1 e 3) A cidade de Casa Branca; 2 e 4) A cidade de Amparo
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Ribeirão Preto
Ribeirão Preto é talvez o centro mais importante de café no
Estado. O município contém não menos de 265 cafezais em que trabalham 30.000 pessoas. O número total de habitantes no distrito, de acordo com o
recenseamento de 1903, é de 62.000 habitantes, havendo 3.000 casas de moradia. A receita anual monta a Rs. 589:400$.
Para aquela população total do município, a cidade de Ribeirão Preto contribui com mais da metade,
o que significa que ela não é só um dos maiores centros de riqueza, mas também um dos mais ativos centros de população do Estado. É de notar-se,
porém, que mais da metade da população de Ribeirão Preto é de origem estrangeira, especialmente italiana, tendo a sua colonização, que data de 1890,
mais ou menos, sido principalmente feita por colonos cultivadores de café que afluíram ao Estado, e especialmente ao Município por esse tempo.
Graças a esse grande influxo e à extrema fertilidade da região, Ribeirão Preto progrediu
rapidamente, tornando-se hoje o que Campinas fora anteriormente: a verdadeira capital agrícola da zona cafeeira. Esse mesmo fato explica ainda
porque a cidade apresenta um aspecto de perfeito modernismo em todas as suas construções e no seu aparelhamento, com ruas largas e bem rasgadas, em
linhas retas, os seus serviços de água, luz e esgotos, os seus hotéis confortáveis e o seu cassino movimentado.
A cidade deve o seu nome ao riacho que a atravessa, o Ribeirão Preto, afluente do Rio Pardo.
Ribeirão Preto fica situada a 423 km de São Paulo, pela estrada de ferro Mogiana, e dela partem três ramais de linhas férreas, que vão a
Sertãozinho, a Santa Rita e à Fazenda Dumont. O clima, apesar de ser um dos mais quentes do estado de São Paulo, pode ser considerado excelente,
tendo o estado realizado, em 1896, importantes obras de saneamento - inclusive canalização de águas e esgotos -, em vista das más condições
higiênicas que então prevaleciam.
Cercada por uns trinta milhões de pés de café, das mais importantes fazendas do país (como as do
coronel Schmidt, da Comp. Dumont etc.), Ribeirão Preto é um centro comercial da maior importância, centro das comunicações com os estados de Minas e
Goiás, e da zona cafeeira chamada "do Oeste". Existem aí três estabelecimentos de crédito e, entre os seus edifícios, devem ser mencionados a
catedral, o fórum, o teatro e o grupo escolar.
Diocese de Ribeirão Preto - A diocese de Ribeirão Preto foi estabelecida por decreto
pontifício de 7 de junho de 1908, e inaugurada em 28 de fevereiro de 1909. Abrange uma área de 57.000 quilômetros quadrados, com 520.000 habitantes.
É dividida em 40 paróquias, que são: Batatais, Bonfim, Brodósqui, Caconde, Casa Branca, Cascavel,
Cajuru, Coqueiros, Cravinhos, E. Santo do Pinhal, E. Santo do Rio do Pexie, Franca, Itobi, Ituverava, Jardinópolis, Mato Grosso de Batatais, Mococa,
Mogi-Guaçu, Morro Agudo, Nuporanga, Orlândia, Patrocínio de Sapucaí, Ribeirão Preto, Rifaina, Sales Oliveira, Santa Ana dos Olhos d'Água,
Santa Rosa, Santo Antonio da Alegria, Santa Cruz da Estrela, Santa Cruz das Palmeiras, Santa Rita de Passa Quatro, Santa Rita do Paraíso
(Igarapava), São João da Boa Vista, São José da Bela Vista, São José do Rio Pardo, São Simão, São Joaquim, Sertaozinho, Tambaú e Vargem Grande.
O primeiro bispo da diocese, monsenhor d. Alberto José Gonçalves, é natural do estado do Paraná.
Foi criado bispo em 5 de dezembro de 1908 e consagrado a 2 de fevereiro de 1909.
Dr. Antonio Rodrigues Guião - O dr. Antonio Rodrigues Guião é o muito conhecido diretor da
Casa de Saúde, hospital particular, de Ribeirão Preto. O hospital tem acomodações para 22 pacientes e durante o ano passado foram feitas ali 150
operações. O dr. Guião nasceu no Rio de Janeiro. Foi diplomado pela Faculdade de Medicina da mesma cidade em 1886. Clinicou em São Paulo durante 20
anos e depois foi para Ribeirão Preto, onde há dois anos é diretor da Casa de Saúde.
Taubaté
A movimentada cidade de Taubaté, sede
do município do mesmo nome, fica situada entre Rio de Janeiro e São Paulo, cerca de 154 quilômetros da última e 6 quilômetros do Rio Paraíba. Os
principais produtos do município, que tem uma população de 28.000 almas, são o café e o algodão. Metade dessa população total pertence à cidade de
Taubaté, que é animada ainda por diversas indústrias e ornada com belos edifícios, entre os quais avultam a catedral, profusamente ornamentada, o
Colégio do Bom Conselho e o Hospital Santa Isabel. A instrução pública merece especiais cuidados da Municipalidade, e é dada em bons edifícios,
distribuídos por todo o município.
O fundador da cidade foi um dos bandeirantes do século XVII, Jacques Felix, que lançou os
fundamentos da atual cidade no ano de 1645, instalando-se no local com sua família, grande número de índios e abundante provisão de gado, depois de
haver vencido os índios da vizinhança. Foi o próprio Jacques Felix quem erigiu, à sua custa, a capela que se devia tornar a bela catedral da diocese
que é hoje Taubaté; e ao seu espírito empreendedor e prático se devem também as primeiras serrarias e engenhos de cana, primórdio das indústrias que
fizeram de Taubaté um próspero centro industrial.
A cidade é muito limpa, cortada por longas ruas, iluminada a gás, abastecida com excelente água, e
dotada duma boa rede de bondes. As suas comunicações com o Rio de Janeiro e São Paulo são feitas pela E. F. Central do Brasil.
Diocese de Taubaté - No Estado de São Paulo foram criados cinco bispados e um arcebispado,
constituindo importante província eclesiástica, por decreto pontifício de 7 de junho de 1908. Dentre essas novas dioceses, destaca-se a de Taubaté,
cujo território, a Leste, pela parte do litoral, vai desde São Sebastião até as divisas com a diocese de Rio de Janeiro; ao Norte, confina com a
mesma diocese do Rio; a Oeste, com a diocese de Porto Alegre, e ao Sul, com a arquidiocese de São Paulo. Contém 41 paróquias e uma população de
500.000 almas aproximadamente.
Instalada a 9 de novembro de 1908, tomou posse da diocese interinamente, na qualidade de
governador, o monsenhor Antonio Nascimento Castro. No dia 8 de setembro de 1909, foi sagrado o primeiro bispo diocesano, d. Epaminondas Nundes de
Avila e Silva, na cidade de Serro, no Estado de Minas, fundada por um taubateano, destemido bandeirante dos tempos coloniais. A 21 de novembro do
mesmo ano, tomou posse do bispado, com imponentes festas e geral regozijo da população católica de Taubaté.
No pequeno espaço de tempo decorrido da posse até hoje, o novo prelado da diocese taubatense tem
criado e sabido desenvolver as instituições fundamentais da prosperidade religiosa e social do bispado que lhe foi confiado. A 1º de janeiro de
1910, fundou a imprensa católica, destinada à propaganda e à defesa das verdades religiosas e dos direitos da Igreja. No dia 15 de fevereiro do
mesmo ano, inaugurou o Colégio Diocesano e o Seminário Menor, destinados à instrução e à educação da mocidade na ciência e na religião e a preparar
vocações eclesiásticas.
Nos anos consecutivos de 1910 e 1911, visitou todas as paróquias da diocese, e, em cada uma delas,
fundou duas futurosas associações beneficentes, a do Bom Jesus do Tremembé, que tem por fim angariar meios de sustento para moços pobres que desejam
seguir a carreira sacerdotal, e a de São Vicente de Paulo, cujo intuito é socorrer a pobreza na verdadeira prática da caridade cristã.
Existem nesta diocese notáveis instituições de ensino científico e popular, dirigidos por
beneméritas congregações religiosas, salientando-se a primeira Trapa, estabelecida no Brasil com grande propriedade agrícola, a nove quilômetros de
Taubaté. A sua cultura predominante é a do arroz, pelo sistema de irrigação e com aplicação dos mais modernos instrumentos e máquinas especiais para
o preparo do terreno, plantio e beneficiamento desse gênero de cultura agrícola. É uma diocese pobre, porém favorecida de iniciativas úteis, em que
o influxo religioso é o principal fator.
D. Epaminondas Nunes de Avila - O exmo. e revmo. d. Epaminondas Nunes de Avila, bispo de
Taubaté, nasceu na cidade do Serro, estado de Minas Gerais, em 4 de julho de 1869. Aí recebeu a sua instrução primária; depois, indo para
Diamantina, cursou as aulas do seminário desta cidade, onde concluiu os seus estudos. Ordenou-se em 17 de julho de 1892, e foi nomeado coadjutor da
Paróquia do Serro, cargo que ocupou de 1892 a 1896. Foi em seguida nomeado vigário da mesma paróquia, funções que desempenhou de 1896 a 1909.
Modelo de piedade e fé cristãs, foi em 8 de setembro de 1909 elevado pela Santa Sé à dignidade de
bispo, e em 21 de novembro do mesmo ano indicado para a Sé Episcopal de Taubaté. No seu bispado, tem sua excelência reverendíssima tomado parte
pessoalmente na organização de diversas instituições pias, e com a mesma dedicação se ocupa de todas as questões relativas ao culto.
Dr. Gastão Aldano Vaz Lobo da Camara Leal - O atual prefeito municipal de Taubaté nasceu na
cidade do Rio de Janeiro em 31 de agosto de 1869. Fez os seus estudos na cidade de São Paulo, formando-se pela Faculdade de Direito daquela cidade,
em 1891. Dedicou-se com entusiasmo à sua profissão; e, vindo exercê-la em Taubaté, foi logo escolhido para suplente de juiz de paz, funções que
desempenhou de 1893 a 1896. Em 1908, foi escolhido para o cargo de prefeito municipal, e subseqüentemente eleito e empossado. De tal modo se houve
no desempenho deste espinhoso cargo, com tal critério exerceu a administração dos serviços dele dependentes, que, em 1911, foi unanimemente reeleito
para o novo triênio.
O dr. Gastão Aldano Vaz Lobo da Camara Leal, apesar dos seus múltiplos afazeres, acha ainda tempo
para se dedicar a várias obras de filantropia. Atualmente, é diretor do Liceu de Artes e Ofícios de Taubaté, instituição por ele fundada e iniciada.
É ainda presidente do Conselho Central da Sociedade de São Vicente de Paulo, e tais serviços tem prestado à causa da religião que foi em 1911
distinguido por Sua Santidade o Papa Pio X com a Cruz pro Ecclesia et Pontifice. Em suas atribuições de prefeito, tem estudado e procurado
resolver os problemas dos melhoramentos municipais, ocupando-se pessoalmente da sua direção. Entre estes melhoramentos, figura a construção de um
mercado modelo. Como político, o dr. Gastão da Camara Leal está filiado ao partido civilista do Estado de São Paulo.
Engenho Central de Quiririm - A região do Quiririm fica no vale paulista do Paraíba,
constituindo uma grande planície de excelentes terras, muito apropriadas ao cultivo do arroz. Infelizmente, até hoje, as grandes enchentes
periódicas do Paraíba têm impedido que a lavoura desta zona tome maior desenvolvimento. As conseqüências perniciosas dessas enchentes podem ser
muito atenuadas, uma vez que se faça a desobstrução do Salto de Lavrinhas e a retificação do leito do Paraíba.
Esta vasta planície do município de Taubaté tem hoje uma população de cerca de 2.000 habitantes,
apenas, na colônia italiana do Quiririm, e aí a cultura do arroz está bem desenvolvida, havendo também outras culturas, como milho, feijão etc. O
desenvolvimento operado nesta zona é unicamente devido ao Engenho Central, aí estabelecido, há 18 anos, pelo colono francês Philibert Franchom,
hábil engenheiro mecânico dotado de lúcida inteligência. Com o estabelecimento do engenho, a área cultivada com arroz atingiu em pouco tempo a
enorme extensão de 500 alqueires que hoje produzem, anualmente, 50.000 sacos de arroz limpo, sendo cada saco de 60 quilos.
Toda a produção da colônia e bem assim a de inúmeros plantadores das cercanias são preparadas
neste engenho, que é propriedade da firma José Franchom & Cia. Todos os maquinismos foram feitos pela família Franchom, pai e filhos, e estão ainda
hoje a cargo do sr. José Franchom, sócio-gerente. Para trabalhar o arroz nacional em boas condições, foi preciso fazer umas tantas adaptações ao
maquinismo comumente empregado, e tão felizes foram as alterações introduzidas pelos srs. Franchom, que a proporção de arroz quebrado em cada saco é
bastante inferior à que se verifica em alguns engenhos de São Paulo. O sr. Franchom, fundador do Engenho de Quiririm, é hoje falecido. Sucederam-lhe
seus filhos na direção do engenho, que, sem dúvida, é um estabelecimento modelo no Brasil.
Hotel Pereira - Este hotel, hoje propriedade dos srs. Francisco Jacintho Pereira e Antonio
Cardoso da Silva, foi, a princípio, dirigido unicamente pelo sr. Pereira, que tinha também a seu cargo o botequim da estação. Em 1910, foi o sr.
Silva admitido como sócio.
