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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Demografia-1913
Mudanças no crescimento populacional (4)

Os problemas de um recenseamento, apesar dos critérios adotados

Em 1914, foi publicada pela Prefeitura Municipal de Santos a obra Recenseamento da Cidade e Município de Santos em 31 de dezembro de 1913, que faz parte do acervo do historiador santista Waldir Rueda. Além de uma análise sobre o estado do município nesse ano, o livro apresenta a metodologia e os resultados do censo, e faz ainda comentários sobre os recenseamentos anteriores (ortografia atualizada nesta transcrição):

Leva para a página anterior[...]

PRIMEIRA PARTE
PREMIÈRE PARTIE
III - A população atual do Município de Santos

Como dissemos anteriormente, os melhores recenseamentos a que se procedeu em S. Paulo, no passado, foram os dos tempos coloniais e dos primeiros anos de nossa emancipação política. O povo era, naqueles tempos, governado com manifesto despotismo; e, para não incorrer nas penas severas instituídas contra os que não respondessem satisfatoriamente às inquirições de natureza censitária, tratava de ministrar aos agentes do poder o maior número de informações exatas.

Logo, porém, que o regime da liberdade sobrepôs-se ao do autoritarismo governamental discricionário, os paulistas começaram a retrair-se em relação à estatística censitária e a Administração, dispondo de meios menos prontos e decisivos para coagi-los ao cumprimento do dever, foi relaxando a execução do serviço, que era feito anualmente, até suprimi-lo de todo.

Entretanto, aquilo que dos incultos paulistas d'antanho obtinha facilmente a autoridade pública, investida de poderes despóticos, era natural que se conseguisse também das gerações mais civilizadas que vieram depois, e nas quais a força moral do interesse público e do bem-estar coletivo deviam agir mais poderosamente que os antigos processos de coação material.

Tal, porém, não sucedeu; e podemos afirmar, sem receio algum de contestação, que, após os antigos censos gerais da população paulista, feitos nas épocas a que acima nos referimos, é o atual recenseamento municipal de Santos o que se reveste de maior cunho de seriedade, de crédito e de exatidão.

O extenso mapa que publicamos na segunda parte deste volume acusa uma população total de 88.967 habitantes, sendo 71.236 localizados na cidade e seus subúrbios (população aglomerada) e 17.731 na zona rural (população esparsa). Pertenciam ao sexo masculino 49.482 indivíduos e ao feminino 39.485. A população esparsa derramava-se por 126 lugares diversos, entre morros, ilhas, margens de rios, sítios, enseadas e praias, cuja longa nomenclatura consta minuciosamente do citado mapa (Segunda parte, páginas IV a IX).

A população de direito ou legal, que é a que compreende todos os habitantes com residência fixa no lugar, quer presentes como ausentes no dia do censo, abrangia, em 31 de dezembro de 1913, a totalidade de 86.020 indivíduos. A população adventícia era de 2.195 pessoas e a população contada à parte, de 752.

A população marítima, composta de embarcadiços que se achavam no porto, a bordo de seus navios, barcos ou canoas, era a que consta nos seguintes quadrinhos especiais:

População Marítima
(N.1)

Idades

Sexos

Masculino

Feminino

Total

De menos de 1 ano
6
4
10
 "   1 a   5 anos
16
11
27
 "   6 a 10  "
7
12
19
 " 11 a 15  "
14
6
20
 " 16 a 20  "
217
7
224
 " 21 a 25  "
528
28
556
 " 26 a 30  "
545
24
569
 " 31 a 35  "
328
12
340
 " 36 a 40  "
243
10
253
 " 41 a 45  "
133
9
142
 " 46 a 50  "
73
6
79
 " 51 a 55  "
40
5
45
 " 56 a 60  "
23
1
24
 " 61 a 65  "
7
1
8
 " 66 a 70  "
4
1
5
 " 71 a 75  "
1
1
2
Soma 
2.185
138
2.393

(N.2)

Sexos

Raças

 

Branca

Preta

Cabocla

Parda

Amarela

Total

Homens
2.026
48
12
84
15
2.185
Mulheres
136
--
--
2
--
138
Soma 
2.162
48
12
86
15
2.323

(N.3)

Nacionalidades

Sexos

 

Adotaram a 
nacionalidade brasileira

H.

M.

Total

H. 

M.

