Imagens: reprodução dos documentos divulgados pelo governo japonês
WAR DEPARTMENT
War Department General Staff
Military Intelliggence Division G-2
Washington
March 12. 1942
MEMORANDUM FOR THE ASSISTANT CHIEF OF STAFF, WPD:
Subject: Situation in Brazil.
1. The following cablegram from the United States Ambassador and our acting Military Attache was
received last night:
"Foreign Minister Aranha and the Air Minister are apprehensive over report
that orders have been sent out by Berlin. Brazilian authorities consider putsch is imminent. There is increasing indignation and concern over
sinking of Brasilian ships".
2. Axis submarines have sunk four Brazilian ships and a fifth one is several days overdue. This is
part of a campaign to intimidate Argentina and Chile with a view to keeping these two nations from declaring war on the Axis and also to serve
notice to other Latin American republics that they will suffer similar punishment if they side against the Axis.
3. Fifth Column activities in Brazil have grown bolder with Allied reverses, and unrest,
particularly in the southern states, is increasing. Axis propaganda has been intensified and emphasizes the inability of the United States to
provide war equipment or supply Brazil with adequate shipping.
4. A source of former reliable information states that the Japanese have a complete military
organization in Brazil controlled by Japanese officers, including some generals who were sent to Brazil from Japan for the specific purpose of
directing this organization. That part of the organization in the vicinity of Sao Paulo numbers more than 25,000. This branch of the organization is
capable of capturing the city of Sao Paulo within thirty minutes. Indications are that similar Japanese organizations are located strategically in
the interior, and their principal duty will be to prevent the arrival of assistance to many key points, as the Japanese have acquired through
purchasing or leasing of property control of strategic positions dominating principal railways, certain fortifications controlling land through
which drinking water conduits and electric cables pass to the Brazilian fortresses of Itaipu at Sao Vicente and Monduba at Guaraja, both built for
defending the Port of Santos. It is stated that the largest explosive factory in South America, near Sao Miguel, and the General Motors plant at Sao
Caetano, manufacturing tanks and armored cars, and certain reservoir and dams of the Light and Power Company at Alto da Serra are surrounded by
Japanese land owners, and that these places will be blown up when the command is given by Japanese in authority.
5. The radio and the press announce that a decree has just been issued to permit seizure of
property of nationals of countries that carry out acts of aggression against Brazil or Brazilians. Brazil therefore can seize the possessions of
Axis subjects, thus obtaining compensation for losses incurred by the sinking of Brazilian ships. In another decree, President Vargas empowered
himself to declare war or a state of emergency without vote of Parliament.
6. The government had taken no positive action in retaliation for previous ship sinkings as no
Brazilian lives had been lost; but with the sinking of the fourth ship (the Cayru) fifty-one lives were lost, and this has aroused so much anger and
indignation that the President is reported to be ready to take strong measures, even going as far as to declare war on the Axis.
7. It is Germany's policy to stir unrest in Latin America and the present conditions may be a
premeditated plan to start a revolution in Brazil. The Brazilian Army, consisting of about 100,000 men, is mainly concentrated in the South and
Northeast (see attached map). There are several key men in the Army with Axis leanings. The combat aircraft totals approximately 31 obsolete and
obsolescent planes.
8. It is understood that some Brazilian authorities are of the opinion that their armed forces are
fully capable of coping with any civil uprisings or activities of a foreign nation. However, the opinion of qualified United States military
authorities is to the effect that the Brazilians must have, without delay, strong United States support to accomplish this end. President Vargas has
shown his personal desire to cooperate in hemisphere defense and was highly influential in anti-Axis measures taken at the Rio de Janeiro conference.
However, he has not handled the political problems of Brazil with a firm hand due, no doubt, to conditions caused by Axis influence. It is believed
that the present condition in Brazil has gone far beyond the classification of a mere war of nerves, but that the government can handle the
situation provided the Army gives it full backing. The political stability of the Vargas regime also depends to a large extent upon the support of
the United States. Without our strong support, the present government may fall.
Raymond E. Lee,
Brigadier General, U. S. Army,
Assistant Chief of Staff, G-2
Tradução livre, por Novo Milênio:
Memorando para o assistente-chefe da equipe, WPD:
Assunto: Situação no Brasil
1. O seguinte cabograma do embaixador dos Estados Unidos e nosso adido militar foi recebido esta
noite:
"Ministro do Exterior Aranha e seu Ministro da Aeronáutica estão apreensivos sobre reporte de que
ordens foram emitidas por Berlim. Autoridades brasileiras consideram que o putsch é iminente. Há crescente indignação e
Departamento de Guerra
Departamento da Guerra Pessoal Geral
Divisão de Inteligência Militar G-2
Washington
12 de março de 1942
MEMORANDO PARA O CHEFE ADJUNTO DO ESTADO-MAIOR, WPD:
Assunto: Situação no Brasil.
