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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - TELECOMUNICAÇÃO
Um século de telecomunicações (12)

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Datam dos anos finais do século XIX as primeiras referências sobre os serviços de telecomunicações em Santos. Da mesma forma que outros serviços públicos, uma característica era a fixação de tarifas por várias décadas, sendo causa de verdadeira comoção popular um reajuste tarifário. Por isso, torna-se curiosa a notícia publicada na edição de 7 de abril de 1956 no jornal A Tribuna - ortografia atualizada nesta transcrição):


Imagem: reprodução parcial da matéria original

Arquivo enviado a Novo Milênio pelo produtor artístico Eduardo Fernandes, em 29/7/2011

Diretores da Companhia Telefônica discutem com o prefeito a questão do aumento tarifário

Consideram grandemente deficitários os serviços telefônicos da cidade - Plano de expansão que prevê ligações diretas, sem auxílio de telefonista, entre Santos e São Paulo - Financiamento pelos próprios assinantes

Realizou-se ontem, no gabinete do prefeito municipal, uma importante reunião, na qual tomaram parte o chefe do Executivo santista e diretores da Companhia Telefônica Brasileira, os senhores J. A. Wiltgen, engenheiro-chefe dessa companhia, Maurice Bélanger, assistente do vice-presidente, e José Portugal Goveia, superintendente comercial.

No contato que mantiveram com o dr. Antonio Feliciano, os diretores da concessionária dos serviços telefônicos trataram de assunto relativo ao aumento parcial das tarifas, reclamado pelas despesas que decorrerão do reajustamento salarial de seus empregados, conforme o acordo já assinado, no ministério do Trabalho, pela companhia e seus trabalhadores.

Revisão geral das tarifas - Após ponderarem as razões que os levaram a pleitear a necessária autorização municipal para o aumento parcial das tarifas, em caráter de urgência, a fim de que a companhia possa suportar o aumento salarial, aqueles diretores expuseram, ainda, ao prefeito, as precárias condições financeiras do serviço telefônico de Santos, voltando à questão da revisão geral das tarifas, assunto que vem sendo objeto de entendimentos desde o primeiro semestre de 1955, quando, segundo as disposições contratuais existentes entre a companhia e o Município, pode ser pleiteado o reajustamento tarifário.

Lembraram, os representantes da Telefônica, que têm sido pesadamente deficitários esses serviços públicos em Santos, informando que o total das taxas cobradas em nossa cidade não chega a cobrir nem mesmo as despesas com a conservação da rede, sem levar em contato as despesas com o salário do pessoal, novas instalações e outros gastos de vulto, para cuja cobertura a companhia tem lançado mão de seu movimento financeiro de outras cidades.

Demonstrando a disparidade entre a taxa cobrada e a manutenção dos serviços telefônicos, os diretores da companhia informaram que, nesses cinco anos, o custo de operação e conservação da rede sofreu um aumento superior a 100%, acrescido, ainda, do preço das novas instalações. Em 1950, segundo argumentaram, cada novo telefone instalado custava, para a companhia, cinco mil cruzeiros. Hoje está custando vinte e cinco mil cruzeiros, sendo a taxa cobrada a mesma de 1950.

Plano de expansão - Diante de tais circunstâncias, os diretores da Companhia Telefônica informaram, ao prefeito municipal, que a concessionária pretende realizar, em Santos, um plano de expansão, que prevê financiamentos realizados pelos próprios assinantes e pelos pretendentes a telefones, a exemplo do que já fez em Curitiba, Sorocaba e em outros países, como Uruguai e México.

O prefeito Antonio Feliciano declarou reconhecer as dificuldades do problema exposto pela companhia, mas solicitou o envio, por escrito, das bases desse plano que será traçado para Santos. Disse que só depois de conhecê-lo, em todos os seus detalhes, poderá iniciar encaminhamento definitivo para o assunto.

Os diretores da Telefônica prometeram elaborar, imediatamente, o plano e submetê-lo à apreciação dos poderes municipais.

Serviço interurbano entre Santos e S. Paulo - Durante os debates com o prefeito, os diretores da companhia informaram que já está sendo instalado um cabo coaxial entre S. Paulo e Santos, que aumentará para 360 circuitos o sistema de comunicação das duas cidades, que, atualmente, conta apenas com 74 circuitos.

Outro detalhe de importância, que será previsto pelo plano de expansão para Santos, é a aplicação, em nossa cidade, pela primeira vez na América do Sul, dos "serviços medidos". É uma inovação técnica que permitirá, ao assinante santista, discar diretamente para São Paulo, sem interferência de telefonista. Para isto a companhia já está construindo, ao longo da via Anchieta, casas que se destinarão às estações repetidoras.


CTB - Companhia Telefônica brasileira
Publicado no jornal santista A Tribuna em 4 de abril de 1956, página 27 (última)

Arquivo enviado a Novo Milênio pelo produtor artístico Eduardo Fernandes, em 29/7/2011

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