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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [40-D]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 765 a 769, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Juiz de Fora
Foto publicada com o texto, página 765. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Minas Gerais (cont.)

Juiz de Fora

Teve Juiz de Fora a sua origem no arraial do Morro da Boiada; pouco a pouco, porém, foi-se a povoação deslocando para a várzea e foi morrendo aquele arraial, ao passo que, em torno do sobrado do "juiz de fora", surgia a vila de Santo Antonio do Parahybuna, hoje cidade de Juiz de Fora. Foi a vila constituída em sede do município em 1850 e teve os seus foros de cidade por lei nº. 753 de 2 de maio de 1856. O seu nome foi mudado para Juiz de Fora por indicação do deputado provincial barão de S. Marcellino (dr. Marcellino de Assis Tostes), que foi proprietário dos terrenos em que hoje se ergue a cidade.

Juiz de Fora fica situada à margem direita do Rio Paraibuna, em extensa planície, interrompida por uma cadeia de montanhas, a principal das quais é o Morro da Liberdade, com 930 metros de altitude. A cidade fica colocada a 675 metros acima do nível do mar. A população, segundo o recenseamento de 1908, feito pela Municipalidade, era de 28.553 habitantes; hoje deve passar de 30.000.

Essencialmente comercial e industrial, está Juiz de Fora ligada à capital da República e à cidade de São Paulo, pela Central; e fica a poucas horas de qualquer dessas cidades. Conta, atualmente, cerca de 7.000 casas, entre as quais grande número de edifícios públicos de valor. Destes de destacam: o Fórum, a Academia do Comércio, Santa Casa da Misericórdia, Ginásio, estação distribuidora da Cia. Mineira de Eletricidade, grupos escolares, igreja matriz, teatro etc. Contam-se na cidade quarenta e sete ruas e praças, sendo as principais: a Rua Direita com 4 quilômetros de extensão por 33 metros de largura; ruas Santo Antonio, Tiradentes, Serra, 15 de Novembro, Baptista de Oliveira etc.

Dos seus arrabaldes, o mais importante e o de Mariano Procópio, ligado a Juiz de Fora pela Central e por uma linha de tramways elétricos. O serviço de tramways e de iluminação pública é feito pela Companhia Mineira de Eletricidade. O município dispõe também de boas estradas de rodagem, e, pelas estradas de ferro Central do Brasil e Juiz de Fora e Piau, está em comunicação com várias zonas do estado.

Em Juiz de Fora florescem várias indústrias, entre as quais ocupa o primeiro lugar a de tecidos, que inclui grandes fábricas, tais como: Cia. Fiação e Tecelagem Industrial Mineira, Tecelagem Mascarenhas, Fiação e Tecelagem Moraes Sarmento etc. As outras indústrias compreendem fábricas de massas alimentícias, refinações e açúcar, laticínios, gelo, tintas de impressão e de escrever, cervejarias, curtumes, fundições etc. Juiz de Fora é uma das cidades mineiras em que a indústria está mais bem representada.

O comércio tem grande desenvolvimento e conta considerável número de firmas importantes com estabelecimentos variados e bem supridos, para atender às necessidades da população.

As instituições de caridade, beneficência e recreativas são numerosas, entre elas: a Santa Casa de Misericórdia, de admirável organização, muito bem aparelhada em todos os seus serviços; Asilo João Emilio, para órfãos; Liga Mineira Contra a Tuberculose; Associação Garantia das Famílias; Sociedade Beneficente de Juiz de Fora; Associação Comercial; Club Sportivo Internacional e outras mais.

A imprensa é representada por três diários: O Pharol, o Correio de Minas e o Jornal do Commercio, e vários periódicos, entre eles Minas Espirita, Innominavel, o Sarilho etc.

