Picos em redor do Rio de Janeiro
Foto publicada com o texto, página 14
Sua história, seu povo, comércio, indústrias e recursos
Geografia Física
I - Superfície, limites e divisão territorial
s múltiplas questões de
fixação de fronteiras, não somente internacionais mas ainda inter-estaduais, só ultimamente resolvidas por via diplomática ou ainda em vias de
demarcação, têm sido causa de que não se possa ainda aceitar uma cifra única e precisa para indicar a extensão territorial do Brasil. Alguns
geógrafos, como o sr. Paul Walle, chegam a lhe atribuir aproximadamente nove milhões de quilômetros quadrados, enquanto o eminente sr. barão Homem
de Mello, no seu notável Atlas do Brazil, rejeita a cifra de 8.525.054 km², estabelecida pela comissão oficial encarregada de organizar a
Carta Geral do Brasil, para dar a toda a República - inclusive o Território do Acre - uma superfície de 8.061.260 km².
Não nos sendo possível discutir, dentro dos limites restritos desta síntese de toda a Geografia
Física do Brasil, a questão de cifras, aceitaremos a base oficial de 8½ milhões, mais ou menos. Com tal superfície, portanto, a República dos
Estados Unidos do Brasil - como é oficialmente designada - ocupa quase metade do continente sul-americano e se estende por um território igual a
cerca de da Europa. Menor em extensão do que, apenas, o Império Britânico, o Império da Rússia, o Império Chinês e os Estados Unidos
compreendendo seu vasto território do Alasca, o Brasil é, entretanto, o mais extenso dos países governados por si mesmos; maior do que o próprio
Canadá, se se lhe tirar os desertos de gelo; maior do que a China, sem a Mongólia, o Tibete e o Turquestão, países sujeitos; capaz de conter todos
os estados norte-americanos propriamente tais e mais o de Texas; capaz de conter a Rússia européia e mais metade do resto da Europa, ou o resto da
Europa e mais metade da Rússia.
E sua maior extensão de Leste a Oeste, o Brasil mede 4.350 km, e na de Norte a Sul, 4.280 km,
sendo seus pontos extremos: a Serra Roraima ao Norte, a foz do Chuí ao Sul, a Ponte das Pedras a Leste, e as nascentes do Javari a Oeste. Suas
coordenadas geográficas são: 5º9'40" N, 33º45' S, 8º19'26" L (não contando as ilhas oceânicas) e 30º59'26" O do meridiano do Rio de Janeiro.
Situado no centro da América do Sul e possuindo terras nos dois hemisférios - visto como o Equador
passa por sua zona setentrional e o trópico de Capricórnio por sua zona meridional - o Brasil forma a Leste uma longa costa, de 3.600 milhas,
banhada elo Oceano Atlântico, e confina, nas outras direções, com todos os demais países do continente, exceto o Chile e o Equador, que aliás
disputa ao Peru uma zona de terra limítrofe do Brasil. Os seus limites são: ao Norte, as Guianas (Francesa, Inglesa e Holandesa) e a Venezuela; a
Noroeste, Oeste e Sudoeste, a Colômbia, o Peru, a Bolívia, o Paraguai, a República Argentina e o Uruguai; a Sudeste, Leste e Nordeste, o Atlântico.
Para a fixação das fronteiras em litígio, o Brasil recorreu sempre ao arbitramento ou a
negociações diretas, figurando em quase todos esses atos o barão de Rio Branco, "integrador do território nacional", como advogado dos direitos do
Brasil, ou como seu ministro do Exterior.
A pendência com a República Argentina, a propósito do território de Missões, foi resolvida
favoravelmente ao Brasil, em fevereiro de 1895, por uma sentença arbitral do presidente Cleveland, dos Estados Unidos; o litígio com a França, a
propósito do território do Amapá, na delimitação da fronteira coma Guiana Francesas, foi também resolvido favoravelmente ao Brasil, em
dezembro de 1900, por sentença arbitral do Conselho Federal Suíço; os limites com a Guiana Inglesa ficaram demarcados no laudo arbitral do rei
Victor Emanuel III, de Itália, proferido em junho de 1904; e as pendências de fronteiras com a Guiana Holandesa, a Colômbia, a Bolívia e o Peru
foram resolvidas por tratados especiais celebrados entre o Brasil e esses países, sendo deles o mais importante o chamado Tratado de Petrópolis, de
17 de novembro de 1903, pelo qual o Brasil pôs termo a uma velha pendência com a Bolívia, adquirindo por £2.000.000
o Território do Acre, de 191.000 quilômetros quadrados, o qual ficou definitivamente incorporado ao território brasileiro.
Só os territórios acrescidos ao Brasil em virtude desses laudos e dos tratados celebrados pelo
barão do Rio Branco, para solução de litígios, representam cerca de 900.000 km², isto é, quase tanto quanto a Áustria, Hungria e a Itália reunidas,
ou mais do que a França e a Grã-Bretanha juntas.
A imensa área territorial do Brasil está dividida em 20 estados autônomos e mais o Distrito
Federal, ou seja, a cidade do Rio de Janeiro com seus subúrbios, administrado por um Conselho Municipal eletivo e um prefeito de nomeação do
presidente da República; e o Território Nacional do Acre, administrado por autoridades federais, mas que começa a reclamar uma autonomia, que
provavelmente lhe será conferida dentro de alguns anos. De cada uma destas divisões territoriais, sua superfície, população etc., trataremos com
pormenores noutra parte desta obra.
Diga-se de passagem, porém, que os mais extensos estados brasileiros são, por ordem, o Amazonas,
Mato Grosso, Pará e Goiás, os quais ocupam o extremo Norte, o Noroeste e o Centro do Brasil, justamente a parte menos povoada do país.
O Amazonas, que abrange só por si mais do que a sexta parte da Europa - sendo sua superfície de
quase 1.900.000 km² -, tem uma população quase três vezes menor do que a cidade do Rio de Janeiro, isto é, cerca de 350.000 habitantes, ou 1
habitante para mais de 6 km². O seguinte quadro dá os nomes dos estados de Norte para Sul, com suas capitais e sua superfície, segundo a Carta
Geral. Os algarismos nele contidos não são, porém, incontestáveis, visto como os estados do Oeste só ultimamente têm tido suas linhas divisórias
fixadas, e entre vários estados - tais como Paraná e Santa Catarina - ainda persistem questões de limites para posse de territórios litigiosos.
Estados |
Capitais |
Superfície em km² |
Amazonas |
Manaus |
1.897.020 |
Pará |
Belém |
1.149.712 |
Maranhão |
S. Luiz |
459.884 |
Piauí |
Teresina |
301.797 |
Ceará |
Fortaleza |
104.250 |
Rio Grande do Norte |
Natal |
57.485 |
Paraíba |
Paraíba |
74.731 |
Pernambuco |
Recife |
128.395 |
Alagoas |
Maceió |
58.491 |
Sergipe |
Aracaju |
39.090 |
Bahia |
Bahia ou S. Salvador |
426.427 |
Espírito Santo |
Vitória |
44.839 |
Rio de Janeiro |
Niterói |
68.982 |
Distrito Federal |
1.394 |
S. Paulo |
S. Paulo |
290.876 |
Paraná |
Curitiba |
221.319 |
Santa Catarina |
Florianópolis |
74.156 |
Rio Grande do Sul |
Porto Alegre |
236.553 |
Minas Gerais |
Belo Horizonte |
574.855 |
Goiás |
Goiás |
747.311 |
Mato Grosso |
Cuiabá |
1.376.487 |
Território do Acre |
191.000 |
Total |
8.525.054 |
II - Configuração geral e orografia
Visto no desenho dum mapa, o Brasil oferece, por sua
periferia, um pouco o aspecto de todo o continente sul-americano (um triângulo irregular, cujo ângulo mais agudo se estreita ao Sul), dentro do qual
ele se encaixa como uma grande cunha.
