Mesmo satisfeitos com o novo lar, os ex-moradores reclamam
que na residência anterior espaço era maior
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
CONJUNTO HABITACIONAL
Enfim, um endereço
Famílias que habitavam o núcleo Vila Pantanal, no Saboó, vão se adaptando à nova
vida nos apartamentos e já pedem área de lazer para as crianças
Luiz Gomes Otero
Da Reportagem
A partir deste mês, a residência de Regina Souza Durval,
de 20 anos, funcionária de uma casa lotérica da Cidade, passa a ter um endereço oficial: Avenida Martins Fontes, 1.115. Ela e seus familiares já
estão ocupando um dos 260 apartamentos do Conjunto Habitacional Mário Covas Júnior, que abriga ex-moradores do núcleo Vila Pantanal, no Saboó.
O empreendimento foi viabilizado pela Companhia de Habitação da Baixada Santista
(Cohab-Santista), em parceria com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU).
A mudança de vida ainda provoca alguns contratempos que, de acordo com os próprios
moradores, serão solucionados com o decorrer do tempo.
No caso de Regina, ela vive com os pais e a irmã caçula, de 16 anos. "O apartamento
tem dois dormitórios e demais dependências. As dimensões são menores do que a da nossa casa antiga. Mesmo assim, vale a pena, porque agora temos
condições de receber correspondências, como qualquer outro cidadão".
Na manhã de ontem, Antonio José de Jesus, que trabalha em uma empresa de dedetização,
ainda ajudava os familiares a acomodar os móveis no novo apartamento. Ele vive com a mulher, quatro filhos e um primo. "Somos sete pessoas vivendo
neste apartamento de dois dormitórios. Mesmo assim, compensa o sacrifício".
Ele lamentou a ausência de um espaço de lazer, como quadra esportiva, para que as
crianças pudessem praticar esportes. "Já tem carros no estacionamento com marcas de bolas. E isto não é culpa das crianças. Onde é que elas podem
jogar futebol?", indagou o morador.
Para a família de Francisca Oliveira, que morava há mais de 10 anos na Vila Pantanal,
a mudança chegou em boa hora. "Para nós tudo melhorou, apesar dos transtornos que toda mudança provoca".
Ela só manifestou preocupação quanto ao valor que será cobrado pelo condomínio, uma
das novidades que os moradores terão pela frente. "Ainda existem prédios que precisam de algum tipo de acabamento, como o piso das escadas e antenas
de televisão".
A família de Marinês Belo Vieira, de 20 anos, também está providenciando a mudança, de
forma gradativa. "Nós ainda estamos colocando os móveis no apartamento. Mas já estamos sentindo a falta de espaço. A casa antiga era maior".
Ela está preocupada com o futuro do ponto comercial, que funcionava na antiga
residência da família. "Meu pai mantinha um pequeno bar na casa, que ajudava a complementar a nossa renda".
Antônio José de Jesus: vale o sacrifício de ter sete pessoas em um apartamento de dois
quartos
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
Segunda fase contará com 340 unidades em 2005
O presidente da Cohab-Santista, Frederico Karaoglan, confirmou ontem que a segunda
fase do projeto, que deve ser iniciada no final do primeiro semestre de 2005, contará com mais 340 unidades e novos espaços de lazer com quadras
poliesportivas.
O empreendimento também prevê áreas de uso institucional, que podem vir a abrigar um
posto de saúde, creche ou escola, de acordo com a necessidade dos moradores.
O projeto completo do Conjunto Habitacional Mário Covas Júnior prevê um total de 970
unidades. "A CDHU só aceita executar a obra com o terreno limpo e livre de edificações. Por isso, já iniciamos a demolição dos barracos
desocupados", assinalou Karaoglan.
Depois de concluída a segunda fase, o conjunto passará a ter 600 unidades e mais os
espaços de lazer e institucional. "Também estamos prevendo um espaço comercial no conjunto. Muitas residências antigas mantêm pequenos pontos
comerciais, que contribuem para a sua subsistência".
Este espaço comercial será ocupado com base no levantamento feito pela Cohab. "Só
serão instalados os comércios que já estão em atividade no núcleo".
O conjunto habitacional erguido no lugar da Vila Pantanal
Foto: Carlos Marques, em A Tribuna de 19 de abril de 2004
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