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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [38-L]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho informa, nas páginas 586 a 598, a seguir reproduzidas (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Hotel Internacional
Foto publicada com o texto, página 584. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

A capital federal (cont.)

Comércio

Grande Hotel Internacional - O edifício onde fica atualmente o Hotel Internacional foi construído outrora para um sanatório para tuberculosos em um ponto bastante elevado, abrigado por várias colinas, entre outras as de Polux e Castor, a Serra do Corcovado etc. Pertenceu, sucessivamente, a particulares, à Companhia Melhoramentos de Santa Tereza e finalmente tornou-se propriedade do sr. Ferdinand Mentges em 1893.

O hotel, situado na colina de Santa Tereza, é favorecido por um clima muito mais suave que o da cidade. Observa-se ali uma diferença notável de temperatura para 3º ou 4º menos que na cidade. As comunicações para o hotel são as melhores possíveis, havendo tramways (N.E.: bondes) que partem de quarto em quarto de hora da estação do Largo da Carioca. O percurso dura 20 minutos, em tramway, do Largo da Carioca ao hotel, e é feito por um caminho muito pitoresco e interessante.

O hotel está rodeado de matas e os passeios são mitos e variados, tais como Lagoinha, Sumaré, Silvestre, Paineiras, Corcovado. O hotel é principalmente para famílias e estrangeiros que desejem residir em lugar sossegado durante a noite. O seu parque e as suas matas, da extensão de 40.000 metros quadrados, são de grande atrativo para os estrangeiros. O hotel, aumentado e inteiramente reformado em 1911, com todas as comodidades modernas, contém 150 leitos. Divide-se em um edifício central, 3 vilas e 10 chalés; a sua sala de jantar, que é uma das mais lindas do Rio de Janeiro, serve também para banquetes, e há uma grande sala de bilhares, com 4 bilhares, sala de leitura, sala para correspondência e apartamentos de luxo, com banho particular.

Tem o hotel dois elevadores, um dos quais para conduzir os viajantes à altura onde ficam os chalés, e um grande jardim com tênis e croquet. Do alto da colina Polux, descortina-se magnífico cenário.

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Cia. Edificadora: 1, 2 e 3) As oficinas na Ponta do Caju; 4) Depósitos; 5) Oficina de carros
Foto publicada com o texto, página 587. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Companhia Edificadora - Esta empresa foi registrada em novembro de 1890, tendo como objeto construir, por conta própria ou de terceiros, edifícios e material rodante para estradas de ferro, casas para residência, no Rio de Janeiro; e também comprar e vender terrenos ou casas.

O capital inicial autorizado foi de Rs. 3.000:000$000, dividido em ações de Rs. 200$000 cada uma. Deste capital foram realizados Rs. 857:000$000 em dinheiro, sendo o resto representado por direitos de incorporação. O capital nominal foi, em 1905, elevado a Rs. 6.000:000$000, sendo distribuídas 15.000 ações como bônus entre os acionistas. Em 1906, foi emitido um empréstimo de Rs. 3.000:000$000 em debêntures de 8% ao tipo de 95%, sendo dada como garantia a primeira hipoteca das propriedades da empresa. A amortização deste empréstimo é de 1½% ao ano, por sorteio, quando os títulos são cotados ao par, e por compra, quando têm cotação inferior.

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Hotel Avenida - Souza, Cabral & Cia.: 1) Avenida Rio Branco, com o hotel, na frente; 2) O hotel; 3) Salão de jantar; 4) Sala de Recepção
Foto publicada com o texto, página 588. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Hotel Avenida - O Rio de Janeiro, hoje uma das mais belas e saudáveis cidades do mundo, cercada de montanhas de uma vegetação luxuriante, oferece ao forasteiro espetáculos e panoramas inéditos e atrativos de toda a ordem, os quais despertam verdadeiro entusiasmo aos estrangeiros que a visitam. Com a população de um milhão de habitantes, que continua a aumentar, é um centro adiantadíssimo de progresso e atividade em todos os ramos do labor humano. O serviço de higiene nas ruas e habitações é modelar e pode competir com o das mais adiantadas cidades do Velho Mundo.

O Hotel Avenida, edificado na Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, 152 a 162, fica situado no coração da grande metrópole brasileira; e é, sem dúvida, além do maior, um dos melhores e mais confortáveis estabelecimentos desse gênero que possui a capital.