Visto no seu relevo, ele apresenta à primeira vista duas grandes regiões físicas, de dimensões
desiguais: a de Leste e Centro, muito maior e geralmente elevada, desde pouca distância da costa; e a do Norte e Oeste, em que se encontram as
grandes planícies e vales cavados pelo curso do Amazonas de do Paraguai.
A maior parte do território é formada por um maciço de terras elevadas, apelo menos 300 metros
sobre o mar, separado do maciço menor das Guianas pela vasta planície do vale do Amazonas, e do maciço mais elevado dos Andes elas grandes planícies
da bacia do Paraguai. Salvo, pois, uma pequena zona que constitui as regiões montanhosas das repúblicas do Paraguai e do Uruguai e uma pequena parte
do território argentino, todo o maciço oriental dos terrenos elevados do continente pertence ao Brasil.
Ao longo da fronteira setentrional estende-se um grande planalto, vertente meridional do maciço
das Guianas, onde a altitude varia de 300 a 1.000 metros, elevando-se a muito mais na Serra de Parima, já na Venezuela.
A seguir, para baixo, na direção Leste-Oeste, a imensa planície da Amazônia estende-se do Oceano
Atlântico até os Andes peruanos - região de terras baixas, muitas vezes alagadiças, onde, a 3.000 quilômetros no interior, o rio corre ainda a uma
altitude de 140 metros.
Surge depois o grande planalto central, cuja superfície é avaliada na metade, ou mais, da
superfície total do Brasil e cuja altitude é geralmente superior a 500 metros, atingindo muitas vezes a 1.000 metros. Nesse planalto dispõe a
Constituição Federal que deverá ser construída a futura capital da República. Separado dos Andes por alturas de pouco relevo, ele é sulcado por
várias grandes cadeias de montanhas, onde certos picos atingem a mais de 2.000 metros. Ao Sul e a Oeste, o terreno se abaixa para as planícies do
Uruguai, do Paraná e do Paraguai.
A Leste e a Nordeste, ao longo do Atlântico, corre uma faixa estreita de terras baixas, que cinge
o planalto central, cuja vertente aí é quase sempre abrupta.
No sistema marítimo, os geógrafos, tendo mais em vista o escoamento dos rios do que propriamente
os caracteres da estrutura orográfica original, mencionam habitualmente três cadeias distintas, as quais não são, todavia, perfeitamente destacadas:
a Serra do Mar, a da Mantiqueira e a do Espinhaço.
O nome de Serra do Mar ou Serra Geral aplica-se a toda a cadeia de montanhas que costeia o
Atlântico até o Rio Grande do Sul. Há dúvidas sobre a verdadeira extensão da Serra do Mar, dizendo-se geralmente que ela começa no Cabo S. Roque
(Rio Grande do Norte). Mas os estudos de hidrografia marítima combinados com os de geologia, realizados pelo professor Hartt, parece terem firmado
que até o monte Pascoal (Bahia) não existe propriamente cadeia de montanhas, mas apenas as escarpas do planalto central sobre a costa. A Serra do
Mar começa, pois, a 16º56' latitude Sul e segue para baixo, cozendo-se geralmente com a costa, até 29º, onde toma para Oeste atravessando o Rio
Grande do Sul em toda a sua extensão e indo morrer na margem oriental do Rio Uruguai.
Na sua passagem pelos diferentes estados, ela vai tomando diferentes denominações locais. Na Serra
dos Órgãos - como se denomina ao atravessar o Rio de Janeiro - está seu ponto culminante, a Pedra Açú, com 2.232 metros sobre o nível do mar,
segundo Glaziou. Esta linha de montanhas, cuja distância do mar não excede geralmente algumas dezenas de milhas, tem uma altura média de 1.500
metros, apresentando alguns picos que excedem 700 metros e mais o nível geral, e oferece diversas gargantas que em média se acham a 700 metros, as
quais dão passagem às linhas de estrada de ferro que põem o litoral em comunicação com o interior.
O nome de Serra da Mantiqueira dá-se a uma cadeia interior do mesmo sistema, separada da Serra do
Mar pelos vales longitudinais do curso médio e do curso inferior do Rio Paraíba e pelo vale do curso superior do Rio Tietê. Para lá desses limites,
ao Sul, ela se confunde com a Serra do Mar. Os seus pontos culminantes - que são também os de todo o Brasil - se encontram no Itatiaia: Agulhas
Negras (2.994 m), Pirâmides (2.500 m) e Cabeça de Pedra (2.500 m).
O que geralmente se denomina Serra do Espinhaço não forma na realidade uma cadeia de montanhas,
mas uma série de ramificações do sistema da Mantiqueira, correndo ao longo da margem oriental do S. Francisco e dirigindo-se para o Norte até a
Bahia, onde se denomina Chapada Diamantina. Seus pontos culminantes são: o Itacolomi (1.752 m), o Caraça (1.955 m), Piedade (1.783) e Itambé
(1.823).
A íngreme escarpa da Mantiqueira separa duas regiões perfeitamente distintas: a da mata e a dos
campos. O sábio Saint-Hilaire assim descreve a mutação: "Subindo-se a Serra da Mantiqueira, na Serra Negra, e transpondo a linha de cumeada, o
aspecto do país muda repentinamente como o cenário dum teatro. Descobre-se uma extensão imensa de morros arredondados, cobertos de um como tapete
estendido de relva pardacenta, entre os quais aparecem, por intervalos longos e desiguais, capões de mato de folhagem densa e verde-negra. É a
região dos campos".
Fora, porém, da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira com seus prolongamentos para o Norte, não
existe propriamente outro sistema de montanhas que justifique a denominação de Serra das Vertentes, dada pelo geógrafo alemão barão de Eschwege a
uma fictícia cadeia correndo de Leste para Oeste, a partir de Minas Gerais, e servindo de divisão das bacias do Amazonas e S. Francisco, ao Norte, e
do Paraguai, ao Sul.
Das ramificações ocidentais do sistema interior, as mais importantes são as que ficam a Oeste do
S. Francisco em Minas Gerais e as montanhas de Goiás, que separam a bacia do S. Francisco do vale do Tocantins e da bacia do Araguaia. O grande
chapadão em que nascem, de um lado, os afluentes do S. Francisco, a 1.282 metros, e do outro lado os afluentes do Paranaíba, forma um maciço de
montanhas, dominado pela Serra da Canastra, em cujo flanco meridional tem suas origens o S. Francisco.
E tomando para o Norte, entre o vale do S. Francisco e do seu afluente o Rio do Sono, corre a
Serra da Mata da Corda. Orientando-se de Sul para o Norte, atravessa o estado de Goiás, numa extensão de 1.980 km, uma imensa cordilheira, que os
antigos sertanistas denominavam o Espigão Mestre de Goiás, cuja alta escarpa delimita as bacias do Tocantins e do S. Francisco. Seu ponto culminante
está nos Montes Pirineus, que durante muitos anos figuraram nas corografias como ponto culminante do sistema orográfico brasileiro, mas cuja
altitude não excede 1.350 metros, conforme verificou o prof. Orville Derby.