O hotel fica vizinho à estação e tem acomodações para 70 hóspedes, sendo entretanto já pequeno,
para o avultado número de hóspedes que o procuram. Projetam os proprietários aumentá-lo brevemente, duplicando as suas acomodações e reformando-o de
modo a torná-lo igual aos melhores do Estado. Os proprietários pessoalmente atendem aos hóspedes; e a afabilidade do sr. Pereira é proverbial, entre
os viajantes e comerciantes que param em Taubaté.
O botequim e restaurante são bem conhecidos dos passageiros que tomam as suas refeições em
Taubaté, pelo seu excelente e rápido serviço. Como dependência do hotel, há um jardim bem cuidado que fica fronteiro ao Jardim Municipal. O
restaurante acha-se aberto a qualquer hora, dia e noite, e para o transporte das malas dos passageiros há sempre, na estação, empregados do hotel
que fornecem aos passageiros todas as indicações que estes possam desejar.
Batatais
Batatais, uma das cidades mais
prósperas do estado, tem uma área de cerca de quatro quilômetros quadrados. Está situada num recanto alegre da grota das Araras, numa altitude média
de cerca de 800 metros acima do nível do mar, estando parte do município a 950 metros. Tem uma população total de 40.000 habitantes, sendo cada um
dos três distritos em que se acha dividida servido de estação de ferro, que são a Mogiana, a S. Paulo e Minas e o ramal de Cravinhos, em construção.
A cultura do café constitui a sua mais importante indústria, havendo mais de 10.000.000 de pés que produzem cerca de 700.000 arrobas por ano.
A exportação anual do município é de Rs. 80.000:000$000, mais ou menos, de café, álcool, arroz,
feijão, milho, fumo, pedra para construções, cavalos, mulas, burros, gado bovino, carneiros, cabras, porcos, mel, cera, ervas etc. A pedra extraída
no distrito consta de granito cinzento e vermelho, porfírio preto e verde, argila própria para a manufatura de telhas, tijolos etc. No terreno de
aluvião, encontram-se diamantes, cristais, turmalinas e outras pedras preciosas. Grandes quantidades de alumínio têm sido descobertas; e foi esta
localidade a primeira do Brasil onde se extraiu o aludido mineral.
Do ponto de vista da salubridade, Batatais é um dos lugares mais saudáveis do estado, com
abundante suprimento de água potável, fornecida por duas fontes. Tem iluminação e tração elétricas. Entre os mais notáveis edifícios públicos e
particulares, figuram o Grupo Escolar, Mercado Público, Posto Zootécnico, Santa Casa da Misericórdia, Paço Municipal, Detenção, Seminário, Matriz,
igrejas do Rosário, Santa Cruz e Santo Antonio, Colégio Maria Auxiliadora, Teatro Municipal, estação da Light & Power, estação da Estrada de Ferro
Mogiana, sede da Linha de Tiro, Teatro Santa Cecília e outros.
Há também lindas ruas e longas e belas avenidas, extensas praças bem arborizadas e vários campos
atléticos, assim como inúmeros clubes dançantes, dramáticos, literários, associações beneficentes e religiosas, sociedades de música e uma loja
maçônica.
O município tem grandes interesses comerciais e industriais, que trata de encorajar por todos os
meios. Pelos termos de um decreto de 1908, as fábricas estabelecidas dentro dos limites municipais estão isentas de impostos por cinco anos,
providas de dois hectares de terra para construção e supridas de força elétrica por oito anos a preço reduzido. Além disso, recebem títulos
municipais de 10% sobre o capital, com juros de 4% ao ano, votando o Conselho todos os anos uma verba que representa todos os títulos em circulação
para resgate de alguns.
Na Exposição Nacional de 1908, no Rio de Janeiro, os produtos da seção de Batatais que tão boa
impressão produziram foram premiados com medalhas de ouro, prata e bronze. De 1910 a 1911, a receita municipal foi de 178:960$000. Há no distrito
quatorze escolas públicas e dez particulares, com uma freqüência de 1.800 alunos, e destas sete são sustentadas inteiramente fora dos fundos
públicos. A média da mortalidade no município é de 400 óbitos por ano e a de nascimentos cerca de 800.
São João da Bocaina
O município de S. João da Bocaina, que
faz parte da comarca de Jaú, tem a área de 300 quilômetros quadrados e está limitado pelos municípios de Dourados, Boa Esperança, Bariri e Jaú.
Situado como se acha em uma das melhores zonas cafeeiras, cerca de 40 quilômetros quadrados de sua área estão ocupados com 6.185.000 pés de café,
que produzem perto de 600.000 arrobas ou 9.000.000 de quilos anualmente.
Em geral, pode-se dizer que as terras são muito bem cultivadas, otimamente regadas e que as
construções são feitas em condições higiênicas. Dois terços das fazendas, em número de 150, são de brasileiros, calculando-se o valor das mesmas em
Rs. 40.000:000$000. Os colonos em regra são pagos a Rs. 120$000 para cuidarem de 1.000 pés de café, e a 600 réis por alqueire colhido. Por qualquer
outro trabalho, os operários ganham 2$500 por dia, não sendo assim penosa a sua sorte.
Além do café, mostrou a estatística agrícola de 1905 que o município produziu 37.500 litros de
álcool; 120.000 litros de arroz; 4.350.800 litros de trigo; 400.000 litros de feijão; 3.750 quilos de fumo; e 1.500 quilos de uvas. Não há
estatística relativa à produção de laranjas e bananas, que é importante e encontra considerável consumo local.
Quanto à criação, a estatística em 1905 acusou 998 cavalos, 1.984 cabeças de gado, 792 mulas, 27
carneiros, 2.685 cabras e 7.612 porcos, além de 24.620 galinhas. Calcula-se que atualmente os produtos animais constem de 556.300 litros de leite,
2.600 quilos de queijo, 213.750 quilos de carne e 427.500 quilos de toucinho. O valor total dos produtos animais do município é de Rs. 6.000:000$,
ocupando as fazendas cerca de 3.500 empregados.
Tudo se faz pela instrução pública, e não há menos de 10 escolas estaduais, 4 municipais e 2
particulares, com a freqüência média de 535 alunos nas primeiras. Com a capital do estado se acha o município ligado pela Estrada de Ferro de
Dourados, da bitola de um metro, distando 302 quilômetros. Além da estação principal, tem esta estrada três outras, menores, dentro do município, e
há considerável movimento de mercadorias e passageiros. Há algumas estradas, das quais a principal, que se estende de Bocaina a Jaú, tem 18
quilômetros de extensão. Para a conservação das estradas está o município dividido em 15 zonas, sob a direção de inspetores nomeados anualmente pelo
prefeito.
Em aditamento ao valor de Rs. 40.000:000$000 das fazendas, calcula-se que as edificações dentro da
sua área valham Rs. 1.354:000$000; outras terras, Rs. 280:000$000; sistemas de drenagem, Rs. 150:000$000; iluminação, Rs. 200:000$000; abastecimento
d'água, Rs. 100:000$000; estradas e pontes, Rs. 12:000$000; estradas de ferro, Rs. 990:000$000; telefones, Rs. 40:000$000 - representando tudo isso
o total de Rs. 43.426:0000$000.
De acordo com o orçamento de 1911, a receita do município foi de Rs. 102:798$500, sendo desta
receita Rs. 97:600$000 a parte relativa a impostos, isto é, 6$970 por habitante. Quanto à despesa, a Prefeitura tem a seu cargo a drenagem de quatro
partes baixas da cidade e em projeto a construção de um palácio municipal, mercado, calçamento etc. A receita orçada é realmente a mesma que se
conseguiu em 1910, isto é, Rs. 102:860$722, que se avoluma ano a ano.
Os nascimentos dentro do município em 1910 atingiram a 577, as mortes a 247 e os casamentos a 110.
As autoridades municipais constam dos seguintes srs.: capitão Venancio Garcia Simões, presidente; major José Gonçalves de Oliveira Sobrinho,
vice-presidente; farmacêutico Ulysses Corrêa, prefeito; capitão Alfredo da costa Cardoso, vice-prefeito; Ataliba de Paula Leite de Barros; Guilherme
Francisco de Silva; João de Napoles Alvim, secretário; João Dias de Toledo Arruda, procurador; e Luiz de Camargo Bicudo, inspetor escolar. O
Diretório Político é composto do coronel Pedro Alexandrino de Carvalho, presidente; major José Gonçalves de Oliveira Sobrinho, vice-presidente;
capitão Henrique Montenegro, secretário; capitão Venancio Garcia Simões e Joaquim Francisco da Silva. Existe também uma comissão de agricultura, que
se compõe do coronel Pedro Alexandrino de Carvalho, capitão Venancio Garcia Simões e sr. José Pacheco de Almeida Prado.
Segue a lista das outras autoridades: capitão Rodolpho Gonçalves de Oliveira, 1º juiz de paz;
farmacêutico Osorio Mario dos Santos, 2º juiz; sr. José de Souza Caldas, 3º juiz; sr. Domingos da Silveira Simões, escrivão de paz e oficial do
registro civil; sr. Theophilo Bueno de Alvarenga, coletor estadual, e o sr. Augusto de Lima, escrivão; capitão Joaquim Pereira de Carvalho, delegado
de polícia; capitão Osorio Corrêa da Rocha, subdelegado; o sr. Zeno de Queiroz Padilha, escrivão; coronel Luiz Valladão de Freitas, coletor federal;
o sr. Manuel Aranha Cardoso, escrivão; e o sr. Benedicto Rodrigues de Carvalho, assistente do juiz substituto federal.
A cidade de S. João da Bocaina, sede do município, está situada numa encosta cercada de rica
vegetação. Foi construída em quarteirões em forma de xadrez e tem muitos edifícios bons, entre os quais uma bela igreja católica. É iluminada com
120 lâmpadas elétricas, de 50 velas, e 6 lâmpadas de 800 velas. Tem um belo jardim público, muito bem conservado, onde aos domingos faz retreta uma
banda, subsidiada pela municipalidade. A iluminação particular e fornecida pela Companhia Elétrica Oeste de S. Paulo, sendo o serviço sanitário e de
esgotos todo moderno. Há ali uma rede telefônica com 86 assinantes, e uma casa bancária, denominada Banco da Lavoura, que atende às necessidades
locais.
Araraquara
A cidade de Araraquara dista da de São
Paulo cerca de cinqüenta léguas. O clima é excelente e a Municipalidade dá especial atenção ao abastecimento d'água e ao serviço de esgotos. O
município tem cerca de 15.000 habitantes, dos quais a metade na cidade. Existem cerca de 1.300 edifícios. As ruas são bem calçadas e iluminadas à
luz elétrica.
Entre os edifícios mais notáveis figuram o da Câmara Municipal, a Santa Casa de Misericórdia, o
Lazareto, o Grupo Escolar, a cadeia, o matadouro e a estação das estradas de ferro Paulista e Araraquara. Entre os edifícios religiosos, chamam
atenção a igreja de São Bento e o templo presbiteriano; e a igreja de Santa Cruz, em construção, promete ser um dos mais belos edifícios da cidade.
Existem dois pitorescos jardins públicos, ambos excelentemente iluminados à eletricidade, e dois
teatros. O subsolo da região é rico em cobre. Contam-se, na área do município, 382 fazendas, com muitos milhões de cafeeiros. Na cidade, existem
quatro engenhos para preparo de café e arroz, dois movidos à eletricidade e dois a vapor. Contam-se ainda uma carpintaria e serraria movida a
eletricidade, uma fábrica de macarrão, três fábricas de sabão, seis cervejarias, três fábricas de móveis, uma de biscoito, uma de gelo etc.
Nos subúrbios de Araraquara, existem ainda outros estabelecimentos industriais, inclusive fábricas
de algodão e papéis, cujo funcionamento é estimulado e subsidiado pelas autoridades locais. A instrução pública é dada, na cidade, pois nove escolas
municipais e duas estaduais.
Banco de Araraquara - Este banco foi fundado em 1º de outubro de 1911, com o capital de Rs.
1.000:000$000, para efetuar toda a espécie de transações bancárias. Está situado no Largo Municipal, na cidade de Araraquara. São seus
correspondentes em São Paulo o London & Brazilian Bank e o Banco Comércio e Indústria.
A sua diretoria é composta dos srs. major Antonio Joaquim de Carvalho Filho, presidente; dr. João
Rodrigues Machado Pedroso, secretário; Bento de Abreu Sampaio Vidal, diretor; e o Conselho Fiscal compõe-se dos srs. coronel Antonio de Souza
Mendes, Duval de Moraes Aguiar, Alberto de Camargo Barros, Cassiano da Costa Machado e Isaltino Peres Corrêa.A gerência do banco está entregue ao
sr. Antonio Dias de Aguiar Junior.
F. A. Danielli - O estabelecimento do sr. F. A. Danielli, situado perto da Estação de
Araraquara, compõe-se de diversas seções: torrefação, fábrica de gelo, frigorífico e fábrica de salame. A torrefação está montada com aperfeiçoado e
moderno maquinismo que pode moer até 60 arrobas por dia. O café, uma vez moído, é posto em pacotes e latas e vendido com o nome de Café Paulista.
A fábrica de salame consome diariamente três porcos e duas vitelas; e os seus produtos estão muito
acreditados. A fábrica de gelo, instalada há apenas um ano, com um maquinismo muito aperfeiçoado, pode produzir até 1.200 quilos diariamente. A
câmara frigorífica, da capacidade de 27 metros cúbicos, pode conter 7.000 quilos de diversos gêneros. São vendidos semanalmente no estabelecimento
600 quilos de peixe.
A firma negocia com o capital de Rs. 200:000$000 e é a única agente da Companhia de Pesca, de
Santos. A gerência do estabelecimento está a cargo do sr. P. Aleinonda, que tem interesse no negócio. Este sr. nasceu em 1875, na Itália, e veio
para o Brasil em 1896; e há 6½ anos que administra a casa Danielli.
