ao mesmo tempo", diz miss Robinson Wright, "vê-se a baía toda cintilante aos raios do sol ou coberta de um espumoso nevoeiro, e as ilhas e rochas que marchetam a sua superfície, tendo cada uma delas um cunho próprio de graça e um direito especial à admiração. Ao longo do caminho aparecem, em rápido vislumbre, espécimes da mais suntuosa vegetação tropical: trepadeiras, samambaias e musgos úmidos e aderentes, formando um eficaz engaste para a delicada coloração das orquídeas, e para o opulento brilho das mais rutilantes flores. Grandes blocos de granito, milagrosamente equilibrados à beira de penhascos sobranceiros; riachos que, rápidos, descem pelo declive da montanha e que nos tempos de chuva se ensoberbecem, rugem como se foram torrentes, apresentam aquela simplicidade audaz que é a característica da natureza encarada pelo seu lado mais selvagem".

Fundada em 1845, por alguns alemães que formaram uma colônia, Petrópolis se desenvolveu tanto que chegou a ser a Versailles da metrópole brasileira. Também é famosa como rendez-vous da opulência e da moda, ao passo que é igualmente considerada como notável centro de educação.

A estação de Petrópolis vai de dezembro a maio, meses durante os quais a cidade vive em perene alegria e animação. Foi por causa de uma epidemia de febre amarela na cidade do Rio de Janeiro que Petrópolis conquistou a invejável reputação de que goza, porque nesse belo recanto, a 28 milhas de distância da Capital Federal e a 3.000 pés acima do nível do mar, o Corpo Diplomático procurou, então, um abrigo.

A princípio, era de costume passarem os diplomatas nove meses do ano em Petrópolis e três meses na Capital Federal, mas, gradualmente, Petrópolis se tornou a sede permanente das legações. Parece, porém, e tudo leva a crer que, em um futuro próximo, elas serão transferidas para o Rio de Janeiro. Petrópolis, com as vinte legações que nela se estabeleceram, ocupa, em relação ao seu tamanho, um dos lugares mais importantes entre as cidades congêneres do mundo.

A maior parte das legações ocupam villas confortáveis, muito belas, colocadas em meio de luxuriantes jardins e prados florescentes, que espalham mais graça em torno delas. Um dos edifícios mais interessantes da cidade é a antiga residência de verão de dom Pedro II, a qual está atualmente convertida em um internato de moças.

Há diversos e importantes institutos de educação estrangeiros, entre os quais um colégio alemão para meninos e uma escola americana para meninas. A cidade é, de todos os pontos de vista, uma das mais bem tratadas do Brasil. Petrópolis ostenta a todo o instante a sua beleza incomparável, mas o momento mais propício para se obter uma impressão mais grandiosa da opulenta cidade é ao amanhecer, quando, como diz um escritor brasileiro, "o sol nasce em todo o seu esplendor, por sobre os altos picos, iluminando o verde sombrio dos laranjais, banhando com os seus raios as altas frondes das palmeiras graciosas e inundando de luz, não somente as enormes folhas das bananeiras, que estão desfraldadas como se fossem verdes pendões, como também as espinhosas colunas de cactos, ao mesmo tempo em que grandes rochas emergem, como se fossem fantásticas ilhas, daquele mar de vegetação, e cintilam em uma orgia de cores e matizes as plumagens irisadas dos beija-flores e as asas das borboletas que esvoaçam divertidamente no ar quente e voluptuoso, havendo por toda a parte, por cima e por baixo, assim como um deslumbramento de glória".

De Petrópolis estende-se até Juiz de Fora, no estado de Minas, uma antiga estrada de rodagem que mede 150 milhas de comprimento. Petrópolis possui ainda muitas quedas d'água e cascatas que constituem precioso manancial de força industrial. Nas suas vizinhanças, estão já localizadas, além de diversas outras, muitas fábricas importantes de tecidos e artefatos de algodão, cervejaria etc. A população de Petrópolis anda por 30.000 habitantes

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Rio Cricket Club, Niterói
Foto publicada com o texto, página 927. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Campos, que tem uma população de 40.000 pessoas, mais ou menos, está no coração de uma região grande produtora de açúcar. É bem servida por três estradas de ferro, que a mantêm em relações permanentes com a Capital Federal e com os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, ao mesmo tempo que barcos de fundo chato percorrem o Rio Paraíba.