Já em 1819 o sábio Saint-Hilaire observara que eles são sem dúvida uma serrania altíssima, sendo,
porém, sua altitude devida principalmente à região elevadíssima em que estão situados, isto é, no núcleo mesmo do planalto central. A vasta chapada
que atravessa o Sul de Goiás, de Leste para Oeste, só vai terminar à margem direita do Madeira, formando a escarpa meridional de Mato Grosso, com os
nomes de Cordilheira dos Parecis (1.320 km de extensão), Serra da Chapada e Cordilheira de Amambaí.
Salto de São Valentim, estado de São Paulo
Foto publicada com o texto, página 16
No Sul, a Serra do Mar é denominada mais vulgarmente Serra Geral, para diferençá-la das pequenas
cadeias de montanhas que se irradiam em todos os sentidos. Por outro lado, o planalto que, para o SUl do Rio Grande, vai ligar-se com a Cuchilla
Grande do Uruguai, conserva no Brasil o mesmo nome traduzido para o português, Coxilha Grande. A propósito dessas pequenas montanhas do RIo Grande
do Sul, o sr. Pierre Dénis, no seu livro sobre o Brasil, faz uma observação curiosa, a que convém atender: "É a floresta equatorial que faz a
continuidade da serra, não a sua constituição geológica. Quando os brasileiros falam na serra, eles pensam mais na floresta do que nas
montanhas. Cartógrafos incautos, trabalhando com dados de segunda mão, que eles nem sempre interpretaram corretamente, têm recheado o mapa do Rio
Grande com um grande número de cadeias imaginárias. A gente debalde as procura ao atravessar a região; mas, em vez delas, encontra as florestas que
os habitantes chamam serras: o termo para designar montanha tornou-se, pela latente lógica da língua, o termo para floresta. Nada poderia
melhor acentuar a importância da vegetação na paisagem brasileira".
Por outro lado, o sr. A. H. Keane, no seu magnífico compêndio de Geografia da América do Sul,
observa que, no Oeste, as serras e cordilheiras são denominadas, pelas populações locais, campos ou chapadas, v. gr. Campos dos
Parecis, para designar a Cordilheira dos Parecis, em Mato Grosso.
Falta dizer, finalmente, que no extremo Norte, formando o divisor das águas do Amazonas da pequena
bacia do Orinoco (Venezuela) e separando-as da região das Guianas, correm as serras de Tumuc-Humac
(N.E.: Tumucumaque) e Acaraí, Paracaima e
Parimá, entre as quais e o grande planalto central do Brasil abriu passagem a estupenda bacia amazônica.
Damos a seguir um quadro dos pontos mais elevados do Brasil com as respectivas altitudes, de
acordo com o atlas do barão Homem de Mello:
Pontos |
Altitudes |
Cantagalo |
242 |
Sumaré (Capital) |
345 |
Juazeiro |
367 |
Pão de Açúcar |
385 |
Baraúna
(Capital) |
476 |
Sorocaba |
597 |
Juiz de Fora |
675 |
Sabará |
701 |
Corcovado |
709 |
Mogi das Cruzes |
743 |
Jundiaí |
747 |
Gávea |
748 |
S. Paulo |
759 |
Petrópolis |
800 |
Pouso Alegre
(Minas) |
803 |
Nova Friburgo |
876 |
S. João d'El-Rei |
886 |
Curitiba |
894 |
Belo Horizonte |
895 |
Campanha (Minas) |
913 |
Queluz (Minas) |
954 |
Morro Mestre
Álvares (E. Santo) |
980 |
Serra de
Ibiapaba (Ceará) |
1.020 |
Pico de Tijuca |
1.021 |
Pedra Branca
(Tijuca) |
1.024 |
Serra de
Friburgo |
1.096 |
Cunha (Serra do
Taboão) S. Paulo |
1.100 |
Garganta de João
Ayres |
1.117 |
Serra da
Cantareira |
1.135 |
Ouro Preto |
1.160 |
Barbacena |
1.178 |
Serra de
Petrópolis |
1.320 |
Serra do Trino
(Alto da Figueira no ramal de O. Preto) |
1.362 |
Serra dos
Pirineus (Goiás) |
1.383 |
Itabira do Campo |
1.520 |
Pedra Selada
(estado do Rio) |
1.540 |
Dedo de Deus
(Teresópolis) (Serra dos Órgãos) |
1.600 |
Pico de
Itacolomi (Ouro Preto) |
1.750 |
Capela da
Piedade, na serra deste nome (Minas) |
1.783 |
Serra de Itambé
(Minas) |
1.817 |
Serra do Caraça
(Minas) |
1.955 |
Casa da
Invernada (Itatiaia) |
2.181 |
Pedra Açú (Serra
dos Órgãos) |
2.232 |
Pico do Imbu
(Serra da Mantiqueira) |
2.252 |
Pirâmides
(Itatiaia) |
2.500 |
Cabeça de Pedra
(Itatiaia) |
2.500 |
Agulhas Negras
(Itatiaia) |
2.994 |
Vulcões - Desde 1850, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro discute, sem poder
resolvê-la definitivamente, a tese da existência de vulcões e da possibilidade de manifestações vulcânicas no Brasil.
John Brannes, na sua Geologia, afirma que "embora nenhuma parte da terra esteja
inteiramente livre de terremotos, o Brasil é talvez menos perturbado que qualquer outra porção do globo de igual tamanho". O sr. barão de Capanema
dizia que, se vulcões no Brasil houvesse, os indígenas deveriam ter conservado algumas reminiscências e, como não tenham a menor lembrança de
erupções vulcânicas, acredita que nunca houve vulcões no Brasil. Há no entanto geógrafos de valor que se manifestam pela opinião contrária. AInda em
1910, o sr. Alipio Gama, distinto engenheiro militar, publicou em volume a memória por ele apresentada ao Primeiro Congresso Brasileiro de Geografia
sobre as manifestações vulcânicas no Brasil.
Na primeira parte, o autor faz um rápido estudo comparativo das principais hipóteses sobre os
fenômenos vulcânicos em geral. Na segunda parte, então, trata das erupções vulcânicas no Brasil, apresentando uma relação em ordem cronológica dos
principais tremores de terra verificados desde 1724 a 1906t e provas de antiga atividade vulcânica manifestada no Brasil.
Salto do Esmeril, estado de São Paulo
Foto publicada com o texto, página 17
III - As bacias fluviais, navegabilidade dos rios, força hidráulica, lagos
Pelo número como pelas dimensões das suas bacias
hidrográficas, o Brasil é provavelmente, a este respeito, o país mais favorecido do mundo. "Estudando a distribuição das bacias fluviais do Brasil -
disse o ilustre Saint-Hilaire - fica-se admirado das imensas vantagens que aos brasileiros coube em partilha para a navegação interior de seu país.
Que são, de fato, os nossos mesquinhos rios, comparados com esses rios gigantescos que percorrem tantas regiões e cujas águas, depois de haverem
banhado as árvores majestosas da zona tórrida, vão em margens tão longínquas dar nascimento às humildes ervas dos climas temperados?"
Para classificar as bacias fluviais convém atender à configuração geral do terreno: um grande
maciço (o planalto brasileiro), separado, ao Norte, do planalto menor das Guianas e a Oeste do planalto mais elevado dos Antes. Entre o planalto do
Brasil e o das Guianas, existe a grande depressão da bacia amazônica; entre o planalto brasileiro e o dos Andes existe outra depressão, pela qual
correm o Paraná e o Paraguai. Os demais rios do Brasil correm todos do grande planalto brasileiro para o Atlântico, pelo que o prof. Orville Derby
os denominou "rios de planalto", em contraposição aos das bacias do Amazonas e do Prata, que são "rios de baixada". Destas bacias orientais, a mais
importante é a do S. Francisco, que forma o terceiro grande sistema fluvial, visto como a bacia do Tocantins é geralmente incorporada na grande
bacia do Amazonas.
