LEILÃO – Por conta de um débito trabalhista,
a Associação Espírita Beneficente Anjo da Guarda teve sua sede arrematada
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria
Quinta-feira, 23 de Novembro de 2006,
07:14
CRISE
Anjo da Guarda perde seu imóvel
Da Reportagem
Com 123 anos de existência, a Associação Espírita
Beneficente Anjo da Guarda sofreu ontem mais um grave revés, de uma crise que se arrasta, pelo menos, desde 2002. Por conta de um débito
trabalhista, a entidade teve sua sede arrematada no Leilão Unificado das Varas do Trabalho de Santos, em um processo movido por Elza Franke Galante.
Avaliado em R$ 100 mil, o imóvel da Conselheiro Nébias,
124, que já chegou a atender 50 crianças carentes com alimentação, roupas e atividades, foi arrematado por R$ 35 mil, pelo escritório Ogando e
Hermida Advocacia.
A Tribuna deixou recado para o presidente da entidade, Maurício Guedes, em seu
consultório. A informação foi de que, ontem, ele estava em São Paulo. Até à noite, Guedes não retornou a ligação. Extra-oficialmente, A Tribuna
apurou que parte da sede atual ocupa também o número 126 da avenida, que não foi leiloado.
À tarde, ninguém foi localizado na sede da entidade, que está com aspecto de abandono.
Dos cinco números de telefone da entidade registrados na Secretaria Municipal de Assistência Social, quatro não eram atendidos e um já não pertence
à associação.
Em setembro de 2002, 26 crianças abrigadas na entidade foram transferidas. Restou
então, somente a distribuição de refeições para famílias moradoras dos cortiços da região central, em meio a diversos problemas de atraso no
pagamento dos funcionários.
Comodato - Sócio do escritório que adquiriu o imóvel, Denis Domingues Hermida
garantiu que a intenção do grupo não é retirar a instituição da sede. "Nosso objetivo é ajudar. Queremos discutir o futuro da entidade e, com uma
administração séria, ceder o imóvel em comodato". No comodato, a propriedade do prédio continuaria com o escritório, mas a entidade teria o direito
de uso gratuito.
Hermida ainda destacou que o arremate do escritório protege a sede, visto que, em
função das dívidas trabalhistas, ela é freqüentemente incluída nos leilões da Justiça do Trabalho. "Alguém poderia comprar e tirar a entidade de
lá".
CSTC - Seis lotes incluídos ontem no leilão unificado estavam
relacionados com dívidas trabalhistas da Companhia Santista de Transportes Coletivos (CSTC). Antes
do início dos lances, porém, a direção da empresa depositou os valores devidos aos ex-funcionários e os imóveis foram retirados.
Uma antiga subestação elétrica, na Rua Itapura de Miranda, 28, estava na relação,
avaliada em R$ 556 mil. O principal patrimônio da empresa, o imóvel onde hoje fica a sede da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), na
Avenida Rangel Pestana, 140, também foi retirado. Ele está avaliado em R$ 7.225.517,46.
Prédio, na Conselheiro Nébias, foi arrematado por R$ 35 mil
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria
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