A cidade é iluminada à luz elétrica, servida por muitos carros de praça e dotada de excelente rede de esgotos e canalização para suprimento de água. A região que circunscreve a cidade é perfeitamente adequada à criação do gado, e considerável número de cabeças dali saem, a suprir os mercados vizinhos.

Campos produz também frutas em grande abundância, e nas suas proximidades há valiosos depósitos de caulim e outras argilas utilizadas em cerâmica. Nesta cidade, são as indústrias muito favorecidas pelo fato de estar Campos ligada, por um canal, com o porto de Macaé, ao qual vai ter também uma estrada de ferro. Entretanto, o escoamento natural de seus produtos, por via marítima, é o porto de S. João da Barra.

Há na cidade muitos edifícios bonitos, entre os quais são merecedores de menção o Paço Municipal e a Biblioteca Pública. Há, além desta, diversas outras bibliotecas menores, mantidas por sociedades particulares. As instituições da cidade são, entre outras: uma Sociedade Agrícola, em franco progresso, e o Jockey Club. Há ainda três hospitais e numerosas sociedades musicais, dramáticas etc.

Macaé é um porto de importância e está ligada ao Rio de Janeiro e a outras cidades do litoral por uma linha regular de vapores. Também faz parte de uma região rica em lavouras de açúcar e café. Em uma das suas freguesias (Quissamã), existe a mais importante usina de açúcar do estado e, talvez, do Brasil, sobretudo atendendo-se às esplêndidas máquinas de que dispõe e que são dos tipos mais modernos e aperfeiçoados.

A Colônia Suíça de Friburgo, um dos mais antigos estabelecimentos de imigrantes do Brasil, foi fundada em 1819. O seu clima é magnífico e o solo rico e fértil. É uma rival de Petrópolis, estando ligada ao Rio de Janeiro por uma estrada de ferro. Está a 3.000 pés acima do nível do mar, e é centro de uma riquíssima zona cafeeira.

Teresópolis, que está a igual altitude, também ocupa um dos primeiros lugares entre os pontos saudáveis do estado. A sua situação domina um esplendido e belo panorama, avistando-se dali não somente as cascatas e cursos d'água que coleiam a Serra dos Órgãos, como também, lá em baixo, muito ao longe, a magnífica baía de Guanabara.

São João da Barra fica em uma pequena península, da área de uma milha quadrada, aproximadamente, e está justamente na foz do Rio Paraíba do Sul. Nessa cidade funcionam várias refinações de açúcar muito importantes.

Itaboraí, situada a pequena distância de Niterói, é famosa por ter sido o berço do romancista e historiador Joaquim Manoel de Macedo. Em Barra de S. João, pequena cidade, na foz do Rio S. João, e centro de comércio de cereais e lenha, nasceu Casimiro de Abreu.

Valença, situada a uma altitude quase igual à de Petrópolis, foi, outrora, uma das mais opulentas e aristocráticas do Rio de Janeiro. Possui dois dos mais belos jardins do estado do Rio e, dentre os seus edifícios notáveis, devem ser citados: a Câmara Municipal, o Hospital de Caridade, o palacete Rio Preto. É dotada de esplêndida canalização de água e iluminada à luz elétrica. Possui uma boa fábrica de tecidos. A sua biblioteca pública é a mais notável do estado, não só pelo número de obras de que dispõe, como pela raridade de muitas delas.

Paraíba do Sul, outra bela cidade, ostenta importantes construções. É atravessada pelas estradas de ferro Central e Melhoramentos. Barra do Piraí apresenta regular movimento industrial e comercial, tendo muitas fábricas, principalmente manufaturas de fumo e curtumes. S. Fidelis, centro açucareiro e cafeeiro de primeira ordem, possui ricas minas de plombagina. Ali, tem a Leopoldina Railway sobre o rio uma gigantesca ponte de 500 metros de extensão.

Itaperuna é a cidade menos populosa do estado, sendo, entretanto, a sede do mais extenso município fluminense. Cabo Fio é uma cidade lindíssima e centro de intenso comércio de sal, cal e peixe, sem falar nos cereais que exporta para outros lugares da República. É também notável pela importância de sua navegação.