Bacia amazônica e do Tocantins - De todas, a mais importante e mais vasta, não só do Brasil
como do mundo, é sem dúvida a bacia amazônica, ainda mesmo que se destaque dela o Tocantins, para formar com ele e seus afluentes um sistema fluvial
independente.
Ao Amazonas e seus afluentes dedicamos especial artigo neste livro,
pelo que nos limitamos a dar aqui algumas informações de caráter muito geral. Embora menos extenso do que o Mississipi combinado com seu afluente
Missouri, e talvez do que o Nilo, o Amazonas é, pelo volume das suas águas, por sua profundidade e pela extensão da sua bacia, muito maior do que
qualquer outro rio do mundo.
Nascendo no Peru, à pequena distância do Oceano Pacífico, e atravessando de Leste para Oeste os
dois imensos estados brasileiros de Amazonas e Pará, o seu curso até o Atlântico é de 5.400 quilômetros - segundo as mais fracas estimativas - dos
quais 3.800 no Brasil. Em todo o seu percurso em território brasileiro, e mesmo até adiante, em Iquitos, no Peru, o Amazonas - que seu descobridor,
o espanhol Vicente Yanez Pinzon, denominou "Mar Dulce" - é navegável, não só por navios mercantes, como de guerra. Seus afluentes são em número de
200, mais ou menos, dos quais cerca de 100 navegáveis, 18 considerados de primeira grandeza e 6 mais longos e volumosos do que o Reno. As regiões
que o Rio-Mar e seus tributários regam são riquíssimas em flora e fauna e mais extensas do que metade da Europa.
Do volume de suas águas, pode-se ter uma idéia sabendo que ele chega a medir de largura, na maior
extensão de sua foz, 92 km, e que, por ocasião das cheias, suas águas penetram no oceano até uma distância de mais de 300 km da embocadura. Por
outro lado, a maré do Atlântico penetra pelo rio acima até cerca de 600 km, formando-se, pelo encontro formidável das duas forças - a corrente do
rio e a maré do oceano - o interessante fenômeno da pororoca.
Quando o Amazonas se estendia algumas centenas de milhas mais para o mar do que atualmente, o
Tocantins formava sem dúvida alguma um dos seus grandes afluentes meridionais, ou da margem direita. Em vista, porém, dessa alteração de condições,
e dado o volume do Tocantins com seus afluentes, bem como sua direção, ele pode ser considerado um sistema fluvial independente, desaguando embora
no mesmo estuário do Amazonas, no Pará.
O seu curso inferior é formado pela junção de dois grandes braços, por sua vez formados por
numerosas outras correntes, que descem umas da Serra de Santa Martha, outras mais do Sul, onde suas águas quase se confundem com as dos afluentes do
Alto Paraná e do S. Francisco. Dos dois grandes braços, o Araguaia, que é o braço ocidental, é o mais longo e o mais volumoso, embora o rio conserve
o nome do braço oriental (Tocantins), por ter sido este o primeiro conhecido pelos navegantes portugueses.
Um pouco abaixo da sua confluência com o Araguaia, o Tocantins tem que vencer a Cachoeira Grande,
que obstrói a sua navegação a 130 milhas do estuário. Este sistema fluvial é por isto quase inútil para a navegação, devendo-se a este fato, em
grande parte, o atraso em que se acha o vasto e rico estado de Goiás, que fica destarte sem um acesso para o mar, embora o braço do Araguaia, que
lhe serve de fronteira natural com Mato Grosso e o Pará, tenha grandes trechos navegáveis, pelo menos no seu curso médio.
Depois de receber diversos importantes afluentes pelas duas margens, o Araguaia bifurca-se em dois
grandes braços, que novamente se encontram 250 milhas adiante, fechando nesse abraço a ilha de Bananal, uma rica zona de aluvião com cerca de 8.000
milhas quadradas de extensão. Abaixo de Bananal, o curso do Araguaia é tão interrompido por cachoeiras e recifes que ele, aí, é ainda menos
navegável do que o Tocantins.
Salto de Itapura, no Rio Tietê, estado de São Paulo
Foto publicada com o texto, página 19
Bacia do S. Francisco e outros rios a Leste - De todos os rios que vão ter ao Atlântico por
um curso independente entre o estuário do Amazonas e o Uruguai, o S. Francisco é incomparavelmente o maior e o mais importante do ponto de vista da
navegação fluvial. Ele tem suas fontes perto das de algumas cabeças do Paraná, na Serra da Canastra, ao Sul de Minas Gerais, mais de 2.000 pés acima
do nível do mar.
Até juntar-se com o Rio das Velhas, perto de Itacolomi, o S. Francisco vem descendo em pequenas
quedas, denominadas "escadinhas", mas daí em diante ele se torna duma vez navegável numa longa extensão, correndo centenas de milhas pelo estado de
Minas até a confluência do Rio Grande, que é o maior dos seus numerosos afluentes.
Pelo Rio Grande, que recebe o Rio Preto, ao qual vai ter o Rio Sapão, que comunica com o Rio do
Sono, ligam-se as bacias do S. Francisco e do Tocantins, podendo um viajante - segundo o testemunho do sr. J. W. Wells, autor duma obra intitulada
Three THousand Miles through Brazil - ir, de canoa, da Barra do Rio Grande, no S. Francisco, à boca do Rio do Sono, no Tocantins. Contra esta
ligação, a maior parte dos mapas do Brasil assinalam a existência da Serra de Tabatinga, que também tem outros nomes, mas todos eles fantásticos,
segundo a afirmativa do sr. Wells, que foi o primeiro a fazer essa viagem por água, não encontrando aí mais do que um planalto arenoso.
Depois da confluência do Rio Grande, já no Norte da Bahia - que o S. Francisco atravessa toda, de
Sul a Norte, pelo centro -, o grande rio toma a direção de Nordeste e de Leste, metendo-se entre os estados de Bahia e Pernambuco, e mais para
diante entre Sergipe e Alagoas, até desaguar no Atlântico, onde ele entra por duas fozes.
A cerca de 310 quilômetros da sua desembocadura, está a célebre Cachoeira de Paulo Afonso, a "Niagara
do Brasil", que lhe obstrói completamente a navegação nessa parte, contornada por importante estrada de ferro; e ainda para baixo, encontram-se
outras obstruções que fazem com que o S. Francisco, dos seus 2.900 km de curso, não permita o acesso de navios do mar para lá de 238 km da foz. Mas,
entre a Cachoeira de Paulo Afonso e a junção do Rio das Velhas, há um trajeto navegável de cerca de 1.580 km, só no S. Francisco, e de
aproximadamente 4.400 com os seus afluentes.
Além do S. Francisco, lançam-se no Atlântico, a Leste, sem formar propriamente bacias; o Parnaíba,
que separa os estados do Maranhão e do Piauí, recebendo toda as águas do Piauí e as do Sudeste de Maranhão, sem prestar, porém, quase nenhum serviço
à navegação dos dois estados; o Pardo e o Jequitinhonha, que convergem para um delta comum, perto de Belmonte, na Bahia; o Doce, que nasce perto de
Barbacena, em Minas, e atravessa pelo centro o estado do Espírito Santo; o Paraíba do Sul, que nasce na Serra da Bocaina, em S. Paulo, e deságua em
S. João da Barra, perto de Campos, no estado do Rio de Janeiro; e finalmente - para só citar os mais importantes - o Chuí, um riacho que forma a
fronteira do extremo Sul, como o Oiapoque, ao Norte, forma a fronteira do Brasil com a Guiana Francesa.
