Galho de algodoeiro
Foto publicada com o texto, página 382
Algodão
e fosse necessário um exemplo, para demonstrar o futuro industrial de que é
capaz o Brasil, facilmente o daria a indústria do algodão. Não é exageração afirmar que, nos anais do mundo industrial, poucos capítulos se
encontram mais interessantes que o desenvolvimento da indústria do algodão no Brasil.
Quantas pessoas, na Europa, farão idéia de que no Brasil se manufaturam artigos
de algodão, e em quantidade avultada, iguais aos artigos de Manchester?
Menor será ainda o número dos que saibam que na indústria manufatora de algodão
no Brasil se emprega hoje um capital mui pouco inferior a £20.000.000 esterlinos (Rs. 300.000:000$000) e que, anualmente, mais de 360.000.000 de
metros de tecidos de algodão são produzidos pelas fábricas nacionais, no valor de £10.000.000.
Só diante de fatos destes se compreende que é apenas uma questão de pouco tempo,
para que a totalidade dos habitantes do Brasil tenha os artigos de algodão, de que necessitem, supridos por teares brasileiros: e só assim se
percebe claramente o grande futuro reservado ao Brasil industrial.
Pode agora parecer estranho que este desenvolvimento não se tivesse produzido
mais cedo. Com efeito, nada impedia que assim fosse; o algodão floresce no Brasil luxuriantemente e requer um mínimo de trabalho agrícola; e
para maior vantagem dos manufatores, a força hidráulica é encontrada em toda a parte no Brasil. Faltavam apenas a energia necessária e a iniciativa;
pode-se, porém, dizer que, nos últimos anos, o manufator, quer nacional, quer estrangeiro, tem feito o melhor uso das oportunidades que se lhe têm
apresentado.
Os anos de relativa negligência foram plenamente compensados, pois que o futuro
se apresenta cheio de promessas animadoras. Que tivesse havido negligência não foi tanto culpa da iniciativa privada como do Estado – instituição
tantas vezes reduzida ao papel de bode expiatório... Neste caso, porém, com razão. Para o explicar, é necessário remontar alguns anos atrás.
O algodão foi cultivado no Brasil desde os tempos coloniais, sendo o seu
primeiro centro de cultura o estado do Maranhão. Em breve, porém, a cultura se estendia a outros pontos, e a produção se tornava tão remuneradora
que as autoridades portuguesas resolveram animar essa prometedora fonte de renda; e, em 1750, tomaram medidas para auxiliar o estabelecimento de
fábricas no interior do país. Foi o mesmo que chegar um fósforo a um rastilho de pólvora. A indústria começou a progredir a passos largos, a tal
ponto que os próprios portugueses, então completamente senhores do mercado brasileiro de tecidos de algodão, se alarmaram.
Esse rápido desenvolvimento ia totalmente de encontro à idéia que os portugueses
tinham do progresso; eles consideravam e queriam a colônia apenas como uma fonte inesgotável de riqueza para a metrópole. Entenderam então que havia
um meio único de resolver a dificuldade: acabar com a manufatura de tecidos de algodão no Brasil. E em breve era posta em vigor uma medida que
proibia absolutamente a manufatura de artigos de algodão dentro dos limites da colônia, à exceção do tecido muito ordinário em uso, então, para
vestuário dos escravos.
Esta proibição deixou de vigorar em 1809. Para tão grande mal, houve apenas um
lenitivo; é que os cultivadores brasileiros haviam compreendido como o solo e o clima do Brasil admiravelmente se prestavam a produzir algodão da
melhor qualidade; assim, a produção das províncias de Pernambuco, Pará, Maranhão, Bahia e Rio de Janeiro era já calculada, em 1800, em 11.000.000 de
quilos; entre 1860 e 1865, em 22.000.000 de quilos anualmente; entre 1865 e 1870, em 45.000.000; e em 1874, em 78.000.000.
Em conseqüência da guerra civil nos Estados Unidos da América do Norte, deu-se
uma alta de preços nos mercados consumidores de algodão, devido ao menor suprimento; a exportação do Brasil foi, nesse ano, avaliada em Rs.
46.000:000$000. Até essa data, ocupava o Brasil o terceiro lugar entre os países produtores de algodão em todo o mundo; e decaiu para o sexto lugar
em 1901-1902.