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A fábrica de fósforos de M. M. Ferreira & Cia., Niterói
Foto publicada com o texto, página 929. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Bispado de Niterói - O reverendíssimo d. Agostinho Francisco Bannassi, bispo de Niterói, nasceu no Rio de Janeiro em 17 de novembro de 1868. Recebeu a sua educação primária na antiga Escola de São José, passando daí para o seminário do mesmo nome. A sua carreira escolar foi sempre de brilhantes exames e aos seus êxitos escolares aliou uma piedade e devoção que o levaram à carreira sacra.

A 23 de maio de 1891, depois de ter sido professor em seu seminário, ordenou-se no Rio de Janeiro, e sucessivamente desempenhou as funções de vigário, em Petrópolis, Candelária e Engenho Velho. Em 1901, foi feito cônego da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro e nomeado secretário do Cabido. Durante a ausência do bispo de Niterói em 1902, a diocese ficou a seu cargo; quatro anos depois, foi nomeado pela Santa Sé prelado doméstico, e no ano seguinte bispo de Niterói.

Em 10 de maio de 1908 foi S. Ex. Revma. consagrado pelo cardeal d. Joaquim Arco Verde, na catedral do Rio de Janeiro; e quatorze dias depois, tomou conta do seu bispado, que abrange todo o estado do Rio de Janeiro e compreende 126 paróquias, com cerca de 200 padres.

Existem na diocese várias ordens religiosas, das quais a de São Francisco é a mais numerosa. Há também grande número de instituições escolásticas dirigidas pela Igreja, e o bispo é ainda responsável pelas despesas feitas com a educação e preparo de cerca de 20 seminaristas.

O Palácio do Bispado, imponente edifício, tem uma história interessante. Construído primeiramente para templo maçon, foi sucessivamente centro de reuniões espiritistas, hospital por ocasião da Revolta, hospital para variolosos e fábrica de fósforos, antes de ser destinado à residência episcopal. Durante a ausência do bispo anterior, foi o palácio assaltado por ladrões e privado das suas portas, janelas e tudo quanto era possível transportar. Em seguida foi ocupado por uma legião de más mulheres.

No regresso do bispo, foi a reocupação do edifício impedida pelas vagabundas, que aí tinham estabelecido coito e chegaram a levantar barricadas, para se baterem pelo domínio conquistado. Finalmente, foi requisitada uma força com armas embaladas, para repelir o bando usurpador e restituir ao bispo a sua residência.

Colégio São Vicente de Paulo - Este estabelecimento, no seu gênero um dos mais importantes do Brasil, é dirigido pelos cônegos premonstratenses belgas, que também dirigem colégios em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. O Colégio São Vicente de Paulo, de Petrópolis, funciona no antigo palácio imperial. No coração da cidade, o edifício se acha contudo isolado do bulício das ruas, graças ao vasto e magnífico parque que o circunda. Esta circunstância coloca o palácio nas condições mais vantajosas para nele funcionar um internato.

Conta atualmente o colégio 350 alunos, filhos de distintas famílias do Rio de Janeiro e dos estados do Norte do país. A instrução ministrada está de acordo com a recente lei orgânica do ensino, preparando-se, em cinco anos de estudo secundário, o aluno para a sua matrícula em qualquer escola superior e também para a escola eletrotécnica Montefiori, de Liège, na Bélgica.

O ensino primário é também cuidadosamente administrado desde as primeiras letras. A educação moral é perfeita, pois consiste em formar o caráter do aluno, atuando sobre a sua vontade e dirigindo o seu coração para virtude e o patriotismo.

Colégio Anchieta - Este colégio, hoje um dos mais importantes estabelecimentos de ensino secundário da América do Sul, foi fundado em 1886 pelo seu primeiro reitor, padre Lourenço Rossi. A sábia distribuição do ensino, a admirável disciplina interna, assim como a amenidade do trato do pessoal do novo colégio, deram-lhe imediatamente grande nomeada.

Em 1890, foi o padre Lourenço Rossi substituído pelo padre Augusto Aureli, superior dos jesuítas do Brasil; e o atual reitor é o padre Madureira. Data de 1901 a equiparação do colégio ao Ginásio Nacional.