Além desses, podem-se assinalar ainda; o Jacuí, que depois de regar o centro e a parte oriental do
Rio Grande do Sul, deságua na Lagoa dos Patos; e o Jaguarão, que serve de limite do Brasil com o Uruguai e se lança na Lagoa Mirim, tendo o Brasil
concedido espontaneamente ao Uruguai o condomínio e direito de navegação na lagoa, como no rio.
Salto de Itapura, no Rio Tietê, estado de São Paulo
Detalhe da foto acima, publicada com o texto, página 19
A bacia do Paraná-Uruguai - Falta-nos finalmente tratar da terceira grande bacia fluvial do
Brasil (considerando a do Tocantins como incorporada na do Amazonas), que é a do Paraná-Uruguai, ao Sul. Esta bacia é formada pelos rios Paraguai,
Paraná e Uruguai, com seus afluentes, os quais nascem todos em território brasileiro, mas passam a regar o Paraguai, Uruguai e Argentina e, afinal -
tendo o Paraguai desembocado no Paraná, cujo delta se liga com o do Uruguai - formam o grande estuário do Rio da Prata, que separa a República
Argentina do Uruguai.
Na serra do Pari, segundo uns, ou em Sete Lagoas, segundo outros geógrafos, o Paraguai nasce no
planalto de Mato Grosso, o qual forma a divisão das águas entre as bacias do Amazonas e do Paraná. Semelhantemente ao que já assinalamos em relação
ao S. Francisco e o Tocantins, observa o sr. Keane, em seu já citado Compendio de Geographia da America do Sul, que as cabeças do Tapajós,
afluente do Amazonas, parecem confundir-se com as do Paraguai, ou pelo menos envolvê-las, no distrito de Diamantina, acima de Cuiabá. Essas duas
ligações naturais poderão permitir, de futuro, ao Brasil, uma unificação de toda a sua vasta e importantíssima rede hidrográfica, que se tornará
assim uma auxiliar preciosa da rede ferroviária.
Depois de cair cerca de 400 pés, das suas origens, o Paraguai começa a deslizar por um leito quase
plano, com uma corrente uniforme e lenta, e uma ligeira inclinação de três ou quatro polegadas por milha. Apesar de não encontrar o seu curso
obstáculo algum nesse trajeto, a navegação não é considerada inteiramente segura, até a passagem dos Arrecifes, que ficam perto do antigo
estabelecimento de S. Salvador; mas, desde então, o Paraguai é completamente navegável, desde o Atlântico até o interior do Brasil, e os pequenos
vapores sobem mesmo o S. Lourenço até a embocadura do Rio Cuiabá, que vai até a cidade de Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso.
Além do Cuiabá, o Paraguai recebe no Brasil o Jaurú, engrossado pelo Aguaperi e o Estiva, que são
ainda os melhores auxiliares da navegação no estado de Mato Grosso.
O Paraná, cujo curso superior pertence inteiramente ao Brasil, nasce no estado de Minas Gerais,
formando-se pela junção dos rios Grande, que corre entre S. Paulo e Minas, e Paranaíba, que separa Minas de Goiás. Das "Sete Quedas" de Guaíra, onde
termina o curso superior do rio, até a confluência do Paraguai, ele corre a princípio como fronteira natural entre o Brasil e o Paraguai e depois
entre o Paraguai e a Argentina, passando finalmente a ser inteiramente argentino, desde a confluência do Paraguai até o estuário do Prata.
Quase toda a primeira seção do rio - que pertence ao Brasil - é perfeitamente navegável, ao passo
que a segunda, apesar da sua enorme massa d'água, não permite a navegação. A umas quarenta milhas abaixo da junção do Grande e do Paranaíba, o Alto
Paraná precipita-se duma altura de 15 a 20 pés nas Quedas de Urubupungá, que parece serem o único obstáculo à sua navegação acima das Sete Quedas.
Entre esses dois pontos, a sua corrente é engrossada por um grande número de tributários, dos
quais os maiores são o Tietê e o Paranapanema, que afluem a ele pela margem esquerda, no estado de S. Paulo. Apesar da sua extensão e volume, o
Paranapanema - que corre entre S. Paulo e o estado do Paraná - é por tal forma obstruído por correntezas e rochedos que se torna inútil (como quer
dizer o seu nome: rio inútil) para a navegação.
Um pouco acima de Sete Quedas, o Paraná se espraia numa larga bacia de quatro ou cinco milhas de
largura, donde se bifurca - como o Niagara - fechando entre seus dois braços uma grande ilha, que tem também o nome de Sete Quedas. Antes de deixar
o território brasileiro, o Paraná recebe ainda, pela margem esquerda, o Iguaçú (que quer dizer: rio grande), o qual serve de fronteira, a princípio
entre os estados de Paraná e Santa Catarina, e depois entre Paraná e a República Argentina. Umas seis milhas acima da sua junção com o Paraná, o
Iguaçú forma o Salto da Vitória, que, embora inferior em volume, é muito mais alto, cerca de 200 pés, que o das Sete Quedas.
O Uruguai, que deu seu nome à vizinha república, nasce na Serra Geral, em Santa Catarina, correndo
entre este estado e o do RIo Grande do Sul. Seu curso superior é formado pela junção do Pelotas, do Sant'Anna e do Marombas, reunindo-se depois com
o Peperi-Guaçu, de onde toma a direção de Sudoeste e Sul, para formar a fronteira do Brasil (Rio Grande do Sul) com a República Argentina (Misiones,
Corrientes e Entre Rios). Abaixo da confluência do Ibicuí-Guaçu, que é o mais importante dos seus muitos afluentes brasileiros, o Uruguai deixa o
território do Brasil e, no resto do seu curso, forma o limite entre o Uruguai e a República Argentina.