Mais ou menos por essa época, grandes áreas, até então cultivadas com algodão,
foram abandonadas, como aconteceu com as plantações de Sergipe. Entretanto, nestes últimos anos, foi-se tornando evidente uma nova extensão nas
culturas. Julgar agora o Brasil somente do ponto de vista de país exportador de algodão em bruto, será naturalmente uma injustiça e conduziria a
resultados falsos, pois que o consumo das fábricas locais atinge já a 40.000.000 de quilos anualmente, além da considerável quantidade empregada
para fins diversos.
Conquanto novas plantações estejam sendo feitas constantemente, não parece
provável que a proporção entre o algodão bruto e o manufaturado possa aumentar nestes anos mais próximos, pois que, por assim dizer, todos os meses
se abrem novas fábricas de tecidos, destinadas a consumir importantes quantidades de matéria-prima.
Paralelamente, a exportação de algodão, que, em 1910, foi de 11.160.072 quilos,
no valor de Rs. 13.455.375$000, papel, subiu em 1911 a 14.646.909 quilos, no valor de Rs. 14.704:176$000. À data de se escrever este artigo, está
geralmente reconhecido que a colheita de 1912 mal dará para satisfazer os contratos de exportação e suprir o mercado nacional.
E não tem o cultivador a recear que se dê a super-produção, pois que a colheita
do algodão brasileiro, em razão do comprimento da sua fibra, encontra sempre um bom e pressuroso mercado. Assim, é sabido que, tomando-se uma
unidade arbitrária, a fibra de algodão de Pernambuco é de 12 a 17, a do algodão da Bahia de 12 a 15, a do algodão de Sea Island de 11 a 13, a do
algodão da Luisiania de 8 a 10, e a do algodão de Smirna de 7 a 9.
Em resistência, o algodão brasileiro não teve, durante muito tempo, competidor;
atualmente, porém, cede a primazia ao algodão de Sea Island (onde a cultura é mais cuidada), o qual hoje é tomado como base de comparação. Pode-=se
mencionar aqui, visto tratar-se da produção de algodão, que, em muitos pontos do Brasil, a semente é ainda jogada fora, sem que se lhe extraia o
óleo; além disto, as cascas da semente, que nos Estados Unidos são convertidas em papel, são aqui consideradas sem nenhum valor.
Casulos de algodão: 1) Antes de abrir;
2) Casulo aberto
Foto publicada com o texto, página 383
Áreas de cultura - O algodão dá-se, por assim dizer, em todo o Brasil,
conquanto a zona do Norte seja mais favorável ao seu desenvolvimento perfeito. A variedade mais comumente plantada é talvez a malvacea, a
qual, antes do advento do branco no Brasil, era já usada pelos índios, para a confecção de redes e linhas para a pesca. Dava-se-lhe então o nome de
maniú. Outras variedades têm obtido grande popularidade, tais como o gossypium barbadensis, gossypium hirsutum, gossypium
religiosum, gossypium pubescens e gossypium peruvianum.
O Maranhão, que foi o estado pioneiro na cultura do algodão, ainda hoje ocupa
um lugar eminente. O seu solo e o seu clima são igualmente apropriados à cultura da malvacea, especialmente ao longo das margens do Rio
Itapicuru; as variedades peruvianum, quebradinho e governo cobrem também largas áreas.
Ultimamente, têm sido introduzidos no estado pés de Sea Island e
Upland e, como já vão sendo empregados bons métodos de cultura, o algodão do Maranhão torna-se um dos melhores do Brasil. Nas fábricas de fiar e
de tecer do estado, são consumidos cerca de 2.000.000 de quilos anualmente e mais ou menos 7.000.000 de quilos são exportados, principalmente para
os estados vizinhos. Sobre o algodão fiado, exportado, cobra o governo a taxa de Rs. 95 por quilo e sobre o algodão bruto, ainda contendo a semente,
a taxa de Rs. 30 por quilo.
Em Pernambuco, sobe a produção a 20.000.000 de quilos anualmente, dos quais
grande parte é consumida pelas fábricas situadas dentro dos limites do estado. No solo arenoso do Ceará, cresce um algodão de fibra flexível e
resistente, principalmente das variedades Sea Island e quebradinho; e a produção anual eleva-se a cerca de 6.000.000 de quilos.