À pequena distância do cais e no ponto convergente de quase todas as linhas de bondes (tramways) da cidade, é para os viajantes um modelo perfeitamente combinado de palácio e de lar, dominando a grande artéria urbana, que é a Avenida Central, uma das grandes belezas do Rio. Na opinião de numerosos visitantes que o freqüentam, nacionais e estrangeiros, assim como dos hóspedes que dele fazem morada permanente, é também um dos mais luxuosos hotéis da capital.

Dispõe de 250 quartos ou aposentos, altos e espaçosos, elegantemente mobiliados, com luz e campainha elétrica, quartos de banho, toalete e lavatórios convenientemente situados etc. Magníficos elevadores dão acesso cômodo e fácil a todos os andares, por sua vez servidos de telefones do modelo mais aperfeiçoado.

Os seus proprietários, srs. Souza Cabral & Cia., no empenho constante de garantir ao público e aos freqüentadores do estabelecimento o melhor conforto e a maior comodidade, não poupam esforços para introduzir, a cada passo, melhoramentos compatíveis com a bem justa fama de que goza o hotel. Assim é que tem um serviço de mesa excelente, uma cozinha de primeira ordem e dois vastos salões para refeições, claros, alegres e situados num dos pontos convenientes do grande palácio, que é o prédio.

Os salões de visitas, de música e leitura são belamente decorados e mobiliados e criteriosamente dispostos ao agrado dos hóspedes. Os serviços do hotel, internos e externos, ocupam 90 empregados (entre os quais habilitados intérpretes), escrupulosamente escolhidos e metodicamente divididos. A freqüência diária do estabelecimento representa, em média, 250 hóspedes. O Hotel Avenida está, pois, em condições de oferecer a estrangeiros e nacionais um serviço de acordo com o grau de civilização e cultura da grande capital do Brasil.

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Estabelecimento de Cunha, Caldeira & Cia.
Foto publicada com o texto, página 585. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Cunha, Caldeira & Cia. - Esta casa foi fundada há 33 anos, sob a firma de Cunha, Silva & Paranhos. Dessa primitiva firma, ainda existe o primeiro sócio sr. Antonio João Alves da Cunha e Silva, que é ainda solidário na atual.

O início dos negócios da casa foram roupas em grosso; com o correr, porém, do tempo e já depois de outras firmas sucessoras, foi adicionada uma seção de fazendas, também por atacado. Hoje, a firma só negocia em fazendas compradas em primeira mão às fábricas do país e importadas dos mercados estrangeiros. As suas vendas são feitas em grosso a casas atacadistas em todas as capitais dos estados do Brasil.

O seu capital efetivo é de Rs. 1.500:000$000, todo ele realizado. E são sócios da firma, todos solidários, os srs. Antonio João Alves da Cunha e Silva, residente em Paris; Joaquim Borges Caldeira, residente em Lisboa; José Ferreira Pinto da Costa, residente no Rio de Janeiro à Rua 8 de Dezembro, 110; Alfredo dos Santos Henriques, residente na Bahia; Joaquim Nunes da Silva, residente em São Paulo; Manoel Correa Vieira Junior, residente no Rio, à Rua Barão de Mesquita, 622; José Duarte Martins, residente n sede do negócio, à Rua Theophilo Ottoni, 43 e 45.

Arbuckle & Cia. - Desde a sua fundação no Brasil em dezembro de 1880, tem a casa Arbuckle & Cia. exportado nada menos de 22.548.772 sacas para os Estados Unidos da América do Norte, das quais 11.993.087 foram despachadas pelo porto do Rio de Janeiro e as restantes pelos portos de Santos e Vitória.

As casas dos srs. Arbuckle & Cia. no Brasil são, na realidade, sucursais da conhecidíssima firma de Arbuckle Brothers, de Nova York, casa de torrefação de café e refinaria de açúcar. Quando se fundou a casa do Rio, foi a sua gerência confiada ao sr. J. S. Towman. Em 1887, foi este lugar ocupado pelo sr. J. B. Kennedy e 14 anos mais tarde entregue à competência do sr. Louis R. Gray. Os escritórios do Rio ficam à Rua de São Bento, 2, 4 e 6; e os armazéns à Rua da Saúde, 156 a 162. Neste último ponto, há uma instalação com o maquinismo do mais moderno tipo para pesar, limpar e ensacar café.

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Werner, Hilpert & Cia.: 1) Fábrica de seda em Petrópolis ; 2) 30 hp Sport Mercedes; 3) 70 hp 4 cilindros Mercedes; 4) 55 hp Landaulet Mercedes; 5) Um dos pavimentos do armazém no Rio de Janeiro
Foto publicada com o texto, página 589. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Werner, Hilpert & Cia. - Esta firma é sucessora de Dannecher Werner & Cia., casa que tem girado com vários e sucessivos nomes em Paris desde 1843 e no Rio de Janeiro desde 1871. A atual razão social data de princípios de 1911.

