THALASSOTERAPIA - Nas praias de Santos, nova técnica utiliza as propriedades do mar
para tratar problemas físicos e emocionais
Foto: Edison Baraçal, publicada com a matéria
ALTERNATIVO
Thalassoterapia invade as praias santistas
Da Reportagem
Imagine usar as propriedades do mar para tratar
problemas psicológicos, físicos e emocionais e ainda ter a praia como clínica para esse tratamento. Pois esse é princípio da thalassoterapia, uma
nova técnica que começou a ser desenvolvida nas praias de Santos.
Esse princípio surgiu na Grécia antiga, mas as propriedades terapêuticas do banho de
mar foram desenvolvidas pelos franceses na década de 60, quando um ex-campeão de ciclismo se curou de uma profunda lesão com compressas de água do
mar.
No Brasil, a técnica foi introduzida pelo professor de Educação Física e nadador Mário
Jorge de Oliveira Bello, em 1981, em Ilhabela, no Litoral Norte, através do Programa Saúde na Praia.
Desde então, Bello tem utilizado e aprimorado a terapia pela água do mar. Ele explica
que a técnica se baseia no contato periódico do indivíduo com a água salgada e os componentes físico-químicos do ambiente marinho, com vistas ao
desenvolvimento das suas funções e habilidades.
"Em Ilhabela, mais de cem pessoas já se beneficiaram do
tratamento, com resultados impressionantes. Uma pessoa, que só se rastejava, passou a andar depois de alguns anos de tratamento",
diz o professor, que também é graduado em Pedagogia, com especialização no ensino especial na área de deficiências visual, mental e auditiva.
Indicações - A thalassoterapia é indicada para pessoas de qualquer faixa
etária, com problemas psicológicos, físicos e emocionais, ou que tenham algum trauma do mar.
A técnica é usada para o tratamento de doenças como o reumatismo, artrites, bursites
ou nevralgias e auxilia ainda na reabilitação de pessoas que tiveram algum tipo de paralisia ou derrame cerebral.
O tratamento também é recomendado para pessoas que sofrem com doenças da vida moderna,
como estresse, esgotamento, fadiga, sedentarismo, depressão, deficiências alimentares, tabagismo, distúrbios digestivos e recuperação pós-parto.
"A técnica ajuda a fortalecer o sistema imunológico,
aumenta a circulação, melhora a digestão, minimiza a sensação de dor, facilita a movimentação das articulações e proporciona uma sensação de
bem-estar".
O professor explica que água do mar é rica em minerais indispensáveis para a vida,
como iodo, flúor, cobre, ferro, entre outros.
De acordo com Bello, a thalassoterapia tem quatro pilares: "Olhar
o mar, cheirar o mar, entrar no mar e comer o que é produzido pelo mar".
"O movimento das ondas produz efeitos de massagem, que
estimulam a atividade muscular, proporcionando maior elasticidade e firmeza dos músculos. Além dos estímulos térmicos, que contribuem para melhorar
o estado do sistema circulatório e para prevenir doenças cardíacas".
Bello utiliza a técnica para melhorar as seqüelas de um Acidente Vascular Cerebral
(AVC), sofrido há cerca de um ano. "Cheguei a ficar cinco dias em uma cadeira de rodas, mas hoje estou muito bem, tanto
que já estou fazendo travessias no mar".
Soterramento - Entre as técnicas usadas na thalassoterapia está a do
soterramento. "A pessoa tem a cabeça envolvida por uma camiseta. Depois começa a ser enterrada na areia da praia pelos
pés, até ter todo o corpo coberto. Só na primeira experiência é que deixamos o braço de fora, para que a pessoa não entre em pânico. A técnica traz
uma paz e uma harmonia enorme e é ideal para quem sofre de estresse", diz o professor de Educação Física Nivaldo dos
Santos, de 53 anos, que é monitor do programa em Ilhabela.
Desde que se aposentou por invalidez, Santos passou a se dedicar totalmente ao
trabalho voluntário.
Tratamento é indicado para pessoas com problemas psicológicos, físicos e emocionais
Foto: Edison Baraçal, publicada com a matéria
Professor quer desenvolver ainda mais a terapia na Cidade
O professor de Educação Física Mário Jorge de Olivfeira Bello está recrutando
voluntários para desenvolver ainda mais em Santos um trabalho de thalassoterapia semelhante ao implantado por ele em Ilhabela, no Litoral Norte.
"Também estou tentando parceria com a Prefeitura de
Santos, para transporte dos deficientes até a praia, e com a escola de Surf Radical, para aproveitar os professores como monitores".
A intenção do professor é levar o trabalho para todo o litoral brasileiro. A
aposentada Leonor Álvares dos Santos, de 76 anos, se interessou pela técnica para ajudar o marido, que está em uma cadeira de rodas há 15 anos.
"Mas vejo que essa terapia também será muito boa para
mim. É uma delícia", disse Leonor, enquanto estava deitada na beira da água, amparada por uma voluntária.
O grupo irá se reunir hoje, a partir das 10 horas, ao lado do Posto 2, na Praia da
Pompéia. Quem tiver interesse pode ligar para 3227-8022 e falar com o Mário.
Grupo irá se reunir hoje, a partir das 10 horas, ao lado do Posto 2
Foto: Edison Baraçal, publicada com a matéria
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