Milharais e feijoais no estado de Minas
Foto publicada com o texto, página 303.
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Agricultura e pecuária
Não é fácil
precisar a época em que principiaram os colonizadores do Brasil a consagrar-se exclusivamente à lavoura.
Preocupados com a conquista de novas terras, desbravando caminhos e criando povoações, tinham de
lutar, para estabelecer-se, contra o ócio, o descanso e a liberdade em que viviam os naturais do país; e, na impossibilidade de se internarem,
limitaram-se, nos primeiros tempos, a beirar o litoral, lavrando pequenos e limitados alqueires de terra, estritamente necessários para
alimentar e prover os rudimentares engenhos de premer a cana para o fabrico do açúcar e da aguardente, e a mandioca para o preparo da farinha.
o Norte, entretanto, observaram-se os primeiros indícios de vida agrícola no Brasil; e para acudir
às urgentes necessidades da nascente lavoura, ensaiou-se a criação do gado, na ilha de Marajó, no Amazonas, em 1622. A esse tempo, os índios,
assustados pelo aparecimento dos destemidos povoadores, refugiaram-se no denso das matas, onde se aldearam, deixando, não obstante, ficar, nesses
improvisados estabelecimentos, alguns índios mansos conhecidos por caboclos, que não só auxiliavam os primitivos lavradores nos trabalhos de
derrubada e roteação, mas ainda os supriam de víveres, pois saíam regularmente à pesca e à caça, base da alimentação.
Estreitadas, e aumentando cada vez mais, essas relações de convivência e comércio entre o índio
manso e os donos do engenho, a lavoura começou insensivelmente a afastar-se do litoral, o que obrigou os agricultores, com essa maior expansão de
suas fazendas e engenhos, a ocupar-se mais empenhadamente da indústria pastoril, não só para ocorrer às comodidades da vida, mas ainda para o
transporte de seus produtos aos mercados mais próximos. E, bem que lentamente, progredia a agricultura entre nós, obrigada pelas necessidades
econômicas de cada núcleo a promover latentemente o desenvolvimento da indústria pastoril.
Cortando cana para a usina Esther em Cosmópolis, perto de Campinas, estado de São Paulo
Foto publicada com o texto, página 303.
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Em 1703, porém, os engenhos de cana diminuíram em número, conservando, não
obstante, o quantum da produção, pelo aparecimento de produtos novos de outras províncias, nomeadamente do Maranhão e do Grão-Pará, entre os
quais salientaremos o cacau.
Em 1751, o Maranhão contava oito freguesias, cinco engenhos de açúcar, 203
fazendas de criar gado, das quais 44 em Pastos Bons e 35 em Aldeias Altas. A indústria pastoril, impondo-se, prolongou-se até a cidade de São
Salvador da Bahia, e daí por muitas léguas adentro, de sorte que as duas margens do Rio São Francisco, no seu curso inferior, ficaram, desde logo,
inçadas de gado. Fazendas sistematizadas e inúmeras surgiam, simultaneamente, às margens dos rios Piauí e Canindé (Piauí).
Colheita de milho no estado de São Paulo: 1) Na fazenda da Escola Modelo de Agricultura de
Piracicaba; 2) Fazenda Schmidt, em Ribeirão Preto
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Nesse tempo, inicia-se a cultura e preparo do fumo nas proximidades de
Cachoeira,na Bahia. Os roceiros parecem inclinar-se à vida pastoral pelos cuidados ora dispensados ao gado vacum, obrigando-os a passar quase
todo o tempo nos campos. Na Bahia e em Pernambuco, o número de currais, que logo se povoam de nédios bezerros, cresce extraordinariamente.
Em 1723 vulgariza-se a criação das aves e de suínos; e os agricultores,
desviados os motivos que os prendiam aos pontos menos afastados do litoral, mais se internam, levando consigo os escravos das primeiras levas. Dois
anos mais tarde iniciou-se a navegação fluvial pelos rios Pardo, na Bahia, e Coxim e Taquari, no Rio Grande do Sul, o que muito cooperou,
principalmente a destes últimos, para o desenvolvimento da lavoura.
Em 1728, renovam-se os canaviais, quando se iniciava a cultura do algodão; e
agora que a indústria pastoril se emancipara da agricultura, para constituir-se em um ramo de exploração à parte, na lavoura de cereais, no
replantio da cana, e na cultura sistemática do fumo e do algodão, encontram os primeiros fazendeiros os elementos de prosperidade e riqueza.