O município de Juiz de Fora, o mais importante da zona da Mata, compõe-se de 15 distritos e tem uma população total de 85.450 habitantes. É administrado por uma Câmara Municipal composta de 13 vereadores. O atual presidente da Câmara é o dr. Antonio Carlos Ribeiro de Andrade, nascido em Barbacena a 5 de setembro de 1870 e formado em Direito pela Faculdade de São Paulo, foi eleito para aquele cargo em 1908 e deputado federal em 1911.

A lavoura, no distrito da cidade, ocupa uma área de cerca de 800 alqueires em cafezais, a 3.700 pés de café por alqueire. A produção foi, em 1905, de 400 alqueires de milho, 80 de feijão e 20 de arroz, havendo nesse ano uma área de 100 alqueires em canaviais.

As raças de gado no município compreendem as seguintes: caracu, zebu, chua, holandesa, suíça; e as de porcos são: Yorkshire, canastrão, Berkshire e outras. As fazendas do município são numerosíssimas e importantes.

A instrução no município é representada por institutos estaduais, municipais e particulares, compreendendo os primeiros 3 grupos escolares; as escolas municipais são em número de 30 com 959 alunos matriculados. A instrução particular é ministrada por vários estabelecimentos reputados, entre eles: a Academia do Comércio, o Ginásio Grambery, o Colégio Mineiro e outros mais.

Juiz de Fora é a sede de uma importante instituição literária: a Academia Mineira de Letras, fundada em 25 de dezembro de 1909 e que se compõe de 40 cadeiras, ocupadas pelos nomes mais conhecidos nas letras, no estado. A Academia tem como presidente honorário o dr. Augusto de Lima e presidente efetivo o dr. Eduardo de Menezes.

Juiz de Fora é também dotada de uma estação meteorológica e de um Posto Zootécnico e em poucos anos terá instalada, na Graminha, uma poderosa e moderna usina siderúrgica.

Dr. Antonio Carlos - O dr. Antonio Carlos, presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora, estudou na Faculdade de Direito de S. Paulo, onde se bacharelou em 1891, tendo feito um curso brilhante. Foi promotor de Ubá e juiz em Palma. Em sua mocidade, dedicou-se ao jornalismo. Entrando na política do Estado, depois de sua formatura, ocupou, no governo do sr. Francisco Salles, os cargos de secretário das Finanças e, depois, prefeito de Belo Horizonte. Consultor jurídico de nomeada, o dr. Antonio Carlos é uma das figuras em destaque no estado de Minas, que representa no Senado Estadual.

Dr. Oscar Vidal - O dr. Oscar Vidal, filho do coronel Manoel Barbosa Lage, nasceu em Juiz de Fora em 1869. Estudou primeiramente nessa cidade e depois foi para a América do Norte, onde fez o curso de Agricultura na Academia de Amherst, formando-se em 1891. Voltando a Juiz de Fora, dedicou-se,por algum tempo, à lavoura; depois, dedicou-se ao jornalismo e abraçou a carreira política. Foi eleito vereador de Juiz de Fora em 1905 e reeleito em 1907; em 1905, foi eleito vice-presidente da Câmara Municipal. Tem ocupado a presidência, por várias vezes, no impedimento do dr. Antonio Carlos, o que se dá justamente na presente época.

Dr. Francisco de Paula Ferreira e Costa - O dr. J. de Ferreira e Costa é juiz de Direito da Segunda Vara e tenente-coronel honorário do Exército, distinção esta que recebeu no governo do marechal Floriano Peixoto. Nasceu em 183 em Lavras, Minas Gerais. Cursou a Faculdade de Direito de S. Pulo, formando-se em 1861. No regime monárquico, foi deputado e juiz municipal; e depois do advento da República foi delegado de Polícia em Juiz de Fora e juiz de Direito, primeiramente em S. João d'El-Rei (1892) e desde 1898 na cidade de Juiz de Fora. Em Juiz de Fora é também proprietário muito considerado.

