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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (W)
Recuperação do Centro... e nos bairros (5)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas.

No início do século XXI, os santistas começaram a se preocupar com a preservação de seu patrimônio histórico-arquitetônico, não apenas no Centro Histórico mas já então em toda a área urbana, começando a incluir prédios residenciais construídos na orla da praia Exemplo disso foi registrado nesta matéria, publicada na edição de 17 de dezembro de 2004 do jornal A Tribuna:


HISTÓRIA CONCRETA - Projetado na década de 50, o Edifício Enseada não só resistiu ao tempo como ganhou status especial. O prédio situado na Avenida Bartolomeu de Gusmão, 180, 
na Ponta da Praia, foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa), que reconheceu seu valor histórico e cultural
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

CONDEPASA
Edifício Enseada recebe proteção cultural

Imóvel da orla da praia se encaixa no nível 2 de preservação

Da Reportagem

Na década de 50, quando projetou os edifícios residenciais Enseada e Verde Mar, Artacho Jurado não imaginava a importância cultural e histórica que as edificações teriam para a Cidade. Hoje, cinco décadas depois, os imóveis, localizados na orla, estão protegidos pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa).

Na última quarta-feira, o órgão reconheceu o Enseada como um edifício de valor cultural e decidiu normatizá-lo com o nível de proteção 2, que corresponde à preservação parcial da edificação. O imóvel está situado na Avenida Bartolomeu de Gusmão, 180, na Ponta da Praia.

O Enseada foi o segundo edifício residencial de Santos a receber esse tipo de proteção. O primeiro foi o Verde Mar, que fica na Avenida Vicente de Carvalho, 6. Segundo o arquiteto do Condepasa, Edson Sampaio, esse tipo de proteção significa que, a partir das próximas reformas, a administração do prédio precisará submeter qualquer intervenção à avaliação do conselho.

"A preservação incluiu as fachadas internas e externas, a volumetria, a cobertura (incluindo as caixas d'água), o pavimento térreo, os jardins interno e externo, hall principal e seus elementos arquitetônicos decorativos e de revestimentos".

Antes de determinar a inclusão do edifício como nível de proteção 2, o conselho tinha estudado a possibilidade de tombar o imóvel. "Mas isso implicaria a preservação da parte interna dos apartamentos. E qualquer intervenção dentro das residências teria que ser submetida à aprovação do Condepasa".

Antes mesmo de receber essa proteção, o edifício já estava sendo restaurado. "Estamos pintando as paredes e portas com as cores originais e recuperando os bancos. Também já trocamos as pastilhas das pilastras da entrada do edifício", disse o síndico Rolando Lopes Ferreira.

O sindico afirmou que não sabe se a determinação do Condepasa é boa ou ruim. "Vou consultar o departamento jurídico do prédio para depois me posicionar sobre o assunto".

Segundo Ferreira, o prédio já possui mecanismos para proteger as características originais do imóvel, previstos na convenção condominial. "Mas alguns síndicos foram coniventes e deixaram que fossem feitas algumas alterações na fachada do imóvel".

Injustiçado - "Artacho Jurado não era respeitado pelos colegas de profissão da época. O reconhecimento profissional só veio recentemente", contou o professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Católica de Santos (UniSantos), Ruy Eduardo Debs Franco, que defendeu tese de mestrado no Mackenzie sobre a obra de Jurado, nascido em 1907 e morto em 1983.

Apesar da visível competência e sensibilidade de Jurado, Franco disse que o autor dos projetos do Enseada e do Verde Mar nunca estudou Arquitetura. "Aos 9 anos, ele foi expulso da escola e nunca mais voltou a estudar. Não era arquiteto de formação. Por conta disso, chegou até a ser perseguido pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea)".

Segundo o professor, Jurado dava identidade às suas obras. "Coisa que não era feita por outros arquitetos da época".  De acordo com Franco, cerca de 88% dos trabalhos de Jurado, que trabalhou até 1966, estão na Capital. Entre os mais importantes estão os edifícios Bretagne, Cinderela e Viaduto.


Fachadas internas e externas do prédio ficaram protegidas
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

Moradores têm amor pelo prédio e não o trocam por nada

Quem mora no Edifício Enseada não troca o local por nada. Os imóveis no prédio custam de R$ 60 mil a R$ 200 mil e a taxa condominial varia de R$ 180,00 a R$ 400,00.

A corretora de imóveis Isabel Cristina Lago, de 38 anos, mora no Enseada desde que nasceu. Hoje é casada e tem três filhos. "Já mudei três vezes de apartamento aqui no prédio. A gente cria amor pelo local, pelas pessoas e pela vista maravilhosa da Cidade".

Isabel contou que ingressou na profissão, há 10 anos, por causa do edifício. "Quando era síndica, em 1993, muita gente me perguntava sobre imóveis para vender no Enseada. Então, resolvi virar corretora".

Já a proprietária de uma imobiliária, Maria das Graças de Oliveira, mora há 18 anos no edifício, mas já mudou 10 vezes de apartamento. "Tenho paixão por esse prédio. Não saio daqui por nada".