Experiência de cultivo do trigo italiano em São Paulo
Foto publicada com o texto, página 304
O gado muar e cavalar procriava admiravelmente nos sertões do Norte, é certo,
mas não se robustecia, como fora de esperar, devido, talvez, às condições especiais do clima e à falta de forragem adequada; ao sul e nas zonas
meridionais de serra acima, entretanto esse gado produzia de modo a conservar indeléveis os vestígios das raças oriundas.
Havia poucos carneiros e cabras. O algodão começou a ter aplicações rendosas; o
de Minas Novas, em Minas Gerais, era procurado pela excelência de sua qualidade, por seu fio alvo, longo e resistente. Em 1760 diversas fábricas
funcionavam já naquela província; mas, nesse mesmo ano, e por sugestão do marquês do Lavradio, a metrópole, receosa das prosperidades da colônia,
mandou destruir as fábricas mais prósperas, poupando apenas os teares destinados aos panos grossos para os soldados e escravos.
Ao iniciar-se o século XIX, a agricultura reanima-se; montam-se por centenas os
engenhos de açúcar e aguardente; e o gado, sobretudo o muar, se multiplica. Funciona a feira anual de Sorocaba.
Em 1779, avaliava-se em meio milhão o número de cabeças de boi existentes nas
fazendas do litoral fluminense. Nos "campos gerais" de São Paulo, depois província do Paraná, contavam-se muitos criadores, mas a verdadeira zona
pastoril do Norte ao Sul era em terras rio-grandenses, onde o número de gado cavalar e do vacum se alteara, em 1825, quase ao triplo do de todo o
Norte do país, sendo mesmo comuns os lotes de "baguais" ou cavalos bravios e sem dono.
Em 1803, a produção do tribo, atingindo a milhares de alqueires, incitou os
plantadores a triplicar o aumento de seus moinhos de vento, aguardando as sucessivas colheitas, que se lhes afiguravam altamente compensadoras.
Inesperada moléstia, porém, atacando as sementes, zombou de todas as medidas tomadas no sentido de reabilitar a nova cultura, prontamente
substituída pelo cultivo da erva-mate e pela exploração do charque.
Com a franquia dos portos brasileiros ao comércio das nações, em 1808,
alargou-se sensivelmente o campo da atividade rural, atividade esta a que a Independência, em 1822, não podia ser de todo estranha, pois lhe abriu
horizontes novos, criando serviços especiais de administração até essa época desconhecidos.
Efetivamente, enriquecia a população com a classe dos lavradores, que
demandavam, para estabelecer-se, os pontos mais afastados, auxiliados agora pelo braço escravo, entrou ela em período de franco desenvolvimento, de
que só vem a declinar com os primeiros movimentos abolicionistas.
As lavouras do fumo, dos cereais e finalmente a do café, bem como a criação do
gado, se distribuíam pelo interior das províncias, que recebiam certo cunho de estabilidade que parecia inabalável e incessante.
Além dos principais ramos de exploração que começavam a constituir as grandes
fontes de renda para as várias províncias, a cultura de cereais se expande cada vez mais, abarrotando os múltiplos mercados.
Desenvolve-se a criação do bicho-da-seda; o plantio da batata, da cebola, alho
etc., continua preocupando a atenção de muitos agricultores, que buscam na lavoura extensiva os resultados que a intensiva não oferece de pronto.
Replantam-se o chá e o trigo, que ainda não chegam a apresentara vantajosos interesses por seu pequeno desenvolvimento.
A vinha aclimatou-se bem nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e
Minas, onde também se procura melhorar a cultura da batata chamada inglesa. Planta-se por toda parte o feijão de diversas qualidades, sendo, porém,
maior a cultura do feijão preto, que constitui a base da alimentação no Brasil. Já não é um ensaio a cultura de lentilhas, favas e outras
leguminosas. O Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais já colhem resultados satisfatórios da plantação da cevada.
O gado vacum e cavalar, assim como o suíno e o lanígero, progridem no Rio
Grande, São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Minas, que dispõem de vastos campos de criação.
Institutos de ensino de Agricultura mantidos pelo governo de São Paulo: 1) Cultivador Duplex, numa
plantação de algodão na Escola de Agricultura de Piracicaba; 2) Escola Prática de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba; 3) O Instituto
Agronômico de Campinas; 4) Curso de Botânica na Escola de Agricultura de Piracicaba
Foto publicada com o texto, página 305.
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