Dr. Francisco de Campos Valladares - O dr. Francisco de Campos Valladares é filho do dr. Benedicto Cordeiro de Campos Valladares e nasceu na Paraíba do Sul, estado do Rio de Janeiro, em 1876. É bacharel em Ciências e Letras pelo antigo Colégio D. Pedro II, hoje Ginásio Nacional. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de São Paulo em 1894; foi procurador público no município de Pomba e também em Juiz de Fora.

Advogado de nomeada, tem o dr. Valladares sido eleito deputado ao Congresso Estadual em três legislaturas sucessivas. É proprietário e redator-chefe de uma das folhas mais importantes do estado de Minas Gerais e ainda um dos principais proprietários do jornal O Pharol, também de Juiz de Fora.

O dr. Valladares é importante capitalista e proprietário de casas, terrenos etc.; tem uma fazenda no estado do Rio de Janeiro, município da Paraíba do Sul, denominada Paciência de Matosinhos, com 430 alqueires e 400 pés de café, a qual produz, em média, 10.000 arrobas por ano. Dispõe esta fazenda de uma boa instalação de beneficiar o café; ali se cria gado e cavalos, em pequena escala; e há também culturas de milho, arroz, cereais etc.

O dr. Francisco Valladares advoga no Rio de Janeiro, onde tem escritório à Rua da Alfândega, 86, conjuntamente com seu pai dr. Benedicto Valladares, professor de Direito Civil na Faculdade do Rio de Janeiro, e com seu irmão dr. Ignacio Valladares, advogado de várias companhias, algumas das quais inglesas.

Dr. Josino Alcantara de Araujo - O dr. Josino Alcantara de Araujo, deputado federal pelo 5º distrito de Minas Gerais, nascem em 1866, em Pouso Alegre. Estudou em São Paulo, onde se formou em Direito em 1866. No ano seguinte, foi eleito deputado provincial. Por ocasião da proclamação da República, veio para o Rio e começou a advogar. Em 1892 foi nomeado juiz de Direito em Baependi, cargo que exerceu até 1896. Foi depois para Juiz de Fora. Eleito, em 1899, fiscal do Banco Crédito Real de Minas Gerais, resignou esse cargo e voltou a exercer a sua profissão em Juiz de Fora. Em 1906, foi nomeado chefe de Polícia do estado de Minas Gerais,no governo do dr. João Pinheiro, cargo esse que exerceu até 1909, quando foi eleito deputado federal pelo 5º distrito. Em 1912, foi reeleito.

O dr. Alcantara de Araujo é proprietário da Fazenda de São Manoel, situada a 6 quilômetros de Juiz de Fora. D área de 75 alqueires e com 80.000 pés de café, essa fazenda produz 2.000 arrobas por ano. O dr. Josino de Araujo reside em Juiz de Fora, onde é, ainda, co-proprietário do importante estabelecimento industrial Mecânica Mineira.

Dr. Candido Teixeira Tostes - O dr. C. Teixeira Tostes nasceu em Juiz de Fora em 1843. Fez os seus estudos em São Paulo; e voltando a Juiz de Fora, em 1867, começou a exercer a sua profissão de advogado. O dr. Candido Teixeira é fazendeiro, industrial, e possui vários engenhos. Entre as suas fazendas, contam-se: a de São Roque, no município de Mar de Espanha, com 80 alqueires; a de São Mateus, comprada em 1890, com 620 alqueires geométricos e 1.000.000 de pés de café, dos quais 400.000 novos, produzindo 43.000 arrobas anualmente. Esta fazenda fica a 12 km da estação de Mathias Barbosa e a igual distância de Juiz de Fora. A fazenda produz também cereais para o seu consumo e tem grande número de cabeças de gado.