O Colégio Anchieta funciona num vasto e moderno edifício situado num dos mais belos pontos da cidade de Friburgo, da qual é um dos principais monumentos. Ocupa uma área de 5.000 metros quadrados; tem 3 andares com 18 metros de altura e locação para 500 alunos.

O primeiro andar é ocupado pela capela, duas grandes e elegantes salas de visitas, átrio, salas de química e de esgrima, escritório, enfermaria, rouparia, alfaiataria, estabelecimento de banhos e duchas etc. No segundo andar, acham-se quatro grandes salões, destinados ao estudo particular dos alunos; 14 vastas salas para as aulas; salão para museu de História Natural; a capela dos congregados; uma bela sala de visitas, aposentos do reitor, 6 quartos para hóspedes, 8 pequenos cômodos para pianos, salas de música e o grandioso salão dos atos que tem o comprimento de 42 metros por 9,50 de altura e 12 de largura.

Os dormitórios de alunos, magnificamente ventilados por uma série de janelas que abrem para a floresta próxima e dominam uma bela paisagem, acham-se situados no terceiro pavimento, bem como os aposentos dos professores e biblioteca. O grandioso e imponente edifício conta mais de 300 janelas externas.

M.M. Ferreira & Cia. - Esta sociedade em comandita tem um capital de Rs. 200:000$000 e é proprietária da importante fábrica de fósforos Brilhante, situada em Barreto, em Niterói, à Rua de Sant'Anna, 149-A.

A produção mensal da fábrica é de 5.000 latas, contendo 6.000.000 de caixas, o que equivale a uma produção de 72.000.000 de caixas por ano. A fábrica tem maquinismos modernos e completos, acionados por um motor de 40 hp, e emprega 350 operários, entre homens, mulheres e crianças. Os seus produtos obtiveram um Grande Prêmio na Exposição Nacional de 1908 e são vendidos por todo o Brasil, onde encontram a melhor aceitação.

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Saco de São Francisco, Niterói
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Campos

O município de Campos, o maior do estado do Rio de Janeiro, possui uma área de 3.675 km; é geralmente plano, bem regado, e conta excelentes pastagens; a sua principal lavoura é a de cana-de-açúcar. Limita-se ao Norte com o município de Itaperuna; a Leste, com o de São João da barra e o oceano; a Oeste, com os municípios de Monte Verde, São Fidelis e Santa Maria Madalena.

Produz aguardente, álcool, açúcar, café, cereais em abundância, doces, fumos etc. A indústria pastoril está muito adiantada, existindo fazendas importantes, onde têm sido introduzidos reprodutores das melhores espécies. Há usinas de grande valor para o fabrico de açúcar, aguardente, álcool, que constituem os seus principais produtos de exportação, fábricas de tecidos etc.

O município de Campos é geralmente saudável e bem servido, quanto à viação, pela estrada de ferro Leopoldina e várias estradas de rodagem. Está dividido em 16 distritos, achando-se no primeiro deles a sede do município, a cidade de Campos.

Campos fica situada à margem direita do Rio Paraíba, a 20 metros de altitude; o seu porto é bem freqüentado e dela partem vários ramais da estrada de ferro Leopoldina. Foi declarada vila em 1676 e elevada a cidade pela lei nº 6 de 28 de março de 1835. Seu comércio é considerável e existem estabelecimentos industriais importantes.

Possui edifícios elegantes, cadeia, escolas públicas bons hotéis, teatro, hospitais diversos, entre os quais a Casa de Caridade, fundada em 1791; agência do correio, estação telegráfica, institutos bancários, imprensa diária, Liceu de Humanidades, equiparado ao Ginásio Nacional etc. A cidade de Campos é iluminada a luz elétrica e possui bom serviço de abastecimento de água e rede de esgotos. Liga-se à margem oposta do Paraíba por duas belíssimas pontes.

Banco do Brasil - A filial do Banco do Brasil na cidade de Campos foi aberta em junho de 1910, sob a direção do sr. Alva Miguel de Mello. Este senhor nasceu no Rio de Janeiro e aí fez os seus estudos, na Academia de Comércio, donde saiu diplomado; foi então, a mando do governo e fazendo parte duma comissão, para a República Argentina, onde estudou Agricultura, durante 6 meses. Voltando para o Brasil, foi nomeado para o cargo que presentemente ocupa.