Extensão comparada dos rios do Brasil e dos principais rios
do mundo, em quilômetros
(segundo o Atlas do barão Homem de Mello) |
Nomes dos rios |
Países |
Extensão |
Mississipi-Missouri |
E. Unidos |
7.200 |
Nilo |
África |
6.500 |
Amazonas |
Brasil |
6.200 |
Jenissei |
Sibéria |
5.500 |
Iang-Tse-Kiang |
China |
5.200 |
Obi |
Sibéria |
4.390 |
Paraná |
Brasil |
4.390 |
Volga |
Rússia |
3.600 |
Juruá |
Brasil |
3.283 |
Madeira |
Brasil |
3.240 |
Purus |
Brasil |
3.210 |
S. Francisco |
Brasil |
3.161 |
R. G. do Norte |
Brasil |
3.000 |
Ganges |
Industão |
3.000 |
Danúbio |
Europa |
2.800 |
Tocantins |
Brasil |
2.640 |
Orinoco |
Venezuela |
2.627 |
Araguaia |
Brasil |
2.627 |
Paraguai |
Brasil |
2.078 |
Ucaiali |
Peru |
1.992 |
Tapajós |
Brasil |
1.992 |
Xingu |
Brasil |
1.980 |
Japurá |
Brasil |
1.848 |
Bermejo |
Argentina |
1.800 |
Salado |
Argentina |
1.800 |
Colorado |
Califórnia |
1.800 |
Dnieper |
Rússia |
1.800 |
Parnaíba |
Brasil |
1.716 |
Itapecuru |
Brasil |
1.650 |
Negro |
Brasil |
1.551 |
Ohio |
E. Unidos |
1.500 |
Uruguai |
Brasil |
1.500 |
Içá |
Brasil |
1.452 |
Don |
Rússia |
1.450 |
Colorado |
México |
1.353 |
Rio Grande |
Brasil |
1.353 |
Iguaçú |
Brasil |
1.320 |
Reno |
Europa |
1.300 |
Rio das Velhas |
Brasil |
1.135 |
Tietê |
Brasil |
1.122 |
Vístula |
Europa |
1.100 |
Mearim |
Brasil |
1.095 |
Jequitinhonha |
Brasil |
1.082 |
Paraíba do Sul |
Brasil |
1.058 |
Jutaí |
Brasil |
1.056 |
Loire |
França |
990 |
Rio das Mortes |
Brasil |
990 |
Tefé |
Brasil |
990 |
Doce |
Brasil |
977 |
Paranaíba |
Brasil |
957 |
Tejo |
Europa |
900 |
Paranapanema |
Brasil |
900 |
Cuiabá |
Brasil |
829 |
Ródano |
Europa |
812 |
Sena |
Europa |
776 |
Área comparada da Bacia do Amazonas e das principais bacias
hidrográficas do mundo
Em quilômetros quadrados
(Segundo Hermann Habenicht) |
Amazonas |
7.000.000 |
Obi |
3.520.000 |
Mississipi-Missouri |
3.300.000 |
Congo |
3.206.000 |
Paraná |
3.000.000 |
Jenissei |
2.816.000 |
Nilo |
2.810.000 |
Niger |
2.500.000 |
Iang-Tse-Kiang |
1.872.000 |
Volga |
1.459.000 |
S. Lourenço |
1.378.000 |
Danúbio |
817.000 |
Área das bacias de alguns rios do Brasil
Em quilômetros quadrados
(Segundo Elisée Reclus) |
S. Francisco |
668.500 |
Uruguai |
388.000 |
Parnaíba-Piauí |
340.500 |
Jequitinhonha |
105.500 |
Doce |
97.500 |
Paraíba do Sul |
64.000 |
de Contas - Bahia |
54.500 |
Paraguaçú e Ibicuí |
44.200 |
Itapicuru do Conde |
37.000 |
Ribeira de Iguape |
28.900 |
Saltos e cachoeiras - A maior parte dos rios do Brasil apresentam, como vimos
acidentalmente enumerando, incalculável número de saltos e cachoeiras. Esta circunstância tem prejudicado fortemente o povoamento do país, trazendo
obstáculos, aparentemente invencíveis, ao comércio pela navegação fluvial. Mas, por outro lado, ela assegura ao Brasil, no dia em que se transforme
toda sua energia hidráulica em energia elétrica, um futuro de grandes vantagens para a indústria nacional.
O Times, em sua edição de 28 de dezembro de 1909, dizia a este respeito: "Na vasta área do
Brasil as cataratas são tão numerosas e precipitam-se de tão grandes alturas que provavelmente não há exagero em afirmar-se que não existe outro
país no mundo onde tão grande quantidade de energia elétrica possa ser produzida por força hidráulica".
Ainda não são bem conhecidas todas as regiões de saltos e cascatas, pois que muitos rios do Brasil
ainda não estão completamente explorados; e o mesmo se dá com relação às cachoeiras e catadupas, algumas das quais são muito mais poderosas do que
as do Niagara ou a de Victoria, no Zambeze.
Só a zona que abrangem os saltos e cachoeiras do Rio Madeira tem uma extensão de cerca de 360
quilômetros. A navegação, portanto, é feita nessa região por balsas e canoas a remos, que descem, algumas pelas próprias cachoeiras; para transpor
outras, porém, essas embarcações têm de ser postas a seco para continuar depois a navegar. Estrada de ferro, já em tráfego, contorna essa região,
unindo o curso inferior do Madeira à seção navegável do Mamoré, belíssima via fluvial.
Salto de Itapura, no Rio Tietê, estado de São Paulo
Detalhe da foto acima, publicada com o texto, página 19
Inumeráveis são as cascatas pitorescas. Entre as grandes cachoeiras, citaremos as seguintes:
O salto Augusto, no Tapajós, afluente do Amazonas; o salto da Fumaça, de 26 metros de altura, no
Rio Trombetas, também afluente do Amazonas; o salto da Pancada, de 20 metros de altura, e o do Desespero, de 25 metros, no Rio Jari, outro afluente
do Amazonas; a cachoeira de Paulo Afonso, no Rio São Francisco; o Salto Grande, no Jequitinhonha, cujo rumor se ouve à distância de 20 quilômetros;
o salto das Escadinhas, no Rio Doce, composto de sucessivas escadas em uma extensão de 6 quilômetros; a cachoeira do Urubupungá e o salto das Sete
Quedas, no Paraná; a cachoeira de Iguaçu no rio do mesmo nome, a que já nos referimos.
O já citado salto de Urubupungá, formado pelo Rio Paraná em São Paulo, dispõe de força hidráulica
equivalente a 447.000 cavalos. São Paulo possui ainda grande número de outras cachoeiras, algumas de propriedade do Estado, que as tem aproveitado,
utilizando-se da sua força hidráulica. No Rio Tietê, por exemplo, há, entre outras, três cachoeiras importantes - Macuco, Cruzes e Ilha Seca - e
dois saltos - Avanhandava e Itapura; no Aguapeí e Peixe, possui o estado as cachoeiras de Iboporá, Conchas e Marimbondos; na Ribeira de Iguape
notam-se as de Varador, Caracol, Funil, Feia. P. Vermelho, Januário, Paulistas, Estreito, Caracinha e Brejaúva, não aproveitadas.
Entre as que se encontram no Juquiá e seus afluentes, citam-se: Grande, Lajeado, Saltinho, Piúva,
Espelho, Inferno, São Lourencinho e Itariri, igualmente não aproveitadas. O Rio Paranapanema, naquele mesmo estado, não é menos rico em cachoeiras:
Capivara, Piau, Laranjeira, Rebojo, Pedregulho, S. do Diabo, Tainiú, Estreito, Palmital. A cachoeira do Marimbondo, no Rio Grande, daquele estado, é
uma das mais importantes, sendo a sua energia hidráulica calculada em 600.000 cavalos. O rio Juqueriquerê forma muitas outras pequenas cachoeiras,
assim como as vertentes da Serra do Mar. Numeram-se ainda duas no Rio Branco do mesmo estado: Monos e Capivari, com força de 15.000 cavalos.
Em Mato Grosso, não é menor o número de cachoeiras, já exploradas. De todos os rios do Brasil, o
mais interrompido é talvez o Tietê, no qual se podem contar nada menos de 55 saltos e cachoeiras; no Pardo, afluente do Paraná, contam-se 33.
A de Paulo Afonso é, de todas as cachoeiras do Brasil, a mais geralmente conhecida e admirada. As
águas do S. Francisco, que a forma, apertadas entre dois altos paredões de granito, correm a princípio com impetuosidade, precipitando-se de brusco
em três enormes quedas, a primeira das quais forma uma curva. O embate desses saltos produz hialinas montanhas de água pulverizada, que se elevam a
muitos metros, mergulhando em seguida o rio, de um só salto, no mais fundo do abismo, para, mais abaixo, formar ainda outras quedas.