O dr. Candido Teixeira possui ainda a fazenda Fortaleza de Sant'Anna, no município de Juiz de Fora, próxima a uma estação da Estrada de Ferro Juiz de Fora ao Piau, com 740 alqueires geométricos, dos quais 300 em matas. Tem esta fazenda 600.000 pés de café, com uma colheita anual de 20.000 arrobas, e, além desta cultura, cereais, feijão, arroz, cana-de-açúcar e fumo. Existem ali 1.700 cabeças de gado bovino, 80 cavalos e bestas; e a produção de leite, que sobe a 500 litros, é aplicada à fabricação de laticínios diversos.

O suprimento de água para a fazenda é obtido do Rio Piau, que passa próximo. Possui ainda a fazenda excelentes maquinismos para café, arroz, cana-de-açúcar; e produz de 100 a 200 pipas de aguardente por ano.

O dr. Candido Teixeira Tostes tem três filhos: coronel Sebastião Tostes e José de Rezende Tostes, ambos fazendeiros; e dr. João de Rezende Tostes, advogado.

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Academia de Comércio em Juiz de Fora
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Academia de Comércio de Juiz de Fora - Em 30 de março de 1891 fundou-se uma sociedade anônima denominada Academia de Comércio de Juiz de Fora. Esta sociedade construiu uma parte do atual prédio na qual inaugurou, em 26 de julho de 1894, o curso comercial, com um curso de preparatórios. Em 2 de abril de 1900 fecharam-se esses dois cursos e em 22 de fevereiro de 1901 fez a mencionada sociedade doação do prédio à Sociedade Propagadora de Ciências e Artes, composta, em sua maior parte, de sacerdotes alemães da Congregação do Verbo Divino. Esta sociedade mantém atualmente os seguintes cursos: 1) curso comercial superior, de 2 classes; 2) curso comercial noturno, de 2 classes; 3) curso eletrotécnico, de 3 classes; 4) curso ginasial, que prepara os alunos para as academias da República; 5) curso de preparatórios para os cursos comercial, eletrotécnico e mais escolas do país; 6) curso preliminar (primário) de 2 classes.

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Jornal do Commercio, Juiz de Fora
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Jornal do Commercio - Este acreditado órgão da imprensa de Juiz de Fora foi fundado, em 20 de dezembro de 1896, por V. de Leon Anibal. Em 1º de junho era a propriedade do Jornal do Commercio adquirida pelo dr. Antonio Carlos Ribeiro de Andrada.

O dr. Francisco Valladares, que em dezembro de 1897 entrou para a redação dessa folha, tornou-se sócio do dr. Antonio Carlos em 18 de julho de 1905; em setembro de 1905 assumiu a chefia da redação; e em outubro de 1911 adquiriu finalmente o Jornal do Commercio, do qual é hoje o único proprietário. O Jornal ocupa, com a sua redação e oficinas, um prédio próprio à Rua Halfeld 119. A sua tiragem vai a 6.500 exemplares.

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Redação do Jornal do Commercio
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Banco Crédito Real de Minas - O Banco Crédito Real de Minas foi fundado a 5 de dezembro de 1889 com um capital de 7.000:000$. A sede social desta importante instituição financeira é em Juiz de Fora, tendo também agências em Belo Horizonte, Uberaba, Ouro Fino, Lavras e Rio de Janeiro (Rua 1º de Março nº 127) e correspondentes em vários países da Europa.

O presidente do banco é o dr. Antonio Gomes Lima; nasceu em São Domingos do Prata, Minas Gerais, em 1869; fez os seus estudos primeiramente em Ouro Preto e em seguida em São Paulo, formando-se em Direito em 1893; foi chefe de Polícia e senador estadual.

O dr. Fernando Lobo L. Pereira, diretor do banco e conhecido advogado, é filho do sr. Joaquim Lobo Leite Pereira e nasceu a 8 de junho de 1851. Cursou a Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais de São Paulo, formando-se em 1876. Foi senador da República e ministro das Relações Exteriores e da Justiça e Interior, na presidência do marechal Floriano. Foi também diretor do Banco da República, hoje Banco do Brasil.