Com os trabalhos agora em via de execução, para melhorar os métodos de
irrigação e para introduzir os processos de cultura seca nesta área, há toda a razão de se esperar que, nos próximos anos, se opere um aumento
enorme nas áreas de cultura do algodão.
O estado do Piauí presta-se admiravelmente à cultura do algodão, mas, quaisquer
que sejam as razões, não tem feito grandes progressos nesse sentido, e em geral, os métodos ali seguidos são os mais antiquados. Ainda assim, pouco
mais ou menos 2.000.000 de quilos de algodão bruto são exportados anualmente e cerca de 300.000 quilos consumidos no interior do estado.
O algodão constitui o principal artigo de exportação da Paraíba; a produção
atinge ali perto de 5.000.000 de quilos anualmente, com igual quantidade em sementes. Alagoas é um importante estado na produção de algodão; e
recentemente, têm as áreas entregues a essa cultura demonstrado uma tendência notável para aumentar. Atualmente, deve a produção andar muito perto
de 9.000.000 de quilos por ano, e o consumo no interior do estado vai a cerca de 1½ milhão de quilos, também anualmente.
Na Bahia, o algodão malvacea cresce muito bem e existem territórios
imensos, apropriados à sua cultura. Fato estranho,
entretanto;
nunca a produção foi grande e a procura originada pelo número sempre crescente de fábricas vai muito além da produção local, pelo que se torna
necessário importar considerável quantidade.
Sergipe produz o bastante para consumo das manufaturas locais. Em São Paulo, é a
cultura do algodão, como a de outros produtos, prejudicada pelo café, que domina em todo o Estado. Entretanto, nos últimos anos, começou o governo e
também o público a compreender as desvantagens e perigos da monocultura, e as autoridades estaduais têm ativamente procurado promover aquela
cultura.
Mais facilmente se avalia da conveniência da cultura do algodão, quando se tenha
em vista que as fábricas locais consomem mais de 10.000.000 de quilos anualmente e que a produção do estado raras vezes tem chegado a 7.500.000
quilos. Além disso, foram fundadas várias fábricas para extração do óleo da semente do algodoeiro.
As fábricas do estado do Rio de Janeiro vêem-se obrigadas a importar quase todo
o algodão de que precisam; e o Distrito Federal, naturalmente, recebe de fora a totalidade dessa matéria-prima.
Pequenas quantidades produzem ainda os estados de Paraná, Santa Catarina, Rio
Grande do Sul, Pará, Mato Grosso e Goiás. Em poucos anos, provavelmente, a produção virá a assumir muito maior importância. O solo do Amazonas é,
por assim dizer, inexcedível para a cultura do algodoeiro; mas a indústria de extração da borracha tem, até aqui, monopolizado a atividade do
estado.
Finalmente, resta-nos tratar do estado de Minas Gerais, onde a sorte da cultura
do algodão é de explicação bastante complexa. Em 1820, exportou esse estado 1.485.000 quilos de algodão em bruto; vinte anos depois, porém, a sua
exportação caía a 4.995 quilos. A guerra civil nos Estados Unidos trouxe uma nova animação, de modo que os 439 quilos exportados em 1860-1 subiam a
679.447, em 1865-6. Outra queda, porém, se operou na exportação mineira, que desceu para 35.310 quilos em 1875-6, e chegou a se reduzir a 504 quilos
em 1888; em 1891, cifrava-se em 750 quilos.
Até certo ponto, foi este fato devido a ser uma parte da produção consumida no
local. Ultimamente, têm-se aberto muitas fábricas, cujo número sobe já a 37 em Minas Gerais; e o consumo destas fábricas é tal que se torna
necessário importarem-se anualmente cerca de 2.000.000 de quilos de algodão em bruto.