A diferença de altura entre as diversas quedas da Cachoeira de Paulo Afonso regula 81 metros, e a
largura média da catarata é de 15 a 18 metros. Embora menos imponente, vista à distância, do que a Niagara, e talvez inferior a esta em volume
d'águas, a Paulo Afonso é geralmente considerada mais bela do que a sua rival pela variedade e contraste dos seus aspectos.
Do ponto de vista da força hidráulica, é preciso destacar, em importância, as formidáveis
cataratas de Iguaçu e de Guaíra, ambas na bacia do Rio Paraná, as quais são consideradas as duas mais poderosas do mundo, embora alguns geógrafos
coloquem a de Iguaçu depois dos Saltos da Victoria, no Zambeze, e dos Grand Falls do Labrador, cujos volumes não estão devidamente calculados. Em
comparação, porém, com o do Niagara, o salto do Iguaçu é 60 pés mais elevado, aproximadamente três vezes mais largo e tem um volume de água 60%
superior. O sr. Paul Walle, da Sociedade de Geografia Comercial de Paris, o qual visitou pessoalmente o Iguaçu e o julga duas vezes maior que os de
Victoria Falls do Zambeze, estabelece os seguintes dados de comparação:
|
Volume cúbico por
minuto |
Largura |
Altura |
Iguaçu |
28.000 pés |
13.133 pés |
196 a 210 pés |
Victoria |
18.000 pés |
5.580 pés |
350 a 360 pés |
Niagara |
18.000 pés |
5.249 pés |
150 a 146 pés |
É preciso observar, entretanto, que os saltos do Iguaçu ficam na fronteira do Brasil com a
República Argentina e que esta reclama para si a posse de mais da metade da catarata. Como a Paulo Afonso, a cachoeira do Iguaçu é um espetáculo de
incomparável beleza, sendo considerada por alguns dos seus visitantes como a mais graciosa de todas as cachoeiras, principalmente vista do lado do
Brasil.
É difícil avaliar com exatidão a força hidráulica dessa poderosa catarata; alguns, porém, a
avaliam em 14 milhões de cavalos-vapor, ou seja, quatro vezes mais do que a do Niágara.
Muito mais poderosas do que o Salto do Iguaçu, embora ainda mais desconhecidas do que este, são as
Sete Quedas, ou Salto de Guaíra, que pertencem inteiramente ao Brasil e que, consideradas em bloco, são sem dúvida alguma a maior força hidráulica
do mundo. O Salto de Guaíra fica também no Rio Paraná, no ponto onde ele se aproxima da República do Paraguai, na Serra de Maracaju, que se esforça
por lhe impedir a passagem. Mas o grande rio, vencendo a resistência dessa muralha de granito, se precipita numa primeira queda, com uma massa
líquida de 20.000 metros cúbicos de água por segundo, e depois abre-se em sete passagens diferentes, por onde suas águas furiosas se precipitam com
um estrondo que se ouve a cerca de 30 quilômetros em torno.
O Paraná, que mede 2.200 metros de largura antes de chegar a esse ponto, entra aí num canal de
apenas 80 metros de largura, comprimido entre duas rochas com 28 metros de altura, de onde as águas são despejadas verticalmente. Há quem avalie em
80 milhões de cavalos-vapor (cerca de 23 vezes a do Niagara) a sua força hidráulica; mas este cálculo é provavelmente arbitrário, traduzindo apenas
a descomunal força dessa catarata.
Numa publicação deste ano, o sr. Claud Russel faz a narrativa de uma excursão aos Saltos de Guaíra
(A Journey to the Falls of Guahyra), cuja descrição resume nos seguintes períodos: "Deixei a floresta, indo até ao rebordo de uma rocha, a
qual dá para uma garganta em que estão contidas todas as águas do Paraná. É uma garganta profunda e estreita, talvez 60 por 200 pés. Estende-se da
direita para a esquerda por duas milhas, mais ou menos, ao todo. Uma floresta cobre ambos os bordos da garganta. Uma milha adiante, o rio se
bifurca, dividido por uma ilha de pedra. A corrente principal parecia descer por baixo dos dois braços. Não há propriamente um salto. O declive é
escarpado e liso, e a grande massa d'água é revolta mais do que tudo que se possa imaginar. Mais perto de onde eu me achava, e do lado oposto, o
rio, deixando o lago, entra na garganta por quatro outros canais, formando ângulos mais ou menos retos com a corrente principal. Os três primeiros
correm sobre rochas íngremes, e as águas se despenham mais em catarata do que em salto. No outro, a água é menos revolta. Toda a água que se vê é de
um branco de leite, exceto mais para baixo, onde novamente adquire sua cor normal".
Um correspondente anônimo do Supplemento Sul Americano do Times de dezembro de 1910,
num longo artigo de impressão pessoal sobre essas duas cataratas, assim se exprime sobre o Salto de Guaíra: "Atualmente, Guaíra é uma da
semi-descobertas maravilhas do mundo. Suas dimensões são estupendas, excedendo as de qualquer outra catarata conhecida: cerca de duas milhas de
extensão, 310 pés de altura, e despejando 13 milhões de pés cúbicos d'água por minuto. Quando se prova que duas das três dimensões de uma catarata
(largura, altura e volume) excedem as de todas as outras, essa catarata faz jus a figurar como a maior do mundo.
"Depois de Guaíra, conforme os melhores dados que se podem obter, devem provavelmente vir as Grand
Falls, Labrador; depois destas, as Victoria Falls, de cujo volume contudo não se tem um cálculo fidedigno; depois Iguaçu e depois Niagara, cuja
extensão não é muito mais de um quarto da de Iguaçu e cuja altura é consideravelmente menor".
Toda essa incalculável força hidráulica de que dispõe o Brasil não tem sido quase aproveitada,
ficando as suas formidáveis cataratas como simples espetáculos naturais para alguns raros visitantes. Das cataratas aproveitadas para energia
elétrica, só há quatro importantes: uma em S. Paulo, de cerca de 8.000 hp, pertencente à companhia canadense Light and Power; outra no mesmo estado,
de 20.000 hp, pertencente à empresa nacional Docas de Santos; uma no estado do Rio de Janeiro, de 15.000 hp, também pertencente à Light and Power, e
outra no estado do Rio, de 20.000 hp, pertencente à Companhia Brasileira de Eletricidade. As reservas hidráulicas dos rios brasileiros são portanto
colossais.
Lagos e lagoas - Em contraposição à excelência dos seus rios, a hidrografia do Brasil quase
não conta lagos de particular importância, nem por suas dimensões, nem por sua utilidade, sendo embora muitos deles abundantes em peixes e prestando
bom auxílio à navegação interior.
No estado do Amazonas, onde eles são aliás numerosos, o seu préstimo fica muito reduzido pela
utilização da vasta rede fluvial. No pequeno estado de Alagoas - que por isso foi assim denominado - encontram-se também numerosas lagoas,
geralmente navegáveis e muitas delas piscosas, mas que não prestam relevantes serviços ao estado, tanto mais que elas se encontram quase todas na
proximidade do Atlântico e, por outro lado, o estado é regado, em toda sua fronteira meridional, pelo S. Francisco.
No estado do Rio de Janeiro, algumas como Saquarema e Araruama são particularmente pitorescas,
além de muito piscosas e salgadas, apesar do afastamento do mar. No Distrito Federal (N.E.:
então situado no Rio de Janeiro), a lagoa Rodrigo de Freitas está em vias de ser atulhada,
para saneamento da cidade.