O sr. Aprigio Ribeiro de Oliveira, diretor-gerente do banco, nasceu em Entre Rios, Minas Gerais, em 1869. Fez os seus estudos em Ouro Preto, estabelecendo-se mis tarde como negociante em Juiz de Fora; é diretor do banco desde 1911.

Companhia Mineira de Eletricidade - Esta companhia foi fundada em 7 de janeiro de 1888, pelo falecido sr. Bernardo de Mascarenhas, seu primeiro presidente. A companhia tem o capital de 800:000$, dividido em 4.000 ações de Rs. 200$ cada uma, capital esse que será em breve elevado a Rs. 1.400:000$000. O presidente e diretor-gerente da companhia é o dr. Henrique Burnier; vice-presidente, o sr. Theodorico Ribeiro de Assis; e gerente técnico, o sr. Asdrubal Teixeira de Souza.

Acaba de se completar a instalação para produção de energia elétrica na Cachoeira dos Marmelos, a qual dará 6.000 cavalos de força elétrica para distribuir entre 47 fábricas e fornecer luz elétrica a 1.100 casas, além do suprimento à cidade de 405 lâmpadas de 32 velas, 123 lâmpadas de 60 velas (Rua Direita) e 5 lâmpadas de arco voltaico de 600 velas.

A companhia é também proprietária dos tramways da cidade, cujas linhas têm 6 quilômetros de extensão; o número de passageiros vai a 1.600 diariamente. São também propriedade da companhia as linhas de telefone tipo Kelogg, as quais têm 200 assinantes.

O vice-presidente, coronel Theodorico Ribeiro de Assis, é proprietário da fazenda de café Floresta, que tem 2.000 hectares plantados com 400.000 pés de café de boa qualidade. A fazenda tem maquinismos modernos, luz elétrica etc. e produz 3.500 sacas de café anualmente, sendo de notar que há um bom número de pés com apenas 1 ano. Contam-se na fazenda 400 cabeças de gado das raças holandesa e flamenga; e há também 50 porcos da raça Polland Shire.

O coronel Ribeiro de Assis nasceu em Juiz de Fora em 1872 e foi educado na sua terra natal e em Ouro Preto. Viajou à Europa durante um ano. É filho do falecido coronel Francisco Ribeiro de Assis, que foi grande proprietário em Juiz de Fora.

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Juiz de Fora: 1) Rua Direita; 2) O Fórum; 3) Rua Halfeld
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Fábrica de Aniagens e Sacos do dr. Luiz de Souza Brandão - Esta fábrica, situada à Rua Silva Jardim, 2, Juiz de Fora, foi fundada em 1907, pelo dr. Luiz de Souza Brandão. Ocupa uma área de 63 por 27 metros, a qual está sendo aumentada para instalação de máquinas de fiação para produção de fio necessário à fabricação de sacos de juta. O terreno, onde está situado o estabelecimento, tem a área total de 6.000 metros quadrados e pertence ao dr. Brandão.

A fábrica tem atualmente 35 teares, número esse que em breve será elevado. O fio, presentemente, lhes é enviado de Inglaterra pelos seus agentes Moore Weinberg, de Dundee; mas em breve a fábrica importará unicamente a matéria-prima - juta - e produzirá o fio para o seu consumo.

O maquinismo é todo ele inglês e acionado por um motor elétrico de 40 cavalos; também essa força será elevada a 100 cavalos. Há ainda um motor a vapor de 45 cavalos. Trabalham na fábrica, entre homens, mulheres e crianças, 150 operários. A fábrica pode produzir 4.000 metros diários em 10 horas; e consome 35 toneladas de fio de juta por mês. A fábrica teve os seus produtos premiado nas exposições do Rio de Janeiro em 1908 e de Leopoldina em 1907.