A especialidade da casa foi sempre a importação de tecidos de algodão, lisos e trançados, lãs etc., principalmente da Inglaterra (Manchester), Holanda, Bélgica, Suíça, Alemanha, Itália, Áustria e Estados Unidos da América do Norte. Ocupa-se também da venda de manufaturas nacionais, tais como tecidos de algodão e lã, e é proprietária de uma fábrica de fiação de seda em Petrópolis e de fábricas de meias, colarinhos e camisas no Rio de Janeiro. A fábrica de meias denomina-se Fábrica da Tijuca, e a de colarinhos gira sob a firma Arthur Frankel & Cia.

Em sua seção de máquinas, ocupam-se os srs. Werner Hilpert & Cia. da importação de automóveis, não só para turismo como também para carga, lanchas-automóveis, motores elétricos e a petróleo, sendo o Rio e São Paulo os seus principais mercados compradores. Uma das suas principais seções é a da venda de automóveis Mercedes e Daimler que se está tornando um dos negócios mais lucrativos no Brasil. A perfeição de construção e regularidade de funcionamento destes automóveis estão já tão largamente espalhadas, que é desnecessário insistir neste assunto; e as belas carrocerias com que podem ser providos os tornam carros luxuosos e elegantes. Vários caminhões automóveis do tipo Mercedes têm também sido importados.

A firma envia os seus viajantes ao longo de toda a costa do Brasil de Norte a Sul; e na seção de máquinas a maior parte do negócio é feito com o interior. Os sócios solidários da firma são os srs. Helmer Werner e Moritz Hilpert, sendo o sr. Dennecker sócio comanditário. A casa compradora da firma fica na Cité d'Hauteville, 10, Paris; e o seu depósito no Rio à Rua da Alfândega, 99 e 101. A casa tem também uma sucursal em São Paulo.

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Armazéns de Costa, Pacheco & Cia. na Avenida Rio Branco
Foto publicada com o texto, página 590. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Costa, Pacheco & Cia. - A casa Costa Pacheco & Cia., estabelecida em março de 1885 pelos srs. Antonio Maria da Costa e José Pinto Pacheco, compõe-se atualmente dos sócios srs. Antonio Maria da Costa, A. Dias Leite Pacheco, Alvaro da Rocha e Alvaro Anercio Machado, sendo comanditário o sr. Antonio Julio da Costa, residente em Portugal. O seu capital registrado é de Rs. 1.200:000$000, importância insuficiente para as suas transações, que vão aumentando sempre; mas os srs. Costa Pacheco & Cia. trabalham com outras importantes quantias, pertencentes aos sócios componentes da firma. Tem a casa uma filial, na cidade de São Pulo, que se ocupa exclusivamente dos negócios do estado.

Os negócios da firma estendem-se a todos os estados do Brasil, com os quais trabalha diretamente e por intermédio dos seus viajantes. Instalada a firma, desde o seu início, à Rua do Hospício, 55, e Rosário, 84, foi o prédio em que era estabelecida demolido em 1895, para a abertura da grande Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco.

Ocupa, desde então, um edifício na mesma Avenida, 114, expressamente construído pelo seu chefe, sr. Antonio Maria da Costa, para tal fim. Os srs. Costa, Pacheco & Cia. negociam em roupa branca de toda a espécie, para homens, senhoras e crianças, artigos de modas, confecções, tapeçaria, roupa de cama e mesa, chapéus para senhoras, toucas para crianças, rendas, bordados, brinquedos etc. etc.

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Estabelecimento de Braga, Carneiro & Cia.
Foto publicada com o texto, página 593. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Braga, Carneiro & Cia. - A firma Braga Carneiro & Cia., um das mais antigas, importantes e empreendedoras casas do Brasil, foi fundada pelo sr. Augusto Lehéricy em 1841, passando mais tarde à firma Francisco de Macedo & Cia.; à qual sucedeu Robellard Braga e Cia. Os sócios da firma são, presentemente, os srs. Manuel Rodrigues Carneiro Junior e Francisco de Faria Braga Carneiro. O capital da casa é de Rs. 500:000$000, havendo também um fundo de reserva de Rs. 497:641$524.

A firma importa da Inglaterra, Bélgica, França, Alemanha, Áustria-Hungria, Itália e Estados Unidos em larga escala, consistindo as suas importações nas seguintes mercadorias; fazendas, cimento, gesso, vidros, estruturas de aço para construções e lâmpadas elétricas. Estas importações sobem a £200.000 anualmente e as vendas a Rs. 6.000:000$000.