No Rio Grande do Sul, além duma porção de outras que se unem a algumas do vizinho estado de Santa
Catarina, existem as já assinaladas - dos Patos e Mirim -, que recebem diversos rios e são as mais importantes do Brasil. A Mirim jáz mais ou menos
paralelamente à lagoa Mangueira, mais próxima da costa; e a dos Patos, que é a maior de todas, comunica com o Atlântico pela Barra do Rio Grande, a
qual será, de futuro, após os trabalhos já iniciados, um dos melhores portos meridionais do Brasil.
Salto de Itapura, no Rio Tietê, estado de São Paulo
Detalhe da foto acima, publicada com o texto, página 19
IV - Litoral: cabos, portos e ilhas oceânicas
A costa do Brasil, formada pelo Atlântico, estende-se por
cerca de quatro mil milhas (ou mais exatamente 3.577 milhas marítimas de 60 ao grau, conforme o quadro organizado pelo sr. Tancredo Jauffret, do
Lloyd Brasileiro), as quais vão da barra do Oiapoque, limite do Brasil com a Guiana Francesa, no extremo Norte, até a barra do Chuí, limite com o
Uruguai, no extremo Sul. Salvo, porém, na embocadura do Amazonas, e um pouco também na Bahia e no Rio de Janeiro, esse longo litoral não apresenta
saliências nem depressões muito sensíveis, assim como não é diversificado pela proximidade de grandes ilhas, a não ser a de Marajó ou Joanes, no
estuário do Amazonas, Pará, que não é propriamente uma ilha de formação independente, mas uma formação insular do grande rio.
Salvo um grande número de pequenos pontos e promontórios, sem importância, o litoral brasileiro
não apresenta nenhuma península e apenas alguns cabos. No extremo Norte, à margem direita do Oiapoque, no Pará, fica o Cabo Orange, que é a ponta
mais setentrional da costa, embora não o seja do Brasil; e uns 500 quilômetros abaixo, sobre a foz do Amazonas, fica o do Norte, ou Raso. No Rio
Grande do Norte, está o Cabo S. Roque, que é, do Novo Mundo, o ponto mais próximo da Europa; na Paraíba, fica o Branco; em Pernambuco, o de Santo
Agostinho; no estado do Rio de Janeiro, os de S. Tomé e Frio; em Santa Catarina, os de Santa Marta Grande e Santa Marta Pequena; e daí para o Sul,
só se encontram algumas pontas de menor importância.
Alguns geógrafos dão ao litoral brasileiro mais de quarenta portos; mas a verdade é que todos eles
não podem ser considerados tais, sendo muitos apenas boas enseadas, capazes de abrigar somente as embarcações de pequeno calado. Entretanto, do
Norte para o Sul, os navios que calam mais de seis metros podem entrar nos seguintes portos e baías: no Pará, o de Belém, centro do comércio de
borracha, na baía de Guajará; no Maranhão, Alcântara e a Ilha do Medo, na Baía de S. Marcos; no Ceará, Fortaleza, Mucuripe e Retiro Grande; no Rio
Grande do Norte, Natal, Baía Formosa e Pititinga; na Paraíba, os da Baía de Traição; em Pernambuco, o de Tamandaré; em Alagoas, o de Maceió; na
Bahia, os de S. Salvador, Camamu, Ilhéus, Santa Cruz e Baía Cabrália; no estado do Rio de Janeiro, os de Abraão, na Ilha Grande, dos Búzios e de
Imbetiba; no Distrito Federal, a Baía do Rio de Janeiro, capaz de abrigar todas as esquadras do mundo reunidas, e ativada por grande movimento
comercial; em S. Paulo, o de Santos, com docas admiráveis, pelas quais se faz a exportação de quase todo o café do Brasil, o de S. Sebastião e o da
Ilha do Bom Abrigo; no Paraná os de Paranaguá e Antonina, pelos quais se faz grande exportação de mate; em Santa Catarina, a Baía do Norte,
Ratões, Caieira, Gaúchos, Bombas e Itapacoari.
Para os navios de menor calado e a navegação de cabotagem, as
enseadas são inúmeras. O sr. dr. Lauro Müller, quando ministro da Viação, no governo do sr. dr. Rodrigues Alves, deu grande incremento aos trabalhos
de melhoramento dos portos do Brasil, quer por iniciativa do governo, quer por empreitadas com companhias estrangeiras, que têm nisso empregado
grandes capitais. Esta parte, porém, será convenientemente desenvolvida noutro capítulo do presente volume.
Falta-nos tratar finalmente das ilhas do Brasil, as quais, como já dissemos, não são muito
numerosas nem particularmente importantes. Já nos referimos às duas grandes ilhas fluviais - a do Bananal, ou de Sant'Anna, em Goiás, formada pelo
Araguaia, e a das Sete Quedas, no Paraná, formada pelo Rio Paraná - bem como à de Marajó ou Joanes, que se encontra no Pará, no estuário do Rio
Amazonas, onde também existem, e formadas de maneira idêntica, as de Mexiana e Caviana. Fora destas, e na proximidade do litoral, merecem menção: a
de S. Luiz do Maranhão, onde se acha a cidade deste nome, capital do estado; a de Itamaracá, em Pernambuco; a de Itaparica, na Bahia; a dos Frades,
no Espírito Santo; a Grande, Sant'Ana e Marambaia, no estado do Rio de Janeiro; as de S. Vicente, Santo Amaro, São Sebastião e Cananéia, em S.
Paulo; a de S. Francisco e a de Santa Catarina, onde se acha a cidade de Florianópolis, capital do estado, em Santa Catarina; as de Barba Negra,
Canguçu e dos Marinheiros, no Rio Grande do Sul.
À entrada da Baía do Rio de Janeiro, há uma porção de ilhas e ilhotas, das quais a mais importante
é a Rasa, pela existência dum farol; e dentro da baía, encontram-se: a grande Ilha do Governador, muito fértil; a de Paquetá, procurada no verão por
sua vegetação e suas praias muito pitorescas; a das Cobras, onde se acha aquartelado o Batalhão Naval e que encerra um importante presídio; as de
Villegaignon e Laje, transformadas em fortalezas; a das Enxadas, onde funciona a Escola Naval do Brasil; a do Viana, com um importante estaleiro, e
outras.
Afastadas do litoral, estão as pequenas ilhas do grupo de Fernando de Noronha, a 75 léguas do Cabo
S. Roque; a pequena Ilha da Trindade, com as ilhotas adjacentes de Martim Vaz, a 900 milhas da costa do estado de Espírito Santo; e o grupo dos
Abrolhos ou de Santa Bárbara, cinco ilhotas e numerosos recifes, que ficam a umas 34 milhas da costa da Bahia e oferecem grande perigo à navegação.
Fernando de Noronha, uma ilhota de origem vulcânica, com 5 milhas de comprido por 2 de largo, foi
outrora utilizada como lugar de degredo, e agora aproveitada para estabelecimento duma estação telegráfica, que é o primeiro ponto de comunicação
com o Brasil, para os navios que vão da Europa. A maior importância atual da Ilha da Trindade, ou da Ascensão, está em que a sua posse deu lugar a
um litígio entre o Brasil e a Grã-Bretanha, resolvido favoravelmente ao Brasil. Desabitada, como também Fernando de Noronha, ela poderá entretanto
servir, de futuro, como estação de carvão ou telegráfica. Além disso, existe a crença, bastante arraigada, de que ali se acha escondido um valioso
tesouro (calculado em 75 mil contos), deixado outrora na ilha por um pirata russo. Com o intuito de descobri-lo, já se organizaram quatro
expedições, todas, porém, malogradas.
Floresta virgem, perto de Santos
Foto publicada com o texto, página 20
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