De propriedade dos srs. F. A. Danielli & Franco, é a fazenda Boa Vista, situada no município de
São Carlos. Tem esta fazenda de área 560 alqueires, plantados, na sua maior parte, com 253.000 pés de café, que anualmente produzem, em média,
25.000 arrobas. A fazenda, que é uma das melhores do distrito, tem um moderno maquinismo para descascar e classificar café; um vasto terreiro
ladrilhado para as famílias de colonos nela empregadas; depósitos para café e milho etc.
Há uma extensa área reservada para pasto e outra para extração de madeiras. A casa de residência e
a do administrador são modernas e confortáveis. É intenção dos proprietários mandar em breve instalar luz elétrica em toda a fazenda. Esta fica
apenas 5 quilômetros distante da Estação de Ibaté. O sr. F. A. Danielli nasceu em 1878, na Itália, onde foi educado. Veio para o Brasil em 1896. É
sócio da firma Ernesto Whitaker & Cia., de Santos, e gerente da Companhia Brasileira de Seguros, com sede em Araraquara.
Antonio Blundi - O sr. Antonio Blundi nasceu na Itália, em 1869; e vindo ainda moço para o
Brasil, aqui fez seus estudos. Trabalhou, durante 8 anos, com a São Paulo Railway Company e srs. Lidgerwood & Cia. Estabeleceu-se depois em
Araraquara, com uma oficina mecânica que dirigiu durante 16 anos.
Durante dois anos e meio, teve, em Jurema, um estabelecimento de máquinas para café, que
transferiu a outro. Depois, de sociedade com o sr. Americo Danielli, adquiriu o estabelecimento do dr. Pecaroni, denominado Engenho Moka, para
descascar e classifica café, com maquinismo moderno e aperfeiçoado, movido por eletricidade, o qual pode preparar até 800 arrobas diariamente. Há
também ali um maquinismo para beneficiar arroz, que prepara 45 sacos de 60 quilos por dia.
Em 1903, inventou o sr. A. Blundi o descascador conhecido por Descascador Blundi. Fabricado com
material de primeira qualidade pela firma Mac Hardy, de Campinas, esse descascador funciona com toda a regularidade, nada deixando a desejar o seu
trabalho. A confirmação da superioridade do Descascador Blundi é a grande procura que tem tido, depois de reconhecidas as suas vantagens; e dos
resultados com ele obtidos, dão ainda prova os atestados que diariamente recebe o seu inventor. As qualidades que o descascador oferece são grandes:
fácil manejo, graduação matemática etc., e uma das vantagens que deve ser bem frisada é a de produzir 100 arrobas por hora.
Existem dois tipos desse descascador: um grande, que pode ser movido por uma força de quatro
cavalos-vapor; e outro menor, para a força de dois cavalos-vapor. Esta afamada peça é privilegiada nos Estados Unidos do Brasil, pelas patentes
números 3.851 e 7.023.
J. Aranha do Amaral - A firma J. Aranha do Amaral é sucessora da antiga casa comercial
Florenzano, uma das mais importantes de Araraquara. Essa casa foi fundada em 1901 pelo sr. Nicolau Florenzano e desde 1911 pertence à firma atual.
Negocia esta em ferragens, louças, secos e molhados, materiais para construção,papelaria em grande escala, por atacado e varejo etc.
É agente das melhores marcas de formicida, como sejam: Capanema, Pestana e Schomaker; e vende
ainda máquinas de costura das mais afamadas marcas, armas, lampiões belgas, e outros artigos importados diretamente, arame farpado, cimento Germania,
Dois Martellos, e Aguia Preta, e arados de todas as qualidades. O estabelecimento fica à Avenida 2, casa nº 42.
Guaratinguetá
Uma das mais velhas cidades do Estado
e que agora progride rapidamente é Guaratinguetá, situada no quilômetro 300 da estrada de ferro que liga S. Paulo ao Rio de Janeiro. Foi fundada em
1641, mas só dois séculos depois, elevada à categoria de cidade. É cercada de ricos cafezais. A sua população aproxima-se de 15.000 almas. Goza de
muitos melhoramentos, tais como um bom serviço de bondes, iluminação elétrica etc., e tem vários estabelecimentos públicos de importância, inclusive
um bem dirigido hospital.
As ruas são bem traçadas e gozam de farta iluminação. A repartição de higiene e saúde pública
acha-se provida de todos os recursos para evitar e combater as epidemias. A cidade é dotada de esplêndidas escolas, sendo a de meninas realmente um
modelo no Estado. Entre os edifícios notáveis pela sua arquitetura acham-se a Intendência, o teatro, muitas e belas igrejas, o hospital e alguns
bons hotéis. Os jardins públicos são bem conservados.
As autoridades públicas são os srs. Pedro Marcondes Leite, prefeito; Francisco de Oliveira Couto
Rabello, vice-prefeito; Antonio Rodrigues Alves, presidente do Conselho; capitão Henrique Gomes Fonseca, vice-presidente; Francisco Moreira de
Figueiredo, Antonio Lourenço Lemos Barbosa Filho e Frederico Nelson Arantes, intendentes; dr. Antonio Pereira Caldas, delegado de polícia; e dr.
Alvaro Augusto de C. Aranha, juiz de direito.
Pedro Marcondes Leite - O atual prefeito de Guaratinguetá, sr. Pedro Marcondes Leite,
nasceu nessa cidade em 1879 e foi educado ali e em São Paulo. Seu pai, o sr. José Luiz Marcondes, era figura proeminente do partido liberal na
província, no tempo do Império, e o seu avô foi presidente da Câmara de Guaratinguetá. Depois de concluídos os seus estudos, esteve o sr. Pedro M.
Leite no comércio, no Rio, antes de voltar a residir em sua cidade natal. Adquiriu uma fazenda perto do município e começou a ocupar-se da lavoura
do café, criação de gado e carneiros e outras culturas. Atualmente, cria gado holandês e bestas com ¾ de sangue andaluz e tem uma bela raça de
carneiros ingleses Southdown, que cruza com as raças nacionais.
Esteve sempre ligado à política local, e em 1910 foi nomeado prefeito da cidade. Em seu
prefeitorado, muitos melhoramentos têm sido executados em Guaratinguetá, tais como: o alargamento de várias ruas, a reforma da Praça do Mercado,
construção de pontes, iluminação elétrica etc. O prefeito, que pessoalmente dirige e fiscaliza os diversos trabalhos de melhoramento da cidade, goza
de grande popularidade local, justo tributo ao seu caráter ativo e generoso. É casado e reside com sua família na cidade. O seu passatempo favorito
é a caça.
Francisco de Oliveira Couto Rabello - O sr. F. de O. Couto Rabello, vice-prefeito de
Guaratinguetá, nasceu em 1872, no Rio de Janeiro, e ali completou a sua educação. Indo para Guaratinguetá, com intenção de ali residir,
retiradamente, foi contra sua vontade arrastado à vida pública e nomeado vice-prefeito em 1910, cargo que ocupou em 1911. Em política é membro do
partido civilista. É casado e tem uma bela residência na cidade.
Antonio Rodrigues Alves - O comendador Antonio Rodrigues Alves exerce as funções de
presidente da Câmara Municipal de Guaratinguetá, com muita distinção e com o aplauso de seus concidadãos. Nasceu em Guaratinguetá, em 1845, e foi
educado nessa cidade e em São Paulo. Deixando os estudos, voltou a sua atenção para a lavoura e tornou-se um próspero fazendeiro. Hoje, é
considerado um dos mais importantes capitalistas do distrito.
Há já bastante tempo entrou também para a política e para os negócios públicos do município; e as
suas aptidões, juntas à estima de que goza, em breve o levaram a ocupar os mais elevados cargos, tais como os de presidente do banco local, diretor
da Companhia Força e Luz de Guaratinguetá, diretor do Partido Republicano Civilista de Guaratinguetá.
Foi principalmente devido aos seus esforços que se pôde manter o banco local, enquanto que outros
do Estado, criados ao mesmo tempo, eram obrigados a fechar. É também resultado dos seus esforços a introdução de tramways e luz elétrica em
Guaratinguetá, no que teve a valiosa cooperação do atual prefeito.
Dr. Francisco de Paula Oliveira Borges - O ex-juiz de Guaratinguetá dr. Francisco de Paula
O. Borges, é uma das figuras proeminentes do Município. Nasceu em Guaratinguetá, em 1845, e estudou em São Paulo. No tempo do Império, monarquista
inabalável, além de representar São Paulo no Congresso, foi governador da província da Paraíba em 1887. Quando a República foi proclamada,
retirou-se à vida privada em uma fazenda que havia comprado, próximo a Guaratinguetá. Casou-se com uma filha do marquês de S. Vicente; e muitos dos
parentes, quer seus, quer de sua senhora, têm desempenhado papéis de grande destaque na política estadual.
A sua fazenda é digna de ser visitada, em razão, principalmente, da bela coleção de árvores
frutíferas que ali existe. Cultor entusiasta, tem o dr. Oliveira Borges um pomar com mais de 100 variedades de árvores frutíferas. Conseguiu
aclimatar ali ameixas do Japão e da China, mangostão, da Malaia, vinhas de toda a parte do mundo, com vários tipos especiais, laranjas de quase
todas as variedades, peras, maçãs, cerejas, pêssegos, abacaxis, goiabas, caquis, marmelos etc. Tem cruzado entre si algumas dessas árvores, obtendo
frutas novas e originais.
Tem mais de 1.000 laranjeiras de todas as variedades, vindo em segundo lugar a sua coleção de
videiras. O dr. Borges, pessoalmente, se ocupa das experiências que estão sendo feitas, e a sua obra é de grande valor instrutivo, não só para o seu
Estado como para toda a República, pois demonstra que quase todos os frutos conhecidos podem ser obtidos no solo brasileiro.
J. Silveira & Cia. - Esta firma, uma das mais importantes de Guaratinguetá, foi fundada em
1906 e negocia em quinquilharia, açúcar e comestíveis. A sede do negócio fica em um edifício de dois andares, dividido em duas seções, uma de vendas
por atacado e outra de vendas a varejo, à esquina das ruas Ipiranga e 15 de Novembro, próximo ao centro comercial da cidade. Anexo a este negócio
tem a firma uma refinaria de açúcar.
Trabalham na casa mais de 20 empregados. Um dos sócios viaja para a firma, nos estados de São
Paulo e Minas Gerais. O maior negócio da casa é feito em açúcar e vinhos importados. Os sócios são os srs. José Antonio da Silveira e Miguel José de
Souza.
O sr. Silveira, que é também grande fazendeiro de café, no distrito, nasceu em Guaratinguetá, em
1878, e terminou os seus estudos no Colégio de Itu, em São Paulo. Depois de passar dez anos no comércio do Rio, adquiriu a sua atual fazenda em
1905; e um ano mais tarde abriu a casa de negócio, de sociedade com o sr. Souza. Em tempos ocupou o cargo de delegado de polícia em Guaratinguetá e
é capitão da Guarda Nacional. A sua fazenda tem 260.000 pés de café e está aparelhada com uma moderna instalação para despolpar e tratar café.
O sr. Miguel José de Souza nasceu em Viana do Castelo, Portugal, em 1863, e veio para o Brasil em
1880. Depois de praticar o comércio por algum tempo no Rio, estabeleceu-se em Guaratinguetá em 1891. Aí negociou por algum tempo, com outro sócio, e
voltou ao Rio. Quatro anos depois, regressava a Guaratinguetá e associava-se com o sr. Silveira na presente firma.
Mococa
Mococa está a 327 quilômetros da
capital e a ela ligada pela Mogiana e tem cerca de 26.000 habitantes. Existem no município 120 fazendas de café; e há boas fábricas de cerveja,
licores, xaropes, gelo, artigos de lavoura etc. A sua exportação de café é de 800.000 arrobas por ano.
José Vieira Barbosa - O sr. José Vieira Barbosa é, há nove anos, juiz na Mococa, cargo que,
antes, desempenhara em Araras e Ribeirão Bonito. Foi diplomado pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1891; e tem advogado em vários pontos do
Estado de São Paulo.
Dr. Orozimbo Corrêa Netto - O dr. Orozimbo Corrêa Netto mora à Rua Alferes Pedrosa, 10, na
Mococa, e clinica nesta cidade desde a sua formatura na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1904.
Casa Bancária F. Barretto - Esta casa, fundada em 23 de maio de 1902, é um dos primeiros
estabelecimentos de crédito do interior do Estado. Efetua avultadas transações em grande parte da zona sul-mineira, em diversas localidades do
Estado e na própria capital; e goza de vasto crédito pela sua solidez e seriedade.
Moço ainda, o fundador desta casa e seu atual proprietário, sr. Francisco Muniz Barretto, deve
olhar com desvanecimento a grande prosperidade a que atingiu este estabelecimento, devido aos seus esforços e operosidade. Concluídos os seus
estudos de Madureza, empregou-se o sr. Francisco Muniz Barretto na casa Lidgerwood Mig. Co. Ltd., onde trabalhou por espaço de 3 anos, retirando-se
depois para a praça de Santos, onde se colocou como auxiliar da firma Arruda Botelho (conde de Pinhal), e aí se conservou até a dissolução da casa.
Passou então a ser guarda-livros da agência do Banco Unido de São Carlos e permaneceu 4 anos neste cargo. Veio depois para a Mococa, onde fundou o
seu estabelecimento de crédito.
Os mais importantes melhoramentos de Mococa realizaram-se pela sua iniciativa e eficaz concurso.