O dr. Luiz de Souza Brandão nasceu em Cantagalo, estado do Rio de Janeiro, a 5 de janeiro de 1862. Estudou no Rio de Janeiro, formando-se depois de brilhante curso, em 21 de dezembro de 1883, pela faculdade de Medicina daquela cidade. Clinicou em Cantagalo e, entrando na política, foi um dos chefes de maior prestígio do Partido Republicano local. O dr. Brandão veio para Juiz de Fora em 1890 e abandonou a clínica, dedicando-se à lavoura. Em 1893, foi diretor do Banco Crédito Popular de Minas. Faz parte da Câmara Municipal de Juiz de Fora, desde 1902. Atualmente, divide a sua atividade entre a sua fábrica de aniagens e sacos e as suas fazendas, redigindo também a "coluna agrícola" do Jornal do Commercio de Juiz de Fora.

As suas fazendas são: Propriedade, em Cedofeita, município de Juiz de Fora, com 150 hectares, 150.000 pés de café e a produção anual de 1.000 sacas de 60 quilos cada uma; a fazenda Bessa, no município de Queluz, na Estação Lobo Leite, com 900 alqueires e destinada especialmente à criação de gado: aí se contam 600 reses e 100 cavalos e éguas; existem também nesta fazenda extensas plantações de batatas, que produzem 6.000 arrobas por ano, e também plantações de cebolas, arroz, feijão, milho e outros cereais.

Cervejaria Germania - A cervejaria Germania foi fundada em 1867, pelo sr. Augusto Kremer, já falecido. Por morte do fundador, continuou a sua viúva, amparada por bons auxiliares, a dirigir o estabelecimento, sempre em crescente desenvolvimento. Em 1906, foram feitas instalações completas de câmaras frigoríficas, das mais modernas; e mais recentemente, foram montados quatro grandes tonéis, com capacidade para 15 a 22.000 garrafas cada um.

O processo da fabricação da cerveja está dividido por 6 seções e é feito de acordo com os melhores métodos. Estas seções ocupam-se respectivamente: da moagem da cevada, fabricação e cozimento, resfriamento, fermentação e decantação, engarrafamento e pasteurização e embalagem.

As máquinas são acionadas por dois motores, um elétrico de 30 cavalos e outro a vapor, tipo R. Wolf, de 28 cavalos. Há também um laboratório para o exame da matéria-prima e um carpintaria para a fabricação de caixas. A produção é de 800.000 litros de cerveja, que atualmente é, toda ela, vendida no estado. Emprega a cervejaria 32 operários.

O gerente técnico é o sr. Carlos Hugo Becker, que está no Brasil há 5 nos. Antes de vir para este país, tinha o sr. Becker trabalhado em diversas cervejarias da Alemanha. O guarda-livros é o sr. Bento Botelho Caldas. A empresa gira atualmente sob a firma Viúva Kremer de Castro e tem conquistado vários prêmios, em diversas exposições.

Henrique Suerus & Irmão - Esta firma tem como sócios os dois irmãos Henrique Suerus e João Suerus e foi estabelecida em 1888. Primeiramente, negociaram os srs. H. Suerus & Irmão em pequena escala, mas foram gradualmente aumentando os seus negócios até chegar ao excelente movimento de hoje.

Negociam em artigos de toda a sorte, tais como: ferragens, cal, cimento, tintas, ferramentas, couros, papéis pintados etc. etc. Têm uma serraria acionada a vapor por um motor de 30 cavalos, quando há lenha em abundância; e por um motor elétrico de 40 cavalos, quando o combustível escasseia. Empregam 124 operários e consomem cerca de 6 metros cúbicos de madeira diariamente.

Manufaturam carroças de todos os tipos, mas principalmente carroças para aterro; destas, têm, nestes dois últimos anos, construído cerca de 1.800, a maior parte das quais para serem enviadas para os estados de Mato Grosso e Goiás. A serraria, que conta mais de 25 máquinas diferentes para os diversos trabalhos em madeira, funciona à Rua 15 de Novembro, 88.