1. O cabograma seguinte dos Estados Unidos e do nosso embaixador Adido Militar atuação foi
recebido ontem à noite:
"Ministro dos Negócios Estrangeiros Aranha e o Ministro da Aeronáutica
estão apreensivos sobre o relatório de que ordens tenham sido enviadas por Berlim. Autoridades brasileiras consideram que o golpe é iminente. Há
indignação crescente e preocupação com afundamento de navios brasileiros".
2. Submarinos do Eixo afundaram quatro navios brasileiros e um quinto tem vários dias de atraso.
Esta é parte de uma campanha para intimidar Argentina e Chile, com vista a evitar que estas duas nações declararem guerra ao Eixo e também para
notificar a outras repúblicas latino-americanos que sofrerão punição semelhante se se aliarem contra o Eixo.
3. Atividades de quinta-coluna no Brasil têm crescido mais ousado com os reveses aliados, e a
inquietação, especialmente nos estados do Sul, está aumentando. A propaganda do Eixo foi intensificada e enfatiza a incapacidade dos Estados Unidos
para fornecer equipamentos de guerra ou apoiar o Brasil com navegação adequada.
4. Uma fonte tradicional de informações confiáveis indica que os japoneses têm uma completa
organização militar no Brasil controlada por oficiais japoneses, incluindo alguns generais que foram enviados para o Brasil do Japão para a
finalidade específica de dirigir esta organização. Essa parte da organização nos arredores de São Paulo tem mais de 25.000
[pessoas]. Este ramo da organização é capaz de
capturar a cidade de São Paulo no prazo de trinta minutos. Há indicações de que semelhantes organizações japonesas estão localizadas
estrategicamente no interior, e seu principal dever será o de impedir a chegada de assistência a muitos pontos-chave, que os japoneses adquiriram
através de compra ou arrendamento de controle de propriedade de posições estratégicas dominando as principais ferrovias, certas fortificações
controlando a terra através da qual passam condutos de água potável e cabos elétricos para as fortalezas brasileiras de Itaipu em São Vicente e
Monduba em Guajará (N.E.: SIC: correto é Guarujá),
ambas construídas para defender o porto de Santos. Afirma-se que a maior fábrica de explosivos na América do Sul, perto de São Miguel, e a fábrica
da General Motors em São Caetano, fabricando tanques e carros blindados, e certos reservatórios e barragens da Companhia Força e Luz no Alto da
Serra estão cercados por terras pertencentes a japoneses, e que esses locais serão explodidos quando o comando for dado por japoneses com
autoridade.
5. O rádio e a imprensa anunciam que um decreto acaba de ser emitido para permitir a apreensão de
bens de nacionais de países que realizam atos de agressão contra o Brasil ou brasileiros. O Brasil, portanto, pode aproveitar as posses de
indivíduos do Eixo, assim obtendo indenização por perdas sofridas pelo afundamento de navios brasileiros. Em outro decreto, o presidente Vargas se
concedeu poder de declarar guerra ou de estado de emergência, sem votação do Parlamento.
6. O governo não tomou nenhuma ação positiva em retaliação por naufrágios de navios anteriores,
enquanto vidas brasileiras não haviam sido perdidas, mas com o naufrágio do quarto navio (o Cayru) 51 vidas foram perdidas, e isso tem
despertado tanta raiva e indignação que é relatado o presidente estar pronto a tomar medidas fortes, mesmo indo tão longe como declarar guerra ao
Eixo.
7. É política da Alemanha para provocar agitação na América Latina e as condições atuais podem ser
um plano premeditado para iniciar uma revolução no Brasil. O Exército brasileiro, composto de cerca de 100.000 homens, está concentrado
principalmente nas regiões Sul e Nordeste (ver mapa em anexo). Existem vários homens-chave no Exército com inclinações para o Eixo. A aviação de
combate totaliza cerca de 31 aviões obsoletos e obsolescentes.
8. Entende-se que algumas autoridades brasileiras são da opinião de que suas forças armadas são
totalmente capazes de lidar com as revoltas civis ou atividades de uma nação estrangeira. No entanto, a opinião de qualificadas autoridades
militares dos Estados Unidos é no sentido de que os brasileiros devem ter, sem demora, forte apoio dos Estados Unidos para alcançar este fim. O
presidente Vargas mostrou seu desejo pessoal de cooperar na defesa do hemisfério e foi muito influente nas medidas anti-Eixo tomadas na conferência
do Rio de Janeiro. No entanto, ele não tem tratado os problemas políticos do Brasil com mão firme, devido, sem dúvida, às condições causadas pela
influência do Eixo. Acredita-se que a condição atual no Brasil tem ido muito além da classificação de uma mera guerra de nervos, mas que o governo
pode lidar com a situação, desde que o Exército lhe dá total apoio. A estabilidade política do regime de Vargas também depende, em grande medida, do
apoio dos Estados Unidos. Sem o nosso forte apoio, o atual governo pode cair.
Raymond E. Lee,
General de Brigada, U. S. Army,
Chefe Adjunto do Estado-Maior, G-2 |