Total

Alemanha
218
7
225
--
--
--
Áustria-Hungria
18
2
20
--
--
--
Argentina
6
--
6
--
--
--
Bélgica
44
--
44
--
--
--
Espanha
49
3
52
6
--
6
Estados Unidos
179
14
193
--
--
--
França
48
--
48
--
--
--
Holanda
6
--
6
--
--
--
Inglaterra (Escócia e Irlanda)
489
18
507
1
--
1
Itália
347
43
390
6
--
6
Portugal
248
20
268
47
--
47
Rússia
31
6
37
--
--
--
Suíça
2
--
2
--
--
--
Turquia
30
1
31
--
--
--
Africanos em geral
8
--
8
1
--
1
Americanos em geral
7
--
7
2
--
2
Asiáticos em geral
15
--
15
--
--
--
Europeus em geral
106
2
108
--
--
--
Ignorada
1
--
1
--
--
--
Soma 
1.852
116
1.968
63
--
63

(N.4)

Naturalidade dos brasileiros

Sexos

M.

F.

Total

Alagoas
23
--
23
Amazonas
1
--
1
Pará
19
2
21
Ceará
3
--
3
Distrito Federal
5
1
6
Espírito Santo
5
--
5
Maranhão
4
--
4
Minas
3
--
3
Pará
2
--
2
Paraná
1
--
1
Paraíba do Norte
6
--
9
Pernambuco
29
1
30
Piauí
2
--
2
Rio de Janeiro
19
3
22
Rio Grande do Norte
40
--
40
Rio Grande do Sul
3
1
4
Santa Catarina
40
--
40
S. Paulo
113
14
127
Sergipe
15
--
15
Soma 
333
22
355

Relativamente à religião, estava a população marítima assim classificada:

Católicos......... 1.394
Acatólicos.......    915
Sem religião.....     14
         Total..... 2.323

O seu estado civil vai discriminado na tabela que se segue:

(N.5)

Grupos de idades

 

Solteiros

 

Casados

 

Viúvos

 

Total

H.

M.

H.

M.

H.

M.

H.

M.

Total

De menos de 1 ano
6
4
--
--
--
--
6
4
10
De 1 a 15 anos
37
29
--
--
--
--
37
29
66
"   16 " 20 "
214
5
2
2
1
--
217
7
224
"   21 " 25 "
479
8
48
19
1
1
528
28
556
"   26 " 30 "
407
8
136
16
2
--
545
24
569
"   31 " 35 "
175
5
152
7
1
--
328
12
340
"   36 " 40 "
82
2
157
6
4
2
243
10
253
"   41 " 45 "
30
3
94
5
9
1
133
9
122
"   46 " 50 "
19
--
49
5
5
1
73
6
79
"   51 " 55 "
12
--
26
5
2
--
40
5
45
"   56 " 60 "
4
--
15
1
4
--
23
1
24
"   61 " 70 "
2
--
9
1
--
1
11
2
13
"   71 " 80 "
--
--
1
--
--
1
1
1
2
Soma 
1.467
64
689
67
29
7
2.185
138
2.326

Quanto ao grau de instrução, resumimo-lo no quadrinho abaixo:

(N.6)

Sexos

Adultos,
sabendo ler e escrever

Menores
freqüentando escolas

Total

Masculino
1.773
1
1.774
Feminino
97
--
97
Soma 
1.870
1
1.871

A sua distribuição pelas diferentes profissões era a que consta da tabela que damos em seguida:

(N.7)

Nomenclatura das profissões

 

Categorias

Patrões 
ou
chefes

 

Empregados,
caixeiros
etc.

 

Operários,
jornaleiros,
trabalhado-
res braçais

 

Total

M.

F.

M.

F.

M.

F.

M.

F.

Agricultura
2
--
--
--
227
17
229
17
Indústria fabril e outras
2
--
2
--
14
--
18
 
Transportes marítimos
52
--
131
--
1.229
--
1.412
--
Correios, telégrafos e telefones
--
--
3
--
--
--
3
--
Clero secular
1
--
--
--
--
--
1
--
Sacerdócio acatólico
1
--
--
--
--
--
1
--
Magistrados
2
--
--
--
--
--
2
--
Força pública estadual
--
--
--
--
1
--
1
--
Jornalistas e escritores
4
--
--
--
--
--
4
--
Magistério privado
2
4
--
--
--
--
2
4
Médicos
7
--
--
--
--
--
7
--
Vários ramos da medicina
4
4
--
--
--
--
4
4
Engenheiros
37
--
--
--
--
--
37
--
Arquitetos
2
--
--
--
--
--
2
--
Outras profissões técnicas
58
--
--
--
--
--
58
--
Capitalistas e operários
3
--
--
--
--
--
3
--
Pequenas profissões independentes
142
6
--
--
--
--
142
6
Serviço doméstico (criados em geral)
--
--
--
--
141
11
141
11
Profissões diversas
10
--
--
--
--
--
10
--
Comércio
31
35
--
--
--
--
31
35
Soma 
360
49
136
--
1.611
28
2.108
77