Os seus armazéns ficam à Rua Visconde Inhaúma, 63, são espaçosos e sob todos os pontos de vista, modernos e bem instalados; aí se vêem, perfeitamente ordenados, os numerosos artigos que a casa importa. O escritório fica à Rua Theophilo Ottoni, 46. A firma, que goza de esplêndida reputação, tem representantes em todos os pontos do Brasil.

Os srs. Braga Carneiro & Cia. são representantes, no território da República, das seguintes importantes casas européias e americanas: Comptoir des ciers Belges, Bélgica, Bruxelas, trilhos e vigas de aço; Société Anonyme John Cockerill, Bélgica, com oficinas em Seraing, material para estradas de ferro (linha permanente, material rodante), estruturas de ferro etc.; têm estaleiros em Hoboken, construindo principalmente embarcações para a pesca; são fornecedores do governo brasileiro; Fabrique Nationale d'Armes de Guerre, Herstal, armas de fogo de pequeno calibre, munições, bicicletas, motocicletas, automóveis, caminhões-automóveis; Syndicat des Cibles Electro-Automatiques, Bruxelas, alvos para linhas de tiro; The United States Trade Mark Association, Nova York; The Wilcox & White Co., Meridien, Conn., pianos automáticos Angelus; srs. Boervicke & Tufel, New York, remédios homeopáticos.

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Estabelecimento de F. Portella & Cia. (Torre Eiffel)
Foto publicada com o texto, página 593. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Torre Eiffel - A casa A Torre Eiffel foi fundada em 1889 pelo sr. Francisco Portella, ativo negociante que adotou as vendas a preço fixo no seu vasto estabelecimento destinado ao comércio de roupas e demais artigos para homens e meninos, objetos de viagem e de toalete etc. etc.

Em 1903, devido às obras da Avenida Central, cujo traçado abrangia a área ocupada pela Torre Eiffel, o sr. Portella adquiriu o prédio onde fora estabelecido o jornal O Paiz, confiando ao engenheiro sr. Arno Gierth a construção dum edifício apropriado ao seu negócio. Foram as obras iniciadas pela demolição dos velhos prédios em fim de 1904, e a 2 de outubro de 1905 pôde ser inaugurada a nova sede da Torre Eiffel.

É um belo edifício, cuja fachada, em estilo Renaissance, se eleva à altura de 18,50 m com a largura de 12,50 m, disposto em loja, primeiro andar subdividido em dois, e segundo andar. Na loja, há a grande porta da entrada de 3,75 m de largura, ladeada de amplos mostradores bipartidos.

Correspondendo aos três largos vãos da loja, porta central e mostradores, há, no primeiro andar, os mostradores laterais e largo balcão central, cuja esquadria de araribá nacional é realçada pelos vitrais coloridos. Um vasto hall de 26 metros de fundo, por 12,50 m de largura, com a área de 325 metros quadrados, se oferece para a exposição e venda. Esse hall apresenta três ordens de galerias, com grades de ferro em relevo, suportadas por duas ordens de colunas de ferro fundido.

Ao fundo do hall, uma escada de mármore conduz os andares superiores. O hall é coberto por grande clarabóia, sobre guarda-pó em vidros ornamentados; e para evitar o calor produzido por essa grande cúpula envidraçada, há um sistema completo de ventilação.

A armação, de vinhático encerado, representa um bem acabado espécime de moderna marcenaria em que a solidez se alia à leveza e ao bem combinado das molduras, não faltando também delicada obra de escultura. E conciliando o belo com o útil, as prateleiras são fechadas por cortinas de madeira.

Anexos às armações há dois gabinetes para as provas de alfaiataria, em estilo Luiz XV. Todo o solo do hall é ladrilhado a mosaico. Do hall passa-se à segunda seção, que tem a sua fachada para a Rua Nova do Ouvidor. Aí está instalada a oficina de alfaiataria na loja, tendo no sobrado o salão de jantar, cozinha e outras dependências. A firma F. Portella & Cia., proprietária de tão importante estabelecimento, compõe-se dos srs. Francisco Portella, Rodolpho Domingues da Silva, Thomaz Augusto da Silva e Bernardino da Fonseca Sampaio.

