Imagem: reprodução parcial da matéria original
Arquivo enviado a Novo Milênio pelo produtor
artístico Eduardo Fernandes,
em 29/7/2011
Diretores da Companhia Telefônica discutem com o prefeito a questão do aumento
tarifário
Consideram grandemente deficitários os serviços telefônicos da cidade - Plano
de expansão que prevê ligações diretas, sem auxílio de telefonista, entre Santos e São Paulo - Financiamento pelos próprios assinantes
Realizou-se ontem, no
gabinete do prefeito municipal, uma importante reunião, na qual tomaram parte o chefe do Executivo santista e diretores da Companhia Telefônica
Brasileira, os senhores J. A. Wiltgen, engenheiro-chefe dessa companhia, Maurice Bélanger, assistente do vice-presidente, e José Portugal Goveia,
superintendente comercial.
No contato que mantiveram com o dr. Antonio Feliciano, os diretores da concessionária
dos serviços telefônicos trataram de assunto relativo ao aumento parcial das tarifas, reclamado pelas despesas que decorrerão do reajustamento
salarial de seus empregados, conforme o acordo já assinado, no ministério do Trabalho, pela companhia e seus trabalhadores.
Revisão geral das tarifas - Após ponderarem as razões que os levaram a
pleitear a necessária autorização municipal para o aumento parcial das tarifas, em caráter de urgência, a fim de que a companhia possa suportar o
aumento salarial, aqueles diretores expuseram, ainda, ao prefeito, as precárias condições financeiras do serviço telefônico de Santos, voltando à
questão da revisão geral das tarifas, assunto que vem sendo objeto de entendimentos desde o primeiro semestre de 1955, quando, segundo as
disposições contratuais existentes entre a companhia e o Município, pode ser pleiteado o reajustamento tarifário.
Lembraram, os representantes da Telefônica, que têm sido pesadamente deficitários
esses serviços públicos em Santos, informando que o total das taxas cobradas em nossa cidade não chega a cobrir nem mesmo as despesas com a
conservação da rede, sem levar em contato as despesas com o salário do pessoal, novas instalações e outros gastos de vulto, para cuja cobertura a
companhia tem lançado mão de seu movimento financeiro de outras cidades.
Demonstrando a disparidade entre a taxa cobrada e a manutenção dos serviços
telefônicos, os diretores da companhia informaram que, nesses cinco anos, o custo de operação e conservação da rede sofreu um aumento superior a
100%, acrescido, ainda, do preço das novas instalações. Em 1950, segundo argumentaram, cada novo telefone instalado custava, para a companhia, cinco
mil cruzeiros. Hoje está custando vinte e cinco mil cruzeiros, sendo a taxa cobrada a mesma de 1950.
Plano de expansão - Diante de tais circunstâncias, os diretores da Companhia
Telefônica informaram, ao prefeito municipal, que a concessionária pretende realizar, em Santos, um plano de expansão, que prevê financiamentos
realizados pelos próprios assinantes e pelos pretendentes a telefones, a exemplo do que já fez em Curitiba, Sorocaba e em outros países, como
Uruguai e México.
O prefeito Antonio Feliciano declarou reconhecer as dificuldades do problema exposto
pela companhia, mas solicitou o envio, por escrito, das bases desse plano que será traçado para Santos. Disse que só depois de conhecê-lo, em todos
os seus detalhes, poderá iniciar encaminhamento definitivo para o assunto.
Os diretores da Telefônica prometeram elaborar, imediatamente, o plano e submetê-lo à
apreciação dos poderes municipais.
Serviço interurbano entre Santos e S. Paulo - Durante os debates com o
prefeito, os diretores da companhia informaram que já está sendo instalado um cabo coaxial entre S. Paulo e Santos, que aumentará para 360 circuitos
o sistema de comunicação das duas cidades, que, atualmente, conta apenas com 74 circuitos.
Outro detalhe de importância, que será previsto pelo plano de expansão para Santos, é
a aplicação, em nossa cidade, pela primeira vez na América do Sul, dos "serviços medidos". É uma inovação técnica que permitirá, ao assinante
santista, discar diretamente para São Paulo, sem interferência de telefonista. Para isto a companhia já está construindo, ao longo da via Anchieta,
casas que se destinarão às estações repetidoras. |