Banco Comercial e Hipotecário de Campos - Este banco foi fundado em 1873 com o capital de Rs. 1.000:000$, ultimamente elevado a Rs. 2.000:000$. Os seus acionistas são em número de 235. O banco efetua transações de toda a espécie. No ano de 1910-11, as operações feitas atingiram Rs. 22.381:137$000; e nessa época era o fundo de reserva de Rs. 515:000$000.

A diretoria do Banco Comercial e Hipotecário de Campos compõe-se dos srs. Antonio Domingos Tinoco, presidente; tenente-coronel Benedicto de Azeredo Queiroz e Antonio da Cunha Lessa.

Alberto F. Cartner - O sr. Alberto F. Cartner, engenheiro, nasceu em Sydenhm, bairro da cidade de Londres, em 1867. Principiou os seus estudos no Instituto Salford, em Manchester, e concluiu-os na Escola Técnica da mesma cidade. Aí praticou, durante uns tempos, na afamada casa Platt e até hoje trabalha para esses srs., por conta dos quais já esteve em diversos países, dirigindo instalações de fábricas de tecidos.

Atualmente, está o sr. A. F. Cartner montando o maquinismo duma fábrica de tecidos, em Campos, fábrica cuja instalação foi contratada pelos srs. Henry Rogers & Sons, Ltd., de Wolverhampton.

Construtora Campista - Este estabelecimento, que pertence à firma Americo Machado & Cia. e tem como gerente o ativo industrial sr. Victorio Ferreira da Silva, ocupa, à Rua Tenente Coronel Cardoso, 59 e 61, uma área de 5.850 metros quadrados.

O edifício é dividido em três corpos. No primeiro, à esquerda, está instalado espaçoso escritório, e ao lado, o almoxarifado da fábrica, onde se encontra material vindo diretamente da Europa; no segundo, fica a seção de marcenaria, com as máquinas destinadas a preparar as madeiras para os marceneiros. Produzem estas máquinas diariamente 1.200 metros, no que gastam 10 horas. Há também máquinas para rasgar venezianas, lascar, aquecer a cola etc.

Vai ser assentada uma máquina destinada ao fabrico de raios de veículos. Este aparelho fabrica 900 raios em 10 horas. As seções de carpintaria e ségeria acham-se instaladas no segundo corpo do edifício, encontrando-se na primeira, em preparo, grande quantidade de venezianas, portas, janelas etc. e na segunda, carros de lavoura, carroças para aterros, carrocinhas de mão etc.

Ao fundo, está montada uma grande máquina de aparelhar madeira para assoalho, serviço feito com a maior perfeição. Uma grande serra de fita e outra circular preenchem o espaço do segundo corpo do edifício.

Do terceiro chalé, parte uma linha de vagonetes que corre o interior da fábrica; e há um aparelho Maxim que suspende 5 toneladas. Recentemente, foi importado da Alemanha um engenho de serrar que pode trabalhar com uma ou 20 serras, fracionando em poucos minutos enorme toro de madeira.

Seguem-se: um aparelho que recebe as madeiras, as serra em couceiras e as reduz a tábuas, produzindo uma média de 280 tábuas diariamente; uma máquina de esmeril, para limar serras, e grande quantidade de serras de todos os modelos. A grande caldeira da fábrica é de 110 cavalos, tendo ao lado dois motores: um de 35 cavalos, que aciona a seção de serraria, e outro de 60, para a seção de marcenaria.

Tem ainda o importante estabelecimento um depósito de madeira bruta, casa de máquinas e oficina de lustração. Trabalham na fábrica 103 pessoas, não incluindo 8 do escritório e depósito de móveis. A seção de marcenaria está sob a direção do sr. Julião Figueira; a de torno, do sr. Joaquim Cordeiro, e a de mecânica, do sr. Armindo Silva; tenciona a Construtora Campista em breve edificar as casas de modelo higiênico já conhecidas na Capital Federal, para serem vendidas a prestações. Neste empreendimento, está interessado o sr. Americo Machado, capitalista que tem o seu nome já ligado a várias empresas importantes.