Foram os seguintes os preços alcançados nos mercados locais pelas diferentes
qualidades de algodão brasileiro, durante o ano de 1911:
Meses |
Sergipe |
Alagoas |
Pernambuco |
Paraíba |
Rio Grande do Norte |
Ceará |
Janeiro |
Nominal |
12$400 a
13$500 |
13$000 a
13$800 |
12$800 a
13$600 |
12$600 a
13$600 |
13$200 a
13$600 |
Fevereiro |
Nominal |
12$400 a
13$500 |
12$400 a
13$200 |
12$000 a
12$800 |
12$000 a
12$800 |
12$700 a
13$000 |
Março |
Nominal |
12$400 a
13$500 |
12$000 a
12$800 |
11$800 a
12$400 |
11$600 a
12$600 |
12$000 a
12$500 |
Abril |
Nominal |
11$200 a
12$500 |
12$200 a
13$000 |
11$500 a
12$500 |
11$300 a
12$500 |
12$200 a
12$700 |
Maio |
Nominal |
10$500 a
12$000 |
12$200 a
13$000 |
11$800 a
12$800 |
11$500 a
13$000 |
12$100 a
12$800 |
Junho |
Nominal |
9$000 a
11$000 |
11$300 a
12$400 |
11$000 a
12$000 |
10$800 a
12$000 |
11$300 a
12$200 |
Julho |
Nominal |
9$500 a
10$000 |
9$800 a
11$800 |
9$400 a
11$200 |
9$300 a
11$500 |
10$000 a
11$500 |
Agosto |
Nominal |
9$200 a
10$500 |
9$800 a
10$500 |
9$500 a
10$000 |
9$500 a
10$300 |
10$000 a
10$300 |
Setembro |
Nominal |
9$500 a
10$000 |
9$400 a
11$000 |
9$200 a
10$500 |
9$200 a
11$000 |
9$500 a
10$700 |
Outubro |
Nominal |
9$500 a
10$000 |
9$500 a
10$300 |
9$300 a
10$000 |
9$300 a
10$200 |
9$500 a
10$000 |
Novembro |
Nominal |
Nominal |
10$000 a
10$500 |
9$600 a
10$200 |
9$600 a
10$500 |
9$800 a
10$200 |
Dezembro |
Nominal |
Nominal |
10$000 a
10$500 |
9$800 a
10$200 |
9$800 a
10$500 |
10$000 a
10$200 |
Anos |
Extremos |
Extremos |
Extremos |
Extremos |
Extremos |
Extremos |
1910 |
13$800 a
17$000 |
14$300 a
18$000 |
10$500 a
18$500 |
9$400 a
18$000 |
9$400 a
18$500 |
11$200 a
17$000 |
1909 |
8$600 a
14$800 |
8$800 a
15$200 |
9$000 a
16$000 |
8$700 a
15$500 |
8$700 a
15$800 |
9$000 a
16$000 |
1908 |
Nominal |
11$700 a
12$800 |
8$300 a
13$000 |
8$300 a
13$000 |
8$300 a
13$000 |
9$000 a
13$000 |
1907 |
9$000 a
11$800 |
9$500 a
12$000 |
10$700 a
12$400 |
10$000 a
11$800 |
10$000 a
12$200 |
10$800 a
12$00 |
1906 |
7$000 a
9$200 |
7$600 a
9$600 |
8$200 a
10$500 |
7$800 a
10$000 |
7$700 a
10$500 |
7$800 a
9$000 |
1905 |
5$800 a
8$200 |
7$000 a
8$300 |
6$700 a
9$200 |
7$300 a
9$300 |
6$200 a
9$300 |
6$300 a
8$900 |
Por estas cifras se vê que os preços do mercado do algodão não se têm mantido
estáveis nestes últimos anos. De fato, sempre eles estiveram subordinados à produção da América do Norte, Índia e Egito e aos preços correntes no
mercado inglês.
A considerável influência exercida pela Grã-Bretanha, no mercado brasileiro de
algodão, se depreende muito facilmente dos algarismos que abaixo damos. Por eles se verá que, durante os anos de 1905, 1906e 1907, entre 70% e 75%
do algodão exportado foram enviados para a Grã-bretanha; e se essa percentagem desceu para 46% em 1908, foi devido à insignificância da exportação
total. Com o aumento apresentado no ano seguinte, subiu também a exportação para a Inglaterra a 83,5% sobre o total. É de lastimar que não possam
aqui ser dados os algarismos relativos aos anos de 1910 e 1911.