Nos quadros gerais, que vão publicados na parte respectiva, acham-se incluídos os algarismos concernentes à população marítima (P.M.). Convém, pois, todas as vezes que se queira fazer qualquer cálculo ou estudo sobre as cifras daqueles quadros, recorrer sempre às tabelas da população marítima, intercaladas no texto, para se proceder ao necessário desconto dos algarismos que acrescem nos mapas gerais.

Recorrendo aos resultados obtidos nos censos anteriores, que conhecemos, da população municipal de Santos, organizamos o seguinte quadro sintético:

Período histórico

Ano do
censo

Número de habitantes por sexo

H.

M.

Escravos dos dois sexos

Total

Tempos coloniais

1772

942
1.139

--

2.081

1814

1.319
1.674

2.135

5.128

1816

1.236
1.591

2.053

4.880
Primeiros anos
da Independência

1822

1.173
1.523

2.085

4.781

1828

1.294
1.504

2.348

5.146
Segundo Império

1854

2.440
2.226

3.189

7.855

1872

4.108
3.477

1.606

9.151

1886

--
--

--

15.505
Período republicano

1890

7.150
5.862

--

13.012

1900

27.688
22.701

--

50.389

1913

49.482
39.485

--

88.967

Em 139 anos, conhecem-se 11 recenseamentos da população santista. Vê-se, do quadro acima, que até 1828, ela se conservou quase estacionária, tendo aumentado, em mais do dobro, apenas nos 42 anos que vão de 1772 a 1814. De 1828 a 1854, num período de 26 anos, ela cresceu na razão de 35%. Nos 18 anos que decorrem de 1854 a 1872, o crescimento foi somente de 14,6%. Em 1886, quase dobrou; em 1890, segundo o péssimo recenseamento federal desse ano, diminuiu 16% para 23 anos depois acusar um auspicioso aumento de mais de 74%.

Aproveitando-nos da circunstância de só em fins de 1914 aparecer em volume o nosso trabalho censitário, vamos acrescentar à população existente em 31 de dezembro de 1913, as cifras relativas ao crescimento fisiológico ou vegetativo operado até 30 de novembro de 1914 (N.E.: ano conforme retificação constante no livro).

Tinha ocorrido, até essa data, neste Município:

 

Homens

Mulheres

Total

Nascimentos ..................................................
1.385
1.363
2.748
Óbitos ..........................................................
869
604
1.473
Saldo a favor dos nascimentos ..........................
516
759
1.275

Acrescendo esses algarismos à população recenseada em 31 de dezembro de 1913, teremos a seguinte

População de Santos em 30 de novembro de 1914

 

Homens

Mulheres

Total

Recenseamento de 31 de dezembro de 1913
49.482
39.485
88.967
Crescimento vegetativo até 30-11-1914
516
759
1.275
População em 30 de novembro de 1914
49.998
40.244
90.242

De conformidade com a legislação estadual relativa à organização dos municípios paulistas, cada município deve fazer o recenseamento de sua população decenalmente. O de Santos terá, pois, de repetir-se em 1923. Acontece, porém, que o Congresso Internacional de Estatística, no intuito de obter que os recenseamentos de toda a parte caiam sempre no mesmo ano, para facilitar a tarefa das comparações estatísticas, aprovou um voto, estabelecendo que essas operações se efetuem em todos os anos cujos algarismos das unidades sejam zero.

Para acompanhar esse voto, é necessário, pois, que a Câmara de Santos mande proceder a novo recenseamento em 1920, ou, deixando de cumprir a lei, quanto aos períodos decenais nela marcados, adie para 1930 a realização de um novo censo. Em qualquer das hipóteses, a população terá de ser calculada, até que um outro recenseamento venha fixar a sua base numérica.

