Uehara destaca que haverá uma nova rota viária alternativa
Foto: Édison Baraçal, publicada com a matéria
OBRA
Prefeitura anuncia licitação para o túnel
Edital deve ser publicado nos próximos dias no D.O.
Luiz Gomes Otero
Da Reportagem
Uma obra tida como essencial pra o trânsito da Cidade pode começar a ser viabilizada ainda este ano. Até a próxima semana, a Prefeitura irá publicar no
Diário Oficial o edital da concorrência do complexo viário que interligará as zonas Leste e Noroeste da Cidade. A obra inclui a construção de um túnel com 1.350 metros de extensão, que vinha sendo pleiteado desde 1988, durante a gestão do então
prefeito Oswaldo Justo.
Na prática, a obra criará uma ligação viária entre Santos e São Vicente, por meio dos bairros Marapé e Vila São Jorge.
Nesta semana, a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Seosp) nomeou a comissão que ficará encarregada de acompanhar o processo licitatório do projeto executivo da obra, cujo
valor total é orçado em torno de R$ 147 milhões. Em paralelo, está sendo elaborado o Relatório de Impacto sobre o Meio-Ambiente (EIA-Rima), que deve ser concluído até o início do segundo semestre.
O presidente da comissão é o assessor da Seosp, Maurício Uehara, que ontem revelou detalhes da obra. Em um primeiro momento será realizada uma série de melhorias na rede de drenagem no
sistema viário que dará acesso ao túnel.
Conseqüência |
"Com essa ligação, a Zona Noroeste terá um novo impulso de desenvolvimento"
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Maurício Uehara
Assessor da Seosp
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A corrida em torno do processo licitatório ocorre por causa do prazo de liberação da verba federal, de R$ 5 milhões 800 mil, incluída no Orçamento Federal pela bancada paulista no
Congresso Nacional. Em 2003, a verba disponibilizada e não aproveitada foi de R$ 9 milhões 800 mil.
Estão previstas intervenções nas avenidas Haroldo de Camargo, no Jardim Rádio Clube, e Francisco da Costa Pires. O trajeto contorna a Praça Estado de Israel e chega até a Avenida Eleonor
Roosevelt, na Vila São Jorge, no final da Praça Otávio Ribeiro de Araújo. O túnel fará a interligação com a Rua Dom Duarte Leopoldo e Silva, no Marapé.
No caso da Avenida Haroldo de Camargo, está prevista uma ampliação da pista e melhorias no córrego para amenizar o problema das enchentes. Outra intervenção prevista é a implantação de
uma rotatória na Avenida Nossa Senhora de Fátima, no cruzamento com a Avenida Francisco da Costa Pires. De acordo com Uehara, a idéia é disciplinar o acesso ao novo complexo viário.
O túnel terá duas pistas, sendo que cada uma contará com três faixas para automóveis e uma para ciclovia, garantindo assim a segurança dos ciclistas. O projeto prevê a colocação de um
sistema de ventilação semelhante ao que foi implantado nos túneis da nova pista (Ascendente) da Rodovia dos Imigrantes.
Segundo Uehara, a estrutura se assemelha à do Túnel Rubens Ferreira Martins. "O grande diferencial é que, com essa ligação, a Zona Noroeste terá um novo impulso de desenvolvimento. E a
Baixada Santista ganhará uma nova rota viária alternativa".
A programação prevê a publicação do edital e o início da licitação, que deve ser concluída até julho, data prevista para o início das obras. Nesta primeira fase, a Prefeitura pretende
utilizar a verba federal para executar intervenções de drenagem e melhorias no trecho viário da Zona Noroeste. Para a construção do túnel, a Administração Municipal também terá que pleitear recursos externos.
Imagem publicada com a matéria
Agem sinalizou a prioridade em março de 2002
Em março de 2002, a Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem) divulgou um relatório que apontava a construção do túnel como obra prioritária para desafogar o fluxo de veículos
criado a partir da conclusão da segunda pista da Imigrantes.