Além da Companhia Força e Luz e Água e Esgotos de Mococa, contribuiu a firma F. Barretto, de modo eficaz, para a incorporação da Companhia Luz e
Força de Corumbá, no Estado de Mato Grosso, e Companhia Industrial Itibaiana, de Itibaia, neste Estado. A firma F. Barretto tem, anexos à sua casa
bancária, em Mococa, um grande armazém de ferragens, louça e molhados, e importante engenho central de beneficiar arroz, dispondo de maquinismos
aperfeiçoados, importados diretamente da Alemanha, e movidos à eletricidade.
O sr. Francisco Muniz Barretto aliou-se à distinta família Figueiredo, casando-se em janeiro de
1903 com a exma. sra. d. Lavinia de Figueiredo Barretto, filha do abastado fazendeiro e prestigioso chefe político coronel Francisco Garcia de
Figueiredo.
J. Nicola & Irmãos - A firma J. Nicola & Irmãos, estabelecida há apenas dois anos na cidade
de Mococa, é proprietária de importante fundição e fábrica de maquinismos para café e arroz, e outros para lavoura. A especialidade da firma é a
fabricação de máquinas para descascar e classificar café; e a sua máquina denominada Descascador Universal, que figurou na exposição agrícola de
Ribeirão Preto, no ano de 1901, obteve medalha de primeira classe. Este descascador tem a grande vantagem de não quebrar o grão do café. Há dois
tipos desta máquina: um de 2 a 3 cavalos, para 150 a 250 arrobas diárias; outro de 4 a 6 cavalos, para 300 a 500 arrobas em 10 horas.
Para preparação de tipos de café, há o "catador compensador", que o melhora sempre de um a dois
tipos. Esta máquina, recomendada pelos representantes, no Sul de Minas, das casas Hard, Rand, Arbuckle, Johnston etc., tem capacidade para prepara
mais de 500 arrobas em 10 horas com a força de 1 cavalo. Há ainda o ventilador para café descascado, de duplo efeito e de capacidade para 300 a 600
arrobas em 10 horas e com 1 cavalo de força; o lustrador de café, principalmente recomendável para engenhos centrais; e o descascador de arroz,
fabricado em dois tipos, um para 10 a 15 sacos limpos, e outro para 20 a 30 em 10 horas.
Os srs. J. Nicola & Irmãos fabricam todos os pertences para máquinas de café, e encarregam-se de
qualquer construção, reparação, instalação etc. Os srs. J. Nicola & Irmãos são os únicos representantes, no Brasil, da casa James Leffel & Cia., de
Springfield, Ohio, EUA. Nas suas oficinas empregam diariamente 90 operários, e o seu maquinismo todo é movido pela eletricidade. A firma obteve
concessões para luz e força elétrica das cidades de Japiratiba, no Estado de São Paulo, e Guaranésia, Guaxupé e Muzambinho, em Minas Gerais. O ano
passado fabricou a firma mais de Rs. 200:000$000. A firma é composta dos três irmãos João, Matheus e Pedro Nicola, nascidos na Áustria e vindos, em
1871, para o Brasil.
Rio Claro
Rio Claro está situada a cerca de 190
quilômetros ao Norte da capital e a 612 metros, mais ou menos, acima do nível do mar. A indústria principal é a cultura do café, havendo
aproximadamente 12.000.000 de pés em todo o município. Aí também se encontra o centro colonial Jorge Tibiriçá. O município tem uma população de
40.000 habitantes, incluindo a cidade de Rio Claro e Itirapina, Itaqueri, Ipojuca e Santa Gertrudes.
A cidade referida, que se acha num planalto, tem uma população de 14.000 almas. Foi edificada em
quarteirões, com excelentes sistemas de abastecimentos d'água potável, esgotos e iluminação elétrica. A instrução pública é ministrada pelo Estado e
pelo município, que mantém dois grupos escolares de 500 alunos cada um e outro para 200 alunos, havendo ainda escolas diversas e noturnas para
adultos. Anualmente, cerca de 2.000 crianças recebem ensino livre.
Entre outras instituições da cidade, citam-se cinco igrejas católicas, duas protestantes e duas
lojas maçônicas. A Casa da Misericórdia é um estabelecimento importante e bem dirigido; e há também um hospital para morféticos e outro de
isolamento, para moléstias contagiosas. Está sendo construído pela Confraria de S. Vicente de Paulo um asilo de mendigos.
As autoridades municipais são: os srs. José R. de Almeida Santos Filho, presidente; Antonio
Nacleiro Homem, vice-presidente; Marcello Schmidt, prefeito; Estevam F. de Toledo, vice-prefeito; dr. J. V. de Schmidt Prado, juiz; dr. Antonio Paes
de Barros Sobrinho, Manuel de A. Camargo, Gualter Martins, Agisláo Nocito e Eduardo Lima.
Marcello Schmidt - O sr. Marcello Schmidt exerce o cargo de prefeito de Rio Claro, e faz
parte da sua Câmara Municipal há mais de 20 anos. É proprietário de uma fazenda chamada Junquinho, que tem uma área de 1.000 alqueires. Cerca de
1.000 hectares estão em pastagens, para cerca de 400 cabeças de gado e 100 cavalos e bestas da mesma propriedade. O sr. Schmidt tem uma residência
nesta fazenda e outra em Rio Claro, à Avenida Primeira, 1.
Claudio Braga - O sr. Claudio Braga é coletor de rendas estaduais em Rio Claro, há 10 anos.
Foi já vereador municipal e presidente da Câmara Municipal. Reside à Avenida 3, 1, em casa por ele construída em 1893. Foi, durante 40 anos,
fazendeiro de café no distrito.
Carlos E. J. Schmitt - O sr. Carlos E. J. Schmitt, engenheiro civil, nasceu em 1854 na
Alemanha do Sul, onde fez os seus estudos e veio para o Brasil em 1879. Trabalhou na construção de diversas estradas paulistas, entre elas,
durante 20 anos, na E. F. Sorocabana, da estação Ipanema em diante, e ultimamente, durante 4 anos, na E. F. Araraquara. Na primeira, foram as linhas
de Itararé, Tibagi e Bauru por ele em parte estudadas e construídas, como também a linha de ligação Itu a Mairinque. Igualmente o sr. Schmitt
estudou e projetou a nova linha Mairinque a Santos, de concessão da E. F. Sorocabana.
Por conta da E. F. de Araraquara, fez os estudos definitivos e quase toda a construção da linha
Taquaritinga a Rio Preto, 147 quilômetros; o reconhecimento e parte da construção do Ramal Santa Josefa a Ibitinga, e o reconhecimento do
prolongamento Rio Preto a Cuiabá, no trecho Rio Preto, até as cabeceiras do Rio Araguaia, na divisa de Goiás com Mato Grosso e na extensão de 630
quilômetros. Devido ao estado precário de sua saúde, depois deste último trabalho, foi obrigado a deixar temporariamente de exercer a sua profissão.
É proprietário da Fazenda Santa Maria, distante 3 léguas de Rio Claro e ½ légua da estação de Morro Grande.
Tem esta fazenda uma área de 240 alqueires, com 140.000 pés de café, que dão a média anual de
6.000 arrobas. Há 50 alqueires de pastos e 50 de mata virgem. O Rio Claro passa pelo meio da propriedade. Para os serviços da fazenda, existe uma
máquina a vapor de beneficiar café, terreiros em parte ladrilhados, em parte pichados para a secagem; um moinho para fubá, movido a água, casas
feitas de tijolos para a moradia de 24 famílias de colonos, tulhas de tijolo para café, paióis para milho e cereais, chiqueiro para a criação de
porcos e cocheira para animais. Contam-se na fazenda 24 cavalos e mulas, como também algum gado.
A casa de residência e administração é moderna e muito confortável, cercada dum pomar de cerca de
um alqueire de superfície, onde há todas as qualidades de frutas. Existe mais na fazenda uma olaria com um bom barreiro, e plantações de cana e
mandioca para o sustento dos animais. Consta que pela área da fazenda se estendem as jazidas de carvão de pedra e de querosene, ultimamente
descobertas e em via de serem exploradas por um sindicato inglês. O proprietário reside na sua casa de Rio Claro, sita na Rua 3, 28.
Cerveja Rio Claro - Companhia Industrial - Esta grande fábrica de cerveja e gelo fora
montada no ano de 1899 pelo major Carlos Pinho que, então, negociava em pequena escala, adequada à importância da produção. No ano de 1902, foi a
fábrica arrendada pelo sr. Julio Stern, que, decorrido algum tempo, a comprou, formando em 1910 a sociedade anônima sob a denominação de Cerveja Rio
Claro - Companhia Industrial, com o capital de Rs. 630:000$000, distribuído em 3.150 ações.
A cervejaria está montada com todos os aperfeiçoamentos modernos, o que lhe garante uma fabricação
esmerada e higiênica. O maquinismo é movido, parte à eletricidade por dois motores de 25 HP e 15 HP, e parte a vapor por duas máquinas, sendo uma de
30 HP e outra de 6 HP. Os serviços de lavagem das garrafas, engarrafamento, arrolhamento e rotulação são feitos com as máquinas mais modernas. São
fabricados, anualmente, 8.000 hectolitros de cerveja e diariamente se dão ao consumo 10.000 quilos de gelo.
A matéria-prima é importada da Alemanha e da Áustria. O diretor da fabricação é de nacionalidade
alemã e tem longos anos de prática do ramo. Sob as suas ordens trabalham na fábrica cerca de 70 operários. No escritório, ocupam-se do expediente 6
auxiliares. Para venda e propaganda dos seus produtos, mantém a companhia 4 representantes nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás.
O sr. Julio Stern, diretor-presidente, que se acha à testa da companhia, é natural da Alemanha,
onde nasceu em 1849.Aí recebeu a sua educação e veio para o Brasil em 1874. Ocupou-se na qualidade de engenheiro-eletricista em diversas companhias
de estrada de ferro, durante 20 anos. Reside em uma bela e confortável vivenda, situada num dos arrabaldes mais pitorescos da próspera cidade, de
onde se descortina um magnífico panorama.
Sorocaba: 1) O edifício da Municipalidade; 2) Teatro São Rafael; 3) Rua do Rosário; 4) Vista geral
da cidade
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Sorocaba
Sorocaba é uma cidade de grande
importância industrial; tem fábricas de algodão, curtume, tijolos, chapéus, calçados etc. e uma grande fundição de ferro, cujos produtos são
superiores. A fábrica de fundição está situada perto da cidade e a ela ligada pela Estrada de Ferro Sorocabana que ali tem uma estação. Antes da
descoberta da jazida do minério que supre a fábrica, exploraram-se ouro e prata no morro Araçoiaba.
Alvaro Cesar da Cunha Soares - O atual prefeito de Sorocaba, dr. Alvaro da Cunha Soares,
nasceu nessa cidade em 1851 e estudou em Portugal, voltando ao Brasil, onde se formou em Medicina e Farmácia na Faculdade do Rio de Janeiro em 1888.
Em princípios de 1889 veio residir em Sorocaba, onde desde então tem sempre clinicado. Fez parte da Câmara durante muitos anos, sendo eleito
prefeito em 1911. O dr. Soares dedica-se inteiramente à sua profissão e a causa pública; durante algum tempo interessou-se na lavoura e criação de
gado, que agora deixou completamente.
Constantino Senger - O atual presidente da Câmara Municipal de Sorocaba, sr. Constantino
Senger, nasceu em Santos, em 1857. Estudou na Alemanha; e, voltando ao Brasil, com 17 anos de idade, entrou para uma casa comercial de Santos, onde
se conservou alguns anos. Em seguida, foi despachante da Alfândega. Vindo para Sorocaba, entrou para a Câmara Municipal em 1911, sendo eleito
presidente. O sr. C. Senger muito tem concorrido para se excluírem as tricas políticas das deliberações da Câmara, que assim se ocupa unicamente com
a cidade e seus melhoramentos. O sr. Senger é capitalista e proprietário em Santos e Sorocaba.
Fábrica de Óleos Santa Helena - A fábrica Santa Helena, sita em Sorocaba, é de propriedade
dos srs. Pereira Ignacio & Cia. Foi fundada em 1905 pelos srs. Antonio Pereira Ignacio, como sócio solidário, e João Reynaldo Coutinho & Cia., como
comanditários. A fábrica descaroça algodão para a fabricação do óleo e possui também importante engenho de beneficiar arroz. Ocupa uma área de 7.000
metros quadrados nas proximidades da Estação de Sorocaba.
A fábrica prepara e enfarda diariamente cerca de 70.000 quilos de algodão, para o quê dispõe de um
ótimo maquinismo, acionado a vapor por um motor de 50 HP. O algodão é conduzido para as máquinas por meio de tubos pneumáticos. A fábrica de óleo, o
qual é feito com o caroço do algodão, produz diariamente 9.600 quilos. O maquinismo, todo ele moderno e aperfeiçoado, de fabricação norte-americana,
é acionado por um motor a vapor de 300 HP. O engenho de beneficiar arroz, acionado por um motor de 20 HP, prepara 100 sacos de 60 quilos em 24
horas.
A firma, que figura entre os maiores compradores de algodão no Estado de São Paulo, tem, para
descaroçar o algodão, três filiais. Na primeira delas, a de Boituva, são diariamente descaroçados 15.000 quilos de algodão. Há igualmente aí uma
serraria onde se manipulam cinco metros cúbicos de madeira por dia. O maquinismo para o algodão e da serraria é parte inglês e parte norte-americano
e acionado por um motor de 20 HP. A esta filial pertence um armazém onde se vendem diversas qualidades de mercadorias.
A segunda filial, em Tatuí, descaroça diariamente 10.000 quilos de algodão, e o seu maquinismo é
acionado por um motor de 10 HP. A última filial, a de Conchas, comporta uma serraria onde diariamente se preparam cinco metros cúbicos de madeira, e
uma instalação para descaroçar algodão, que prepara 15.000 quilos por dia.