Esse cálculo pode-se obter ou pelos coeficientes da natalidade, da nupcialidade e da mortalidade; ou pela vida média. No cálculo por coeficientes deve-se preferir o da natalidade que varia pouco, de ano para ano. Segundo a narração da história, foi Necker, ministro das Finanças, sob Luiz XVI, quem primeiro se serviu desse método para calcular a população da França. O coeficiente da natalidade (C.N.) se obtém dividindo-se o número de nascimentos (N.) pelo número da população (P.) e multiplicando-se o quociente por 1.000.

Eis a fórmula:

(Nº. 1)                N       x 1.000 = C.N.
                         P
Aplicando a fórmula aos dados práticos que possuímos (população em 1913 = 88.967 h.; nascimentos no mesmo ano = 3.072), teremos

                     3.072    x 1.000 =     3.072.000    = 34
                    88.967                       88.967
O coeficiente da natalidade no Município de Santos é, portanto, igual a 34.

Ora, a população é igual ao número de nascimentos ocorrido num dado ano, multiplicado por 1.000, e dividido pelo coeficiente da natalidade.

Donde resulta a seguinte fórmula:

(Nº. 2)                   P= N x 1.000 
                                C.N.

Aplicando a fórmula aos dados do censo de 31 de dezembro, teremos:

                            88.967 = 3.072 x 1.000 
                                          34

Assim, pois, para se obter o número relativamente exato da população de Santos, em cada ano, até proceder-se a um novo recenseamento, nada mais é preciso fazer do que nos utilizarmos da fórmula n. 2, que tem por base o coeficiente da natalidade igual a 34. Conforme dissemos acima, este coeficiente pouco varia de ano para ano, e daí a razão de ser geralmente preferido.

Mas o cálculo da população obtém-se ainda por um outro método: o da vida média. Na segunda parte deste volume, publicamos a demonstração da vida média, por um dos processos mais conhecidos, e que é o adotado na estatística francesa. Mais adiante, em capítulo especial do texto, explicamos o processo operatório para chegar a esse resultado. É um processo um pouco penoso de execução, mas facílimo de compreender-se.

Conhecemos também a seguinte fórmula, que só se pode empregar quando se possui um censo da população por idades, detalhadamente:

                      Vm. =    (n x i) x (n' x i') x (n" x i") 
                                              i x i' x i"

Nesta fórmula Vm. representa a vida média, n, n' e n" o número de indivíduos de cada idade e i, i' e i" as idades desses indivíduos. O processo que adotamos (pág. XXII, 2ª parte) é idêntico à fórmula acima, com a diferença que aí jogamos não com cada idade de per si, mas com os grupos das idades. Daí a necessidade das multiplicações de cada grupo pelo corte das idades. A vida média que obtivemos para Santos foi de 23 anos. Sendo a população igual ao número de nascimentos multiplicado pela vida média, teremos, para o ano de 1913:

                            3.072 x 23 = 70.656

Embora o resultado seja inferior ao que se obtém com os coeficientes da natalidade, da nupcialidade e da mortalidade, serve para calcular o crescimento da população, porque a vida média é menos suscetível de variação que os algarismos relativos aos nascimentos, casamentos e óbitos.

Conhecendo-se também o coeficiente mortuário médio de um certo número de cidades, pode-se calcular uma dada população com exatidão aproximativa. Se tomarmos, por exemplo, o coeficiente médio da mortalidade ocorrida, em 1906, em 37 cidades americanas, européias e asiáticas (19,4), segundo o Boletim de Estatística de Amsterdam, e o número de óbitos verificados em Santos (16,37), teremos o seguinte resultado para o nosso Município:

                   P =    1637 x 1000    = 84.380
                                  19,4

Quer a vida média, quer o coeficiente mortuário médio obtido em várias importantes cidades, dão para Santos uma população inferior à que o recenseamento de 1913 encontrou, o que prova que ela, de fato, não é superior a 88.967 habitantes, como exageradamente calcula a imaginação de muitas pessoas.

A própria densidade predial (10,19), como veremos mais adiante, não autoriza ninguém a crer que a população santista, naquele ano, fosse realmente maior do que a demonstrada pelo censo.

Comparemos agora os coeficientes da natalidade noutros Municípios de S. Paulo, cujos recenseamentos conhecemos, com o coeficiente da nossa natalidade:

Municípios Períodos População Natalidade Coeficientes
Bragança

Ano de 1903

39.957
1.457 
36,4
Capital

 "    "  1893

130.712
5.694 
43,5
Itatiba

 "    "  1904

21.790
769 
35,2
Lençóis

 "    "  1905

13.754
283 (*)
20,5
Piraju

 "    "  1904

17.594
393 
22,3
Santos

  "    " 1913

87.967
3.072 
34,5

(*) incompleto por faltar a natalidade do Distrito de São João da Floresta.

