Semana de negociação no caso da autonomia
Esta será uma semana decisiva para a autonomia de Santos.
O deputado federal Gastone Righi quer começar a semana com o pé direito, como diz,
conseguindo novos adeptos à sua tese de que Santos perdeu a autonomia por questões políticas e não por questões de segurança nacional. Com isso, vai
tentar provar a vários políticos e autoridades que o caso de Santos é excepcional e que dentro do caráter da excepcionalidade baseia-se o seu
projeto que revoga o decreto 865 (de 12 de setembro de 1969), restabelecendo a autonomia santista.
A tese de Righi, fundamentada no projeto nº 72/83, aprovado por unanimidade pela
Câmara Federal, conservou a mesma redação para a tramitação no Senado e já foi distribuída às três comissões que darão o parecer brevemente, após a
escolha do relator de cada uma delas.
"Segunda-feira (amanhã), saberei quem é o relator da Comissão de Constituição e
Justiça", diz Righi com otimismo, porque optou por três nomes dentre os 10 titulares que o PDS tem nessa comissão: são os senadores Murilo Badaró,
mineiro e amigo pessoal de Righi; Amaral Furlan, paulista, com acesso às lideranças pedessistas e que já se disse favorável ao retorno da autonomia
santista; e o paraibano Marcondes Gadelha, um ex-filiado ao extinto MDB e que também seria a favor da aprovação da matéria.
Assim que souber o nome do relator, Righi passará a uma nova etapa de conversações:
vai procurar os titulares do PDS membros da Comissão de Segurança Nacional, para saber deles quais as reais possibilidades de o parecer ser também
favorável. Depois dessa comissão, o projeto passa à Comissão dos Municípios, onde Righi acredita não haver problema quanto ao parecer.
"Se acontecer alguma coisa, estou certo que será na Comissão de Segurança Nacional",
diz, para enfatizar que mesmo assim continua confiante quanto à sua tese da excepcionalidade do caso de Santos.
Delfin e Venturini - Não param nos políticos as conversações de bastidores a
que se empenha o deputado petebista, com o o auxílio de vários outros políticos. Amanhã mesmo, Righi vai coletar as assinaturas dos líderes dos
partidos de Oposição no Senado ao seu projeto e já adianta que todos eles (Nélson Carneiro, do PTB; Roberto Saturnino, do PDT; e Humberto Lucena, do
PMDB) estão apoiando a matéria.
"Todo o cuidado é pouco quanto à obtenção do apoio da liderança pedessista. E espero
obtê-la no momento certo", diz Righi, em sua cautela natural desde que se dispôs a jogar no Congresso o projeto 72.
Mas, na verdade, as tentativas de apoio no campo do PDS já começaram há algum tempo.
Righi diz que tem ouvido vários senadores e que muitos dos pedessistas (ele enumera pelo menos 22 dispostos a aprovar a matéria) estão comprometidos
com sua tese. Só que o deputado não se restringe, nas negociações, ao campo político: terça ou quarta-feira ele manterá encontro com o ministro
Delfin Neto, a quem vai solicitar o apoio ao projeto, e, na quarta-feira, às 11 horas, dará o maior lance de todas as jogadas no sentido da
aprovação do projeto, quando falará com o ministro Danilo Venturini, secretário do Conselho de Segurança Nacional, peça imprescindível para opinar
sobre o parecer da Comissão de Segurança Nacional do Senado.
Enquanto isso, Righi diz que já ganhou o apoio do vice-presidente, Aureliano Chaves, e
que ele revelou-se disposto a levar sua opinião aos ministros Danilo Venturini e Leitão de Abreu (da Casa Civil).
Mas a semana continua com outros contatos.
Mobilização local - Na quarta-feira, tão logo tenha o resultado de suas
audiências a nível Executivo (e com um quadro da semana no campo político), o deputado Gastone Righi manterá contato com os presidentes das
comissões santistas. Assim, ele falará com o presidente da CEV da autonomia, vereador Eduardo Castilho Salvador, e com o presidente da Comissão
Ampla da Comunidade, advogado Rogério Blanco, no sentido de informá-lo sobre tudo o que se passa em Brasília.
Ainda na quarta-feira, a par das informações passadas por Righi, as duas comissões vão
se reunir, às 16 horas, no plenário da Câmara Municipal, para traçar os planos de mobilização da comunidade. As listas com os nomes dos senadores e
o endereço do Senado, contudo, já começam a circular amanhã pelos vários setores da comunidade, para que se envie correspondência aos parlamentares
citados.
As comissões já traçam, além disso, um esquema de ida ao Senado, quando da votação do
projeto, para a pressão direta aos senadores.
Mas o esquema só se desenhará na reunião de quarta-feira, quando outras sugestões -
como a de um extenso abaixo-assinado de toda a Cidade -, serão colocadas para discussão entre os membros das comissões.
Há muito trabalho pela frente. E pela autonomia.
No encontro na Câmara, sugestões para mobilizar a comunidade confiante
Foto publicada com a matéria
Prefeito afirma que PDS dá apoio maciço
"O PDS, a nível nacional, estadual e municipal, apóia, posso até dizer que maciçamente
o projeto do deputado Gastone Righi".
Com esta frase, o prefeito Paulo Gomes Barbosa deu como líquida e certa a aprovação do
projeto que restitui a autonomia de Santos. E, para provar que está mesmo empenhado nos contatos legislativos, Barbosa tirou de sua maleta preta
cópias de listas dos senadores, contendo nome, telefone direto, ramais dos gabinetes no Senado, endereço e telefone das residências e até o nome dos
chefes dos gabinetes, para os contatos preliminares.