Iniciativa aprovada - Morando há quase 30 anos no edifício, a aposentada Elza Luiza Murtori, de 63 anos, acha boa a iniciativa do Condepasa de proteger culturalmente o imóvel.

"Será mais um meio para nós cuidarmos do nosso patrimônio. Alguns moradores não entendem a importância de preservar as características originais da edificação e querem substituir as pastilhas da fachada, as janelas e a cor das paredes. É uma briga de foice", disse Elza.

Segundo ela, as janelas do prédio são originalmente de madeira, pintadas de branco. "Mas muitos moradores começaram a substituí-las por janelas de alumínio".

Imóveis em processo de tombamento
Sede do Corpo de Bombeiros (Av. Conselheiro Nébias, 184)
Clínica São Miguel Arcanjo (Av. Conselheiro Nébias, 188)
4º Distrito Policial (Av. Conselheiro Nébias, 258)
Residência de Sebastião Ferreira (Av. Conselheiro Nébias, 310)
Gota de Leite (Av. Conselheiro Nébias, 388)
Capitania dos Portos (Av. Conselheiro Nébias, 488)
Residência de Edna Gomes Henrique de Souza (Av. Conselheiro Nébias, 586)
Educandário Santista (Av. Conselheiro Nébias, 680)
Colégio Positivus (Av. Conselheiro Nébias, 686)
Antiga residência de Arthur Domingos Pinto (Av. Conselheiro Nébias, 703)
Colégio Stella Maris (Av. Conselheiro Nébias, 771)
Casa Modernista (Rua Vergueiro Steidel, 57)
Antigo Palácio Piloscopal (Rua Euclides da Cunha, 241)
Hotel Atlântico (Avenida Presidente Wilson, 48)
Hotel Avenida Palace (Avenida Presidente Wilson, 9)
Bens tombados
Antiga Casa de Câmara e Cadeia (Praça dos Andradas)
Casa da Frontaria Azulejada (Rua do Comércio, 92 a 98)
Casa do Trem (Rua Tiro Onze)
Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo
Igreja e Mosteiro de São Bento, inclusive as imagens e alfaias
Fortaleza de São Tiago ou de São João (Bertioga)
Ruínas do Engenho dos Erasmos (sopé do Morro Nova Cintra)
Teatro Coliseu (Rua Amador Bueno, 237)
Bolsa Oficial do Café (Rua XV de Novembro, 95)
Sítio remanescente do Outeiro de Santa Catarina (Rua Visconde do Rio Branco, 48)
Edifício situado no Largo Marquês de Monte Alegre (Valongo)
Ruínas do Engenho do Rio Quilombo
Parte remanescente do Vale do Quilombo
Escola Estadual de Primeiro Grau Dr. Cesário Bastos (Praça Narciso de Andrade, s/nº)
Escola Estadual de Segundo Grau Dona Escolástica Rosa (Av. Bartolomeu de Gusmão)
Ruínas do antigo Teatro Guarany (Praça dos Andradas, esquina com a R. Amador Bueno)
Capela do Monte Serrat (Monte Serrat)
Igreja de Santo Antônio do Valongo (Largo Marquês de Monte Alegre, s/nº)
Igreja da Ordem Primeira do Carmo (Praça Barão do Rio Branco, 16)
Pantheon dos Andradas (Praça Barão do Rio Branco, 16)
Imóvel da Estação Ferroviária (Largo Marquês de Monte Alegre, s/nº)
Edifício remanescente do Parque Balneário (Praça Rotary, 1)
Imóvel onde está implantado o edifício de dois pavimentos (atual Agência da Caixa Econômica Federal) (Av. Presidente Wilson, 13)
Monumento a Braz Cubas (Praça da República)
Monumento comemorativo da Independência do Brasil em Glorificação aos Irmãos Andradas (Praça Independência)
Edifício do antigo Banco do Comércio e Indústria de São Paulo (Rua XV de Novembro)
Cemitério do Paquetá (Bairro do Paquetá)
Mural de autoria do artista Clóvis Graciano (Av. Senador Pinheiro Machado, 618)
Hospedaria dos Imigrantes (Rua Silva Jardim 93/95)
Corpo principal do edifício da antiga Estrada de Ferro Sorocabana (Av. Ana Costa, 340)
Casarão da Avenida Conselheiro Nébias, 361
Casarão da Rua Constituição, 278
Abrigo da estação elevatória da Sabesp (Avenida Conselheiro Nébias, esquina com a Rua Campos Sales)
Abrigo da estação elevatória da Sabesp (Rua João Octávio)
Abrigo da estação elevatória da Sabesp (Alameda Neiva da Mota e Silva)
Fonte: Condepasa


Fachada do prédio do 4º Distrito Policial (Av. Conselheiro Nébias, 258): em 7/8/2006 foi atingida por uma bomba, em meio a uma onda de terrorismo de uma facção criminosa
Foto: Marcelo Justo, publicada por A Tribuna em 8 de agosto de 2006

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