Exportação de algodão em rama e em pluma para o
exterior do Brasil nos anos de 1905 1909 |
Portos de procedência |
Quantidade em quilos
Equivalência em
mil réis, ouro (27 d.) |
1905 |
1906 |
1907 |
1908 |
1909 |
1 |
Belém do Pará |
--
-- |
26.944
11:699$ |
100
54$ |
751
445$ |
1.240
781$ |
2 |
S. Luiz do Maranhão |
1.447.622
606:535$ |
2.874.816
1.254:782$ |
1.817.066
968:133$ |
523.356
270:163$ |
407.998
209:012$ |
3 |
Ilha dos Cajueiros |
2.376.943
880:561$ |
2.563.427
978:273$ |
2.664.090
1.435:931$ |
557.984
286:137$ |
996.865
525:803$ |
4 |
Fortaleza |
2.964.185
1.305:054$ |
4.210.400
1.995:720$ |
3.228.814
1.725:117$ |
147.664
76:746$ |
258.894
133:129$ |
5 |
Mossoró |
--
-- |
300.000
135:010$ |
160.080
95:466$ |
--
-- |
--
-- |
6 |
Natal |
645.600
261:100$ |
823.114
388:082$ |
1.005.116
535:751$ |
92.019
39:615$ |
867.977
470:519$ |
7 |
Cabedelo |
4.750.204
2.071:074$ |
7.352.212
3.454:573$ |
5.401.728
2.974:591$ |
1.062.575
546:153$ |
2.585.702
1.312:314$ |
8 |
Pernambuco |
9.352.267
4.088:744$ |
9.899.454
4.757:576$ |
11.989.249
6.687:999$ |
1.143.692
599:393$ |
4.684.914
2.527:866$ |
9 |
Maceió |
2.497.336
1.054:839$ |
3.431.476
1.655:523$ |
1.647.273
933:080$ |
8.540
4:449$ |
133.347
69:375$ |
10 |
Aracaju |
--
-- |
--
-- |
--
-- |
--
-- |
7.697
4:276$ |
11 |
Bahia |
1.659
796$ |
6.127
2:878$ |
--
-- |
--
-- |
--
-- |
12 |
Rio de Janeiro |
37.590
18:922$ |
93.853
48:827$ |
102.884
53:138$ |
19.043
6:354$ |
16.980
4:176$ |
13 |
Santos |
8.303
3:152$ |
86.577
43549:$ |
19.484
8:359$ |
9.091
3:062$ |
6.500
3:300$ |
14 |
Porto Alegre |
44
13$ |
--
-- |
--
-- |
--
-- |
--
-- |
15 |
Corumbá |
--
-- |
--
-- |
397
222$ |
--
-- |
--
-- |
|
Total
Total |
24.081.753
10.290:790$ |
31.668.400
14.726:492$ |
28.036.281
15.417:841$ |
3.564.715
1.832:514$ |
9.968.114
5.260:551$ |
|
Valor médio por
quilo |
$427 |
$465 |
$550 |
$514 |
$528 |
Países de destino |
Quantidade em quilos
Equivalência em
mil réis, ouro (27 d.) |
1905 |
1906 |
1907 |
1908 |
1909 |
1 |
Alemanha |
255.733
114:160$ |
245.650
121:877$ |
521.802
284:918$ |
--
-- |
12.759
5:957$ |
2 |
Argentina |
--
-- |
--
-- |
71.247
32:299$ |
21.684
7:612$ |
16.980
4:176$ |
3 |
Bélgica |
34.249
17:475$ |
109.572
56:391$ |
75.534
39:093$ |
18.448
8:228$ |
241.653
119:242$ |
4 |
Estados Unidos |
6.327
2:230$ |
2.780
1:305$ |
--
-- |
--
-- |
--
-- |
5 |
França |
1.042.631
459:842$ |
2.123.494
992:851$ |
1.296.273
694:443$ |
167.178
88:887$ |
74.055
38:642$ |
6 |
Grã-Bretanha |
17.853.802
7.755:011$ |
23.264.896
10.898:978$ |
20.980.705
11.574:982$ |
1.695.231
858:952$ |
8.282.874
4.388:048$ |
7 |
Espanha |
--
-- |
835.836
393:246$ |
405.105
226:041$ |
--
-- |
41.401
25:972$ |
8 |
Holanda |
--
-- |
9.992
4:935$ |
--
-- |
--
-- |
--
-- |
9 |
Itália |
5.303
1:617$ |
13.073
5:805$ |
23.888
10:873$ |
6.400
1:780$ |
6.500
3:300$ |
10 |
Portugal |
3.823.915
1.503:601$ |
3.947.287
1.706:083$ |
4.071.928
2.213:996$ |
1.467.690
750:740$ |
1.291.892
675:214$ |
11 |
Rússia |
1.059.793
436:854$ |
1.115.820
545:021$ |
589.799
341:196$ |
188.084
116:315$ |
--
-- |
|
Total
Total |
24.081.753
10.290:790$ |
31.668.400
14.726:492$ |
28.036.281
15.417:841$ |
3.564.715
1.832:514$ |
9.968.114
5.260:551$ |
|
Valor médio por
quilo |
$427 |
$465 |
$550 |
$514 |
$528 |
Cia. de Fiação e Tecidos São Felix - A
fábrica na Gávea
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Indústria manufatora – A dificuldade de se encontrarem no Brasil estatísticas recentes muito prejudica os esforços empregados para se dar o esboço duma indústria,
como a do algodão, que tem tido tão rápido desenvolvimento no país. É verdade que em 1908 foi feito um recenseamento estatístico geral; às questões
propostas, porém, muitas fábricas deixaram de responder.
