PRESERVANDO A HISTÓRIA - Inaugurado em 1928, o Condomínio Palacete Olímpia, na Avenida
Presidente Wilson, nº 91, terá sua história preservada. O edifício acaba de ganhar o nível de proteção 2 do Conselho de Defesa do Patrimônio
Cultural de Santos (Condepasa). Além de 30 apartamentos, o imóvel abriga oito estabelecimentos comerciais
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
PATRIMÔNIO
Sob proteção da lei
Condepasa coloca no nível 2 o Palacete Olímpia, localizado na Pompéia. Outros
três imóveis, todos situados na orla, ficam na mesma situação
Da Reportagem
Mais um edifício da região da orla passou a ser
considerado no nível de proteção 2 do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural De Santos (Condepasa). Trata-se do Condomínio Palacete Olímpia,
situado na Avenida Presidente Wilson, nº 91, na Pompéia.
A partir de agora, os responsáveis pelo edifício terão que preservar as
características das fachadas principal e laterais, além de outros detalhes arquitetônicos, como ornamentos e revestimentos presentes na cobertura.
Além desse, também receberam o mesmo tipo de classificação os condomínios Verde Mar
(Boqueirão), Enseada (Ponta da Praia) e o Palacete São Paulo (Gonzaga), todos situados na região da orla.
Inaugurado em 1928, o Palacete Olímpia foi a primeira edificação plurirresidencial da
orla. Conta com 30 apartamentos, distribuídos pelos cinco andares do prédio. Também mantém oito estabelecimentos comerciais no piso térreo,
incluindo o tradicional Restaurante Olímpia, uma espécie de referência para quem freqüenta a orla.
Ao longo dos anos, o prédio sofreu algumas intervenções, como a troca do piso dos
corredores internos. Mas as fachadas ainda mantêm as características arquitetônicas, baseadas no estilo eclético do início do século 20. E também
conserva os dois elevadores originais, com capacidade para seis pessoas cada.
Características das fachadas principal e laterais do palacete não podem mais ser
modificadas
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
De acordo com o presidente do Condepasa, Bechara Abdala Pestana Neves, o nível 2
garante a preservação da fachada externa. "Os apartamentos não entram nesse contexto. Os proprietários dos imóveis podem efetuar reformas ou
adaptações no espaço interno, desde que elas não resultem em mudanças nas fachadas".
Moradora do Palacete Olímpia desde 1983, Elza Salotti sempre defendeu a preservação
das características arquitetônicas do prédio. E apoiou a decisão do Condepasa. "Sinto orgulho de morar em um edifício tão tradicional da Cidade. E
penso que os demais proprietários também pensam da mesma forma".
O síndico do Palacete Olímpia, Roberto Fernando Frojuello Júnior, disse que apóia a
iniciativa. "Trata-se realmente de um patrimônio histórico para a Cidade. Representa o início da construção dos edifícios da orla".
|
São 30 unidades divididas pelos 5 andares
|
|
Ontem, ele ainda não sabia maiores detalhes sobre a medida. Mas garantiu que irá se
inteirar a respeito do assunto: "Queremos saber se esse nível de proteção nos dá direito a algum incentivo para preservar a fachada, por exemplo".
Pestana Neves alertou que a legislação atual prevê incentivos para quem preserva os
imóveis considerados históricos ou com níveis de proteção em qualquer parte da Cidade. "Desde que o projeto esteja de acordo com as regras
determinadas pela legislação municipal em vigor".
Os proprietários ou condôminos de imóveis tombados fora da região do Centro podem
obter orientações junto ao Condepasa, que funciona na Avenida Pinheiro Machado, 48, 3º andar, de segunda a sexta-feira, em horário comercial. O
telefone é 3226-8006.
Já os proprietários de imóveis situados na região do Centro, Paquetá, Vila Nova e Vila
Mathias, que se encontram nas chamadas áreas de proteção cultural, devem se dirigir até a sede do escritório do Programa Alegra Centro, que fica na
Rua Frei Gaspar, nº 24. O telefone é 3219-4449.
Elza Salotti, moradora do edifício deste 1983, sempre defendeu
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
Dono de restaurante relembra velhas histórias
O comerciante José Leal, proprietário do Restaurante Olímpia, guarda na memória
diversas histórias pitorescas e marcantes do condomínio.
Ao longo de mais de 40 anos de funcionamento, o estabelecimento recepcionou diversas
personalidades do mundo artístico e do esporte, como os atletas do Santos Futebol Clube na década de 60, que alcançaram o bicampeonato mundial
interclubes.
José Leal lembrou que o jogador Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, foi hóspede
de uma das pensões localizadas na Rua Olavo Bilac. "Ele sempre podia ser visto por aqui, nas lojas do condomínio. E até hoje costuma nos visitar
quando sobra um pouco de tempo em sua agenda. Ele era muito amigo de outro comerciante daqui, o João Akaoui, que já faleceu".
PRESENÇA |
"Ele (Pelé) sempre podia ser visto por aqui, nas lojas do condomínio. E até hoje costuma nos visitar"
|
José Leal
Comerciante
|
Ainda sobre Pelé, Leal revela que manteve um encontro casual recente no Centro, em um
edifício onde o Atleta do Século possui um escritório de negócios. "Quando falei no nome do João Akaoui, as lágrimas rolaram na sua face. Ele se
lembrou daqueles tempos que não voltam mais".
Ainda é possível encontrar os ex-atletas freqüentando o restaurante, como José Eli de
Miranda, o Zito. "Aquele time tinha estrelas que também eram pessoas muito simples e humildes. Tenho muitas boas lembranças daquela linha de frente:
Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe".
Outra personalidade que freqüentava o Restaurante Olímpia era o cantor Luiz Américo,
que fez bastante sucesso na década de 70. "Hoje em dia, ele mantém um estabelecimento no Guarujá. Mas ainda é um amigo que sempre nos cumprimenta
quando nos vê".
Inaugurado em 1928, prédio foi a primeira edificação pluriresidencial situada na orla
da praia
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
|