Curtume Campista - No estabelecimento conhecido por Curtume Campista preparam-se anualmente de 8.000 a 10.000 couros, os quais são vendidos no Rio de Janeiro. O prédio onde funciona o curtume ocupa uma área de 200 metros quadrados. Todo o maquinismo é movido a vapor. Os couros são comprados nos estados do RIo de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, e há entre eles peles de onças, pumas e outros animais.

O movimento anual atinge Rs. 500:000$000 e o capital empregado é de Rs. 250:000$000. O curtume, que foi fundado em 1900, é de propriedade do sr. José da Costa Alvarenga.

R. Chrysostomo & Irmão - Esta firma, uma das mais importantes da cidade de Campos, importa em grande escala maquinismos de diversas espécies, motores, utensílios para lavoura etc. O seu capital é de Rs. 800:000$000 e o movimento da casa atinge anualmente cerca de Rs. 2.000:000$000.

As mercadorias, importadas de diversos países da Europa e da América do Norte, são vendidas por toda a República. Em Campos, é a firma proprietária duma vasta e bem instalada oficina com estabelecimento de fundição,onde emprega cerca de 80 pessoas. A casa, que foi fundada há 50 anos, passou, em 1906, a ser de propriedade do sr. Raphael Chrysostomo d'Oliveira, o atual dono, que tem como sócio seu irmão sr. Attilano Chrysostomo d'Oliveira.

Clodimir Feydet - O estabelecimento denominado Curtume da Coroa, de propriedade do sr. C. Feydet, foi fundado em 1841, pelo pai do dono atual, e passou para as mãos deste em 1897. O maquinismo atualmente empregado não é moderno, mas em breve será substituído pelo que há de mais aperfeiçoado.

Os couros aí preparados provêm todos dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e, uma vez curtidos, são vendidos pelo agente da firma no Rio de Janeiro. O movimento anual anda por cerca de Rs. 600:000$000; mas, com os projetados melhoramentos na instalação do curtume, tomará este grande impulso. O capital da firma é de Rs. 100:000$000.

Amaro Prado & Cia. - Esta casa importadora, estabelecida há 12 anos, efetua anualmente mais de Rs. 1.000:000$000 de transações. O seu capital é de Rs. 200:000$000. Os principais artigos importados são utensílios domésticos, arames, cimento, graxas, vidraças, artigos de alumínio, drogas e produtos químicos, os quais, na sua maior parte, provêm da Alemanha, França e Inglaterra, e são vendidas nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Representam a firma, por esses estados, diversos viajantes. Os sócios solidários são os sr. José Prado e João Isidro da Silva Vianna, e comanditários os srs. dr. Antonio Ribeiro da Silva Vianna e Francisco Ribeiro de Vasconcellos.

Machado Vianna & Cia. - Esta casa, fundada há 50 anos, efetua anualmente cerca de Rs. 1.000:000$000 de vendas. O seu capital é de Rs. 100:000$000. A firma importa em grande escala armas e munições, ferro, aço, carvão, cimento, arame farpado, tubos de ferro e chumbo, ferragens, cutelaria, tintas, óleos, graxa, papel, velas e diversos outros artigos, procedentes da Inglaterra, França, Portugal, Alemanha e das praças do Rio de Janeiro e São Paulo.

A firma vende as suas mercadorias pelos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo e ao Norte de Minas Gerais. Para este fim, emprega vários viajantes. Os sócios da casa são os srs. Manoel José Vianna, Carlos Alberto Machado Lopez e Albino Vianna Pinheiro.

Silva & Carneiro – Esta casa existe há cerca de 50 anos, tendo primeiramente girado sob a razão social de Silva Carneiro & Cia. Negocia em ferragens, tintas, utensílios para agricultura etc.; todos esses artigos são importados da Europa e América do Norte e vendidos pelos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

A firma negocia com um capital de 50 contos e, anualmente, mais de 400 contos de transações são efetuadas. Os atuais sócios são srs. Manoel Domingos Carneiro da Silva e João Carneiro Valiegno.

Moreira, Santos & Cia. - Esta firma negocia em fazendas, chapéus, perfumarias e miudezas, artigos esses comprados, em parte, na Fábrica de Tecidos Campista e no Rio de Janeiro. Os srs. Moreira Santos & Cia. efetuam anualmente negócios na importância de Rs. 1.000:000$000. O seu capital é de Rs. 100:000$000.