Esses contatos, Barbosa disse que fará a partir de amanhã, quando retorna a Brasília
para encontros com líderes do PDS no Congresso. Barbosa quer falar novamente com o senador biônico (N.E.: senador
nomeado, não eleito pelo povo, artificial) por São Paulo, Amaral Furlan, e também com o senador José Sarney, presidente
nacional do PDS, para que reafirmem sua disposição de votar a favor do projeto.
Na terça-feira, o prefeito e o ex-deputado federal Sílvio Fernandes Lopes têm encontro
marcado, logo cedo, com o senador Amaral Furlan e, às 15,30 horas, irão ao gabinete do ministro Delfin Neto (membro do Diretório Nacional do PDS),
para que os auxilie no contato com todos os senadores pedessistas. Esta será a primeira audiência a nível de Executivo com Barbosa, que tem se
limitado apenas aos contatos com políticos de seu partido, requisitando o apoio ao projeto de Righi, conforme revelou aos jornalistas.
Sobre as notícias de que Barbosa iria ao ministro Delfin Neto pedir para que continue
no cargo até a realização de eleições - caso o projeto seja aprovado no Senado e obtenha a sanção presidencial, restabelecendo a autonomia -, o
prefeito limitou-se a dizer: "O deputado Gastone Righi é testemunha do que eu tenho feito em Brasília. Eu nunca fiz nenhum apelo no sentido de
continuar no cargo".
Endereços e nomes dos senadores
Senado Federal
Praça dos Três Poderes
CEP 70.000 - Brasília-DF
Este é o endereço do Senado Federal, para onde os santistas poderão enviar
correspondência (carta ou telegrama) a partir de amanhã, reivindicando dos senadores da relação abaixo o voto favorável ao projeto do deputado
federal Gastone Righi (PTB), que restitui a Santos o direito de eleger o seu prefeito.
A sugestão é do próprio autor da matéria e foi lançada durante a reunião de
sexta-feira, na Câmara Municipal, no encontro que teve com os membros da Comissão Especial de Vereadores que trata da autonomia e com os
representantes da Comissão Ampla Pró-Autonomia. Righi distribuiu cópias da lista de senadores aos presentes, para que fossem passadas aos indicados,
às entidades de servir, às associações e a todos os segmentos da sociedade, no sentido de que enviem cartas ou telegramas aos membros do Senado que
votarão o projeto brevemente. O uso do telex pode ser feito pelo número (061) 2025.
"Se cada santista enviar uma carta ou telegrama a um dos senadores, tenho certeza de
que eles serão receptivos ao apelo de uma comunidade que há 14 anos vive com seus grilhões e está impedida do direito inalienável de escolher o
representante municipal", diz Righi, para apontar seu otimismo quanto à mobilização da Cidade em favor do seu projeto em tramitação no Senado.
Nesse sentido - e aproveitando ao máximo as sugestões apresentadas pelo deputado
petebista - alguns representantes sindicais presentes ao encontro já requisitaram cópias da listagem de senadores, para o envio maciço de
correspondência nos próximos dias.
Os 69 senadores - São 46 senadores do PDS, 21 do PMDB, um do PTB e outro do
PDT. Destes, conforme a informação do deputado Righi, 45 (todos de Oposição e 22 do PDS) estariam dispostos a votar favoravelmente ao projeto. Mas,
se todos forem pressionados pela comunidade, melhor será para que mantenham o compromisso ou que acatem a reivindicação dos santistas para a
reconquista da autonomia. A relação é a seguinte:
PDS - Aderbal Jurema, Albano Franco, Alexandre Costa, Almir Pinto, Aloísio Chaves,
Amaral Furlan, Amaral Peixoto, Benedito Canelas, Benedito Ferreira, Carlos Alberto, Carlos Chiarelli, Claudionor Roriz, Dinarte Mariz, Eunice
Michiles, Gabriel Hermes, Galvão Modesto, Guilherme Palmeira, Helvídio Nunes, João Calmon, João Castelo, João Lobo, João Lúcio, Jorge Bornhausen,
Jorge Kalume, Altevir Leal, José Lins, José Sarney (presidente nacional do PDS), Jutahy Magalhães, Lenoir Vargas, Lomanto Júnior, Lourival Baptista,
Luiz Cavalcante, Luiz Viana, Marcondes Gadelha, Marco Maciel, Martins Filho, Mílton Cabral, Moacir Dalla, Murilo Badaró, Nilo Coelho (presidente do
Senado), Odair Soares, Passos Porto, Raimundo Parente, Roberto Campos, Octávio Cardoso (que substitui ao falecido Tarso Dutra) e Virgílio Távora.
PMDB - Affonso Camargo, Aberto Silva, Álvaro Dias, Eneas Faria, Fábio Lucena, Fernando
Henrique Cardoso, Gastão Muller, Hélio Gueiros, Henrique Santillo, Humberto Lucena, Itamar Franco, Jaílson Barreto, José Frangelli, José Ignácio,
Marcelo Miranda, Mário Maia, Mauro Borges, Pedro Simon, Saldanha Derzi, Severo Gomes e Alfredo Gomes.
PDT - Nélson Carneiro.
PDT - Roberto Saturnino. |