A esta filial, além de um bem montado armazém com todas as espécies de mercadorias, pertence uma
fazenda distante 6 quilômetros da Estação de Conchas, na linha Sorocabana. Tem esta fazenda a área de 2.000 hectares, plantados, em parte, com
200.000 pés de café que produzem anualmente, em média, 3.500 sacos de 60 quilos cada um. Há 750 hectares de terras de pasto, onde mais de 200
cabeças de gado se criam todos os anos. Trabalham na fazenda 34 famílias de colonos.
O sr. Antonio Pereira Ignacio nasceu na cidade de Porto (Portugal) em 1874, e na idade de 10 anos
veio para Sorocaba, em companhia de sue pai. Trabalhando com este, no mister de sapateiro, durante cinco anos, aproveitava as suas noites para ir à
escola, melhorar a sua instrução. Seguiu depois para o Rio de Janeiro e São Paulo, onde se empregou e ficou quatro para cinco anos.
Tendo economizado algum dinheiro, estabeleceu-se na cidade de Botucatu, com loja de fazendas.
Principiou em pequena escala e gradualmente foi aumentando os seus negócios, até 1899. Nesta época, vendeu o estabelecimento e veio para Boituva,
onde instalou uma máquina de descaroçar algodão e em poucos anos foi abrindo as outras filiais. Em 1905, com o auxílio de um capitalista, instalou a
fábrica de Sorocaba, fazendo desta a casa matriz. O sr. Antonio Pereira Ignacio foi um dos fundadores da Companhia Telefônica Sul Paulista, da qual
exerceu o cargo de diretor-gerente. Mais tarde fez esta empresa fusão com a Rede Telefônica Bragantina, da qual o sr. Ignacio é grande acionista.
Francisco Scarpa & Filho - Esta casa, estabelecida em 1881, sob a firma de G.F. Scarpa,
passou, em 1897, com a entrada do sr. Nicolau Scarpa, como sócio, a girar sob a razão de F. Scarpa & Filho. A firma negocia em toda a espécie de
mercadoria, e possui vasto armazém onde o seu estoque é guardado. A casa tem igualmente uma seção bancária, fazendo transações com as praças de São
Paulo, Rio de Janeiro, Santos e qualquer parte da Europa; e representa, na qualidade de subagente, diversas companhias de navegação.
O principal negócio dos srs. F. Scarpa & Filho é a compra e venda do algodão. Mais de meio milhão
de quilos desse artigo passam, todos os anos, pelas mãos da firma, que fornece à maior parte das fábricas de Sorocaba. Com autorização do Banco
União de São Paulo, estabeleceu a firma um vasto armazém na Fábrica Votorantim, para suprir de todas as espécies de artigos necessários os 3.000
trabalhadores que nela se empregam; e na cidade de Sorocaba tem um depósito, onde se encontra toda a sorte de materiais para construção.
O fundador da casa, sr. Francisco Scarpa, nasceu em Salerno (Itália), em 1856, e veio para
Sorocaba em 1880. Até 1881, comprava mercadorias nos maiores centros e vendia-as em Sorocaba. Nesse ano, abriu um armazém muito modesto e pouco a
pouco foi aumentando os seus negócios, sempre bem sucedido.
Atualmente a casa é gerida pelo seu filho, sr. N. Scarpa, que nasceu em Salerno, em 1879, e veio
para o Brasil em 1884. O sr. N. Scarpa educou-se em Sorocaba; em 1892 entrou, como sócio, para a casa do seu pai; e atualmente assume a
responsabilidade de todas as transações da firma. Foi um dos fundadores e presidente da Companhia Telefônica Sul Paulista, agora Rede Telefônica
Bragantina, assim como é diretor-gerente e foi um dos fundadores da Companhia Nacional de Estamparia, anteriormente conhecida sob a firma de
Kentworthy & Cia. O sr. N. Scarpa é um dos principais e mais estimados negociantes da cidade de Sorocaba.
Lorena
A sede do município de Lorena fica
situada na margem direita do Rio Paraíba, cerca de 280 quilômetros do RIo de Janeiro e 216 quilômetros de São Paulo, pela Estrada de Ferro Central
do Brasil. A cidade foi fundada em 1705 por Bento Rodrigues Caldeira e dois amigos, e elevada à categoria de vila em 1788 pelo capitão-mor Lorena,
que deu o seu nome à nascente cidade. Só em 1856, porém, é que foi Lorena elevada à categoria de cidade.
Os principais produtos do município são café e cana-de-açúcar, mas existem vastas áreas cultivadas
com cereais. A população da cidade pode ser calculada, aproximadamente, em 15.000 almas. Entre outros edifícios da cidade, dignos de nota, figuram a
catedral gótica e um hospital muito bem aparelhado. Uma usina de açúcar, das mais modernas, pertencente a uma companhia francesa, contribui
poderosamente para a atividade comercial da cidade, que dispõe dum abastecimento de excelente água potável e bom serviço de esgotos.
Ginásio São Joaquim - Este magnífico instituto de educação, fundado em 1890, ocupa em
Lorena um dos edifícios públicos mais importantes. São seus fundadores os padres salesianos e hoje ocupa um lugar saliente entre as casas de
educação no Estado. Tem uma freqüência de entre 280 e 300 alunos, dos quais alguns vêm de pontos bem distantes para participar do ensino que aí é
ministrado. Os professores são em número de 16; entre eles se destaca o professor de inglês, um padre salesiano, com grande conhecimento dessa
língua. Outras línguas, e bem assim as matérias usualmente ensinadas nos ginásios oficiais, fazem parte do bem elaborado programa de estudos.
Os alunos formam um batalhão militar, dirigido por um oficial do Exército, instrutor nomeado pelo
Governo. O atestado de freqüência aos exercícios militares, dado pelo Ginásio, dispensa do serviço no Exército. Um elemento notável nos recreios do
Ginásio é o seu clube de futebol, que tem uma série considerável de vitórias em matches jogados no município. Outros jogos e também
exercícios de ginástica são usados no Ginásio, cujos alunos publicam também uma revista mensal intitulada O Gremio. Tem uma seção de
fotografia, onde os próprios alunos fazem todo o trabalho, produzindo fotografias muito boas.
O Ginásio, com uma mesma direção, compreende duas seções, uma de internos e outra de internos. Os
gabinetes de Física e Química são bem montados, assim como o museu de História Natural. O diretor do colégio, rev. padre Antonio Dalla-Lia, nasceu
na Itália em 1873; fez o seu tirocínio em França, onde permaneceu durante 10 anos. Veio para o Brasil em 1901, indo exercer o cargo de vice-diretor
no colégio que a Congregação possui em Niterói; e veio para Lorena, como diretor, em 1907. Foi sob sua direção que o colégio obteve a equiparação ao
Ginásio Nacional, equiparação que ficou ultimamente sem efeito devido à nova lei de ensino.
A mesma Congregação possui em Lorena uma Escola Agrícola, para aprendizagem de meninos pobres.
Muitos trabalhos têm sido ali ultimamente feitos, que deixam esperar, em futuro não muito remoto, esplêndidos resultados neste ramo de cultura
humana. É seu diretor o rev. padre Leão Muzzarelli, formado em Agronomia.
Dr. Arnolfo Rodrigues de Azevedo - O dr. Arnolfo Rodrigues de Azevedo, presidente da Câmara
Municipal de Lorena, é um próspero fazendeiro de arroz do distrito. Nascido em 11 de novembro de 1868, no Estado de São Paulo, terminou a sua
educação na capital do mesmo estado, onde obteve o título de Doutor em Leis. O seu primeiro cargo público foi o de juiz municipal em Lorena.
Entrou na política e foi eleito presidente da Câmara local em 1892, posição que tem sempre ocupado
de então para cá. Em 1894 foi eleito deputado à Câmara Estadual de São Paulo, onde ficou durante 5 anos. Em 1902, foi eleito deputado à Câmara
Federal, pelo estado de São Paulo, mandato que exerce ainda. Em 1906, foi escolhido para primeiro vice-presidente da Câmara Federal, cargo para o
qual foi por três vezes reeleito, só deixando de o ocupar em 1910. É chefe do partido civilista em Lorena e muito considerado na cidade, pelos seus
muitos benefícios e serviços prestados ao município. O dr. Azevedo é casado, e de seus 13 filhos, 10 estão vivos.
A sua fazenda da Conceição é uma das mais dignas de menção no município de Lorena; a casa de
residência fica a poucos quilômetros da estação da estrada de ferro (Lorena). Em uma colina construiu o dr. Azevedo uma linda capela dedicada a
Nossa Senhora da Conceição. Perto da casa de moradia há um engenho de cana e destilação de aguardente, cuja produção anual é bem grande.
O dr. Azevedo é um entusiasta dos métodos modernos de lavoura e construiu em sua propriedade, com
a despesa de Rs. 60:000$000, um canal para a irrigação da totalidade dos seus campos de arroz. A construção deste canal ofereceu alguma dificuldade:
foi necessário atravessar um morro por meio de um tubo de concreto. O canal dá, por minuto, cerca de 400 litros de água, com a qual são regados,
mais ou menos, 250 hectares de terras. É de notar que todos os materiais usados no canal, tais como tijolos, concreto etc., foram feitos na fazenda.
O dr. Azevedo tem obtido grande resultado com suas colheitas de arroz, e de ano para ano vai aumentando a área cultivada. É também criador de gado e
bestas.
Lupercio Fagundes - O sr. Lupercio Fagundes, proprietário da fazenda de Santa Maria,
demonstrou, e com o maior êxito, a praticabilidade da cultura de arroz em Lorena. A fazenda, que fica próxima à estação e é atravessada pela estrada
de ferro, constitui, por assim dizer, uma feição característica do distrito. Em sua cultura, são empregados os mais modernos processos; e a
totalidade do maquinismo usado é de manufatura norte-americana.
O sr. Lupercio Fagundes nasceu em São José, estado de São Paulo; foi educado primeiramente no
colégio Mackenzie, em São Paulo, onde obteve o seu certificado em instrução secundária. Saindo daí, foi para a afamada Universidade de Cromwell, nos
Estados Unidos da América do Norte, onde, depois de um curso de 5 anos, obteve o grau de B. Sc. (bacharel em Ciências) em 1906. Visitou depois a
Inglaterra e viajou pelos seus distritos rurais; e, voltando ao Brasil, aceitou o lugar de sub-diretor da Estação Experimental de Goot, em São
Paulo.
Mais tarde, na sua atual propriedade, procurou provar como o arroz podia ser cultivado em Lorena.
Foi-lhe necessário derrubar mata virgem, para poder estabelecer os seus campos de cultura; mas, pelo poder de um trabalho tenaz e moldado em métodos
científicos, em pouco tempo tinha cerca de 35 alqueires em culturas de arroz - área essa que, de ano para ano, vai sendo aumentada. Os seus arados,
grades de destorroar e utensílios de toda a sorte são da melhor manufatura americana; o seu sistema de irrigação constitui, por si só, uma
verdadeira lição prática na matéria. Emprega cerca de 20 pessoas em sua fazenda e usa somente bestas para o tiro dos seus aparelhos de cultura.
O sr. Fagundes afirma haver já provado que um alqueire de terra pode produzir, em arroz, mais de
Rs. 1:000$000, sendo aplicados os processos modernos. Naturalmente, os seus conselhos são muito procurados entre os cultivadores do distrito, e o
seu auxílio é sempre gentilmente prestado.
Jaú
O município de Jaú, situado na zona da
chamada terra roxa, é banhado pelo rio Jaú e cortado por um ramal da Estrada de Ferro de Rio Claro. Confina este município, ao Norte, com o
de Araraquara; a Nordeste, com o de S. Carlos do Pinhal; a Este, com o de Brotas; a Sudeste, com o de Dois Córregos; ao Sul, com os de Botucatu e S.
Manoel; e a Sudoeste e Oeste, com o de Lençóis. O território do município é um tanto acidentado e em parte ainda coberto de matas.
A principal produção do município é o café, sendo que neste município a produção regula 150
arrobas por mil pés. Além do café, produz também o município açúcar e fumo. Existem no município numerosos estabelecimentos comerciais e várias
fábricas, serrarias, olarias etc.
A cidade de Jaú, sede do município, fica situada sobre uma colina, à margem do Rio Jaú. Possui
ruas espaçosas e bem alinhadas e casas de boa construção. A povoação teve o seu início em 1848; foi elevada a freguesia, por lei provincial nº 11 de
21 de março de 1859; e a vila, em 1866; foi finalmente elevada à categoria de cidade, por uma lei nº 6 de 6 de fevereiro de 1889. A cidade é hoje
iluminada a luz elétrica e possui um bom serviço de abastecimento de água e rede de esgotos. Existem no município vários estabelecimentos de ensino,
tanto particulares como municipais e estaduais. Entre os edifícios públicos mais importantes da cidade, notam-se o elegante edifício da Câmara
Municipal, o teatro e a Igreja Matriz. O município é também servido pela Companhia Ituana, que faz a navegação dos rios Tietê e Piracicaba.
José Verissimo Romão - O sr. José Verissimo Romão é prefeito do município de Jaú e possui
várias fazendas, todas compreendidas entre os limites do mesmo município. A principal destas fazendas, a chamada São João da Velha, tem uma área de
300 alqueires, parte dos quais plantados com 180.000 pés de café, que dão anualmente uma colheita de 14.000 arrobas. Há aí terreiros ladrilhados
para café, com uma superfície de 9.000 metros quadrados, assim como bons maquinismos para o preparo e escolha do café. Cerca de 50 alqueires da
fazenda são cobertos por uma valiosa mata; e foi instalado um bem aparelhado engenho de serra para o desdobramento das toras. Mais cerca de 20
alqueires em pastagens contêm 110 cabeças de gado, 21 cavalos e bestas e 80 porcos. O restante da propriedade está repartido entre culturas
diversas. Os edifícios compreendem a residência do proprietário, casa de administração, depósitos para café e milho e 24 casas de empregados.