A Agem alertava na época para a necessidade de aplicação de R$ 54 milhões 300 mil para execução dos serviços considerados de curto prazo entre Santos e São Vicente. Os valores constavam
no Planejamento e Valoração das Intervenções Propostas para a Adequação do Estudo de Impacto da Segunda Pista da Imigrantes Sobre o Sistema Viário de Interesse Metropolitano da Baixada Santista, denominado Planavalor.
Segundo o assessor da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Seosp), Maurício Uehara, a proposta da Agem consistia em fazer uma ligação com a Rodovia dos Imigrantes, a partir
do túnel.
"Com a obra saindo do papel, de forma efetiva, essa proposta poderá voltar a ser discutida no futuro", assinalou.
Tanto do lado da ZN (foto) como da Zona Leste serão necessárias intervenções no sistema viário
Foto: Édison Baraçal, publicada com a matéria
Pedido é da época de Justo como prefeito
A novela envolvendo a obra do túnel vem sendo escrita desde 1988, quando o então prefeito Oswaldo Justo se reuniu com o então governador do Estado, Orestes Quércia, que se comprometeu a
realizá-la. A partir da construção da segunda pista da Rodovia dos Imigrantes, a obra voltou a ser apontada por especialistas como prioritária para desafogar o sistema viário, em função dos impactos causados pela nova estrada.
Em novembro de 2000, a Secretaria Estadual de Transportes informou que a proposta de inclusão da construção do túnel não foi apresentada ao então governador do Estado, Mário Covas. Os
técnicos da pasta entenderam que a obra era prioridade de médio prazo, ou seja, que poderia ser executada até 2007.
Em janeiro de 2002, depois de vários anúncios não cumpridos, o prefeito Beto Mansur divulgou que o projeto executivo da obra seria publicado em 90 dias. Entretanto, o processo acabou
sendo adiado por causa de uma exigência do Tribunal de Contas da União (TCU). O órgão exigiu a elaboração do Relatório de Impacto sobre o Meio-Ambiente (Eia-Rima) para liberar a verba federal.
O túnel representa uma alternativa de tráfego para a população da Zona Noroeste se deslocar até a Zona Leste. Atualmente, os moradores locais contam somente com a Avenida Martins Fontes
(na entrada da Cidade) e com o Morro da nova Cintra como opções de acesso, sendo que a segunda alternativa não possui estrutura adequada para absorver o crescente tráfego de veículos.
Cronologia |
Junho de 1988 |
O então prefeito Oswaldo Justo se reúne com o então governador do Estado, Orestes Quércia, que promete a construção do túnel ligando as zonas Leste e Noroeste. |
Fevereiro de 1997 |
Câmara de Santos retoma discussão em torno do túnel, com a formação de uma Comissão Especial de Vereadores (CEV). |
Agosto de 1997 |
O prefeito Beto Mansur assina contrato para elaborar projeto de construção do túnel. |
Junho de 2001 |
Câmara promove audiência pública para tratar sobre o projeto do túnel. |
Março de 2002 |
Prefeitura forma comissão para dar início aos estudos de impacto ambiental do túnel. |
Abril de 2002 |
Publicado edital de concorrência para construção do túnel. Obra atrai interesse de 73 empreiteiras. |
Maio de 2002 |
Prefeitura adia abertura dos envelopes com as propostas das empreiteiras participantes da licitação. |
Agosto de 2002 |
Licitação permanece suspensa e sem prazo para ser retomada. |
Setembro de 2002 |
Um parecer do TCU provoca novo atraso na concorrência. O documento exige a que a Prefeitura elabore um estudo de impacto ambiental. |
Janeiro de 2003 |
Beto Mansur anuncia que a obra só será iniciada em 2004. |
Dezembro de 2003 |
Bancada paulista consegue aprovar R$ 5 milhões 800 mil no Orçamento da União para construção do túnel. |
Fonte: Arquivo A Tribuna |
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