A casa foi fundada, há muitos anos, pelo sr. Antonio Fernando Santos Moreira, e tem passado, até a presente data, pelas seguintes alterações: Santos Moreira & Cia., Cia. Comércio e Indústria Campista, Santos Moreira & Cia. e, desde julho de 1910, Moreira, Santos & Cia. Os atuais sócios são os srs. Carlos José Martins Moreira, Abilio Moreira Esteves e Benedicto dos Santos.

Silva, Rego & Cia. - Fundada há 45 anos, sob a firma de Silva Carneiro, foi esta casa, em 1894, adquirida pela firma atual. O capital empregado é de R. 100:000$000 e o movimento anual atinge Rs. 1.000:000$000. Da América do Norte e da Europa importam os srs. Silva, Rego & Cia. ferragens, armas, drogas, papel, perfumarias, louças, tintas, óleos, vidros, arame, cimento etc.; esses artigos são vendidos pelos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, havendo pra este fim diversos viajantes.

Os escritórios e armazéns ficam à Rua do Conselho, 54 e 56. O sr. Silva Rego, sócio capitalista, tem dois sócios de indústria, que percebem uma porcentagem sobre os lucros anuais. O sr. Silva Rego, que nasceu em Portugal, foi empregado da casa Silva Carneiro, antes de se tornar seu proprietário.

Sampaio Ferreira & Cia. - Além de uma agência do Banco Comercial do Porto e do Brasilianische Bank für Deutschland, têm os srs. Sampaio Ferreira & Cia. importante estabelecimento de fazendas, ferragens, drogas, tintas, óleos, cimento, cal, carvão e coque.

Todos esses gêneros são importados de Londres, Paris, Berlim, Nova York e Portugal e vendidos pelo interior dos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. Para este fim, emprega a firma diversos viajantes.

Nos seus escritórios e armazéns, sitos à Rua 13 de maio 25 e 26, trabalham 12 pessoas. O movimento anual da casa anda em Rs. 200:000$000. O capital empregado representa também 200 contos. Os sócios da casa são os srs. Carlos Denis Sampaio Ferreira, Bento José de Sampaio e Bento de Arunjo Sampaio.


Comerciantes campistas: 1) J. da Silva Gomes Rego; 2) D. F. Cabral; 3) Luiz . F. Tinoco
Foto publicada com o texto, página 930

Macaé

Este município é um dos mais importantes do estado, não só pela sua área de 3.211,03 km, como também por seu comércio e lavoura. Fica situado a leste do estado e é banhado pelo Atlântico, limitando-se também com os municípios de Campos, Barra de São João, Nova Friburgo e Santa Maria Madalena. É cortado por três ramais da estrada de ferro Leopoldina, pela estrada de rodagem de Niterói a Campos e banhado pelo Rio Macaé e seus afluentes. Geralmente saudável, é povoado em quase toda a sua extensão, contando cerca de 50.000 almas.

Produz cereais em abundância, muito café, aguardente, álcool, açúcar, frutas diversas, fibras têxteis e, na parte Norte de seu território, encontra-se turfa em abundância. Possui numerosos engenhos de açúcar, alguns dos quais de grande importância.

O município é dividido em nove distritos, a saber: Cidade, Barreto, Carapebus, Quissamã, Conceição de Macabu, Neves, Cachoeiras, Frade e Sanna. No primeiro distrito fica a cidade de Macaé, sede do município, bonita, movimentada, com importante comércio, mais de 20 fábricas diversas, prédios de elegante e sólida construção, agência telegráfica, hotéis, imprensa, escolas públicas e colégios particulares, agência do correio, bela igreja matriz, sob a invocação de São João Batista etc.

Macaé foi elevada a paróquia, por alvará de 6 de maio de 1815; a vila de São João de Macaé, por ato de 29 de julho de 1813; e a cidade, por lei nº 364. de 15 de abril de 1943.

Existem no município 1.280 prédios, dos quais 960 na cidade de Macaé. Possui o município a linda praia de Imbetiba, muito procurada para banhos de mar, e a importante queda de água denominada do Roncador.

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