Dr. Orozimbo Louracio - O dr. Orozimbo Louracio, presidente da Câmara Municipal de Jaú,
conhece profundamente as necessidades do município, pis há 12 anos aqui reside. É advogado, formado pela Faculdade do Recife. Tem parte na fazenda
de Santa Eliza, em Jaú, fazenda essa onde há 63 alqueires plantados com 70.000 pés de café e cuja colheita anual vai a cerca de 6.000 arrobas.
Henry Symons - O sr. Henry Symons, que conta hoje 38 anos de idade, nasceu e foi educado na
Inglaterra. Veio para o Brasil em 1896, e durante 7 anos foi empregado do British Bank, em São Paulo e Santos; e há 6 anos é auxiliar da firma
Johnston & Cia. Ltd., negociantes de café em Santos, os quais ele representa nas cidades de Jaú e São Carlos.
Cruzeiro
A cidade de Cruzeiro, sede do
município do mesmo nome, fica numa colina, à margem direita do Rio Branco. Uma capela construída por Antonio Lopes da Lavre, em 1787, em terras que
para tal fim lhe concedeu João Ferreira da Conceição - tal foi o início da presente cidade, que fica a cerca de 228 quilômetros de São Paulo. As
principais culturas do município são café e açúcar, fazendo-se também uma apreciável criação de gado. O município, que dispõe de abundância d'água,
fornecida pelos rios Lajes e Embaú, conta no seu território diversas indústrias regularmente desenvolvidas, especialmente o fabrico de açúcar e
aguardente, o preparo do fumo, alguns moinhos e fábricas de fiação. O distrito é servido pela E. F. Central do Brasil e pela do Rio Verde. A cidade
é dotada com vistas muito pitorescas, devido à sua situação. Existem em Cruzeiro diversas escolas primárias, um correio e telégrafos.
Coronel José Francisco de Oliveira Castro - O coronel José Francisco de Oliveira Castro,
prefeito de Cruzeiro, é natural desta cidade e aqui foi também educado. Entrando para o comércio, fez-se negociante em Cruzeiro. Foi nomeado coronel
da Guarda Nacional. Em 1889, foi eleito vereador à Câmara Municipal e nomeado prefeito em 1909. O coronel Castro, como político, faz parte do
diretório do Partido Civilista; e no seu prefeitorado tem o município alcançado mais de um melhoramento. Foram consertadas as suas estradas e muito
melhoradas as condições sanitárias. Estão em andamento os projetos para iluminação elétrica, suprimento de água, esgotos, grupos escolares e outros
de utilidade pública. E é em grande parte devido ao coronel Castro que Cruzeiro, nos últimos 10 anos, tem evoluído de uma pequena povoação para uma
cidade provida das comodidades modernas.
Antonio Conde - O sr. Antonio Conde faz parte da Câmara Municipal de Cruzeiro e é também
importante negociante de madeiras (madeireiro). Nasceu em Casteluccio Superior, Italia, em 1861, e, depois de residir alguns anos em Buenos Aires,
voltou à Itália. Em 1879, mais ou menos, veio para o Rio de Janeiro e abriu aí um pequeno negócio. Aparecendo em Cruzeiro uma boa oportunidade, aí o
sr. Conde estabeleceu negócio em corte e venda de madeiras. Tempo houve em que, pessoalmente, superintendia nada menos de 17 negócios desta espécie;
incômodos de saúde, porém, o obrigaram a abandoná-los quase todos e a ocupar-se, quase exclusivamente, do seu negócio de madeiras em Cruzeiro. Aí
tem o sr. Conde grande número de amigos, devido ao seu trato afável e à sua generosidade em matéria concernente ao bem-estar geral. Tem sempre dado
trabalho a grande número de pessoas, e muitas obras úteis do distrito se têm efetuado sob a sua direção.
São Carlos do Pinhal
A cidade de São Carlos do Pinhal fica
situada no município do mesmo nome, à margem esquerda do Rio Monjolinho, a Noroeste da cidade de São Paulo. A população do município é de cerca de
55.000 habitantes, dos quais uns 15.000 residem na cidade. O território é ondulado, coberto de ricas pastagens e algumas florestas. A cidade de São
Carlos está ligada por estrada de ferro à de Rio Claro, que fica distante dela cerca de 50 quilômetros.
Além das suas esplêndidas igrejas católicas e protestantes, São Carlos possui, entre os seus
edifícios notáveis, um hospital, um belo teatro, um matadouro moderno, prado de corridas etc. São Carlos do Pinhal foi elevada à categoria de cidade
em 21 de abril de 1880, tendo os seus fundamentos sido lançados em 1857 pela família Botelho. Perto da cidade, fica a famosa fazenda do conde de
Pinhal, onde, como no resto do município, se cria excelente gado, e o café e o açúcar se dão admiravelmente.
Dr. Octaviano Vieira - O dr. Octaviano Vieira, juiz em São Carlos há dez anos, tinha antes
exercido cargos judiciais em São José dos Campos, Junjdiaí, Araraquara, Palmeiras, Descalvado, Limeira e Caconde. É brasileiro nato e diplomado
(1890) pela Faculdade de Direito de São Paulo.
Sebastião Sampaio - O sr. Sebastião Sampaio, com escritório à Rua Alexandrina, 28-A, é um
dos mais prósperos negociantes de café, no município de São Carlos. Foi dono das fazendas Sant'Anna e São José, que têm o total de 500.000 pés de
café; vendeu-as, porém, recentemente, a um sindicato, pela quantia de Rs. 1.000:0000$000. O sr. Sampaio, que tem apenas 37 anos de idade, estudou
Engenharia durante 2 anos, mas não seguiu essa profissão.
Novaes & Cia. - Esta firma, fundada em 1891, pelos srs. major Theophilo Novaes, major João
Baptista Novaes, sócios solidários, Hermogenes Pinheiro e Gabriel Gaette, interessados, com o capital de Rs. 120:000$000, negocia, em grande escala,
nos gêneros seguintes: arroz, açúcar, sal, farinha de trigo, banha, carne seca, bacalhau, aguardente, fumos, fósforos, ferragens, arame farpado,
gêneros do país, conservas de todas as qualidades, porcelanas, vinhos portugueses e franceses em caixas e barris, objetos para lavoura e tintas em
geral, armas e munições, ferragens finas e grossas, armarinho e artigos para fumantes etc. A firma é única agente da Água Salutaris e do formicida
Schomaker, e representante do Banco de São Paulo. A casa tem um estoque de mercadorias do valor de Rs. 150:000$000 e vende para mais de Rs.
600:000$000 anualmente. A firma tem o seu armazém e escritório à Rua Major José Ignacio, 35, e os seus depósitos, um à Rua São Carlos, 36, e outro à
Rua Municipal.
Alguns dos sócios componentes da firma são proprietários de fazendas. O major Theophilo Novaes
possui a da Boa Esperança, de 400 alqueires, plantados, na sua maior parte, com 140.000 pés de café, que anualmente produzem 10 a 12.000 arrobas. Há
300 alqueires de terras reservadas para extração de madeiras, entre as quais a peroba, cedro, pau-de-alho, jangada etc., e 10 reservados para pasto.
Para uso da fazenda encontra-se um moderno maquinismo para descascar e classificar café e um terreiro em parte ladrilhado, para secagem; 20
habitações para moradia de 20 famílias de colonos, e depósitos para café e milho. Na fazenda há um ótimo prédio para residência do proprietário e
outro para o administrador. Esta fica distante apenas 1½ légua de São João da Bocaina.
De propriedade do sr. major João Baptista Novaes é a Fazenda Floresta, no município de
Jaboticabal, com a área de 700 alqueires e 250.000 pés de café, que por ano produzem, em média, 20.000 arrobas. Há 100 alqueires de terra para pasto
e 300 para extração de madeiras. Na fazenda há um aperfeiçoado maquinismo, movido à eletricidade, para descascar e classificar café, um terreiro
ladrilhado para secagem, 25 habitações para 25 famílias de colonos, e depósitos para o café e milho. A casa de residência, assim como a do
administrador, são modernas e confortáveis.
A Fazenda Olhos de Água, também de propriedade do sr. major João Baptista Novaes no município de
Pitangueiras, tem 300 alqueires, plantados com 120.000 pés de café, que anualmente produzem, em média, 12.000 arrobas. Há ali um moderno maquinismo
para descascar e classificar café. um terreiro para secagem, 15 habitações para colonos, depósitos para café e milho. A casa de residência, assim
como a do administrador, são de todo conforto. O major Novaes é também dono, em parte, da Fazenda Cachoeira, nas proximidades da Estação Babilônia,
município de São Carlos, com a área de 200 alqueires e 200.000 pés de café, que anualmente produzem, em média, 15.000 arrobas. Há máquinas modernas
para descascar e classificar café, um terreiro ladrilhado para secagem, 40 habitações para 40 colonos, depósitos para café e milho, cocheiras etc. A
casa de residência e a do administrador são excelentes.
O major João Baptista Novaes nasceu no Brasil, em 1870, e aqui se educou. Faz parte, há 4½ anos,
da firma Novaes & Cia., e geralmente reside na sua Fazenda Floresta, em Jaboticabal. O major Theophilo Novaes nasceu em 1864, no Brasil, estudou
Química e formou-se em Ouro Preto, estado de Minas, em 1886. É dono, na cidade de São Carlos, da Farmácia Central, situada à Rua Municipal, 39.
Itapetininga
O município de Itapetininga fica
situado à margem direita do rio desse nome, e está ligado por estradas a Itapeva da Faxina, Espírito Santo, Paranapanema, Sarapuí e Sete Barras. A
fundação de Itapetininga, sede do município, e elevada à categoria de cidade em 1885, remonta a 1776, e é devida a Simão Barbosa Franco. A catedral
é dedicada a N. S. dos Prazeres e pertence à diocese de São Paulo. A população do município é calculada em cerca de 25.000 habitantes. O clima é
considerado dos mais salubres. Os principais produtos do seu fértil solo são cana-de-açúcar, café e algodão. Existem na cidade boas escolas, onde a
instrução é dada a uma regular freqüência de alunos. Além do Itapetininga, fornecem água à cidade os rios Santo Ignacio, Quareí, Capivari, Sargento,
Corrente, Pinhal, Taquaral, Turvo e Ponte Alta.
Escola Normal de Itapetininga - Funciona esta instituição em um grupo de três grandes e
belos edifícios, situados numa praça próxima à Estação da Estrada de Ferro. Um desses edifícios é dedicado à Escola Normal; outro, à Escola
Complementar; e o terceiro, à Escola Modelo. Abriu-se o estabelecimento em 1902, já sob a administração do atual diretor; e tem hoje um corpo
docente composto de 450 professores. A freqüência anda por cerca de 1.000 alunos. Mais de 400 alunos vêm dos distritos vizinhos, para freqüentar as
aulas da escola; e a sua presença na pequena cidade muito concorre para a animação que se lhe nota. A escola tem os seus cursos similares à
instituição congênere da capital, onde o seu diretor exerceu igual posto. Os aparelhos e mobiliário do estabelecimento são muitíssimo bons.
A Escola Normal de Itapetininga tem dado resultados iguais aos das outras instituições mais
antigas. Os professores são cuidadosamente escolhidos e o programa muito completo. O sr. Pedro Voss, diretor da escola, nasceu em São Paulo e
estudou na Escola Normal daquela cidade, onde obteve o diploma de professor. Colaborou com miss Brown, a distinta professora norte-americana,
durante o período em que era estabelecido o presente sistema de educação nas escolas de São Paulo; e sucedeu-lhe na direção da Escola Normal em
1895. Vindo para Itapetininga, para abrir e dirigir durante 6 meses a Escola Normal desta cidade, aqui se conservou até hoje.
Coronel Clementino Mathias de Oliveira - O coronel Clementino Mathias de Oliveira nasceu em
Itapetininga em 1853, e durante a maior parte da sua vida se ocupou de comércio. Em 1897, passou adiante o seu estabelecimento e dedicou-se
inteiramente à administração das importantes fazendas que possui. O coronel Oliveira tomou sempre parte ativa na política; é juiz de paz de
Itapetininga; foi delegado de polícia, promotor público, conselheiro municipal, prefeito, presidente da Câmara, e tem ainda desempenhado vários
outros cargos importantes na mesma cidade. O coronel Oliveira é um dos diretores do Partido Civilista.
É proprietário da fazenda Monte Alegre, com 250 alqueires e 20.000 pés de café; e da fazenda
Rechina, com 2.000 alqueires, onde faz importante criação de gado. Esta última fazenda é cortada pela Estrada de Ferro Sorocabana e fartamente
provida de água corrente do Rio Itapetininga. Aí tem o coronel Oliveira 600 cabeças de gado bovino, 100 porcos e 100 cavalos, bestas e burros. O
coronel Oliveira cruza o gado zebu com o gado nacional e também com gado holandês, obtendo belos produtos, não só para carne como para leite.
Introduziu também, entre os espécimes do seu gado, sangue da conhecida raça New-Zealand Ayrshire, para melhorar a produção de leite. Tem criado
muitos e bons cavalos de sela e bestas. Possui várias plantações de algodão, que produzem 25.000 arrobas, e matas riquíssimas. O coronel C. Mathias
de Oliveira, que goza de alta estima em Itapetininga, onde a sua opinião é muito acatada, reside com a sua família na cidade.