Ambos os irmãos nasceram no estado do Rio de Janeiro, de descendência alemã, respectivamente em 1860 e 1863. Começaram a trabalhar muito cedo, como empregados da Cia. União Indústria de Juiz de Fora, onde seu pai era gerente. Quando esta cia. se liquidou, deixaram eles Juiz de Fora, indo trabalhar em outros lugares. Em 1888, porém, voltaram a Juiz de Fora, onde seus pais continuaram a residir e estabeleceram a firma, hoje tão próspera. Ambos são proprietários no município.

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O Parque Halfeld, Juiz de Fora
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Almeida Carvalho, Corrêa & Cia. - Este estabelecimento, fundado em 1899, tem atualmente, como sócios solidários, os srs. Antonio Gonçalves de Almeida Carvalho Silva, que é o sócio-gerente, e os srs. Manoel Correa Esteves e Alipio Augusto de Rocha Gomes; e como sócia comanditária a sra. d. Luiza Evangelista de Almeida, viúva do fundador da casa, Antonio José de Almeida.

Negocia a firma, por atacado, em comestíveis, vinhos, cereais, tendo também uma refinaria de açúcar. Essa refinaria produz de 35 sacos a 40 de açúcar (cada saco tem 60 quilos) diariamente. O açúcar produzido é de 2ª e 3ª qualidades. A firma tem viajantes no interior do estado. Além do estabelecimento à Rua Halfeld, Juiz de Fora, tem a firma dois depósitos, um para inflamáveis e outro para o estoque em reserva. Importa gêneros da Europa, tais como vinhos etc., e também artigos nacionais do Rio, S. Paulo e outros centros industriais do Brasil.

Os srs. Almeida Carvalho, Corrêa & Cia. negociam ainda como comissários e consignatários; e as vendas totais da sua casa vão, em média, a Rs. 1.200:000$000, por ano. O estabelecimento funciona em prédio próprio à Rua Halfeld, 51.

A viúva d. Luiza Evangelista de Almeida é brasileira; os seus sócios, porém, são todos portugueses e estão na casa há 4 anos. O sr. Carvalho Silva foi sócio da firma Almeida Sarmento & Cia.; o sr. Correa Esteves, da de Esteves & Cia. O sr. Rocha Gomes entrou para a firma em 1908 como viajante; foi feito interessado em 1909 e sócio em 1910. É o atual presidente da Real Sociedade Auxiliadora Portuguesa.

Martins de Carvalho & Jorge Junior - Esta casa, cuja fundação remonta a 1870, girou primitivamente sob a firma Martins de Carvalho & Castro e depois, sucessivamente, sob as firmas Martins de Carvalho & Alves e Martins de Carvalho & Cia., até que, em 1909, tomou a denominação atual. Os presentes sócios são os srs. Manuel Lourenço Jorge Jr. e Joaquim Martins de Carvalho Vaz.

O negócio da casa é o de comestíveis, vinhos, espíritos, cereais etc. Possui também a firma uma refinaria e uma fábrica de charutos e cigarros e fumo para cigarro. A refinaria de açúcar tem uma capacidade de produção de 35 a 40 sacos de 60 quilos, de 2ª e 3ª qualidades. Na sua fábrica de cigarros, preparam os srs. Martins de Carvalho & Jorge Jr. 100 quilos de tabaco diariamente, além da fabricação também diária de 5.000 cigarretes.

As vendas da casa sobem de 40 a Rs. 50:000$000, vendas essas que são feitas em diversos pontos do estado de Minas e também no estado do Rio. A casa mantém três viajantes nas diversas zonas do estado.

O sr. Manoel Lourenço Jorge Jr. é português nascido nos Açores e está no Brasil há 27 anos. Foi estabelecido no município de Viçosa, distrito do Herval, com um bazar fundado em 1888 e o qual ainda hoje é propriedade sua, estando a respectiva direção confiada a empregados. Possui também uma usina de beneficiar café. E reside em casa própria à Rua Direita, 54.