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Estabelecimento de E. Salathé & Cia.
Foto publicada com o texto, página 592. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

E. Salathé & Cia. - Esta firma, existente na Europa muito antes de 1841, abriu casa no Brasil, naquele ano, para negociar como firma importadora de toda a sorte de manufaturas em algodão, lã, linho, seda e juta, provenientes das principais fábricas da Grã-Bretanha, Itália, Alemanha e França, enviadas pela matriz em Basiléia, Suíça, diretamente das fábricas para o Rio e daí para as sucursais de Porto Alegre e São Paulo.

Os proprietários desta conhecida e grande casa importadora são os srs. Edward Salathé e Adolph Maeder, dos quais um está habitualmente no Brasil, enquanto o outro fica na casa em Basiléia. Em artigos manufaturados, figuram os srs. Salathé & Cia. entre os primeiros na lista dos importadores para o ano de 1910; e o seu armazém, cujo edifício lhes pertence e ocupa toda a largura do quarteirão, entre as ruas Visconde de Inhaúma e Theophilo Ottoni, tem três andares e cerca de 900 metros quadrados de superfície.

Nos três andares, há grande estoque dos melhores artigos, fornecidos pelo antigo continente. Emprega a casa cerca de 40 caixeiros. As transações são todas feitas com a casa do Rio, servindo a de Basiléia como liquidante e compradora. o maior ramo de importação, atualmente, da firma, é o de artigos de algodão, manufaturados em Manchester.

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Prédio, mostruários e depósitos de Arp & Cia.
Foto publicada com o texto, página 591. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Arp & Cia. - Em 1867, estabeleceu-se o sr. Maximilino Nothmann, de nacionalidade alemã, fundador da firma acima, no prédio número 118 da Rua do Ouvidor, com o reduzido capital de Rs. 1.000:000$000. Em pouco tempo conseguiu travar relações com o capitalista, seu patrício, sr. Frederico Glette, que lhe forneceu capitais, graças aos quais o sr. Nothmann pôde desenvolver rapidamente a sua modesta casa comercial, fazendo concorrência vantajosa aos demais estabelecimentos de máquinas de costura, pois este era o seu ramo de negócio.

Tão rápido foi o desenvolvimento do seu negócio, que o sr. Nothmann foi obrigado a mudá-lo para o prédio número 147, cujo armazém era mais estreito que o primeiro, mas com muito mais fundo. Dez anos depois do primeiro estabelecimento, abriu o sr. Max Nothmann uma casa de importação geral, à Rua General Câmara, 33, para onde passou, deixando o estabelecimento de máquinas entregue à gerência do sr. Arnaldo Schulze.

Em 1883, foi o estabelecimento de máquinas mudado para a Rua do Ouvidor, 68, onde ainda hoje existe. No mesmo ano, entrou para a casa o atual chefe principal sr. Julius Arp. Em 1886, o sr. Max Nothmann admitiu, como sócio solidário, o sr. Arnaldo Schulze, passando este para a casa da Rua General Câmara, chamada matriz, e assumindo o sr. Julius Arp a gerência da casa da Rua do Ouvidor. A firma passou então a ser Max Nothmann & Cia.

Em 1889, os srs. Max Nothmann e Arnaldo Schulze dissolveram a sociedade. Depois da morte do sr. Max Nothmann, organizou o sr. Julius Arp, em sucessão, a firma Arp & Cia., admitindo como sócio o sr. José Ribeiro de Araujo. Na casa da Rua General Câmara, sucederam os srs. Victor Uslaender e Richard Vichello. A firma Arp & Cia. adicionou, ao seu negócio de máquinas de costura, o de armas, armarinho e ferragens.

Em 1901, retirou-se da firma o sr. José Ribeiro de Araújo, entrando no seu lugar os srs. Fritz Kork e Hugo Bellingrodt. Aquele faleceu no mesmo ano, e este deixou a firma em 1906. Em janeiro de 1904, foi admitido como sócio o sr. Heinrich Mutzenbecher.

Devido ao grande desenvolvimento do negócio, foi preciso alugar o prédio da Rua do Rosário, 67, que se comunica pelos fundos com o prédio da Rua do Ouvidor e o depósito na Rua da Quitanda, 52.

Em 1904, o sr. Julius Arp seguiu para Hamburgo, onde estabeleceu uma casa de compras, sob a gerência do sr. Hans Bremer, e que hoje funciona no Edifício Barkhof, 3. A casa Arp fundou, também em 1891, na cidade de Joinville, em Santa Catarina, uma fábrica de meias e camisas de meia, sob a firma Kaiser & Cia. Em 1911, inauguraram os srs. Arp & Cia., sob a firma M. Sinjen & Cia., um fábrica de rendas em Friburgo, cujos produtos têm tido, como os da fábrica de meias em Joinville, enorme aceitação.

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