Operar mesmo com os dados então obtidos é tomar uma base pouco segura, pois que, desde 1908, têm sido montadas numerosas
fábricas por todo o país e principalmente no estado de São Paulo. Não há outro remédio senão dar os algarismos obtidos pelo recenseamento industrial
de 1908; em todos os casos, porém, os números abaixo devem ser aumentados de 20 a 30% para se obter a real expressão das condições da indústria
brasileira do algodão, na atualidade:
Estados |
Número de fábricas |
Capital em mil réis papel |
Número de operários |
Valor da produção anual em mil réis papel |
Distrito
Federal |
22 |
76.032:259$ |
10.281 |
42.839:532$ |
São Paulo |
30 |
54.083:690$ |
9.738 |
44.990:510$ |
Rio de Janeiro |
25 |
46.329:457$ |
7.140 |
22.674:900$ |
Pernambuco |
8 |
19.241:660$ |
3.700 |
9.844:073$ |
Minas Gerais |
37 |
17.734:372$ |
4.792 |
13.647:151$ |
Bahia |
19 |
16.258:400$ |
4.080 |
10.861:650$ |
Maranhão |
13 |
11.382:900$ |
3.762 |
4.882:992$ |
Rio Grande do
Sul |
9 |
8.695:000$ |
2.418 |
9.025:000$ |
Alagoas |
5 |
5.489:887$ |
2.080 |
4.134:764$ |
Sergipe |
4 |
4.458:400$ |
1.288 |
2.616:105$ |
Ceará |
6 |
2.405:000$ |
962 |
1.668:105$ |
Paraíba |
1 |
1.778:000$ |
561 |
1.151:121$ |
Santa Catarina |
13 |
1.702:000$ |
360 |
534:820$ |
Piauí |
1 |
1.069:878$ |
289 |
986:700$ |
Rio Grande do
Norte |
1 |
875:000$ |
320 |
739:500$ |
Paraná |
5 |
675:000$ |
171 |
150:200$ |
Espírito Santo |
1 |
160:000$ |
50 |
362:500$ |
Das fábricas referidas, 161 não só tecem, como também fiam; representam estas o
capital total de Rs. 240.000:000$000, empregam 45.000 operários e a sua produção anual alcança o valor de Rs. 130.000:000$000. Cumpre observar que,
se até há pouco tempo, muitas fábricas usavam o fio manufaturado no estrangeiro, hoje é empregado, no Brasil, quase exclusivamente o fio nacional.
Conquanto as necessidades do povo brasileiro aumentem de ano para ano, a
produção dos tecidos de manufatura nacional tem crescido de modo tão considerável que a sua influência se exerce decisivamente para a redução no
volume da importação de fazendas, redução esta que se tem tornado mais sensível desde 1907. Os algarismos que se lêem abaixo amplamente demonstram
este fato.