O sr. Joaquim Martins de Carvalho Vaz é também português. Veio para o Brasil há cerca de 20 anos; esteve alguns anos no Rio e em Juiz de Fora; é estabelecido há 14 anos. É proprietário no município.

Henrique Ferreira Decat - O sr. Henrique Ferreira Decat é estabelecido em Juiz de Fora à Rua Halfeld 112 com casa de importação e exportação. Importa da Europa e dos Estados Unidos ferragens, ferramentas, utensílios para a lavoura, arame farpado, cobre, chumbo, papéis pintados, artigos de eletricidade, louças, cristais, artigos dentários de toda a sorte. O sr. Henrique Ferreira Decat faz em sua casa um movimento de Rs. 400:000$000 em vendas anuais. Para os negócios no interior mantém constantemente vários viajantes.

São interessados na casa seu filho sr. Henrique Decat Jor. e seu genro sr. Francisco José Sampaio. O sr. Decat nasceu em Campos, estado do Rio de Janeiro, em 1870. Entrou para a casa Sampaio Ferreira & Cia. em Campos, com a idade de 12 anos; foi feito interessado desta firma em 1894 e entrou para sócio em 1897. COnservou-se na casa até 1906; depois, veio para Juiz de Fora e estabeleceu o negócio atual. É proprietário em Juiz de Fora.

Souzas Antunes & Cia. - Esta importante casa de Juiz de Fora foi fundada em 1880, pelo sr. Serafim José Antunes, tomando a presente denominação no ano de 1909. O seu negócio é o de vendas, por conta própria e por atacado e a varejo, de fazendas, ferragens, louças, molhados, mantimentos, vinhos, espíritos, cereais e papel; mas negocia também como casa comissária e consignatária. É intermediária da Companhia Cedro e Cachoeira.

Os atuais sócios solidários são os srs. Constantino Marques de Souzas, o sócio mais antigo, e seu irmão José Raphael de Souzas Antunes, sendo comanditário o sr. Serafim José Antunes.

A firma faz grande comércio com o interior do estado de Minas Gerais, por onde traz dois viajantes. O seu movimento anual vai, em média, a Rs. 700:000$000. Tem 18 empregados, incluindo os viajantes.

O sr. Constantino Marques de Souzas nasceu no estado de Minas Gerais e, com a idade de 20 anos, entrou para a casa de Gontijo Mascarenhas & Cia., do Rio, onde permaneceu 8 anos. Esteve depois em Henrique Galvão, Oeste de Minas, estabelecido por conta própria. Veio para Juiz de Fora em 1908; e, de sociedade com seu irmão, tomou conta da firma acima. Tem sido comanditário de várias firmas e atualmente o é da firma Leopoldo Souza & Cia., de Ubá, com usina de beneficiar café e armazém de cereais etc. É proprietário em Juiz de Fora.

O sr. José Raphael de Souzas Antunes nasceu em Minas em 1880; trabalha ao lado de seu irmão desde os 16 anos de idade.

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Comerciantes de Minas: 1) Manoel Lourenço Jorge Junior; 2) Paulo Simoni; 3) Alfredo Machado; 4) Francisco Luiz Camargos; 5) Manoel Correa Esteves; 6) Eduardo Dalloz Fureti; 7) Tenente-coronel Antonio Moreira de Carvalho; 8) Albino Esteves (Lucio d'Alva); 9) Constantino Marques de Souza; 10) Cel. Silverio Silva; 11) Giovanni Lunardi; 12) Joaquim Martins de Carvalho Vaz; 13) Carlos Guedes; 14) Antonio Garcia de Paiva; 15) Antonio Gonçalves de Almeida Carvalho e Silva; 16) Alipio Augusto da Rocha Gomes; 17) Antonio Baptista Junior; 18) Augusto de Souza Pinto
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