Jacareí
Este município é limitado ao Norte
pelo Ribeirão Comprido, a Sudeste pelo Rio Paraíba; a Oeste limita-se com o município de Santa Isabel. A povoação de Jacareí foi fundada em 1652,
elevada à categoria de vila em 1654 e a cidade por lei nº 17, de 3 de abril de 1849.
A instrução pública no Município acha-se bem desenvolvida, contando-se: o Grupo Escolar Coronel
Carlos Porto, seis escolas estaduais, duas municipais e uma escola noturna, também municipal; e há ainda, para o ensino secundário, o Ginásio
Nogueira da Gama e uma escola de Artes e Ofícios, criada pelo governo estadual.
A população do município é de 15.000 almas. A cidade de Jacareí conta 1.139 prédios e é iluminada
à lua elétrica pela empresa do sr. José Bonifacio de Mattos, que também fornece força a diversas fábricas existentes no município. A indústria e o
comércio do município estão muito desenvolvidos; nele se contam três usinas de beneficiar café, outras tantas de beneficiar arroz, três fábricas de
cerveja e outras bebidas, uma de macarrão, duas importantes fábricas de meias etc. A imprensa é no município representada por três jornais.
Tenente-coronel Luiz Alves Vieira Lima - O prefeito do município de Jacareí é o
tenente-coronel Luiz Alves Vieira Lima, nascido em Parati, estado do Rio de Janeiro, em 1859. O tenente-coronel Vieira Lima seguiu a carreira
comercial até 1896, quando adquiriu uma fazenda próximo a Jacareí. Antes de ser eleito prefeito, em 1909, foi o coronel Lima, durante 7 anos,
vereador da Câmara e também seu vice-presidente. Durante a sua administração, tem o município recebido vários melhoramentos, tais como iluminação
elétrica e serviços de abastecimento d'água e de higiene pública.
Ginásio Nogueira da Gama - Este importante instituto de ensino, considerado um dos melhores
e de mais moderna organização no estado de São Paulo, foi fundado em 23 de julho de 1893, pelo seu atual diretor, dr. Lamartine Delamare Nogueira da
Gama. Em 2 de dezembro foi este instituto equiparado ao Ginásio Nacional por decreto nº 3.518. No seu primeiro ano de funcionamento, teve uma
freqüência de 25 alunos; de 1894 em diante, a matrícula subiu sempre, o que tem tornado necessário fazerem-se constantes aumentos nas instalações do
Ginásio.
O edifício principal do Ginásio ocupa uma extensa área em uma chácara na parte Sul da cidade de
Jacareí. No primeiro pavimento ficam a sala da Congregação, salas de estudo, salas para as aulas, gabinete de Física e História Natural, refeitório
etc.; no segundo pavimento ficam os dormitórios. Os recreios são vastos e independentes uns dos outros. Os alunos são divididos em três turmas:
maiores, médios e menores. A higiene do estabelecimento é extremamente cuidada, assim como o desenvolvimento físico dos alunos; e neste particular,
além das aulas de ginástica, há jogos, festas esportivas, exercícios militares etc.
O Ginásio Nogueira da Gama possui material escolar de primeira ordem, gabinete de Física e
História Natural e laboratório químico perfeitamente aparelhados, e uma ótima biblioteca com 5.000 volumes. Os programas de ensino, muito bem
organizados, acompanham o programa oficial do Ginásio Nacional. O diretor e fundador do Ginásio, dr. Lamartine Delamare Nogueira da Gama, é formado
em Direito pela Faculdade de São Paulo. São vice-diretores os drs. Abel Nazareth Nogueira da Gama e Alcibiades Delamare Nogueira da Gama. O
secretário é o dr. Alfredo Eugenio de Paula Assis.
Companhia de Tecidos de Malha Filhinha - Instalada na cidade de Jacareí, a Companhia
de Tecidos de Malha Filhinha, de que é proprietária a Société Financière de São Paulo, foi fundada em 1906, com o fim de explorar a
manufatura de tecidos de malha de toda espécie. A sua produção média, por mês, é de 5.000 dúzias de pares de meias, além duma pequena quantidade de
camisas de algodão e camisas de meia. Os seus modernos maquinismos são de procedência, principalmente, alemã. A força é provida por um dínamo
elétrico de 25 HP, o qual se acha em ligação com o sistema elétrico municipal. Há cerca de 180 empregados - homens, mulheres e crianças - na
fábrica. O principal mercado para os produtos da companhia é o Rio de Janeiro. Todo o algodão empregado no fabrico dos artigos é importado.
Amparo
O município de Amparo, na região
Norte do Estado de São Paulo, é banhado por alguns rios, dos quais os mais importantes são o Jaguari e o Camanducaia. As serras que o
atravessam são três: a do Pântano, a de Caraguatá e a do Lambedor. O município é servido pela Estrada de Ferro Mogiana.
Amparo, sede do município, foi criada vila em 14 de março de 1857 e elevada à categoria de cidade
a 21 de abril de 1873. Possui atualmente 1'810 prédios, situados em 38 ruas, 9 praças e uma avenida. A população da cidade é de 12.000 habitantes e
a do município de mais de 50.000.
Os edifícios públicos mais notáveis de Amparo são os do Paço Municipal, novo Mercado, asilo para
mendigos, Hospital Anna Cintra, Sociedade Portuguesa de Beneficência, Estação da Companhia Mogiana e outros mais. As suas ruas principais são
calçadas a paralelepípedos e arborizadas, com os passeios laterais cimentados e cuidadosamente conservados. É iluminada à luz elétrica e possui bons
serviços de abastecimento de água e de esgotos. Estabelecimentos de instrução pública, existem no município os seguintes: Grupo Escolar Luiz Leite,
com cerca de 400 alunos; Grupo Rangel Pestana, doze escolas primárias estaduais e treze municipais. A instrução particular conta vários ginásios,
colégios, externatos etc. A cidade de Amparo tem duas folhas diárias, o Commercio de Amparo e o Diario. Há várias sociedades
beneficentes e esportivas. Além de várias igrejas católicas, há duas protestantes. Existe também uma loja maçônica.
O comércio de Amparo é representado por mais de 30 lojas de fazendas, 3 de ferragens, 2 de
armarinho e mais de 100 armazéns de secos e molhados; contam-se ainda dois estabelecimentos bancários e mais três casas de descontos. A indústria
compreende uma fábrica de fósforos, uma de tecidos, três engenhos de arroz, três de café, fábricas de cerveja, licores, gasosas etc.; uma serraria a
vapor etc.
A importância principal do município reside na sua lavoura, a qual compreende 733 propriedades
agrícolas que produzem 902.231 arrobas de café, 150 arrobas de açúcar, 88.850 litros de aguardente, 261.300 litros de arroz, 15.393.470 litros de
milho, 270.000 litros de feijão, 62 arrobas de fumo e 64.790 arrobas de vinho.
Banco Industrial Amparense - Este banco é o empresário da iluminação e fornecimento de
energia elétrica à cidade de Amparo. A empresa foi fundada em 8 de maio de 1898 e é proprietária do banco. A usina, que dista da cidade 6
quilômetros, utiliza uma queda d'água de 7,50 m com o volume de quatro metros cúbicos por segundo. A instalação consta de dois alternadores que
produzem uma corrente a 5.000 volts de tensão: um deles, de corrente trifásica, transformada em corrente de 220 volts, para energia, e outro de
corrente monofásica, transformada em 125 volts para iluminação. A iluminação particular compõe-se de 550 instalações, onde funcionam 3.700 lâmpadas
incandescentes com 24.000 velas e 24 lâmpadas de arco voltaico com 11.700 velas. A iluminação pública compõe-se de 111 lâmpadas de arco voltaico com
110.200 velas e 120 lâmpadas incandescentes de 5 a 100 velas cada - com 2.300 velas. O dr. Vasco de Toledo, presidente do banco, nasceu na Paraíba
do Norte. Estudou no Rio de Janeiro, formando-se em Medicina, em 1891, e veio residir em Amparo no ano seguinte, onde, desde então, tem clinicado. O
dr. Vasco de Toledo, que toma real interesse pela cidade de Amparo, faz parte do corpo clínico do hospital e é presidente do Grêmio Literário Carlos
Ferreira.
Orlandi Sobrinho & Cia. - Esta importante firma, que tem também uma seção bancária, negocia
na cidade de Amparo, Estado de São Paulo, com comércio de secos e molhados por atacado e a varejo. A casa importa gêneros de produção italiana,
principalmente vinho Chianti. Foi fundada em 1879; e os seus sócios atuais são os srs. Vincenzo Orlandi Sobrinho e Sibaldo Bellagamba. Os srs.
Orlandi Sobrinho & Cia. são agentes, em Amparo, dos principais bancos de São Paulo, tais como o London and Brazilian Bank, Banco Alemão, Banco do
Comércio e Indústria, Banca Francese e Italiana per l'America del Sud, Banco São Paulo, Banco Brasileiro-Ítalo-Belga. O sócio sr. Vincenzo Orlandi
tem também casa exportadora de vinho Chianti, em Luca, Itália.
Itapira
O município de Itapira limita-se ao
Norte com os municípios de São João da Boa Vista e Espírito Santo do Pinhal; a Este, com o Estado de Minas; ao Sul, com os municípios de Serra Negra
e Amaro; e a Oeste, com os de Mogi-Mirim e Mogi-Guaçu. Itapira, sede do município, foi criada cidade por lei nº 89 de 27 de junho de 1881, sendo
feita cabeça de comarca em 28 de maio de 1891. O território do município é cortado pelos rios Peixe e Mogi-Guaçu e tem uma população de 20.000
habitantes, dos quais 5.000 na cidade.
Os seus produtos principais são café, cereais, cana e fumo, existindo no município 7.596.567 pés
de café com uma produção de 450.000 arrobas em média anual. As propriedades agrícolas são em número de 202 e a renda do município eleva-se
anualmente a Rs. 200:650$000.
Itapira, situada numa colina à esquerda do Córrego da Penha, fica a 600 metros de altitude e 201
quilômetros distante da capital do Estado. ´servida pela Estrada de Ferro Mogiana, ficando no ramal que de Mogi-Mirim vai a Pouso Alegre, no estado
de Minas Gerais. Possui a cidade belas praças, ruas largas e edifícios elegantíssimos. Além dos 916 prédios particulares e entre os edifícios
públicos, devem-se mencionar a Câmara Municipal, a Santa Casa de Misericórdia, o edifício da cadeia, duas igrejas, um templo protestante, hospital
de isolamento etc.
Possui também a cidade um reservatório com capacidade para 500.000 litros e um belíssimo parque,
caprichosamente plantado e arborizado. Tanto o serviço de abastecimento de água como a rede de esgotos são excelentes Itapira é sede de várias
empresas industriais e possui várias sociedades recreativas. O prefeito do município é o sr. Francisco Vieira, e o presidente da Câmara, o dr. Julio
Augusto da Cunha.
Orlândia
Orlândia, que está situada à margem da
Estrada de Ferro Mogiana, a 71 quilômetros de Ribeirão Preto, é uma pequena cidade moderna, pois, tendo apenas cerca de 1.000 habitantes, já é
iluminada à luz elétrica e goza de um bom serviço telefônico. Tem quatro escolas públicas e duas particulares. Dentro dos limites do município há
cerca de 6.000.000 de pés de café.
Os membros do Conselho Municipal são o coronel Francisco Orlando Diniz Junqueira, presidente; dr.
Francisco de Almeida Prado, vice-presidente; sr. José Aurelio da Silva, prefeito; e os srs. Rizoleto Odilon de Lima, Augusto Corrêa, Alfredo
Nogueira, Mansueto Ferrari e José Junqueira.
Dr. José Bernardo Guimarães - O dr. José Bernardo Guimarães formou-se pela Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro em 1872, e desde então tem clinicado em várias localidades do Estado de São Paulo. Reside em Orlândia há três anos.
Atibaia
A cidade de Atibaia, no município do
mesmo nome, fica a 800 metros de altitude e a 82 quilômetros de São Paulo. É cortada pelo Rio Atibaia, com 300 metros de largura. Fundada há cerca
de 200 anos, é uma das mais antigas cidades do estado de São Paulo. A cidade tem uma população de 30.000 habitantes, e formam-se principalmente duas
ruas paralelas cortadas por grande número de ruas transversais, ao todo 600 casas. É iluminada à luz elétrica, fornecida pela Companhia Bragantina;
e tem um bom serviço de água potável e rede de esgotos em construção.
A indústria é representada por uma fábrica de cerveja e águas minerais, usinas para beneficiamento
de produtos agrícolas e duas fábricas de tecidos de algodão. A instrução pública é ministrada em boas escolas, mantidas conjuntamente pelo Estado e
pela Municipalidade. A cidade de Atibaia possui duas bandas de música e dois teatros. Existem ali duas igrejas católicas e um templo protestante.
Contam-se na cidade cinco advogados e dois médicos. Há várias instituições de caridade e outras, tais como o Hospital da Santa Casa, atualmente em
construção, Sociedade de São Vicente de Paulo, Sociedade Mútua de Assistência Pública etc.
A cidade de Atibaia, cuja estação de caminho de ferro ficará pronta este ano, tem um bom serviço
de comunicações telegráficas e telefônicas. O município produz 200.000 arrobas de café anualmente, além de açúcar, algodão,batatas, feijão, milho,
arroz, frutas etc. A criação de gado tem ultimamente tido grande desenvolvimento. A Câmara Municipal compõe-se de 8 membros; é seu presidente o
major Juvenal Alvim e vice-presidente o sr. Francisco Aguiar Peçanha; o prefeito municipal é o dr. Miguel Vairo e o vice-prefeito o sr. Accacio
Cunha.