Importação exclusiva de tecidos de algodão - mil réis, ouro |
Tecidos |
1902 |
1903 |
1904 |
1905 |
1906 |
1907 |
1908 |
1909 |
Totais |
Crus |
184
.367
.000 |
451
.983
.000 |
535
.521
.000 |
280
.951
.000 |
149
.490
.000 |
274
.355
.000 |
217
.878
.000 |
78
.438
.000 |
2.172
.983
.000 |
Brancos |
3.495
.030
.000 |
3.966
.400
.000 |
3.576
.477
.000 |
4.232
.925
.000 |
4.178
.350
.000 |
3.598
.406
.000 |
2.083
.617
.000 |
2.283
.620
.000 |
27.414
.825
.000 |
Tintos |
6.204
.060
.000 |
7.888
.792
.000 |
7.785
.206
.000 |
6.884
.117
.000 |
5.873
.826
.000 |
7.149
.962
.000 |
4.839
.743
.000 |
4.456
.340
.000 |
51.081
.976
.000 |
Estampados |
6.926
.140
.000 |
7.527
.938
.000 |
6.396
.156
.000 |
6.170
.892
.000 |
5.564
.172
.000 |
5.655
.804
.000 |
2.792
.795
.000 |
2.520
.192
.000 |
43.554
.089
.000 |
Não especificados |
1.821
.569
.000 |
2.717
.079
.000 |
4.176
.371
.000 |
5.164
.297
.000 |
7.661
.663
.000 |
10.260
.033
.000 |
7.358
.975
.000 |
6.579
.422
.000 |
45.739
.409
.000 |
|
18.631
.166
.000 |
22.552
.122
.000 |
22.469
.731
.000 |
22.733
.182
.000 |
23.427
.501
.000 |
26.938
.560
.000 |
17.293
.008
.000 |
15.918
.012
.000 |
169.963
.282
.000 |
A diminuição na importação de manufaturas, no mesmo período, foi também muito
notável. Assim, Rs. 31.824:139$000, ouro, valor da importação em 1906, e Rs. 37.703:798$000, ouro, valor em 1907, se reduziram a Rs. 24.558:665$000
ouro em 1908 e Rs. 22.914:187$000 ouro em 1909.
A quem visite qualquer das grandes fábricas de tecidos brasileiras, um fato
chama logo a atenção – e é o modo por que são tratados os operários. E relação ao operário da indústria de tecidos inglesa, o brasileiro tem um
salário inferior ao que era de supor, levada em conta a carestia da vida no Brasil; goza, porém, de outras vantagens que o compensam da modéstia
desse salário.
Assim, a maior parte das grandes empresas dão, mediante aluguel muito diminuto,
casas para moradia dos seus operários. Além disto, oferecem aos mesmos operários diversões tais como clubes, salas de baile etc. Do ponto de
vista da beneficência, existem nessas empresas sociedades de auxílio mútuo, cooperativas etc.; quase todas elas dão gratuitamente aos operários
médico e farmácia e muitas mantêm creches, onde as criancinhas recebem todos os cuidados enquanto as mães trabalham nas fábricas.
O grande número de fábricas recentemente montadas e o número ainda maior das que
se acham em construção ou em projeto, juntamente como a maneira evidente como o artigo nacional está pondo fora do mercado o produto congênere
importado, mostra bem a situação em que se acha a indústria do algodão no Brasil.
Ainda assim, não falta quem reclame um aumento da tarifa alfandegária, sob o
pretexto de que o preço crescente dos maquinismos, do carvão e das drogas usadas na manufatura, praticamente destrói o efeito dos direitos
aduaneiros sobre as manufaturas importadas.
Aos estranhos parece, porém, que o manufator brasileiro não tem muita razão de
queixa. Atualmente, em raríssimos casos, os dividendos são inferiores a 10% no ano; e na opinião duma autoridade no assunto, ao par das condições
tanto na Europa, como no Brasil, não há absolutamente razão que impeça estes lucros de aumentar ainda mais no futuro, visto como a indústria se acha
tão firmemente estabelecida, que não se torna mais necessário pagar salários elevados aos mestres estrangeiros.
Companhia América Fabril: 1) A fábrica
de Bomfim; 2) A fábrica Mavilis; 3) A fábrica em Pau Grande; 4) A fábrica Cruzeiro
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Na nova fábrica Mavilis, Cia. America
Fabril
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Cia. Progresso Industrial do Brasil: 1)
Operários em caminho para o almoço; 2) O fusos; 3) Vista geral da fábrica em Bangu, E. F.C. B.; 4) Acabando o tecido; 5) Os teares
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As fábricas da Cia. de Fiação e Tecidos
Confiança Industrial, em Vila Isabel
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As fábricas da Cia. de Fiação e Tecidos
Confiança Industrial, em Vila Isabel
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As fábricas da Cia. de Fiação e Tecidos
Confiança Industrial, em Vila Isabel
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Cia. Progresso Industrial Do Brasil: 1)
A estamparia; 2) Oficina de cardagem; 3) Departamento de gravura
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Cia. de Fiação e Tecidos Aliança
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