É, como se vê, inferior ao de Bragança e ao de Itatiba, cidades do interior, de movimentação muito menos intensa que a nossa.

Não procedem, pois, os reparos porventura feitos pelos que, achando muito alto o coeficiente obtido, entendem que a população é maior do que a que encontramos em 1913, porquanto o coeficiente deve ser, forçosamente, segundo pensam, inferior a 34. Esquecem-se eles, porém, de que se assim fosse, a estatística predial protestaria contra a veracidade de um resultado censitário que colocaria Santos em condições de terra inabitável, quanto às prescrições higiênicas, pelo excesso de média domiciliária. Aliás, o coeficiente da natalidade na Capital do Estado, em 1912, aceitando-se o algarismo da população calculado pela Diretoria Demógrafo-Sanitária (400.000 h.), era maior que o nosso: 36,4.

Mas não é só em cidades paulistas que o coeficiente da natalidade é superior ao nosso. Recorrendo às estatísticas divulgadas do Estado do Sergipe, encontramos para Aracaju, com uma população de 16.336 almas e 637 nascimentos por ano, o coeficiente de 38,99 por 1.000 habitantes. Das cidades brasileiras, cujas estatísticas conhecemos, somente as que seguem, em ordem decrescente, têm um coeficiente de natalidade superior ao de Santos:

Cidades Períodos População Natalidade Coeficientes
Aracaju

1912

16.336 
1.637
38,9
S. Paulo

1912

400.000 (*)
14.586
36,4
Bragança

1903

39.957 
1.457
36,4
Itatiba

1904

21.790 
769
35,2

(*) Cálculo da Repartição Demógrafo-Sanitária.

As cidades brasileiras, constantes do quadrinho abaixo, acusam todas um coeficiente inferior ao nosso. Aqui vão elas, por ordem ascendente:

Cidades Períodos População Natalidade Coeficientes
Florianópolis

1912

15.800
115
7,2
Fortaleza

"

48.369
488
10,0
Maceió

"

36.427
778
21,3
Belo Horizonte

"

40.256
1.242
30,8
Vitória

"

16.163
520
32,16

Em 1906, o coeficiente obtido para o Rio de Janeiro, segundo o censo feito pelo Governo Municipal, foi inferior a 12, "taxa excessivamente baixa e só explicável por deficiências do registro civil e pelas suas condições especiais no tocante à imigração que nela se fixa".

Também encontramos várias cidades estrangeiras com coeficientes de natalidade superiores ao nosso, como se verá deste quadrinho:

Cidades Períodos População Natalidade Coeficientes
da natalidade
Mendoza

1904

35.314
1.733
49,07
Cairo

1912

638.236
31.213
48,9 
Alexandria

1912

327.755
14.789
45,1 
Tucuman

1904

65.599
2.584
39,39
Rosário de Santa Fé

1904

129.117
5.012
38,89
Madras

1912

518.600
19.843
38,3 
Santa Fé

1904

32.198
1.188
36,89
Buenos Aires

1912

1.381.318
48.752
35,3 

Em compensação, têm coeficientes abaixo do de Santos as seguintes cidades estrangeiras:

Cidades Períodos População Natalidade Coeficientes
Madrid

1902

528.984
15.832
29,92
Montevidéu

1904

289.018
7.699
26,63
Veneza

1903

151.840
3.957
26,06
Milão

1903

507.261
13.086
25,79
Barcelona

1902

533.600
13.602
25,51
Florença

1904

216.736
4.619
21,31

Por mais diligentes que fossem os nossos esforços, não conseguimos obter a cifra do movimento migratório, operado até o fim de novembro do ano corrente, para acrescentarmos, à população recenseada em 31 de dezembro, o saldo obtido, conjuntamente com o excesso de natalidade sobre a letalidade. Mas se a natalidade, até o fim do ano, cresceu na proporção acusada pelo mapa do movimento da população em 1913 (Terceira parte, pág. XXXVIII), e segundo parece verificar-se pelos algarismos relativos ao primeiro semestre deste ano, é certo que o coeficiente igualará, em 1914, ao da Capital do Estado.


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