Serra Negra
Foto-montagem publicada com o texto, página 654
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Serra Negra
Este município tem uma população de
22.000 habitantes, dos quais 3.000 na cidade, que tem 584 casas, e fica a uma altitude de 942 metros. A principal cultura do município é a do café;
os lavradores são em número de 605 e possuem, ao todo, 8.000.000 de pés de café, que produzem 800.000 arrobas, em média, por ano. São também
cultivados, em pequena escala, vários cereais; e há criação de gado suíno, vacum e cavalar.
Possui o município, em Água Quente, três fontes, duas de águas termais magnesianas e uma de água
ferruginosa. A iluminação da cidade é feita à luz elétrica, sendo a instalação produtora de energia propriedade do município. A usina fica situada
no Rio de Peixe, a 12 quilômetros da cidade, e tem dois dínamos com a força de 125 cavalos cada um. Existe também uma estação telefônica da empresa
Bragantina, e por ela se comunica a cidade com vários pontos do Estado. A instrução pública é ministrada por um grupo escolar, com diretor, 10
professores e 400 alunos matriculados; uma escola noturna municipal e cinco escolas municipais distribuídas pelos vários distritos do município.
A imprensa é representada por dois órgãos bissemanais, O Serrano e a Gazeta da Serra.
Possui a cidade dois templos, um católico e outro evangélico, e um hospital que goza de uma subvenção estadual de Rs. 5:000$000 anuais. Em 1911, as
rendas municipais subiram a Rs. 110:000$000.
A Câmara Municipal compõe-se de oito vereadores; prefeito, capitão Francisco Pinto da Cunha;
presidente, o sr. José Fernandes de Carvalho; vice-prefeito, sr. Adriano Pinto da Fonseca; vice-presidente, sr. José Roque de Moraes; vereadores:
srs. Alfredo Mariano de Oliveira, Joaquim Gomes Moreira, Octaviano Leme de Calais, Antonio José Vaz. O juiz de Direito é o dr. Julio Amaro da Rosa
Furtado; promotor público, o dr. José de Moraes Godoy; e delegado de polícia, o dr. Clovis de Moraes Barros.
A fábrica de óleos de Pereira Ignacio & Cia., em Sorocaba
Foto publicada com o texto, página 741
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Outras cidades do Estado
Capitão Basilio Ribeiro da Costa - O capitão B. R. da Costa nasceu em 1871, em Bragança,
onde foi educado. É diretor da Santa Casa de Misericórdia local. Faz parte da Câmara Municipal desde 1897, tendo sido eleito vice-presidente em 191
e presidente em 1912. É proprietário no município.
Coronel Jacintho Domingues de Oliveira - Nascido em Bragança a 25 de março de 1845, o
coronel Jacintho Domingues de Oliveira, prefeito municipal, tem residido no município toda a sua vida. Foi eleito intendente em 1910 e prefeito em
1911, tendo sido reeleito para 1912. Está ligado a várias instituições de caridade de Bragança e faz parte da diretoria do Hospital da Santa Casa de
Misericórdia.
Manoel José da Silveira - O sr. Manoel José da Silveira é proprietário da principal
farmácia de Ibiquara, estabelecida há mais de 20 anos. O sr. Silveira, diplomado em São Paulo em 1891, liga o maior interesse às questões locais e é
presidente da Câmara Municipal. É proprietário da fazenda de café Noemia, situada a cerca de 1 quilômetro da cidade e a qual compreende 130
alqueires. Destes 130 alqueires, 10 estão em pastagens e os restantes plantados com 51.000 pés de café, que dão uma colheita anual de 80 arrobas por
mil pés, em média. Além disso, possui a Fazenda Noemia 30 vacas leiteiras, 7 animais de sela e 14 bois de carro.
Constancio Martins Sampaio - O dr. Constancio Martins Sampaio é o único clínico de Ibiquara,
onde exerce as funções de médico da Companhia Indústria e Viação Férrea de São Paulo. O dr. Sampaio formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia,
em 1909.
Dr. Rosco Guimarães - O dr. Rosco Guimarães formou-se em Medicina, no Rio de Janeiro, em
1895; e um ano depois começou a clinicar em Jardinópolis, onde os seus serviços médicos são altamente apreciados.
Robert J. Locke - O sr. Robert J. Locke é conhecido em todo o Norte do Estado de São Paulo
como distinto engenheiro civil. Nascido na Nova Escócia, no Canadá, em 1866, foi educado na Universidade de Dunhousie e admitido como membro da
Sociedade Canadense de Engenheiros Civis. Veio para o Brasil em 1891. Reside o ano inteiro em Jaboticabal, na sua Chácara Ingleza, nos arrabaldes da
cidade.
Frederick Archer Upton - Em Pirituba, a 15 minutos de viagem da cidade de São Paulo, possui
o sr. Frederick Archer Upton uma fazendinha conhecida por Sitio Inglez, que lhe serve mais para recreio do que para negócio e que é decerto um dos
mais pitorescos lugares do Estado. A 20 minutos da estação, acha-se a casa de residência, uma confortável vivenda situada num morro que domina o
mais belo panorama. Perto da casa, há um jardim coberto de árvores e arbustos muito bem distribuídos e entremeados de aléias encantadoras. Um pouco
mais distante da casa, há vinhedos e árvores frutíferas de toda espécie, além de considerável plantação de cana-de-açúcar.
O mais interessante de tudo é, porém, a criação da pequena estância - galinhas, gado, cães, porcos
e cabras. Entre as galinhas, há mais de quarenta variedades, salientando-se as de Orpingtons, cor de anta, brancas e pretas; de Plymouth Rocks,
brancas, amarelas e listradas; de Columbia, cor de anta e douradas; e de Wyandottes, rajadas. Em 1911, foi esta coleção julgada a mais bela do
Brasil, e mereceu assim o prêmio de 5:000$000 do Governo Federal. Os patos compreendem as raças Pekinense, Moscowita e India-Brunner. Os cães das
raças fox-terrier e daschund despertam a admiração dos visitante. As cabras são em maioria das raças Simpton e Angora, e os porcos são
negros e Polland China.
Atualmente, está o sr. Upton empenhado em importar gado Guernsey, de que pretende conservar uma
manada de 100 cabeças, para explorar a indústria do queijo. Também há na fazenda várias colméias, em que se produz excelente mel. O sr. Frederick
Archer Upton é filho do falecido sr. George B. Upton, cônsul norte-americano no Rio Grande do Sul. Nasceu nesta cidade e foi educado nos Estados
Unidos, voltando para a sua terra natal em 1870, depois de terminada a guerra civil americana. Nove anos depois, foi para São Paulo e iniciou a sua
carreira comercial em estabelecimento descrito em outro lugar.
Robert Clark - O sr. Robert Clark é muito conhecido, como inventor do despolpador mecânico
de café, tão adaptado e afamado pela excelência de seu trabalho. Nascido na Escócia, veio para o Brasil em 1880, e depois de se ocupar, durante 10
anos, com o estudo e prática de Engenharia, esteve com a firma Mc. Hardy de Campinas. Começou depois, por conta própria, em Sarandi, a preparar café
em máquina. Em 1910, abriu nova usina, em Vila Bonfim, na qual montou maquinismos completos e modernos, capazes de preparar cerca de 1.000 arrobas
diariamente. Igual capacidade de produção tem a sua usina de Sarandi.
Candido José de Oliveira - O sr. Candido José de Oliveira, prefeito de Tatuí, nasceu nessa
cidade em 1864 e aí foi educado. Deixando a escola, ocupou-se por algum tempo em estradas de ferro. Foi eleito prefeito em 1902. Sob a sua
administração se têm realizado importantes melhoramentos na cidade; diversas ruas foram calçadas e construídos os passeios laterais; foi
estabelecida a iluminação à luz elétrica e aumentado e melhorado o abastecimento d'água; foi construído o Teatro Municipal, só excedido pelos da
capital; e foram abertas novas avenidas e ruas. A população aumentou-se de 6.000 habitantes em seis anos; e numerosos prédios novos foram
construídos. O sr. Oliveira está filiado ao Partido Civilista.
Dr. José Antonio Moreira Dias - O dr. José Antonio Moreira Dias, presidente da Câmara
Municipal de Tatuí, nasceu na capital da então província de Pernambuco, em 1861, e aí se formou em Direito, em 1880. Foi promotor público e juiz
naquela cidade, durante algum tempo. Foi juiz durante 12 anos em Tatuí, cargo que resignou, passando então a exercer a advocacia. Foi eleito
presidente da Câmara em 1911.
Empresa Elétrica de Piracicaba - Esta empresa, que tem o capital de Rs. 800:000$000, foi
fundada em 1903, com o objeto de fornecer à cidade e distrito de Piracicaba força e luz elétrica. A força motriz é fornecida pelas quedas do
Piracicaba, cuja água move uma turbina Briegleb que aciona os dínamos, sendo a força gerada de 600 HP. A voltagem primária é de 4.200 volts. A
instalação compreende 16 transformadores de 22 quilowatts cada um e há ainda mais dois transformadores da mesma capacidade em uso na Escola Agrícola
de Piracicaba, havendo 34 motores em serviço que utilizam uma força de 95 HP. Os dois alternadores são da Allgemeine Electricitats Gesellschaft,
Berlim.
A empresa tem o contrato para o suprimento de força e luz elétrica à cidade de Piracicaba, sendo o
consumo de força bastante regular. Na iluminação pública são empregadas 611 lâmpadas, das quais 21 de 16 velas, 42 de 32, 547 de 60 e uma de 300
velas. Na iluminação particular, estão em uso cerca de 3.000 lâmpadas de 10 a 100 velas, aos preços mensais seguintes: lâmpadas de 10 velas, 2$; de
16, 3$; de 25, 4$; de 32, 5$; de 40, 6$, de 50 ou 100, 12$. São diretores da empresa os srs. dr. Antonio Augusto de Barros Penteado, gerente, e drs.
João Domingues Sampaio e Antonio Prudente de Moraes.
Vincenzo Puccianti - É necessário visitar a propriedade do sr. Vincenzo Puccianti, em
Américo Braziliense, para se poder avaliar como este distinto italiano soube resolver o problema da floricultura e pomicultura no país. Possui o sr.
Vincenzo grande extensão de terras, compradas há muitos anos e que tinham as suas culturas em estado de completo abandono.
Com a habilidade e atividade que o caracterizam, dedicou-se o sr. Puccianti à tarefa de
restabelecer estas culturas e introduzir a fruticultura, com métodos modernos e em grande escala. Assim é que, ajudado por seu cunhado, o sr. G.
Manelli, hábil agrônomo, com sacrifícios notáveis de tempo e dinheiro, pode mostrar hoje na sua fazenda 90.000 pés de café, caprichosamente
tratados, e frutas de origem européia e asiática, tais como damascos de várias espécies, castanhas, cerejas, figos, maçãs do Japão, melões,
pêras, nozes, pêssegos etc. etc., assim como também uma coleção completa dos frutos nacionais.
O sr. Vincenzo Puccianti tem também em sua fazenda uma grande plantação de eucaliptos e um bosque
de cerca de 25.000 ciprestes. Está em correspondência com as mais importantes casas da China e do Japão, e presentemente anda o seu cunhado, sr.
Guido Manelli, em viagem de estudo e para fazer importantes aquisições na Europa. Para os trabalhos de irrigação, existe na fazenda uma possante
bomba Rife de duplo efeito, que manda a água extraída do rio aos pontos onde é necessária.
Em São Paulo, presta-se grande consideração ao trabalho e esforço do sr. Vincenzo Puccianti, que,
vencendo dificuldades de toda sorte, tem conseguido aclimatar no Brasil frutos e flores de origem européia e asiática; e não lhe tem faltado o
aplauso e admiração dos competentes, entre eles do distinto dr. Luiz Bueno de Miranda, diretor da Politécnica de São Paulo.
Companhia Industrial Francana - Esta companhia, estabelecida em fevereiro de 1911, com o
capital de Rs. 120:000$000, tem por objetivo a manufatura de fósforos. Os maquinismos da fábrica são do tipo mais moderno e completo e têm uma
capacidade de produção de 20 a 50 latas com 1.200 caixas de fósforos, cada uma, por dia. À exceção das drogas, todo o material empregado é nacional.
Aciona o mecanismo um motor de 15 HP. Trabalham na fábrica, entre homens, mulheres e crianças, 40 pessoas. Os fósforos, divididos em pacotes e
acondicionados em latas de zinco, são vendidos nos estados de São Paulo e Minas.
O presidente da companhia, sr. Gustavo Martins de Cerqueira, nasceu em 1875, no Estado da Bahia,
onde estudou. Formou-se em Farmácia em 1897. Residiu em Campinas durante um ano, sendo em seguida, durante dois anos, farmacêutico da Casa de
Misericórdia de São Paulo. Veio para Franca em 1900, onde se estabeleceu com uma farmácia que mais tarde vendeu.
O diretor-gerente é o sr. Arsenio Tavares do Canto, iniciador da empresa. Nasceu em Portugal, mas
veio para o Brasil com 6 anos de idade. Foi negociante no Rio de Janeiro, em Ribeirão Preto, durante dois anos, e em Franca durante 8 anos; e fundou
esta empresa em 1910. O sr. Arsenio Tavares do Canto é proprietário importante no município.
Dr. Eduardo Augusto Pirajá - O dr. Eduardo Augusto Pirajá clinica em Cravinhos há cinco
anos. Anteriormente, fora, durante dois anos, diretor do Hospital Juquiré, em São Paulo. Brasileiro nato, formou-se em Medicina pela Faculdade do
Rio de Janeiro em 1899.
1) Uma bela vista do Sítio Upton, perto de São Paulo; 2) Vista geral do sítio
Foto-montagem publicada com o texto, página 744
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